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HRW denuncia torturas na Bahia e violações à liberdade de imprensa nos EUA

A tortura continua sendo um problema grave no Brasil, apesar das medidas recentes para conter a prática. É o que afirma a organização não governamental de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), em carta enviada nesta segunda (28) ao Congresso brasileiro. O documento expressa a preocupação da entidade com o uso contínuo de tortura e maus-tratos de detidos pela polícia e autoridades do sistema prisional do Brasil, com destaque para os estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Espírito Santo. No mesmo dia, a ONG também denunciou abusos cometidos por outra nação do continente americano: os Estados Unidos, cuja larga escala de vigilância está prejudicando seriamente os jornalistas e os advogados com sede naquele país.

Na carta enviada ao Brasil, a Human Rights Watch informou ter relacionado evidências convincentes em 64 casos de supostos abusos desde 2010 nos quais as forças policiais ou autoridades do sistema prisional estavam envolvidas “em tratamento cruel, desumano ou degradante” contra pessoas sob sua custódia. “Os abusos ocorreram em várias configurações, inclusive nas ruas, dentro das casas particulares e veículos de polícia, e dentro delegacias e centros de detenção. Em muitos casos em que pessoas foram detidas na propriedade privada, a polícia, aparentemente, entrou sem ordens de busca. A prova implica, no mínimo, 103 policiais militares, 24 policiais civis, 17 autoridades da prisão e 10 agentes do Estado não identificados em abusos”, afirma.

Relatório diz que a prática da tortura foi internalizada nas estruturas de segurança do Brasil
Medo de ser torturado pelos que deveriam zelar pela segurança da população assombra os brasileiros

A Bahia aparece com destaque no documento, logo depois de um caso emblemático ocorrido em São Paulo. “Vários policiais militares em Salvador, Bahia, prenderam, em maio de 2012, IJ, KL, MN e os levaram para o 58º Batalhão da Polícia Militar. Os detidos afirmaram que foram espancados e estrangulados em um esforço dos policiais para forçá-los a confessar crimes. Relatórios médicos forenses mostram múltiplos ferimentos em seus rostos, os joelhos, cotovelos no dia da sua detenção”.

A entidade recomendou ao Congresso brasileiro que aprove o Projeto de Lei 554, proposto em 2011 e que está em pauta no Senado. De acordo com o PL, as pessoas detidas em flagrante devem ser apresentadas a um juiz para uma “audiência de custódia” dentro de 24 horas. “Em 40 desses casos, as evidências respaldam a conclusão de que o abuso se deu no nível de tortura. Embora esses abusos normalmente ocorram nas primeiras 24 horas sob a custódia policial, os detidos normalmente têm de esperar três meses ou mais para verem um juiz ao qual poderão informar diretamente o abuso”, diz a carta.

A Human Rights Watch observa que o Brasil adotou nos últimos anos várias medidas para coibir a tortura e os maus tratos a presos, o que reflete o reconhecimento por parte de autoridades brasileiras de que os abusos cometidos pelas forças de segurança e as autoridades prisionais continuam a ser um problema urgente. A entidade lembra que “tortura e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes são proibidos pelo direito internacional e não pode ser justificada sob nenhuma circunstância”, ainda mais sendo o país um dos signatários de tratados internacionais como o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (PIDCP) e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

Mas apesar de o Brasil há muito tempo ter ratificado tais pactos, o medo de ser torturado pelos que deveriam zelar pela segurança da população assombra os brasileiros. Segundo estudo realizado pela Anistia Internacional (AI) para a campanha “Chega de Tortura”, 80% dos brasileiros temem sofrer algum tipo tortura caso estejam sob a custódia do Estado – índice mais alto entre os 21 países pesquisados. De acordo com a entidade,o motivo para o Brasil aparecer no topo do ranking é facilmente explicado: a prática da tortura a prática foi internalizada nas estruturas de segurança e o país ainda não adotou métodos eficientes de prevenção da violência em instituições públicas responsáveis pela segurança.

