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ABI repudia mortes de jornalistas e atentado à liberdade de expressão

Associação Bahiana de Imprensa (ABI) se junta às demais entidades de defesa da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa para repudiar o ataque, na manhã desta quarta-feira (07), à sede do jornal francês Charlie Hebdo, que deixou pelo menos 12 mortos, dos quais oito eram jornalistas – incluindo-se quatro chargistas – e o editor da publicação satírica, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb. O escritório do jornal já havia sido alvo de um ataque com bomba em 2011, após a publicação uma caricatura do profeta Maomé, o que irritou a comunidade muçulmana.

Para Walter Pinheiro, presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), “merece veemente condenação o ataque terrorista à revista Charlie Hebdo, em Paris, vitimando jornalistas e policiais franceses. Mais emblemático ainda, que tão sanguinária ação tenha ocorrido na capital da Nação que é consagrada como ‘o berço da democracia’. Não bastassem os 60 jornalistas mortos em 2014 no mundo, o ano novo já se inicia com esta barbárie que atinge a todos que militam na imprensa, claramente tipificada como uma inominada ameaça à liberdade de expressão, que coloca de luto os povos civilizados”.

Segundo uma testemunha, por volta das 11h da manhã (horário local), três homens encapuzados saíram de um carro preto estacionado na porta do prédio onde fica a redação. Eles invadiram o local armados com fuzis kalashnikov e um lança-foguetes. De acordo com a televisão pública France Télévision, os profissionais da redação do Charlie Hebdo estavam participavam da reunião editorial semanal quando ocorreu o ataque. Wolinski tinha 80 anos e era considerado um mestre da charge. Jean Cabut, outra vítima, era bastante popular na França, com passagens pela TV. Ele foi um dos fundadores da publicação Hara-Kiri, nos anos 1960. Charb e Tinous fizeram sua fama dentro das páginas da Charlie Hebdo.

Protestos e repercussão

O ataque provocou uma onda de indignação na França e levou mais de 100.000 pessoas a se manifestar espontaneamente em todo o país para denunciar o terrorismo. O presidente francês, François Hollande, classificou o ataque como terrorista e aumentou o nível do alerta de segurança em Paris. Capas de jornais no mundo inteiro repercutem o caso e as redações dos meios de comunicação franceses guardaram um minuto de silêncio em lembrança das vítimas e em apoio à publicação.

A Associação Americana de Cartunistas de Imprensa também se manifestou: “O ataque horrível nos faz lembrar que a liberdade de expressão como cartunista não está garantida em muitas partes do mundo. ‘Charlie Hebdo’ também foi atacada em 2011 e continuou a publicar. A associação condena este ato revoltante de violência e está em luto”. O Sindicato dos Editores de Revistas da França disse que o ataque foi “hediondo”. “Independentemente dos autores e dos ‘motivos’, é um ataque intolerável à democracia e liberdade de expressão.

No Brasil, profissionais e entidades ligadas à imprensa e aos direitos humanos condenaram o ataque. Em nota oficial, o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Domingos Meirelles, também repudiou o episódio e classificou o ato terrorista contra jornalistas e órgãos de imprensa como “repulsivo e de inominável barbárie”, além de exigir rigor na apuração dos crimes e punição exemplar para os culpados. “A Associação Brasileira de Imprensa condenou o atentado terrorista contra o jornal humorístico francês Charlie Hebdo classificando essa agressão como um ato terrorista repulsivo e de inominável barbárie contra um país com as tradições libertárias da França. Não se pode mais aceitar que manifestações de intolerância política e religiosa sejam utilizadas como instrumento de intimidação contra jornalistas e órgãos de imprensa na tentativa de impedir que cumpram sua missão de informar a opinião pública. A ABI exige que o trágico episódio seja apurado com rigor e celeridade pelas autoridades competentes e que os culpados sejam punidos de forma exemplar.” diz o comunicado.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também repudia e condena o ataque à revista. “A FENAJ soma-se à Federação Internacional dos Jornalistas e à Federação Europeia dos Jornalistas na solidariedade aos familiares das vítimas e no firme propósito de que os criminosos sejam identificados e punidos. (…) É preciso rigor nas investigações para que este crime brutal não fique impune. A impunidade alimenta a violência contra jornalista”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro informou que se solidariza com os jornalistas franceses e com as famílias dos profissionais mortos. “O caso representa uma grave ameaça aos trabalhadores da imprensa de todo o mundo. Consideramos inadmissível, em qualquer hipótese, o uso de execuções sumárias para lidar com opiniões divergentes – por mais polêmicas que estas sejam. É a barbárie. Tampouco podemos permitir que essa repulsiva ação violenta contra as liberdades de expressão e de imprensa contribua para o avanço da xenofobia e da repressão contra a população islâmica na Europa – que nada tem a ver com o atentado”.

Detenções

Sete pessoas foram colocadas sob custódia nesta quinta-feira (8) em conexão com a investigação sobre o ataque, indicou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve. Os dois principais suspeitos do ataque – os irmãos Cherif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, estão foragidos. Seu suposto cúmplice, Hamyd Mourad (18) – que teria ajudado na fuga –, se apresentou à polícia em Charleville-Mézières, no nordeste da França, “depois de ver o seu nome circulando nas redes sociais”, indicou à AFP uma fonte próxima ao caso. Uma fonte judicial que não quis se identificar afirmou anteriormente que mulheres e homens próximos aos dois irmãos identificados como os autores do ataque estão atualmente sendo interrogados pela polícia, sem informar onde foram detidos.

O primeiro-ministro Manuel Valls, por sua vez, declarou à rádio RTL que os autores do ataque – que ainda estão foragidos – eram conhecidos pelos serviços de inteligência e, sem dúvida, eram seguidos antes do ataque de quarta-feira, mas “não existe risco zero”. Ele apontou a dificuldade da polícia devido ao alto “número de indivíduos que representam um perigo”.

*Com informações da Associação Brasileira de Imprensa e do G1.

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