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Jornalistas em defesa da igualdade racial realizam webinário sobre comunicação e racismo

A Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), vinculada à Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), realiza nos dias 30 e 31/07, o 2º ENJIRA (Encontro Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial). Com o tema “Comunicação e igualdade racial na pandemia das ideias”, com transmissão simultânea no canal da Conajira no YouTube (https://bit.ly/3BzpLOy) e no Facebook da FENAJ (https://bit.ly/3zswxnw).

Há 21 anos, tiveram início, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, os primeiros diálogos dos associados negros e negras que levaram à criação da primeira Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira). Daí em diante, o movimento cresceu e fez surgir os colegiados de combate ao racismo nos sindicatos do Rio Grande do Sul, Município do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Norte do Paraná e Ceará. Foi a ação desses jornalistas que culminou, em 2010, com a criação da Conajira.

De acordo com a organização, o 2º ENJIRA “propõe reflexões sobre esses 21 anos de ativismo e os desafios para o enfrentamento do racismo no cenário de aprofundamento da necropolítica associada à circulação da desinformação e fake news”.

O evento – realizado na semana do Dia da Mulher Negra Latino -americana e Caribenha – começa na sexta-feira (30), às 16h, com a participação da presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, e da jornalista e  doutora em antropologia, Cleidiana Ramos. A abertura terá a apresentação do jornalista Guilherme Soares Dias (CojiraSP) e prevê duas homenagens: uma póstuma a Januário Garcia e demais jornalistas vítimas da Covid-19; e outra dedicada ao escritor, pesquisador e compositor, Nei Lopes.

O segundo dia será dividido em dois blocos. Pela manhã, a partir das 9h, aberto ao público, quando os coletivos reunidos nos sindicatos apresentam as boas práticas realizadas nestes 21 anos de atividades nos sindicatos de jornalistas em prol da igualdade racial. Em seguida, no painel “Sindicalismo e a pauta da igualdade racial”, debate com as jornalistas Vera Daisy Barcelos (presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul) e Juliana Nunes (Cojira-DF), além da secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT, Anatalina Lourenço.

À tarde, às 14h, as atividades serão restritas aos integrantes dos coletivos de combate ao racismo dos sindicatos de jornalistas e convidados, para discussão e aprovação do plano de ação da Conajira.

Inscreva-se no canal da Conajira e ative o lembrete: https://bit.ly/3BzpLOy

Acesse a programação completa do evento: https://www.flipsnack.com/eltonmark/2-enjira-encontro-nacional-de-jornalistas-pela-igualdade-racia-zpl6ismxu3.html

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Artigos

Imprensa comunista sitiada na Bahia

Emiliano José*

Primeiras horas da noite de 22 de maio de 1947.

Jornalistas, empenhados no fechamento. Redação, na Ladeira de São Bento, próxima à Praça Castro Alves, vizinha do secular Mosteiro de São Bento, Salvador, Bahia.

Fumaça, muita fumaça – naqueles tempos, pessoal fumava demais. Horas barulhentas, animadas, momentos de decisão sobre as matérias a ocupar a primeira página, qual a manchete, quais os títulos das páginas internas, revisão dos textos, um corre-corre, trabalho intenso.

De repente, um estrondo. Machadadas na porta.

Oficiais e soldados do Exército irrompem na redação, arrebentando tudo. Os militares arrombaram a porta da gerência, invadiram oficina. Nada sobrava. Não houve tempo para qualquer reação. Danificaram as máquinas impressoras e a linotipo, os móveis, tudo. Um terremoto, próprio daqueles tempos de intensificação da Guerra Fria sob Dutra. Destruição completa.

Capa da Revista Seiva de 1940, n° 7 | Foto: Acervo da Biblioteca Virtual Consuelo Pondé

Jornal O Momento, do Partido Comunista Brasileiro, PCB. Lançado em 1945, primeiro jornal comunista na nova fase política iniciada naquele ano. João Falcão, veterano militante apesar de jovem, diretor. Fora o principal articulador da revista Seiva, publicação surgida em 1938, a congregar comunistas e liberais-democratas, experiência encerrada em 1952, tendo publicado 23 números. Tinha experiência.