Liberdade de imprensa

No caso dos EUA, um relatório de 120 páginas divulgado ontem (28) pelas organizações Human Rights Watch e American Civil Liberties Union revelam que os programas de espionagem maciça da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) e a ofensiva do governo de Barack Obama para evitar qualquer vazamento interno estão prejudicando o Jornalismo, o Direito e a democracia nos Estados Unidos, uma vez que debilitam a liberdade de imprensa e o direito à assistência jurídica.

Espionagem NSA - Foto: Reprodução/FoxNews
Foto: Reprodução/FoxNews

O texto ressalta os impactos da vigilância sobre o jornalismo. “As fontes estão menos dispostas a falar com a imprensa e a cobertura informativa está mais lenta”, lamentou no ato de apresentação Alex Sinha, o autor do documento baseado em entrevistas no último ano com jornalistas, advogados e funcionários do governo estadunidense. “Se os EUA fracassam em abordar essas preocupações com rapidez e eficácia, isso poderá causar um dano sério e duradouro à democracia no país.”

A pressão governamental está forçando jornalistas e fontes a resgatar formas de comunicação do passado ou optar por técnicas semelhantes às que usam os criminosos, como falar de cabines telefônicas, usar telefones celulares descartáveis ou manter encontros pessoalmente, e sem nenhum telefone celular. Tudo isso para evitar que as comunicações possam ser analisadas pela Administração e ante o crescente temor de que esse rastro digital possa ser usado contra eles.

De acordo com Sinha, o Governo Obama acusou nos tribunais mais fontes informativas do que todos os outros governos norte-americanos juntos. Desde que chegou à Casa Branca, em 2009, o presidente democrata tem sido mais agressivo que seus predecessores em silenciar vazamentos de assuntos de segurança: sua administração levou oito pessoas aos tribunais, não teve escrúpulos em espionar diretamente jornalistas – como fez em 2012 com repórteres da agência Associated Press – e, desde que o ex-analista Edward Snowden revelou há quase um ano a coleta maciça de dados por parte da NSA, redobrou seus esforços para detectar “ameaças internas” de funcionários do Governo que poderiam vazar informações confidenciais.

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No campo judicial, o relatório alerta que o escrutínio maciço pôs em dúvida a capacidade dos advogados de cumprir sua responsabilidade de garantir a confidencialidade da informação de seus clientes. “Os advogados têm mais dificuldades para conseguir que seus clientes confiem neles ou para proteger a sua estratégia jurídica”, assinala. O documento pede à Casa Branca e ao Congresso que limitem o alcance dos programas de vigilância, reduzam seu sincretismo e concedam maior proteção a quem passa informações.

*Informações da Reuters via Revista Exame, HRW e El País (Edição Brasil).

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ONU pede cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza

Os quinze membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) adotaram uma declaração, baseada em proposta de paz apresentada pelo Egito, que pede um cessar-fogo humanitário imediato e incondicional no conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas. Em reunião de emergência realizada à 1h desta segunda-feira (28) – horário de Brasília –, em Nova York, o Conselho discutiu a situação na Faixa de Gaza e também apoiou um comunicado redigido por Ruanda, que ocupa a presidência rotativa do grupo, pedindo a interrupção das hostilidades durante o feriado islâmico do Eid al-Fitr, que marca o fim do mês sagrado de jejum, o Ramadã. Além disso, o comunicado exorta Israel e o Hamas a aceitarem e manterem a trégua por quanto tempo mais for possível.

O comunicado da presidência do Conselho de Segurança, que não cita nominalmente os israelenses nem o Hamas, diz que ambas as partes devem “se envolver nos esforços para obter uma trégua duradoura e plenamente respeitada, com base na iniciativa egípcia”, segundo a qual o fim das hostilidades abriria caminho para negociações sobre o futuro de Gaza, incluindo a abertura das fronteiras do território. O texto destacou que “instalações civis e humanitárias, incluindo as da ONU, devem ser respeitadas e protegidas” e enfatizou a necessidade do “fornecimento imediato de assistência humanitária à população palestina na Faixa de Gaza”.

