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Museu de Imprensa exibe filme “Medida Provisória” para educandos do Projeto Axé

De olhos atentos, as crianças e adolescentes do Projeto Axé acompanharam todos os detalhes do filme Medida Provisória, exibido na manhã desta sexta-feira (23) pelo Museu de Imprensa da ABI, como parte da programação da 16ª Primavera dos Museus. Após as sessões matutina e vespertina, os jovens conversaram sobre a obra com o pesquisador e graduando em História, Pablo Sousa, que atua também como estagiário do Museu de Imprensa e da Fundação Pedro Calmon.

Com um elenco rico de expoentes do cinema nacional, o filme Medida Provisória, oficialmente lançado em abril de 2022, é ambientado num Brasil futurista mas não muito distante. Na trama, uma inciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida provisória, para enviar todos os cidadãos negros para o continente africano. O longa é uma adaptação da peça Namíbia, Não!, uma tragicomédia escrita por Aldri Anunciação – e que Lázaro Ramos já dirigiu no teatro -, em torno de temas como reparação, representatividade e com potentes discussões sobre racismo e as tensões sociais no país.

“Me identifiquei bastante com o filme, me vi dentro da história, principalmete com ‘Antonio’ [personagem do ator Alfred Enoch], porque as pessoas desacreditavam dele por causa da cor da pele. Já aconteceram alguns fatos comigo, mas aprendi a ser forte contra isso. Cabeça erguida sempre e correr atrás dos meus sonhos”, reflete Davi Pereira, de 16 anos. O jovem morador do Campo da Pólvora chegou ao Projeto Axé há quase cinco anos. “A parte que eu mais gosto é a arte, fazer máscaras, pintura do quadro…”, detalha o educando do projeto, que promove o resgate social de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica em Salvador.

Isabela Santos, de 18 anos, confessa que ficou muito emocionada com o filme. “Nós, negros, precisamos lutar pelos nossos direitos. Me identifiquei muito com história”. Isa faz parte do Projeto Axé desde os oito. No Projeto Axé, ela aprendeu muitas coisas, uma delas foi lutar pelo que quer. “Minha área preferida lá é moda, gosto de costurar, mexer com arte. A minha experiência é muito boa. Entrei para aprender alguma coisa, me profissionalizar”, lembra a estudante.

O professor Carlos Victor Pereira, licenciado em Desenho e Artes Plásticas pela UFBA, explica que o Projeto Axé não é como uma escola do ensino formal, trabalha com turmas multisseriadas. Mas é exigência do projeto que todos os estudantes estejam frequentando a escola no turno oposto às aulas na unidade educativa. Segundo ele, é na oficina de experimentação que os alunos desenvolvem os primeiros contatos com as artes visuais.

Carlos Victor atua há quatro anos no projeto e parabenizou a iniciativa do Museu de Imprensa da ABI. “É muito importante que esses espaços de cultura, de produção cultural, tenha um diálogo com a comunidade e Projeto Axé faz parte dessa comunidade do Centro Histórico junto com a ABI. Construímos durante os 365 dias do ano essas parcerias, essas trocas. Ficamos muito felizes quando vimos que a ABI havia proposto essa atividade”, disse.

“Enquanto espaços de produção de cultura, temos um papel muito fundamental de discussão das questões raciais, sobretudo porque nossos educandos são meninos e meninas de periferia. É preciso que eles saibam dessa história que não foi contada. Às vezes, eles acham que vão ficar restritos àquela comunidade de origem, sem perspectiva de futuro. O filme, sem dúvida, é um mote reflexivo para eles. A gente já estava planejando fazer uma sessão com esse filme”, afirma o artista visual. Em breve, o Projeto Axé vai contar com um laboratório de audiovisual.