João Batista de Lima e Silva, secretário de redação. Mário Alves, redator-chefe. Os dois, também muito jovens, tinham já alguma experiência e protagonizarão papéis fortes na história do PCB.

Primeira edição circula no dia 9 de abril de 1945. Surge como semanário, origem ligada à luta contra o Estado Novo e pela redemocratização do país. Em 1946, passa a diário. Resistirá por 12 anos. Foram 55 números como semanário, 2700 como jornal diário – não foi pouca coisa, não.

Reuniu jornalistas e intelectuais de grande prestígio. Já nos referimos a João Falcão, a João Batista de Lima e Silva, a Mário Alves. Há, ainda, Alberto Passos Guimarães, Almir Matos, Aristeu Nogueira, José Gorender, Jacob Gorender, Ariovaldo Matos, Luís Henrique Dias Tavares, Maurício Naiberg, entre tantos.

Alguns, continuarão como jornalistas. Outros tantos, dirigentes do PCB e mais tarde de outras organizações revolucionárias. E, ainda, homens da literatura, e ao menos um notório historiador, caso de Luís Henrique Dias Tavares, cujo ingresso no jornal se deu no segundo número. Teóricos a marcar história, entre os quais Jacob Gorender e Alberto Passos Guimarães.

O PCB lutava pela ampliação da democracia, acreditava numa conjuntura de mais liberdade, e por isso vai constituir uma rede sólida, ampla, de jornais por todo o país.

Logo depois do surgimento de O Momento, pouco mais de um mês, em 1945, surge a Tribuna Popular, no Rio de Janeiro.

Em outubro, o jornal Hoje, em São Paulo.

Em novembro, a Folha do Povo, de Pernambuco.

Em março de 1946, ressurge A Classe Operária, órgão do Comitê Central do partido.

E foram nascendo a Tribuna Gaúcha, em Porto Alegre, Folha Capixaba, no Espírito Santo, O Democrata, no Ceará, e a Voz do Povo, em Alagoas, entre outros.

O partido sabia: a chamada imprensa burguesa não lhe daria espaço, muita vezes o combateria.

O Momento, no surgimento, pedia a liberdade de Prestes e até a volta de Otávio Mangabeira, exilado nos EUA – mais rápido do que se imaginava, Mangabeira vai se tornar duro adversário dos comunistas.

O PCB queria um governo de coalizão de todas as forças democráticas. Afinal, saía-se da ditadura do Estado Novo. E o término da Segunda Guerra, com o papel decisivo da URSS, dava aos comunistas muitas esperanças de crescimento, e isso só poderia acontecer em meio à democracia.

Vargas e o Queremismo, no entanto, foram derrotados. Dutra deu o golpe. O PCB apoiava a continuidade do presidente, convocação de novas eleições, com a participação dele e Assembleia Constituinte. Dutra era opção da direita nacional e dos EUA. Intensificou o clima de Guerra Fria, de perseguição aos comunistas, e a Bahia não estava fora disso obviamente. De modo especial, perseguição à sua imprensa, ao jornal O Momento.

A cassação do registro do PCB ocorreu em 7 de maio de 1947, poucos dias antes do empastelamento d’O Momento. O partido havia obtido quase 10% de votos para a presidência da República e elegera 14 deputados federais, entre os quais o baiano Carlos Marighella. E Luís Carlos Prestes, senador.

O empastelamento foi uma espécie de estopim para a rápida deterioração das relações entre os comunistas e o governador.

Em 1946, o PCB, terminadas as eleições, intensifica sua atuação entre os trabalhadores. É reprimido desde o primeiro momento. Houve repressão a repórteres de O Momento, o governo proíbe o diário de promover sabatinas com os trabalhadores nas empresas e nas fábricas. Comícios nas portas das fábricas também são proibidos.

