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MP do Vaticano pede condenação de jornalista que revelou documentos

O Ministério Público do Vaticano pediu a condenação de quatro dos cinco réus processados, entre eles o jornalista Gianluigi Nuzzi, pela divulgação de documentos confidenciais da Santa Sé, no caso conhecido como VatiLeaks. De acordo com a AFP, Nuzzi informou, por meio de seu perfil no Twitter, que o promotor solicitou que ele cumpra um ano de prisão por cumplicidade moral. Já seu colega, Emiliano Fittipaldi, foi absolvido por falta de provas. Os demais envolvidos receberam penas de quase quatro anos de detenção.

Esta é a primeira vez que o estado processa jornalistas por vazamento de documentos sobre malversação e desperdício de recursos do Vaticano. A medida foi classificada como uma “nova inquisição” por organizações de defesa da liberdade de imprensa.

Leia também: Vaticano indicia jornalistas por divulgação de documentos sigilosos

A consultora italiana Francesca Chaouqui recebeu a pena mais severa – três anos e nove meses de prisão. Ela é acusada de criar uma “associação criminosa” com o objetivo de divulgar notícias e documentos confidenciais. Nuzzi e Fittipaldi utilizaram os documentos sigilosos para escrever os livros “Via Crucis” e “Avarizia”, respectivamente, em que denunciam as falhas, a má gestão financeira no Vaticano e a vida de luxo de alguns cardeais. Uma nova audiência deve ocorrer nesta terça-feira (5/7), quando ocorrem as últimas alegações dos advogados.

*As informações são do Portal IMPRENSA.

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Palácio Arquiepiscopal abrigará o primeiro Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil

A Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram ontem (29), na Casa dos Sete Candeeiros, o projeto de restauração do edifício do Palácio Arquiepiscopal de Salvador para implantação de um Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil. A obra está orçada em 18 milhões de reais e será executado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Banco Itaú.

“A restauração do Palácio Arquiepiscopal vira realidade e ilustra o olhar atento que uma série de pessoas têm sobre este precioso patrimônio que não é só da Bahia, mas do Brasil”, disse o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger. Ele destacou que a deterioração do imóvel pesou na hora da escolha. “O Palácio merecia prioridade na realização das obras, porque do jeito que estava não teríamos mais condições de restaurá-lo”, completou.

Dom Murilo informou que a conclusão dos trabalhos está prevista para um prazo de 24 meses. “Será um centro de estudo que irá proporcionar as pessoas fazerem um passeio pela história da Igreja Católica no Brasil”, ressaltou. Para que o edifício retome as características originais, serão executados serviços como a reestruturação de alguns pilares localizados ao fundo do prédio, das grades e gradis, das cercaduras de pedra, da escada monumental, da porta principal em pedras, demolição da edícula situada na face oeste, ligação com a Praça da Sé, instalações elétricas, hidráulicas e drenagem, elevador para oito pessoas, climatização, ambientação dos espaços, projeto educativo, aquisição e instalação de equipamentos dos laboratórios e para a área de pesquisa.

Para o superintendente do IPHAN na Bahia, Carlos Amorim, a restauração do Palácio para implantação de um Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil é um projeto grandioso, que cria um fluxo muito interessante de atividades e de produção do conhecimento, e se integra a um programa de recuperação que o Centro Histórico de Salvador começa a viver. A ordem de serviço será assinada na primeira semana de setembro, dando início a execução das obras.

Preservação da memória

O centro terá uma área total de 1950m2. O proponente do projeto cultural perante o Ministério da Cultura, o Instituto para o Desenvolvimento Humano – IDH, destacou na apresentação que o processo de restauração do palácio deverá trabalhá-lo de forma a valorizar todas as fantásticas características arquitetônicas, tratando o próprio edifício como um dos principais elementos dos momentos expositivos.