Debate e outras atividades

A abertura das atividades do Museu de Imprensa da ABI no âmbito da Primavera dos Museus foi com a roda de conversa “200 anos da Independência e outras histórias”. Sob a mediação do 1º vice-presidente da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares, a discussão reuniu o publicitário e pesquisador Nelson Cadena, diretor de Cultura da ABI, Pablo Sousa e Débora Muniz, ambos graduandos em História. (Assista parte 1 e parte 2)

Nos dias 21 e 22, turmas do Projeto Axé foram recebidas no auditório da ABI para atividades como contação de história e confecção da boneca Abayomi. No dia 21, o jornalista e escritor Ricardo Ishmael apresentou para os educandos seu terceiro livro infantojuvenil, “Deu a Louca na Bicharada”, que conta a história de Dudu, um menino negro vítima de bullying, e a sua relação com “bichos falantes”.

Já no dia 22, a professora Telma Holtmann contou a história de Lalá, do livro “A princesa do Olhinho Preguiço”, também de Ricardo Ishmael e com o bullying como tema principal.

Na mini-oficina para confecção da boneca Abayomi, a graduanda em Pedagogia, Emmanuelle Capinan, ensinou o passo a passo para construir esse ‘brinquedo’ cheio de significado.

De acordo com a educadora, essas bonecas de pano artesanais eram feitas nos navios negreiros por mulheres negras escravizadas, usando pedaços de suas vestes, para acalmar e alegrar suas crianças.

Uma versão própria das Abayomi se popularizou através da artesã maranhense Lena Martins, a partir dos anos 80, como elemento de afirmação dos corpos pretos e exaltação das raízes da cultura brasileira.

As atividades tiveram coordenação de Renata Ramos, museóloga da ABI, com o apoio da técnica em restauro Marilene Rosa.

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ABI e UniRuy avançam nas negociações para restaurar acervo do Museu Casa de Ruy Barbosa

Em visita técnica realizada ao Museu Casa de Ruy Barbosa, na manhã desta quarta-feira (10), o professor José Dirson Argolo, restaurador de obras de arte e especialista em preservação de monumentos e bens históricos, avaliou o estado do acervo do equipamento cultural. A iniciativa faz parte dos esforços da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e do Centro Universitário UniRuy para dimensionar os custos de um projeto de restauro das obras e da Casa. O vice-presidente da instituição, Luís Guilherme Pontes Tavares, e a museóloga Renata Ramos, responsável pelo Museu de Imprensa da ABI, receberam o docente no local.

O Museu Casa de Ruy Barbosa foi erguido sobre a casa onde, em 1849, nasceu Ruy Barbosa, na Rua dos Capitães (atual Rua Ruy Barbosa), Centro Histórico de Salvador. O imóvel original encontrava-se em ruínas quando foi adquirido pela ABI, através de uma campanha de subscrição popular liderada pelo jornalista Simões Filho (1886-1957). O Museu é administrado desde 1998 por meio de um convênio firmado com a Faculdade Ruy Barbosa, instituição pertencente à outra empresa, que posteriormente recebeu o status de centro universitário. Em 2021, o UniRuy e a ABI retomaram as negociações que viabilizarão um acordo para a restauração do Museu e seu acervo.

O acervo é constituído por peças em metal, louça, tecido e gesso, além de estatuetas, telas, mobiliário, livros e documentos diversos que se referem à vida, obra e trajetória de Ruy Barbosa (1849-1923). O “Águia de Haia”, como ficou conhecido, teve uma atuação marcante em mais de cinco décadas da história do Brasil, como jurista, diplomata, jornalista, escritor e político. Alguns desses itens foram subtraídos do imóvel durante o furto ocorrido em setembro de 2018.

O UniRuy se propôs a custear os reparos no imóvel, começando pelo telhado e o inventário, bem como remoção do acervo para um local escolhido pela ABI. Por indicação da ABI, foram contratadas as bibliotecárias Ana Lúcia Albano e Graça Catolino, que coordenarão a equipe técnica responsável pelo inventário. O trabalho começa na próxima segunda-feira, dia 15, e deverá se estender por mais trinta dias, liberando o imóvel para intervenções na estrutura física.

O UniRuy avalia ainda a possibilidade de assumir os custos da restauração das obras de arte e demais itens do acervo museológico. Os entendimentos avançam em reuniões semanais. O objetivo é que o espaço logo esteja em condições de ser reaberto ao público e passe a exercer a sua finalidade, de receber visitantes e principalmente ser um centro de atividades, estudos, pesquisas e divulgação sobre Ruy Barbosa e sua obra.