O representante palestino na ONU, Riyad Mansour, disse que o comunicado não fez avanços e que era necessária uma resolução formal exigindo a retirada das forças israelenses de Gaza. Ele lamentou que o Conselho de Segurança não tenha sido capaz de aprovar uma resolução para condenar a agressão israelense, e afirmou que quer ver mudanças fundamentais para o seu povo. “Eles deveriam ter adotado uma resolução há mais tempo, condenando esta agressão e pedindo que esta agressão pare imediatamente”, disse.

Já o representante de Israel na ONU, Ron Prosor, qualificou o comunicado de tendencioso, por deixar de mencionar o lançamento de foguetes por militantes palestinos contra o território israelense. “Milagrosamente, o texto não menciona o Hamas”, protestou Prosor.

Gaza teve sua noite mais tranquila nas últimas semanas depois de um fim de semana marcado por fracassadas iniciativas de tréguas, que foram oferecidas tanto por Israel quanto pelo Hamas. No 21º dia de combates, 1.065 palestinos e 46 israelenses foram mortos. Em Gaza, há registros de 6.200 feridos. As operações do Exército israelense e o lançamento de foguetes por militantes palestinos continuam, apesar do pedido da ONU.

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A pressão por um cessar-fogo se intensificou após um dia de novos ataques entre israelenses e palestinos, em meio a propostas malsucedidas de suspensão temporária das hostilidades. Membros dos partidos israelenses conservadores Likud e Habayit Hayehudi (Lar Judaico) emitiram uma declaração contra a exigência do presidente dos EUA, Barack Obama, de um cessar-fogo imediato. No domingo, Obama conversou por telefone com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressando preocupação com o crescente número de mortes de civis. Segundo a proposição do líder americano, uma solução de longo prazo deveria “permitir que palestinos em Gaza tenham vidas normais” e “assegurar o desarmamento de grupos terroristas e a desmilitarização de Gaza”.

Mais bombardeios

Após cinco horas de uma relativa calmaria nesta madrugada, sirenes de alerta aéreo voltaram a soar em comunidades fronteiriças entre Israel e Gaza. Um foguete lançado a partir de Gaza explodiu em um campo aberto na área de Ashkelon, sem causar danos ou vítimas. Já o Exército israelense, segundo o jornal “Haaretz”, atacou importantes alvos em Gaza. De acordo com um oficial, citado pelo diário, “a situação agora está sendo chamada de um cessar-fogo sem restrições”. “O esforço central é nos túneis. Precisamos de mais alguns dias (para cuidar dos túneis do Hamas). Mas também estamos considerando outras possibilidades, em caso de sermos chamados para continuar lutando”, relatou o oficial.

Os palestinos afirmaram que uma criança morreu nesta segunda-feira em um bombardeio israelense em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza. Pela manhã, palestinos relataram tiros e explosões no leste do território controlado pelo Hamas. Um homem de 65 anos teria sido morto em uma explosão durante a noite em Khan Yunis. Mais cedo, um residente de Gaza ferido no fim de semana morreu em um hospital.

*Informações do Jornal O Globo e BBC.

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ABI BAHIANA Notícias

Jornalistas são agredidos durante libertação de ativistas

DEU NA ABI – Associação Brasileira de Imprensa

Por Igor Waltz*

Manifestantes concentrados em frente ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, agrediram jornalistas que estavam no local para cobrir a soltura de três ativistas acusados de ações violentas durante protestos. Elisa Quadros Sanzi, conhecida a Sininho; Igor D’Icarahy; e Camila Jourdan, coordenadora do programa de pós-graduação em filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), foram libertados por volta das 18h da última quinta-feira, 24 de julho, sob forte tumulto e brigas entre manifestantes e profissionais de imprensa.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudia tal violência contra jornalistas. A entidade, que já havia se manifestado contra as prisões dos ativistas, consideradas arbitrárias, entende que ataques contra profissionais são um passo atrás na luta pela promoção de ideais democráticos. A ABI reitera que não há democracia sem o exercício livre da imprensa.