O Centro será destinado para preservação da memória com a instalação e operação de laboratórios de restauro; portal do conhecimento com espaço de estudo e pesquisa; área para exposição com espaço de mostra e de educação histórico-patrimonial; e um espaço de acolhimento e atendimento da arquidiocese.

No pavimento térreo, terá seis laboratórios de restauros, todos dotados dos equipamentos e máquinas necessário, com paredes de vidro possibilitando que a visitação perceba os trabalhos de restauros que serão executados; no primeiro pavimento serão instalados centros de documentação e um banco de dados que será lincado com os principais centros de documentação da Igreja Católica no mundo; o segundo pavimento será destinado ao atendimento da arquidiocese, com sala de reunião, auditório, sala do arcebispo, recepção, secretária, varanda.

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O objetivo do Laboratório de Preservação da Memória é dar visibilidade à importância do ensino técnico na preservação da memória e restauração documental. Há poucos técnicos especializados nesse trabalho no Brasil e que, de um modo geral, tiveram uma formação profissional empírica. O projeto irá se associar, num sistema de parceria, aos Centros de Restauração histórica espalhados pelo país, ligados ao IPHAN e a outros órgãos de preservação histórica no âmbito estadual e municipal, às universidades e escolas técnicas ou outras organizações correlatas no Brasil ou no exterior.

O laboratório servirá de modelo e funcionará como uma espécie “vitrine” para dar visibilidade ao trabalho de restauro dos profissionais. Técnicos de diversas áreas afins serão convidados a trabalhar em esquema de revezamento e in loco como numa espécie de aula técnica a ser ministrada durante o período de visitação do Centro de Referência. Painéis e vídeos trarão todas as informações necessárias a compreensão do trabalho que está sendo realizado, como também poderão fazer perguntas e se informar sobre cursos técnicos disponíveis no Brasil e no exterior.

O Portal Digital pretende ser uma fonte de informação e de pesquisa inovadora no país. Será um ambiente e veículo de comunicação permanente entre a igreja e a comunidade católica no Brasil e no mundo, com salas de pesquisas especificamente preparadas e equipadas com os mais modernos sistemas de comunicação e dados. O Centro terá também espaço para exposição de conteúdos permanente, com acervo próprio, e temporários.

Fonte: Rosilane Barbosa (Assessora de Comunicação – IPHAN-BA)

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Papa defende transparência e cogita abrir arquivos secretos sobre o Holocausto

Em sua primeira viagem à Terra Santa, prevista para maio deste ano, Francisco – nascido Jorge Bergoglio –, pode abrir os documentos do Vaticano sobre a relação de Pio XII e o nazismo. O papa estuda a possibilidade de antecipar a abertura dos arquivos da Santa Sé durante o controvertido pontificado de Pio XII (1939-1958), acusado de ter mantido silêncio sobre o Holocausto dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Se fizer isso, terá novamente quebrado um segredo mantido até agora a sete chaves nos poeirentos arquivos vaticanos.

À Agence France-Presse (AFP), fontes que participam da Congregação para a Doutrina da Fé, importante órgão do Vaticano, declararam que “é possível que anuncie sua abertura [dos arquivos] em breve”. Segundo essas fontes, já está digitalizado tudo o que se refere às acusações feitas ao papa Pacelli de ter mantido silêncio sobre a matança de judeus para não se indispor com Hitler, que por sua vez poderia, se fosse excomungado, promover represálias contra os católicos. O material já estaria pronto para ser consultado pelos historiadores e especialistas. E se o mundo encontrar surpresas desagradáveis para a Igreja nesses arquivos sobre o Holocausto?

Um amigo próximo de Francisco, o rabino Abraham Skorka, que conhece o pontífice há 20 anos e coautorou com ele em 2010 o livro intitulado “No Céu e na Terra” (“On Heaven and Earth”), relatou uma ocasião em que o então cardeal na Argentina defendeu a transparência na Igreja. “Eu expliquei que não conseguia entender como uma pessoa – um líder espiritual – não se envolveu mais e mais durante a Shoah [o Holocausto]. Sua resposta [de Francisco] foi: ‘Continuemos em busca de alcançar a verdade.’”