João Falcão chegou a se defrontar com impressionante aparato policial no cais do Porto, em Salvador, à frente da reportagem d’O Momento, quando seria realizada uma reunião com portuários e estivadores. Após o episódio, houve reações de parlamentares, entre os quais de Carlos Marighella, Nestor Duarte, Rui Santos e Aliomar Baleeiro. E a imprensa baiana naquele momento se solidarizou com o jornal, condenando as proibições das sabatinas. A repressão ganhou intensidade com a cassação do registro do PCB.

O empastelamento de maio de 1947 aconteceu nesse quadro. O argumento para a repressão: o jornal publicou matérias ofensivas ao general Dutra. O jornal não deixou de circular, e caracterizava o empastelamento como coisa de “desordeiros fascistas” a serviço da ditadura Dutra, tentando inocentar o Exército, inutilmente.

Viria mais em fevereiro de 1948, aí já ação direta de policiais baianos sob ordens de Mangabeira, rompimento estabelecido.

A polícia argumentou ter ouvido estouros vindos do jornal – acreditava serem tiros. A repressão tentou invadir o jornal, forçou as portas, ameaçou jogar gás lacrimogêneo. Os jornalistas ofereceram resistência: recusaram-se a sair, abrir portas, fizeram barricada. Há depoimentos admitindo a possibilidade de a redação ter reagido à bala de fato. Nessa época, tal a repressão, havia jornalistas preferindo andar armados, dispostos a resistir, como Ariovaldo Matos teria admitido. Clima de confronto, desigual fosse, mas de confronto. Imprensa comunista sitiada.

O jornal comunista denunciava a traição do governador. Durante a eleição, fizera juras de defender o direito do partido de participar da vida democrática. Não cumpriu. Liberais, defendem a liberdade de expressão até um limite. Ultrapassados os seus interesses de classe, mandam descer o porrete, como ocorreu na Bahia, sob Mangabeira.

Não cessariam aí as perseguições à imprensa comunista.

As conjunturas se modificavam, mas o combate aos comunistas, não. Vargas havia voltado ao poder, Régis Pacheco governava a Bahia. E a partir de 1952, houve intensificação do anticomunismo. Guerra Fria seguia à toda, e o pau cantava no  lombo do PCB.

O jornalista e militante do PCB, José Gorender, foi preso no início do mês de dezembro daquele ano, solto somente no final do mês, dia 29, por força de um habeas corpus.

Boris Tabacoff, secretário do Comitê Estadual do partido, também jornalista, preso, passou 50 dias na prisão, incomunicável, acusado de ter conclamado o povo se organizar e lutar contra o Acordo Militar Brasil-EUA.

O jornalista Nelson Schaun, dirigente da sucursal de O Momento em Ilhéus, no Sul do Estado, foi agredido por policiais.

Vida que segue e em março de 1953 um estafeta de O Momento foi preso e os jornais, apreendidos. A repressão também prendeu vários militantes do Movimento Baiano dos Partidários da Paz, entre os quais,  jornalistas, Simão Schinitman, um deles.

Jornal O Momento, 17 de junho de 1948 | Foto: Acervo da Biblioteca Nacional

O secretário de Segurança Pública, Laurindo Régis, afirmava: as prisões eram de rotina. Prometia manter sob vigilância rigorosa “os elementos ou setores considerados subversivos”. Alimentava particular convicção: comunista era sempre potencialmente perigoso, e quando organizado passava a ser um fora da lei. João Falcão o qualificava como um “provocador anticomunista” desde o episódio do cais do porto, quando se defrontou com ele, então ainda um simples comissário.

Em maio daquele ano, 1953, repressão invade a sede da sucursal do jornal A Voz Operária, publicação oficial da direção do PCB no Brasil. Invade e interdita a sede. E além de queda, coice: realiza diligências nas casas dos jornalistas Ariovaldo Matos e Altamirando Marques, ambos de O Momento.

