Notícias

Especialista em marketing digital ensina como melhorar desempenho na internet

“A internet tem o poder de criar comunidades com dezenas e milhares de pessoas. Para o jornalista, é uma ferramenta incrível de conexão e compartilhamento de notícias, ideias e opiniões através de canais digitais”. É o que afirma Samara Barreto. A pedido da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), a especialista em marketing digital preparou algumas dicas sobre como um profissional da comunicação pode “criar uma comunidade” na internet. De acordo com a comunicóloga, três ferramentas são essenciais, não apenas para jornalistas, mas para qualquer pessoa que queira trabalhar no meio digital: blog/site, rede sociais e listas (e-mail ou whatsapp). 

“O site é uma mídia proprietária, é uma forma de deixar o conteúdo 24 horas por dia à disposição dos leitores”, explica Barreto. Para ter autoridade e fazer crescer a comunidade nas redes sociais, é necessário publicar conteúdo diário. “Esse conteúdo precisa ser dinâmico e acima de tudo relevante”, pontua. “É preciso criatividade. As informações essenciais para pautar o processo criativo devem ser ‘as dores’ e necessidades de sua audiência”, recomenda a especialista.⁣

Em listas de e-mails ou aplicativos de mensagem como WhatsApp/Telegram, “organize uma lista de contatos das pessoas com quem você se relaciona tanto mídias sociais quanto no site. Faça banners para convidar essas pessoas a se cadastrarem em sua lista e receber novidades diárias do conteúdo sobre o segmento que você atua”, indica ela, mencionando uma velha conhecida do campo jornalístico: a newsletter. “As listas trarão velocidade para a notícias que são publicadas no site, por exemplo”, observa.

Foto: Divulgação

Samara ressalta que, além de criar uma comunidade e compartilhar conteúdo, é possível monetizar a audiência dos canais. “O jornalista pode criar e-books, palestras online, cursos, cobrar por anúncios de empresas no Blog/Site e muito mais”, destaca a proprietária da Innovate, empresa desenvolvedora de projetos em web sites e gestão de conteúdo para redes sociais. Samara foi uma das entrevistadas para uma matéria publicada pela ABI, na última sexta-feira (22). Na reportagem sobre ciberjornalismo e marketing digital, especialistas da área da comunicação abordaram possíveis interseções entre os dois campos profissionais, explicando os conhecimentos necessários para um profissional da imprensa ter melhores resultados no contexto digital. 

⁣Confira as 6 dicas de Samara Barreto para de ajudar jornalistas a ter melhor desempenho no contexto de pandemia (ou fora dele), nas redes sociais:

1 – Vida Profissional 
O que você tem feito profissionalmente durante o isolamento social? Está conseguindo atender seus clientes de alguma forma? Tem estudado? Tem lido qual livro? Como tem utilizado este momento para crescer profissionalmente?

2 – Vida pessoal no isolamento
Seus leitores querem saber da sua vida pessoal! Como está a alimentação? E a agenda com os filhos? Está fazendo atividade física? Está se arrumando ou passa o dia de pijama? Conte para sua audiência!

3 – Bastidores do home office
Como anda sua produção? Está fazendo reuniões com os colaboradores? Mostre sua rotina!

4 – Qual foi seu maior aprendizado profissional até o momento?
O que você poderia ter feito para se preparar, caso soubesse que haveria uma crise? Traga reflexões diárias com motivação.