A abertura dos arquivos, que são secretos desde 1939, depende do pontífice, que pode autorizar sua consulta. Ao que parece, o papa Francisco não gosta da cultura do segredo, uma planta que o Vaticano sempre cultivou tanto. “Que se conheça tudo, e se nos equivocamos teremos que dizer: ‘Erramos’”, disse o então cardeal arcebispo de Buenos Aires no livro. À pergunta do rabino sobre se a Igreja estaria disposta a abrir seus arquivos secretos relacionados à matança dos judeus, o futuro papa lhe respondeu que estava de acordo, acrescentando que a Igreja “não deve ter medo da verdade”.

Francisco é um papa de gestos, que às vezes escandalizam, mas que com eles está conquistando a simpatia até dos não cristãos, e inclusive de não poucos agnósticos e ateus. O gesto de abrir os arquivos secretos do Vaticano sobre o Holocausto está cheio de simbolismos. Faz parte da revolução que Francisco está promovendo na Igreja, tentando devolvê-la às suas origens, que se encontram justamente em terras judaicas. Não existiria cristianismo sem o judaísmo, de cujo tronco acabaria nascendo. Jesus era judeu de nascimento e de religião. Hoje, a Igreja lê a Bíblia judaica em cada missa que celebra, e o papa usa a quipá judaica, que os católicos chamam solidéu.

A aproximação do papa católico com os judeus que sofreram o martírio do Holocausto é também um gesto de alto valor político. Francisco, com efeito, vai a Jerusalém não só como convite à Igreja para que volte às suas origens, mas também para poder se colocar diante de Israel como um interlocutor crível no difícil e eterno diálogo de paz entre judeus e palestinos.

Aos cristãos ele manda uma mensagem clara: acabou-se o secretismo na Igreja. Francisco tem se proposto a despi-la das suas superestruturas, despojando-a de riquezas e ouropéis, de símbolos de poder, de velhos tabus para ressuscitar a primitiva simplicidade das origens do cristianismo, quando o profeta de Nazaré já dizia a seus apóstolos que não deviam esconder a verdade, e sim gritá-la “dos tetos das casas”.

Francisco está arrastando a poderosa e rica cúpula de São Pedro para o berço humilde de Nazaré, uma aldeia feita de casas de barro que nem sequer aparecia nos mapas daquele tempo. A Igreja condenou Galileu por sustentar que a Terra não estava parada, e sim que se movia. Condenado pelo Vaticano, aceitou a condenação, mas acrescentou: “Eppur se muove”.

É possível que bispos e até os cardeais da velha Igreja critiquem Francisco pelo fato de ter dado corda a uma Igreja que parecia acomodada, parada no tempo, e que agora, goste-se ou não, se pôs em marcha, gerando ao mesmo tempo estupor e esperança.

Controvérsia

Líderes religiosos judeus e historiadores acusaram por anos Pio XII de passividade ante o Holocausto nazista e pediram que fosse interrompido seu processo de beatificação ao menos por uma geração, em consideração aos sobreviventes ainda vivos.

No entanto, a Igreja católica alega que a chamada neutralidade do papa durante esse episódio permitiu salvar um número importante de judeus, já que Pio XII teria ajudado a fuga de cerca de 200 mil judeus da Alemanha na década de 1930. Segundo Bento XVI, Eugenio Pacelli (papa Pio XII), foi “um dos grandes justos, já que salvou mais judeus do que ninguém”. Em 2009, o agora papa emérito Bento XVI assinou o decreto confirmando as “virtudes heroicas” de Pio XII, proclamando-o “venerável”, etapa prévia à beatificação, que originou vários protestos das comunidades judias.

Informações de Juan Arias para o El País (Edição Brasil), com Agência France-Presse e Enciclopédia do Holocausto.

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