Jogo bruto. Vida dura, a dos jornalistas – se comunistas.

No dia 30 de julho, estamos ainda em 1953, um comissário de polícia, Heleno Lima, faz ofício ao capitão Durval Carneiro. Informa ter apreendido duas carroças abarrotadas de material comunista e subversivo. Grave: tais veículos trafegavam “livre e ostensivamente” no dia 27 daquele mês, do Edifício Coqueijo, na Praça Municipal, para a sede do jornal O Momento, na Ladeira de São Bento, onde o farto material era “depositado”.

Aí se vê o perigo do “guarda da esquina” a que se referiu o então vice-presidente Pedro Aleixo na fatídica noite em que se decidiu pelo AI-5, 13 de dezembro de 1968, em reunião presidida pelo ditador Costa e Silva. Lembram? – “o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país. O problema é o guarda da esquina”.

Em razão da “gravidade do fato”, Heleno Lima dizia ser necessária uma diligência no jornal para busca e apreensão do “material subversivo”. Solicitava a presença do capitão Durval  Carneiro, delegado do DOPS, e a assistência do Ministério Público, de modo a revestir o arbítrio de algum manto de legalidade.

Dia seguinte, 31 de julho, ouvindo o “guarda da esquina”, de manhã bem cedo, ocorre o segundo empastelamento de O Momento.

O capitão Durval Carneiro, à frente de um grande número de policiais invade o jornal – vocês sabem, jornalista é um ser muito perigoso, ainda mais se comunista. Acompanhado, ainda, de um grupo de choque, metralhadoras à mão.

Outra vez, violência, quebra-quebra, apreensão de todo o material encontrado, prisão de todas as pessoas presentes, jornalistas ou não, interdição da sede, e logo depois, determinada a apreensão das máquinas.

Vá, vá ser comunista na vida, vá: é sina perigosa, torna o viver arriscoso demais.

Instaurado inquérito, presos recolhidos à Casa de Detenção durante alguns dias para interrogatório, residências deles invadidas, vasculhadas, e novas prisões no decorrer do inquérito. Aristeu Nogueira, diretor do jornal, dirigente do PCB, impetra mandado de segurança contra as medidas policiais, solicitando, ainda, a volta do funcionamento do jornal, e consegue liminar.

Janeiro de 1954: o próprio Aristeu Nogueira é preso. O Momento, acusado de desrespeitar a Lei de Imprensa por publicar o “Programa de Salvação Nacional”, do PCB.

Liberdade de imprensa, sim. Menos para os comunistas.

O Momento sobreviveu entre 1945 e 1957. Duramente perseguido, teve o seu fim apressado pela turbulência decorrente do Relatório Kruschev, com denúncias duríssimas contra o stalinismo. No PCB, caiu como bomba. Houve divisões, a afetar também a imprensa do partido, e o próprio jornal comunista baiano.

O fundador de O Momento, João Falcão, rompido com o partido em razão do Relatório Kruschev, não com o pensamento de esquerda, fundará o Jornal da Bahia em 1958.

A história da imprensa comunista no Estado, aqui no recorte de O Momento, desmascara o pensamento liberal de maneira nítida – durante toda a sua existência, houve a luta das classes dominantes locais, nos vários governos, para coibir a livre expressão do pensamento. Tudo podia – pensamento comunista, não.

Nota do autor: Mergulho nesses episódios sobre a repressão à imprensa comunista na Bahia, impulsionado pela minha chegada à Academia de Letras da Bahia (ALB), empossado em março deste ano. Sucedi Luís Henrique Dias Tavares na Cadeira Número 1, um dos mais notórios historiadores brasileiros, cuja trajetória iniciou-se n’O Momento, no segundo número do jornal. Nesse texto, ele aparece rapidamente. Virá de modo mais abrangente em outras publicações, ainda suscitadas pelas pesquisas realizadas sobre o trabalho de Tavares, a redundar no discurso de posse, base para esses escritos.