“Estamos empenhando nossos esforços, juntamente com a ABI, para promover as condições favoráveis à reabertura do Museu, bem como assegurar sua longevidade”, enfatiza Rodrigo Vecchi, Reitor do UniRuy.

Acervo danificado

De acordo com José Dirson Argolo, o tempo fechado e sem manutenção expôs o acervo e o imóvel. Ele comparou as obras com fotos feitas há dois anos, quando realizou levantamento e apresentou orçamento para a restauração e conservação do material. “Encontrei a Casa em condição complicada. Quando fiz a primeira avaliação, as peças estavam em um estado que ainda possibilitava um bom restauro”, lamentou. Uma das obras mais danificadas, segundo ele, é um retrato da esposa de Ruy Barbosa, Maria Augusta Viana Bandeira. “A gente pode limpar, mas a camada de carvão que era o desenho do artista está borrada, porque alguém fez uma limpeza de forma indevida, provavelmente utilizando flanela e álcool. Podemos fixar o que salvou dele, mas não voltará ao que era”, analisou.

“O acervo precisa ser deslocado daqui. E que se providencie a sua restauração, para que possamos conservar para a posteridade esse acervo tão importante sobre Ruy”, alertou. Com os dados coletados hoje, o restaurador vai atualizar e concluir o projeto, revisando os orçamentos que serão encaminhados ao UniRuy.

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Artigos

Cremos na Bahia de Ruy Barbosa

Por Ernesto Marques*

O renomado restaurador José Dirson Argolo começa a recuperar o retrato de Ruy Barbosa em carvão sobre tela, do renomado artista plástico baiano Presciliano Silva (1883-1965). É uma das preciosidades do acervo do Museu Casa de Ruy Barbosa, criado pela Associação Bahiana de Imprensa em 1949, nas comemorações pelo centenário do nascimento do Águia de Haia.

Ao lado do busto do jornalista e jurista, única peça recuperada das 15 subtraídas em rumoroso arrombamento (out/2018), e de outra dezena emprestada ao Tribunal de Justiça da Bahia para as comemorações pelos 170 anos de Ruy, a obra de Presciliano é o retrato fiel da situação que opõe a ABI e o Centro Universitário UniRuy. O que está fora da Casa, está intacto.

A antiga Faculdade Ruy Barbosa, ainda sob o controle de seu fundador, o educador Antônio de Pádua, assumiu a gestão do Museu. Ao comprar a instituição, a UniRuy, manteve o convênio e assumiu a gestão da Casa em 2011, encontrando-a restaurada, limpa e arrumada.

Em visita ao Museu em junho de 2015, ao lado do então diretor de Cultura da ABI, Luis Guilherme Pontes Tavares, constatamos sinais preocupantes de abandono. Danos aparentes nas paredes sugeriam falta de manutenção do telhado (ver na galeria abaixo). A água infiltrada favoreceu a proliferação de colônias de fungos nos móveis e expositores, contaminando o acervo. Quadros raros de Ruy e familiares também danificados. Cobrado, o Centro Universitário fez reparos limitados no telhado. E só.

Como dito por este jornal, fundado por quem nos doou a Casa de Ruy, precisamos, de fato, crer na boa vontade e no decoro dos gestores do Centro Universitário. Mas, se é preciso ver para crer, basta passar pela frente do Museu há anos fechado para considerar crível a hipótese de abandono. Compreende-se, no entanto, a dificuldade de considerar tal possibilidade. Ainda mais em se tratando de estabelecimento de magistério superior que assume o nome de figura da magnitude do jornalista, jurista, político e diplomata.

Crendo na boa vontade e no decoro dos gestores desse estabelecimento, renovamos o crédito de confiança em 2015. Quem, com a responsabilidade que nos pesa sobre os ombros, arriscaria fazê-lo hoje, ao ver apenas a fachada do casarão? Apesar dos muitos pesares, seguimos à espera de algum sinal de boa vontade para entendimento mútuo. Começando pela restituição imediata da posse e pela pactuação justa e honesta de formas e meios restituição de imóvel e acervo, a nós confiados por Simões filho e pela sociedade baiana, nas condições encontradas pela UniRuy.