5 – Abra a caixa de perguntas no Instagram
Seja pelo story ou no feed abra caixas de perguntas para seu público conversar com você. Aproveite para humanizar, ouvir e construir um relacionamento. ⁣

6 – Conte a sua trajetória profissional
Como tudo começou? Publique um “tbt” (Throwback Thursday, expressão em inglês que pode ser traduzida como "quinta-feira do retorno") de cursos e treinamentos. O #tbt é uma forma de reaproveitar conteúdos passados. Aproveite para incentivar seus leitores neste tipo de conteúdo, com emoção sobre suas conquistas e desafios.
publicidade
publicidade
Notícias

Crescimento de casos de Covid-19 nos veículos de comunicação preocupa Sinjorba

Oito profissionais testaram positivo na Rede Bahia, entre as equipes da TV Bahia e TV Santa Cruz, sendo um jornalista. Um motorista do jornal A Tarde apresentou a doença, um jornalista da Record TV Itapoan testou positivo, enquanto outro está sob suspeita. Os casos foram divulgados pelo Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas do Estado da Bahia. O avanço do novo coronavírus sobre os jornalistas e demais profissionais da comunicação na Bahia tem preocupado a entidade, que desde o início da pandemia cobra medidas para garantir a segurança da categoria.

Em matéria divulgada neste domingo (24), o Sinjorba lembra que, antes mesmo da confirmação desses casos, já havia solicitado à Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) a inclusão dos jornalistas e demais profissionais de imprensa nos grupos de testagem para Covid-19 (aqui). Em 16 de março, início da quarentena, a entidade enviou documentos a todos os veículos de comunicação, com procedimentos e orientações que poderiam ser adotadas pelos profissionais e pelas empresas para evitar a exposição à doença (aqui). No dia 25 de março, a entidade endereçou ao secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas Boas, ofício solicitando vacinação de jornalistas contra o vírus Influenza.

O Sindicato também chegou a enviar, no dia 2 de abril, ofício ao governador Rui Costa, em que ressalta a gravidade da crise de saúde pública e pede para que “os profissionais de imprensa sejam incluídos entre os grupos que receberão as vacinas contra influenza, em campanha já iniciada pelas prefeituras baianas”. A comunicação destacou o decreto federal 10.288, de 22 de março de 2020, define os serviços relacionados à imprensa como essenciais e que os profissionais devem receber medidas para evitar adoecimento. Em novo ofício enviado à Sesab no último dia 13, o Sinjorba insistiu na inclusão de jornalistas e radialistas no grupo para teste da covid-19.

“Como as autoridades nem sequer respondem, vamos ao Ministério Público. Pedi ao advogado hoje para providenciar isso”, revelou Moacy Neves, presidente do Sinjorba. O dirigente considera a vacinação e a testagem ações essenciais para o cumprimento do inciso 3º, artigo 4º do decreto 10.288. Para ele, é necessário que as empresas ajam com transparência ao tratar dos cuidados preventivos que estão tomando, já que diz respeito à saúde dos trabalhadores. “Queremos que os veículos se responsabilizem pela testagem dos jornalistas. Além disso, é necessário mais cuidados com os profissionais que precisam ir às ruas, não enviando o trabalhador para uma pauta em transporte comunitário, por exemplo, bem como somente em situações extremas, evitando coberturas desnecessárias, além de fornecer EPIs regularmente”, reivindica.

“O jornalismo foi considerado serviço essencial, mas não foi incluído nas medidas para evitar o contágio da covid-19 e nem nas campanhas de vacinação contra a gripe”, reclama Fernanda Gama, vice-presidente da entidade. Ela destaca que poucas prefeituras atenderam ao pedido do Sindicado pela inclusão dos profissionais de imprensa na campanha de vacinação contra o H1N1. “Diante da falta de coerência das autoridades, que decretam a essencialidade do serviço mas não criam condições para isso, cabe às empresas tomar providências e cuidados para preservar a saúde dos profissionais”, completa Fernanda.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) enviou em março ofício ao Ministério da Saúde, solicitando a inclusão dos jornalistas no grupo prioritário de vacinação da gripe (Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2). Isso para garantir que os municípios recebam mais doses da vacina. No entanto, de acordo com calendário divulgado pelo MS, a Campanha Nacional de Vacinação entrou na terceira e última fase (será encerrada no dia 5 de junho), sendo que até agora as entidades não obtiveram resposta positiva sobre a imunização da categoria.

publicidade
publicidade
Notícias

Atividade jornalística no ambiente digital: O marketing tem a ver com isso?