Referências bibliográficas

SERRA, Sônia. O Momento: História de um jornal militante. Dissertação apresentada à Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Sociais (área de concentração em História Social). Salvador – Bahia, 1987.

FALCÃO, João. O Partido Comunista que eu conheci (20 anos de clandestinidade). Rio de Janeiro : Editora Civilização Brasileira, 1988.

FALCÃO, João. Valeu a pena (Desafios de minha vida). Salvador : Ponto & Vírgula, 2009.

FALCÃO, João. Comunicação sobre a Revista Seiva, feita aos 26 de setembro de 1990, no 1º Seminário de Revistas e Movimentos Literários da Bahia, na Academia de Letras da Bahia. Revista da Academia de Letras da Bahia, n. 39, maio/1993. Salvador, Academia de Letras da Bahia, p. 251-259.

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*Jornalista, professor, escritor.

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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Notícias

IGHB promove seminário e lançamento de e-book em homenagem a Manoel Querino

Nos dias 27 e 28 de julho de 2021, das 16h às 18h, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promove o seminário e lançamento de e-book “(Re)apresentando Manuel Querino”. O encontro virtual (canal youtube.com/ighbba) vai debater a obra multifacetada de Manuel Raimundo Querino, além de suas contribuições para a valorização da participação africana na formação da sociedade brasileira.

Nascido no dia 28 de julho de 1851, em Santo Amaro da Purificação (BA), ainda no tempo da vigência da escravidão, a infância de Querino foi atribulada, como de resto toda a sua vida. A epidemia de cólera de 1855, em Santo Amaro, matou os seus pais. Foi confiado, então, aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras letras.

Tornou-se escritor, jornalista, historiador, político, desenhista, músico, pintor, líder operário, biógrafo, professor fundador do Liceu de Artes e Ofícios e do Colégio dos Órfãos de São Joaquim. Sócio fundador do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, foi aluno também fundador da Academia de Belas Artes da Bahia (hoje Escola de Belas Artes da UFBA) e sócio da Sociedade Protetora dos Desvalidos – SPD, do Montepio dos Artistas e Montepio dos Artífices, além de Membro da Sociedade Bolsa dos Patriotas, Irmão da Irmandade dos Homens Pretos e antropólogo autodidata.

Durante o seminário será lançado a coletânea (Re)apresentando Manuel Querino, editada e organizada pela pesquisadora inglesa Sabrina Gledhill. A obra reúne artigos da autoria de Jorge Calmon, Eliane Nunes, Christianne Vasconcellos, Jeferson Bacelar, Carlos Alberto Dória e Sabrina Gledhill, com prefácios de Paulo Farias e Jaime Nascimento e uma introdução de Flávio Gomes. Procura abordar, realçar e fazer jus a várias facetas da atuação e do pioneirismo de Querino. Faz parte de uma longa campanha para homenagear e (re)apresentar um “ilustre desconhecido” que enfrentou os preconceitos de sua época com tinta e papel.

O IGHB é uma das instituições apoiadas pelo programa Ações Continuadas a Instituições Culturais, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) através do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA).

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira, 27 de Julho de 2021

16h às 18h – Mesa Redonda: Prof. Jaime Nascimento (IGHB); Prof. Dr. Luiz Alberto Freire (EBA-UFBA); Profa. Msc. Renata Silva Cardoso (PPGA-UFBA)

Quarta-feira, 28 de Julho de 2021

16h às 18h – Mesa Redonda: Profa. Dra. Christianne Silva Vasconcellos (Universidade Nacional da Colômbia); Prof. Dr. Flávio Gomes (UFRJ); Prof. Dr. Jeferson Bacelar (CEAO-UFBA); Profa. Dra. Sabrina Gledhill (IGHB)

Assista: Canal www.youtube.com/igbba

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ABI BAHIANA

Instituições baianas articulam efeméride do centenário de falecimento de Ruy Barbosa

Uma reunião marcou oficialmente, na manhã desta sexta-feira (23), o início da articulação do centenário de falecimento de Ruy Barbosa, que ocorrerá no dia 1° de março de 2023. Para homenagear o jurista baiano, instituições da área da cultura, do direito e representantes do legislativo planejam comemorar a data com uma agenda de eventos que será proposta pelo colegiado das entidades.