Antes disso, apostamos, como dito no editorial (16.09) deste jornal, na união de todos quantos possam contribuir para zelar pela memória de Ruy, como fez Pádua, a quem a ABI será para sempre muito grata. Cremos na Bahia de Ruy Barbosa.

>> Texto originalmente publicado pelo Jornal A Tarde do dia 25 de setembro.

*Jornalista e radialista, presidente da ABI.

Ernesto Marques

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Perícia na Casa de Ruy Barbosa é adiada pela terceira vez

Às vésperas de completar dois anos do roubo à Casa de Ruy Barbosa, a data será lembrada sob a marca da impunidade e dos seguidos esforços da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) em revitalizar o imóvel onde nasceu o ‘Águia de Haia’. Na manhã desta segunda-feira (14), pela terceira vez, a perita judicial Ana Lívia Passos Lima foi barrada por funcionários do Centro Universitário UniRuy (antiga Faculdade Ruy Barbosa), que alegaram não ter autorização da instituição para permitir o acesso ao local, cujo visível estado de degradação preocupa entidades de defesa do patrimônio histórico.

O arquiteto Matheus Xavier, chefe de divisão na Superintendência do IPHAN na Bahia, foi designado pela coordenação técnica do órgão para acompanhar a perícia, mas também não pode entrar. O Iphan foi solicitado no local pelo advogado que representa a ABI no processo movido contra o UniRuy, Antonio Luiz Calmon Teixeira, porque, apesar de não ser tombado individualmente, o imóvel encontra-se na poligonal de tombamento do Conjunto Arquitetônico, Paisagístico e Urbanístico do Centro Histórico da cidade de Salvador (19/07/1984, Proc. 1093-T-83).

O Art. 20. do decreto Lei 25/1937 diz que “as coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção”.

Perita judicial e representante do Iphan foram impedidos de entrar no imóvel |Foto: ABI

De acordo com Calmon Teixeira, o que houve na manhã de hoje configura resistência ao cumprimento de decisão judicial. “Entre a intimação e hoje decorreu um prazo mais do que suficiente para a outra parte providenciar o acesso da perícia, que será marcada pela quarta vez. O jurista prepara agora a renovação do pedido para que a perícia seja marcada com o uso da força policial. Segundo ele, a juíza do caso deverá designar um oficial de justiça para acompanhar a próxima inspeção.

Obstrução

No final de setembro de 2018, a Casa de Ruy Barbosa foi vítima de roubo. O arrombamento ao museu ocorreu durante um final de semana (entre 28 setembro de 2018, uma sexta-feira e 30 de setembro de 2018, domingo). Somente no primeiro dia útil de outubro uma funcionária do UniRuy a serviço do Museu percebeu que a porta fora arrombada e parte do acervo, roubado. Os ladrões se aproveitaram da falta dos agentes de segurança contratados pela Faculdade Ruy Barbosa, atual Centro Universitário UniRuy | Wyden, responsável pelo Museu, através de convênio celebrado com a ABI em 1998.

Museu Casa de Ruy: um ano depois do roubo, acervo não foi recuperado

Desde o dia 04 de outubro de 2018, uma única peça foi entregue por um sucateiro à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR-BA), onde foi registrada a queixa de “furto qualificado/arrombamento com subtração de bens”. O maior dos dois bustos levados pelos criminosos foi restaurado. A peça já ia ser derretida, quando o sucateiro viu, num programa de televisão, a repercussão das notícias divulgadas pela Associação Bahiana de Imprensa.

Procurada na época para atualizar as informações sobre a investigação, a assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública relatou que o inquérito havia sido concluído pela Deltur e encaminhado para a Justiça. Um policial militar foi indiciado por receptação, após tentar vender um busto em bronze de Ruy Barbosa a um ferro velho. O autor do furto não foi localizado. A ABI seguiu mobilizada para encontrar os objetos que pertenciam ao acervo da instituição e reintegrá-los às centenas de peças em metal, louça, tecido e gesso, além de estatuetas, telas, mobiliário, livros e documentos diversos que se referem à vida, obra e trajetória do jurista baiano.