A confusão começou quando os fotógrafos tentaram registrar imagens dos réus. No momento em que os profissionais da imprensa se aproximaram de Sininho, houve empurra-empurra, xingamentos, e as agressões começaram. A situação só teria se acalmado quando os acusados foram embora e os manifestantes saíram em vans. O cinegrafista Tiago Ramos, que presta serviço para o SBT, ficou ferido e o fotógrafo do jornal O Dia, André Mello, teve o equipamento danificado. “Cerca de 30 manifestantes tentaram impedir que a imprensa registrasse imagens. No tumulto, além do meu equipamento atingido, um familiar avançou com o carro, quase ferindo um dos repórteres que estavam no local”, contou Mello.

Ramos foi levado para um hospital particular e passa bem. “Pensei que iam me chutar, pisar em mim. Se não fossem os colegas, não sei o que poderia acontecer”, relatou o cinegrafista, que se machucou na boca, no braço e tornozelo. Agentes penitenciários não interferiram. Um grupo de dez servidores da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária pôs barreiras no acesso à cancela, para proteger a entrada do complexo de Bangu.

Os três ativistas foram libertados depois da concessão de um habeas corpus na quarta-feira, dia 23, pelo desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal. Acusados de associação criminosa armada, eles agora vão responder em liberdade ao processo iniciado com base em investigação da Polícia Civil. Continuam presos Caio Silva de Souza, o Dick, e Fábio Raposo Barbosa, o Fox, porque respondem a outra ação, pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, atingido por um rojão durante um protesto na Central do Brasil, em fevereiro deste ano.

Mais de 90 jornalistas agredidos

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro (SJPMRJ) orientou que os profissionais agredidos durante a libertação dos ativistas registrem a ocorrência na delegacia, e ofereceu apoio jurídico aos profissionais. De acordo com levantamento feito pela entidade, 90 jornalistas foram agredidos no município desde maio do ano passado, sendo 99% dos casos em manifestações. Em 80% das situações, a ação foi praticada por policiais.

“Repudiamos qualquer tipo de violência contra jornalistas, inclusive de parentes de manifestantes. Além de extrapolar os limites do direito no que se refere às manifestações políticas, isso viola os direitos humano dos jornalistas e, na verdade, impede o exercício da profissão, fundamental para a democracia. Se estamos lutando por democracia, por direitos, precisamos compreender que o papel do jornalista é fundamental — disse Paula Máiran, presidente do sindicato.

Outras entidades

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio à agressão ao cinegrafista Tiago Ramos. “Preocupa-nos especialmente aqueles que clamam por liberdade e se dizem atuar em nome dela, mas buscam ações para impedir a livre atuação da imprensa na investigação de fatos de interesse público. Pedimos às autoridades do Estado do Rio de Janeiro que apurem o caso e punam seus autores, a fim de que se assegure a plena liberdade de imprensa e o amplo acesso dos cidadãos a informações,” informava a nota a associação.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) e A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc Rio) também emitiram notas de repúdio. “Desde o início dos protestos na cidade, a Ordem vem condenando atos de violência de qualquer natureza, independentemente de sua origem e de quem vitima. A liberdade de imprensa é um marco pelo qual a OAB sempre lutou. Foi graças à livre expressão que o país obteve conquistas significativas para o florescimento, a manutenção e a evolução da democracia brasileira,” afirmou a nota da OAB.

“Jornalistas que cobriam a soltura dos “ativistas” presos em Gericinó, denunciados por praticar atos criminosos, foram agredidos por parentes e integrantes do mesmo grupo dos “ativistas”. Pelo menos dois repórteres fotográficos foram agredidos e tiveram seus equipamentos danificados. Exigimos que as autoridades de segurança do Rio tomem providências imediatas, instaurando inquérito policial para identificar, processar e prender os agressores,” cobrou a nota da Arfoc Rio.