Com a era da plataformização, o jornalismo e outras áreas da comunicação, como o marketing, se viram inseridos num novo contexto de produção. Ambos os setores com o passar dos anos ganharam o acréscimo da palavra “digital”, uma forma de mensurar o fato de que agora, com o ambiente de múltiplas plataformas surgidas com o advento da Internet, incluindo as redes sociais, esses setores da comunicação podem fazer usufruto da imensidão de possibilidades do mundo virtual. 

Não é incomum encontrar workshops e minicursos de marketing digital voltados para profissionais da imprensa. Este é o caso do webinar “Marketing Digital para jornalistas” que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) promoverá no mês de junho, com a especialista Samara Barreto. A atividade conta com apoio da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).

De acordo com Moacy Neves, presidente do Sinjorba, essa relação com o marketing digital ou simplesmente com as ferramentas digitais “sempre foi um tabu do jornalismo”. Ele explica que “tanto o mercado de trabalho quanto as oportunidades oferecidas pela tecnologia quebraram muitas dessas barreiras”, explica. Segundo o presidente, um profissional da imprensa ao conhecer o mínimo das ferramentas que profissionais de marketing digital dominam, “acaba tendo uma mudança na visão do produto que disponibiliza ao público”. 

A facilitadora Samara Barreto é proprietária da Innovate, empresa desenvolvedora em projetos de web sites, gestão de conteúdo para redes sociais e desenvolvimento de sistemas e aplicativos para Iphone, Ipad e Mac. Especialista em marketing digital pela Universidade Candido Mendes, Samara confia na ideia de que “os pilares do marketing digital para jornalistas podem criar comunidades de dezenas e milhares”. “Podemos oferecer um conteúdo de qualidade em condições de ser acessado por um número cada vez maior de pessoas”.

Para entender as possíveis interseções entre o jornalismo online e o marketing digital, conversamos com especialistas do setor e veículos locais a fim de compreender quais são os limites da atuação de um jornalista, que hoje precisa, para além de possuir conhecimentos sobre técnicas de apuração, abordagem e escrita, conhecer o mínimo possível das ferramentas digitais para atingir as expectativas do mercado. 

Jornalismo digital x Marketing digital

 Vitor Peçanha, co-fundador da Rock Content, empresa global de Marketing, destaca que o marketing digital “é o conjunto de atividades que uma empresa (ou pessoa) executa online com o objetivo de atrair novos negócios, criar relacionamentos e desenvolver uma identidade de marca”. Já o jornalismo digital, frequentemente chamado de ciberjornalismo ou jornalismo online, de acordo com Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa “tende a ser praticado num conjunto de plataformas integradas, onde o sucesso depende do êxito das demais”. De acordo com as informações do texto de Castilho para o Observatório, “o jornalismo digital está virando um quebra-cabeças editorial”

Para Liliane Ferrari, não há influência direta do marketing digital no jornalismo, mas sim um impacto das técnicas digitais que afetam todo conteúdo publicado na Internet. Liliane é jornalista consultora e professora de Mídias Sociais do MBA Universidade de São Paulo (USP) ESALQ – uma modalidade de pós-graduação Latu Sensu, eleita uma das 10 mulheres mais influentes na Internet pelo IG. Ela afirma observar ótimos conteúdos jornalísticos, mas que “não entendem nada do que é um título que precisa chamar muito mais atenção para a notícia, uma foto que é um arquivo nomeado, sobre usar hiperlinks e outros recursos de mídia”, diz. “Nesse sentido vejo que o jornalismo é impactado não pelo marketing digital mas pelas técnicas, pelos algoritmos da Internet”, analisa.

