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Colegas lamentam a morte do jornalista Igor César Ribeiro, vítima de Covid-19

A morte do jornalista automotivo, radialista e publicitário Igor César Ribeiro Pereira, aos 35 anos, causou comoção entre os profissionais da imprensa de Salvador. O produtor e editor de programas independentes, como Carros & Consórcios e do TV Auto – ambos transmitidos pela Band Bahia – veio a óbito nesta segunda-feira (21), por complicações decorrentes da Covid-19. Igor estava internado há 90 dias no Hospital da Cidade, na capital baiana. De acordo com familiares, ele não tinha comorbidades. Com cerimônia restrita por causa da pandemia, a cremação acontece nesta terça-feira (22), no Cemitério Bosque da Paz.

“Igor César sempre soube cativar por ser uma pessoa prestativa e cheia de ideias. Editor de imagens tem que participar e trazer suas ideias. Ele tinha seus sonhos, gostava de carros e também da comunicação. Perdemos mais um talento para essa doença terrível”, lamentou o jornalista automotivo Roberto Nunes, editor do site especializado Autos e Motos. De suas três décadas atuando na comunicação, ele compartilhou 10 anos de experiências com o jovem amigo. “Sempre encontrei ele nos eventos da cobertura do jornalismo automotivo. Nunca vi Igor sem seu sorriso largo. Alto astral, ele gostava de contar piadas e fazer suas gracinhas para animar a todos”, relatou Nunes.

Os jornalistas Duda Godinho, diretor do programa TV Auto Nordeste, Igor César e Roberto Nunes | Foto: arquivo pessoal

Coube ao jornalista Ramon Margiolle, diretor de conteúdo do site Informe Baiano, noticiar o falecimento de Igor, seu amigo há 10 anos. “Conheci Igor no programa Mercado Livre Sanave, hoje Carros & Consórcios, que é exibido pela Band. Ele iniciou conosco como estagiário. Chegou cheio de sonhos, como todo jovem. Demonstrou competência e conquistou a todos”, declarou Margiolle em entrevista à Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Ele acredita que Igor, que não havia sido vacinado, contraiu Covid-19 no exercício da função. “É bom a gente enfatizar, porque ele estava todos os dias nas concessionárias de veículos, conversando com clientes, gravando vídeos, fotografando. Viaja, cobria eventos do jornalismo automotivo fora do estado. A vida dele era trabalhar. Ele não pegou Covid em farra”, ressaltou.

Indignado, Ramon Margiolle lamentou a situação do país em meio à crise sanitária causada pelo coronavírus e denunciou a desvalorização dos profissionais da imprensa. “Como uma categoria essencial como a nossa ainda não foi vacinada e dão esse paliativo de 40 anos de idade?”, indagou. Segundo ele, a maioria que está em campo é jovem, de 26 a 35 anos. “Um sentimento de revolta, de tristeza, por estarmos de mãos atadas diante de tanto descaso neste país. Já passamos de meio milhão de mortos e mesmo assim vemos o presidente da república agredindo a imprensa”, destacou o jornalista, em referência ao episódio ocorrido ontem em SP, quando o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e mandou uma jornalista calar a boca durante entrevista.

Vacinação da categoria

Na quinta (17) morreu em Gandu a apresentadora Josy Soares, 42 anos, da rádio WG FM, de Wenceslau Guimarães. Na manhã de hoje (22), o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) falou sobre as mortes dos dois colegas e disse que vai procurar novamente a Comissão Intergestores Bipartite (CIB), para “pedir sensibilidade e responsabilidade” ao órgão na análise do pedido da entidade sobre a continuidade da vacina dos profissionais de imprensa. 

Para o Sinjorba, as mortes de Josy e Igor, mostra que a CIB precisa atender ao pedido já formalizado para continuar a vacinação dos profissionais de imprensa no Estado, reduzindo a faixa de idade, conforme consta no ofício 15/2021 de 15 de junho passado. “Nossa categoria vem sendo duramente atingida porque está trabalhando na linha de frente sem proteção. Como não temos no plano federal um Ministério que cuide da imunização com seriedade, as autoridades sanitárias baianas precisam olhar com responsabilidade o problema epidemiológico grave que atingiu o setor de comunicação”, reivindica Moacy Neves, presidente do Sinjorba.

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