*Com informações do Jornal O Globo e O Dia.

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CIDH elege jornalista relator da liberdade de expressão

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) elegeu o jornalista e advogado uruguaio Edison Lanza para chefiar a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão, uma das instâncias mais proeminentes – e questionada por alguns Governos. O novo relator foi anunciado na última quarta-feira (23) como sucessor da colombiana Catalina Botero. O cargo é por três anos e renovável somente uma vez, razão pela qual Botero, à frente da Relatoria desde 2008, termina o segundo mandato no dia 6 de outubro.

A carreira profissional de Lanza, de 44 anos, tem estado estritamente vinculada à liberdade de expressão e ao jornalismo, que exerceu e continua exercendo como atividade paralela ao direito. Além do mais, é um velho conhecido da CIDH, à qual recorreu em várias ocasiões como representante de vítimas de violações do direito à liberdade de expressão em seu país em casos emblemáticos que, entre outros, resultaram em uma reforma da legislação que descriminalizou no Uruguai os delitos de comunicação.

Entre os “requisitos mínimos” para aspirar ao posto da CIDH se destacava a “alta qualidade moral e independência”, assim como pelo menos 15 anos de experiência no âmbito dos direitos humanos e direito internacional, além de ser cidadão de um dos países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA). Mais de 40 pessoas se candidataram ao posto, mas o uruguaio se destacou entre os outros cinco finalistas: a guatemalteca Ileana Alamilla Bustamante, o equatoriano Juan Pablo Albán Alencastro, o chileno Francisco Cox, o argentino Damián Miguel Loreti e o peruano David Lovatón.

Segundo o comunicado da CIDH, Lanza foi escolhido por “sua capacidade de trabalhar de maneira eficaz com Estados, organizações da sociedade civil e outros atores do sistema interamericano de direitos humanos”. Em sua eleição pesou também “o amplo respaldo que sua candidatura recebeu (…) demonstrado por organizações da sociedade civil de numerosos países da região”, acrescenta a entidade.

Em um questionário elaborado pelas organizações civis Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), Fundação para o Devido Processo (DPLF) e Open Society Justice Initiative, tendo em vista a eleição do novo relator, o próprio Lanza se pronunciou a favor da busca de consensos. “É preciso buscar um equilíbrio entre a capacidade de atuar em situações de urgência (medidas cautelares e comunicações, entre outras) e a promoção do trabalho em conjunto com todos os atores, incluídos –e especialmente– os próprios Estados”, respondeu ele sobre esse aspecto.

De acordo com o El País, uma das principais missões de Lanza será defender a relatoria dos ataques das chamadas nações bolivarianas. Desde sua criação, em 1997, a Relatoria esteve rodeada de polêmica, em boa parte por seu papel inerente de chamar a atenção dos Estados para eventuais falhas na hora de proteger a liberdade de expressão. Durante a era de Catalina Botero, os ataques provinham, sobretudo, de países como Equador e Venezuela, que criticaram seus questionamentos às suas leis de comunicação e ações judiciais contra comunicadores. A direção de Catalina fez da Relatoria Especial de Liberdade de Expressão a maior arrecadadora de fundos extra-cotas da CIDH, consolidando sua independência. A ação irritou governos, que se dizem perseguidos por seus relatórios.

Equador, Venezuela, Bolívia e Nicarágua estiveram à frente de uma campanha iniciada em 2011 que levou, em 2013, a uma reforma da CIDH que esteve próxima de esvaziar a comissão, ao tentar limitar a captação de recursos extra-cotas e impor limites aos mecanismos de advertência e processo. Em junho, na Assembleia Geral da OEA em Assunção, houve novo ataque, outra vez contido.

*Informações do El País (Edição Brasil), com Portal Imprensa e O Globo.

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