Lize Antunes é professora de “Marketing Digital e Produção e Gestão de Conteúdo para Multiplataformas” dos cursos de graduação em Comunicação Social no Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), incluindo a habilitação em jornalismo. “Antes de questionar a possível influência do marketing digital na atuação jornalística, talvez questionaria o impacto da Economia Digital no setor. Vivemos em um contexto da hiperconectividade, em que as interfaces digitais estão cada mais ditando nossos modos de estabelecer conexões”, avalia a docente.

Para as duas especialistas, a produção de conteúdo, em posição de protagonismo cada vez maior, é a principal interseção. Antunes pontua sobre a generalização por parte do mercado, onde um estagiário de jornalismo, por exemplo, tenha “noções básicas” de marketing digital. “Isso é um erro, pois o marketing digital é uma atividade bastante complexa”, alerta. “É importante olhar para o marketing digital como parceria do jornalismo; são áreas que se completam e se beneficiam mutuamente quando trabalhadas em conjunto”, explica. 

Liliane chama atenção para o marketing digital ser o braço de uma técnica para vender e não acredita na necessidade do jornalismo assumir o mesmo discurso do marketing. “O jornalismo precisa se adaptar ao formato internet, o tipo de chamada, a entender como funciona o Twitter para fazer uma grande chamada”, a exemplo. Para ela, nos dias atuais, quem entende as técnicas digitais tem infinitas chances de se dar melhor. “É muito comum a gente ver conteúdos que são muitos bons, matérias que são excelentes mas que são completamente desprovidas de qualquer técnica digital”, conta. 

“Se a gente pegar um BuzzFeed, eles entenderam muito bem o que é o ambiente digital e como o jornalista deve trabalhar nesse ambiente. Qual o tipo de chamada, como ilustrar como gerar uma interação”, exemplifica Ferrari. “É muito mais preparado quem entende dessas técnicas do que quem simplesmente ignora o básico do que a gente chama de SEO (Search Engine Optimization)”. 

Veículos locais

Seja na Bahia ou no âmbito nacional, existem veículos tradicionais surgidos em períodos anteriores à chamada “revolução digital”, quando ferramentas de pesquisa como o Google passaram a se tornar o principal mecanismo de busca para informações cotidianas da população. “É interessante ver, por exemplo, como veículos seculares, caso do Estadão ou Folha de São Paulo, se revelam nessas novas dinâmicas. Em ambos os casos, vemos uma parcela de jovens jornalistas assumindo as “caras” do Drops, cada vez mais populares dos Stories no Instagram do Estadão, ou Café da Manhã, podcast da Folha”, ressalta Lize Antunes.

Priscila Espinheira, comunicóloga, analista de marketing digital na Loft Comunicação, cuida da parte de marketing e mídia da Tribuna da Bahia (TRBN), criado em 1969 e considerado o terceiro maior jornal da Bahia. Segundo ela, a Tribuna está online há três anos. Existe a Tribuna da Bahia virtual, “que é nosso jornal impresso inserido no ambiente digital, chamado de Edição Virtual, além dos perfis oficiais nas principais redes sociais do mundo”. Segundo a analista da Loft, com as ferramentas de marketing implementadas na Tribuna “a constância do trabalho proporcionou métrica de envolvimento ascendente”. Para Priscila, “uma audiência engajada é mais importante que quantidade numérica de curtidas ou seguidores no perfil”.

O Nordesteusou, veículo comunitário fundado por Jefferson Borges e Gerson Assis, já nasceu no digital. Tudo começou quando o Jefferson, de 29 anos, também colaborador do setor de marketing da Rede Bahia, ainda estava na graduação. Foi quando ele resolveu criar um veículo que ressaltasse os pontos positivos do Nordeste de Amaralina, bairro de Salvador. “Na época o Facebook existia mas ainda não era forte, então começamos a fazer comunidades no Orkut, eu já inseria os conteúdos pensando no contexto de digital”. 