O UniRuy e a ABI registraram queixa e acompanhavam o desdobramento quando, em junho de 2019, o UniRuy manifestou o propósito de interromper a parceria e devolver o imóvel e os bens móveis que permaneceram após a ação lesiva de meliantes.

O desdobramento da ação do advogado foi a decisão, pela Justiça baiana, da perícia do imóvel. Convém lembrar que a solicitação inicial do advogado foi dirigida ao IPHAN, que, no entanto, declinou. A Justiça então designou a engenheira Ana Lívia de Passos Lima para proceder a perícia. O documento dessa perita, quando do julgamento, será confrontado com a perícia cartorial que o UniRuy encomendara desde 2019. No dia 24 de agosto, a perita judicial foi impedida, pela segunda vez, de acessar o prédio.

Casa de Ruy Barbosa

O jornalista, jurista e político Ruy Barbosa, o internacional Águia de Haia, ainda estava vivo quando o também ilustre baiano Ernesto Simões Filho (1886-1957) capitaneou o levantamento de recursos para adquirir, em leilão, o imóvel da Rua Capitães, no centro da Cidade do Salvador, onde nascera Ruy. Ao tomar conhecimento do gesto, o jurista manifestou-se agradecido. Anos depois, Simões Filho repassaria o imóvel à recém-criada (em 17 de agosto de 1930) Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

A primeira destinação que a ABI deu ao bem recém-recebido foi oferecer à Prefeitura de Salvador para ali instalar escola, o que não ocorreu. Em seguida, a instituição examinou a possibilidade de instalar no endereço a sua sede, o que também não vingou. Com a proximidade do centenário de nascimento de Ruy Barbosa em 1949, os sócios da ABI resolveram homenagear o saudoso baiano transformando sua casa natal em museu. Houve, então, concurso público de projeto arquitetônico e campanha nacional para obtenção de doações de objetos. Em 05 de novembro daquele ano, o museu foi inaugurado e experimentou visitação constante por muitos e muitos anos.

Após o roubo ao Museu, Luis Guilherme Pontes Tavares, então diretor de Patrimônio da ABI, esteve no Arquivo Público Municipal e pesquisou documentos de onze caixas, trazendo novos elementos para contar a história do equipamento cultural. Desde a aquisição em leilão público e as intervenções que o imóvel sofreu durante o século 20, sobretudo a partir da década de 1930. Naquela altura foi executado um projeto para a casa funcionar como museu. Desde então, a ABI se empenhou na doação de objetos que pertenceram ao jurista ou que tivessem relação com ele.

Luis Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI, tentando ser recebido no local | Foto: ABI

“A sociedade e instituições baianas foram generosas e desses, é bom lembrarmos, de Luiz Viana Filho, da Santa Casa de Misericórdia e da Associação Comercial da Bahia” rememora o agora vice-presidente da ABI.  Ele aponta o fato de a ABI ter em horizonte próximo a perspectiva de restaurar mais uma vez a Casa de Ruy Barbosa e restabelecer o funcionamento do museu que ela abriga e que atraía muitos visitantes desde a sua inauguração em 5 de novembro de 1949.

“A ABI sempre foi zelosa da Casa de Ruy Barbosa e designa, a cada nova eleição, diretor para a instituição”, destaca Pontes Tavares. Nas décadas de 1970 e 1980, o Museu manteve a série Publicações da Casa de Ruy e estabeleceu convênio com a Fundação Casa de Rui Barbosa, do Rio de Janeiro, disso resultando intercâmbio administrativo e cultural. Na década de 1990, o museu baiano foi roubado e, na ocasião, a nascente Faculdade Ruy Barbosa, iniciativa do professor Antonio de Pádua Carneiro, propôs convênio com o propósito de manter o equipamento e estimular sua visitação. “A casa foi entregue em perfeitas condições e é assim que a ABI espera recebê-la de volta”, reivindica o vice-presidente.

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