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI), proponente da reunião, é uma das instituições guardiãs da memória de Ruy Barbosa, através do Museu Casa de Ruy Barbosa, inaugurado em 1949, além de ter promovido a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizado, ao longo dos anos, nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo.

Através da programação para a data, as instituições pretendem ampliar e disseminar o legado de Ruy na sociedade baiana. “A dimensão de Ruy Barbosa está esmaecendo. Parece que estamos esquecendo quem ele foi. Que essa efeméride do centenário sirva para todos nós como um desafio para recordar a grandeza dessa figura”, afirma o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI. 

O dirigente também mencionou a petição junto a órgãos públicos para poder viabilizar a reforma da Rua Ruy Barbosa, no Centro Histórico da capital baiana. De acordo com Marques, os órgãos estaduais e municipais estão avançando em entendimentos com a ABI para revitalizar a Rua Ruy Barbosa, com um grupo de trabalho específico, criado pela Sedur(Ba), que agora vai incorporar órgãos da Prefeitura sob a coordenação da Fundação Gregório de Mattos.

Walter Pinheiro, presidente da Assembleia Geral da ABI, reitera que esta articulação faz parte do papel da Associação como guardiã da memória de Ruy e outros ícones da história da imprensa. “Além da sucessão de gerações, nós temos um tsunami de notícias que encurtam nossa memória em relação a fatos importantes. Daí a preocupação da ABI em estar sempre revitalizando a memória de figuras importantes como Ruy”, observou. 

Com o tempo como aliado, a Associação se prepara para  captar recursos dos setores público e privado para a programação. O diretor de cultura da ABI, Nelson Cadena, foi o responsável pela apresentação sobre os vínculos da trajetória de Ruy com todas as entidades e instituições convidadas para a reunião. Ele explica que a efeméride também terá caráter de pesquisa, ao buscar e divulgar novos elementos biográficos sobre Ruy Barbosa, e perfil agregador, atraindo jovens estudantes através do uso de novas plataformas de mídia. “Ruy foi um personagem multifacetado, atuou como jornalista, advogado, jurista, diplomata, político, filólogo, o que justifica a união das instituições em torno das celebrações da efeméride”, ressalta o pesquisador.

Para  o advogado e representante da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/BA), Sylvio Garcez, cabe à sociedade recordar o legado do jurista. “Preservar a memória de Ruy Barbosa é um dever especialmente dos baianos, mas não somente. Ruy merece. Suas lições são atualíssimas”, completa. 

Além de membros da diretoria executiva da ABI, como o 1º vice-presidente Luís Guilherme Pontes Tavares e Jorge Ramos, diretor da Casa de Ruy Barbosa, participaram da reunião os desembargadores Regina Helena Ramos e Lidivaldo Britto, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA); Zulu Araújo, presidente da Fundação Pedro Calmon e representante da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult); Luciano Chaves, pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA); o professor José Nilton Pereira, do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB); Ordep Serra, presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB); Dina Cezar, da Santa Casa de Misericórdia; Carla Lucena, assessora da vereadora Maria Marighella, como representação da Câmara Municipal de Salvador; e Demóstenes Teixeira, representando o Tribunal de Contas dos Municípios.

Os representantes concordaram em designar dentro de suas instituições comissões responsáveis por participar da organização do centenário, a exemplo do TJBA, que já colocou à disposição a sua Comissão de Memória. Como forma de unir as programações das diversas instituições, poderá ser criado um selo comemorativo para a efeméride. No final de agosto, um novo encontro será promovido, com o objetivo de compor a coordenação executiva e apresentação das propostas de programação de cada entidade.

*Larissa Costa é estagiária da ABI, sob a supervisão de Joseanne Guedes.

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