Foto/Reprodução: Equipe Nordesteusou

Hoje o ‘Nes’, como Jefferson se refere ao veículo, é mantido pelo trabalho voluntário de seus colaboradores. Ele e mais três pessoas atuam na área de marketing, focando sempre em levar mais pessoas para o site, através das chamadas nas redes sociais. Existe ainda a equipe de jornalismo, com um coordenador e três estagiários voluntários, além de uma equipe de produtores culturais. São 12 pessoas trabalhando diariamente em notícias sobre o Nordeste de Amaralina, e também notícias em nível nacional. O Nordesteusou contabiliza 100 mil seguidores, contando com o Instagram, Twitter, YouTube e Facebook, este último ele ressalta ser a sua maior base de engajamento. 

A Mega Rádio VCA nasceu há sete anos, idealizada por profissionais atuantes em rádios de Vitória da Conquista-Ba e atualmente é gerida por um grupo de sócios: Edson José (Maciel JR.) Mário Marcos Borim e Marcos Primo. Toda programação é direcionada ao site e “desde o início buscava-se a construção de uma rádio diferente do modelo tradicional, o que se tornou um lema levado a sério”, afirma Maciel Jr. De acordo com o gestor, “foi entendido desde a criação da Mega Rádio que é de fundamental e vital importância o investimento no meio digital para garantir a uma satisfatória estratégia de marketing”. 

O futuro da “comunicação digital”

Para Liliane Ferrari o caminho para o futuro da comunicação seria descompartimentalizar. “Temos poucos profissionais chegando no mercado com uma visão mais abrangente, até porque essa visão não é dada”. As pessoas mais atentas à essa questão são os profissionais mais experientes no mercado, afirma a jornalista. “Eu vejo muitas pessoas fazendo conteúdo na internet seja publicitário ou jornalístico, sem o menor conhecimento do que a internet faz com o conteúdo dele, de como aquele conteúdo performa nesse ambiente”, acrescenta. 

A professora Lize acredita que a interdisciplinaridade – interação entre jornalismo, marketing digital, publicidade e áreas concomitantes – já existe. “Já é o presente. O mercado exige que o profissional de comunicação seja plural, e é importante olhar para essas dinâmicas de conexões desse contexto que nos envolve e tirar proveito disso para uma melhor atuação”. “O ambiente digital nos permite aprendizados a todo instante; devemos ter noção disso pois, atuando em comunicação, necessariamente nos faremos presente no digital”, complementa.

___

*I’sis Almeida é estagiária de Jornalismo da ABI

Edição: Ernesto Marques |Colaboração: Joseanne Guedes

publicidade
publicidade
Notícias

Recorrência de ataques a profissionais da imprensa preocupa entidades

Virou rotina, principalmente no período de enfrentamento à Covid-19, assistir a cenas de violência contra profissionais da imprensa no Brasil.  Dessa vez, o alvo foi uma equipe de reportagem da TV Integração, afiliada da Rede Globo em Minas Gerais, atacada nesta quarta-feira (20). Associações e sindicatos se manifestaram contra as agressões sofridas pelo repórter cinematográfico Robson Panzera, através de notas de repúdio que poderiam – com uma troca de nomes – ter sido reaproveitadas de episódios recentes. A recorrente abordagem violenta contra trabalhadores da notícia tem preocupado entidades profissionais, por representar, em última análise, uma ameaça à democracia.

Robson Panzera fazia imagens externas da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena, para uma reportagem sobre o surto de Covid-19 entre militares, quando Leonardo Rivelli desceu do carro e passou a agredir o profissional. O agressor, um empresário local do ramo alimentício, de 54 anos, atingiu Robson com o tripé da câmera e chutou os equipamentos já no chão, enquanto o repórter tentava reaver o material e se defender dos golpes. A jornalista Thaís Fullin, que acompanhava Robson Panzera na cobertura, registrou o momento da agressão que deixou o cinegrafista com fratura do dedo e cortes na mão.

