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A Holanda criou a Dália Ruy Barbosa

Luis Guilherme Pontes Tavares*

Nutro a expectativa de que o centenário da morte do jornalista, advogado, político e abolicionista Ruy Barbosa (1849-1923), em 01 de março de 2023, seja lembrado com flores. Tomara que possamos contar com a colaboração do Estado, sobretudo do Judiciário, e do corpo consular para alcançarmos esse propósito. Almejamos que a ABI, quiçá no jardim de inverno do Museu Casa de Ruy Barbosa (MCRB) e na sua sede, assim como o Fórum, no Campo da Pólvora, e a Associação Comercial da Bahia (ACB) cultivem canteiros da Dália Ruy Barbosa.

Explico: Em 1949, quando do centenário de nascimento de Ruy Barbosa, houve gestões diplomáticas para que os holandeses dessem o nome do jurista brasileiro a rua ou praça de Haia, cidade na qual, em 1907, durante a Conferência da Paz, ele se consagrou como pacifista quando defendeu a o tratamento igualitário para todas as nações. A legislação não permitiu a homenagem aspirada e uma firma holandesa criou a Dália Ruy Barbosa.

Capa de Brasil de Hoy, ano V, nº 20, dezembro de 1949

A informação ocupa página e meia da revista argentina Brasil de Hoy (Ano V, n. 20, dez1949), comemorativa do centenário daquele que fora exilado em Buenos Aires, por seis meses, entre setembro de 1893 e março de 1894, e que retornara à capital daquele país em 1916 como embaixador extraordinário do governo brasileiro nas comemorações do primeiro centenário da Independência da Argentina.

A FLOR NA REVISTA

O número 20 da Brasil de Hoy estampa o lema “para el mayor conocimiento de Brasil em America”. Com sede em Buenos Aires, a publicação era dirigida por José M. Rocha, de quem não obtivemos informações a respeito, mas a quem, se fosse possível, cumprimentaríamos pela edição de dezembro de 1949, dedicada, toda ela, ao amigo brasileiro, em especial pela matéria “La Dalia Ruy Barbosa”.

A matéria informa que a iniciativa da criação da almejada flor foi da firma J. G. Ballego y Hijos, de Leiden (Holanda). Em março de 1950, ela plantou 25 bulbos dessa Dahlia Variabis nos jardins do Palácio da Paz, em Haia. A revista transcreve o texto em inglês do cartão que a J. G. Ballego y Hijos mandou imprimir para acompanhar a embalagem da flor – acrescentamos, em seguida, a versão em português confiada ao Google Tradutor:

“Ruy Barbosa 4 ft. large flowering semi-cactus dahlia deep velvety crimson red with dark shadings. Blooms up to twelwe inches in diameter. Tall, open bush growth. A sensation in any garden and a winner in Every show. A centenial introduction in memoriam of the famous Brasilian lawer Ruy Barbosa (1849-1949). Self-raised variety”.

[“Ruy Barbosa 4 pés (1 metro 22 centímetros) grande floração semi cacto dália vermelho carmesim aveludado profundo com sombras escuras. Floresce até 12 centímetros de diâmetro. Crescimento de arbusto alto e aberto. Uma sensação em qualquer jardim e um vencedor em todas as exposições. Uma centenária iniciativa in memoriam do famoso advogado brasileiro Ruy Barbosa (1849-1949). Variedade autocriada.”]

Enfim, registramos que não localizamos na web informações a respeito da Dália Ruy Barbosa e tampouco obtivemos informações de instituições nacionais e internacionais consultadas através de correio eletrônico. Apenas o Itamaraty forneceu link do Palácio da Paz, em Haia, de modo que dele extraímos a fotografia do busto de Ruy que se mantém ali para recordar o desempenho pacifista do brasileiro em 1907.

De resto, desejamos que, em 01 de março de 2023, floresçam dálias especiais nos jardins de Salvador.

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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É 1º vice-presidente da
ABI. [email protected]

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

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