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Associated Press usa computadores para escrever notícias esportivas

Uma das maiores agências de notícias do mundo, a Associated Press, fechou um acordo para desenvolver um programa que permitirá que reportagens esportivas sejam escritas por computadores, sem a necessidade do envolvimento de um jornalista. Os testes vão começar com os campeonatos universitários dos diversos esportes americanos e levantam críticas sobre a maneira como os conteúdos noticiosos são apurados e a forma de publicação no circuito digital, que deixam evidentes os desafios que o jornalismo enfrenta, com o advento da automação na produção de conteúdos jornalísticos. O acordo foi fechado na semana passada com a empresa Automated Insights e a AP garante que jornalistas não serão demitidos. Para a empresa que presta o serviço, as matérias escritas pelos robôs contém “bem menos erros” que aquelas produzidas por humanos.

Em seu comunicado, a agência insiste que se trata de ampliar a cobertura para jogos e eventos que, até agora, não estavam sendo cobertos. Beisebol, basquete, divisões inferiores de futebol e vários outros campeonatos universitários passarão a ser seguidos por esses “jornalistas” nos próximos dois anos. Criada em 1846, a AP garante que está “explorando outras soluções tecnológicas” e recentemente contratou um editor dedicado exclusivamente a isso.

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Para que as reportagens sejam escritas, os sistemas vão usar os dados que os torneios e associações esportivas forneçam de forma instantânea sobre cada jogo, como passes, gols, faltas, cartões e substituições. Nos últimos anos, as estatísticas fornecidas e organizadas por ligas nacionais têm alimentado a transmissão das televisões e dos meios de comunicação. Agora, elas poderão ser a base de matérias inteiras.

“Nosso objetivo é ter histórias ao vivo geradas automaticamente quando um jogo termina”, declarou o editor-gerente da AP, Lou Ferrara. O sistema começará a vigorar a partir de abril. “Essa nova parceria vai permitir à AP cobrir mais esportes universitários que possam ser de interesse de nossas audiências”, declarou Barry Bedlan, representante de Esportes da AP. “Isso vai significar milhares de histórias extras na agência. Cada cidade com algum tipo de esporte universitário passará a ser coberta”, garantiu.

Automação

A introdução de robôs nas redações norte-americanas começou de forma limitada, mas constante. Essa não é a primeira vez que um acordo dessa natureza é fechado pela AP. Em julho do ano passado, a agência fechou um acordo com a mesma empresa para produzir matérias a partir dos relatórios financeiros de empresas. Por conta desse acordo, a AP conseguiria passar de 300 reportagens para 3 mil a cada trimestre, envolvendo os resultados financeiros. Muitas delas sem qualquer envolvimento de um jornalista. Há poucas semanas, minutos depois de a Apple tornar público seu resultado financeiro, a AP já estava publicando a matéria com as principais conclusões. No lugar do nome do jornalista, porém, apenas a frase: “Essa história foi gerada pela Automated Insights usando dados da Zacks Investment Research”.

*Informações de Jamil Chade (de Genebra para o Estadão) e do Portal IMPRENSA.

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