Leonardo Rivelli foi conduzido à delegacia e liberado após o pagamento de fiança | Foto: Reprodução/TV Integração

Segundo reportagem do R7, a Polícia Civil de Barbacena informou que Rivelli foi preso em flagrante e levado para a delegacia para prestar depoimento, sendo liberado depois de pagar fiança. Ao G1, o advogado de Rivelli, Pedro Possa, disse que o cliente preferiu não se pronunciar. O profissional também informou que a defesa irá se manifestar somente em inquérito ou em um possível eventual processo.

Leia também:

Além de publicar um relato no próprio Instagram, Thaís Fulin explicou o episódio a Guilherme Amado, da revista Época. “O agressor passou de carro xingando e filmando o cinegrafista. Até estamos acostumados com os xingamentos, infelizmente”, disse. No vídeo divulgado por ela, a repórter pergunta ao agressor “o que é isso, velho? A câmera é cara. Você tá doido? (sic)”.

“O momento atual já demonstra um descompasso político, econômico e social no Brasil que, somados a uma pandemia, não torna fácil o trabalho para nenhum profissional. No entanto, nós, profissionais da impresa, temos sofrido agressões diárias pelo simples exercício de disseminar a informação”, lamentou Thaís em post no Instagram:

View this post on Instagram

Hoje, eu e o repórter cinematográfico Robson Panzera sofremos agressão durante o nosso trabalho para aTV Integração, afiliada da Rede Globo. @robsonpanzera @tvintegracao O momento atual já demonstra um descompasso político, econômico e social no Brasil que, somados a uma pandemia, não torna fácil o trabalho para nenhum profissional. No entanto, nós, profissionais da impresa, temos sofrido agressões diárias pelo simples exercício de disseminar a informação. Até quando continuaremos sofrendo com esta ignorância que beira a censura?! Até quando nós, profissionais da imprensa, continuaremos sendo historicamente agredidos?! Sim, não são tempos fáceis para ninguém, mas só o que pedimos é respeito para que possamos exercer nossa profissão, que, apesar de não agradar a toda a população, é de extrema importância para que a informação chegue a todos. #NãoVamosNosCalar

A post shared by Thaís Oliveira Fullin (@thafullin) on

Repúdio

Diversas entidades enviaram notas de repúdio e também de solidariedade para a TV Integração. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) disse que repudia o ocorrido. No texto, a associação diz que “nada justifica tamanha violência contra um cidadão, em especial, quando se trata de um profissional da imprensa, em pleno exercício da atividade jornalística”. A associação também pede às autoridades “uma rigorosa apuração do caso e punição do agressor”.

O Sindicato de Jornalistas Profissionais de Juiz de Fora, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais e a Federação Nacional dos Jornalistas também soltaram nota na qual manifestam “total repúdio e indignação contra mais um ato de violência praticado contra um profissional da imprensa”. As entidades prestaram solidariedade à equipe da TV Integração e a toda a categoria, e lembrou que não se trata de um ato isolado.

Profissionais de imprensa da região do Campo das Vertentes emitiram uma nota de repúdio sobre o ocorrido. Segundo pronunciamento, “é com indignação que os veículos de Barbacena e região receberam a notícia que a equipe da TV Integração foi alvo de agressões físicas”. Segundo os profissionais, “discordar faz parte do jogo democrático, a imprensa nunca foi e nunca será imune ao erro, por mais que use critérios rigorosos na apuração através de seus manuais de redação. Para toda insatisfação, há a pluralidade […] A agressão nunca é alternativa”.

A Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt) também emitiu nota repudiando a agressão. A associação lembrou que “o numero de agressões contra profissionais de imprensa subiu 54, 07% de 2018 para 2019, sendo o Sudeste a região com mais casos registrados. A entidade não aceita que mais casos como este fiquem impunes em nosso país e pede que as autoridades tomem todas as medidas cabíveis para mudar esse cenário”.

*Com informações do G1/TV Integração.

publicidade
publicidade