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Mesa-redonda e roda de choro encerram participação da ABI na Flipelô+

Na tarde desta sexta-feira (11), a ABI encerrou a sua participação na sétima edição da Flipelô – Festa Literária Internacional do Pelourinho, evento realizado pela Fundação Casa de Jorge Amado, Centro Histórico de Salvador, de 9 a 13 de agosto. Depois da mesa-redonda “Ruy Barbosa, jornalista”, com jornalistas e pesquisadores, o Núcleo de Choro da Escola de Música da UFBA encantou o público com clássicos do gênero.

Na primeira parte da tarde, a mesa-redonda “Ruy Barbosa, jornalista”, reuniu Joaci Góes, escritor e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB); Luis Guilherme Pontes Tavares, jornalista, escritor e 1° vice-presidente da ABI; e Chico Castro, jornalista responsável por roteirizar a revista em quadrinhos “Ruy – Do sonho à realidade”, uma publicação ilustrada pelo artista visual Gentil.

Em março deste ano, a Bahia demonstrou sua admiração a um dos seus principais intelectuais por meio de uma série de eventos alusivos ao centenário de morte de Ruy Barbosa. A agenda foi aberta pela ABI, com a Outorga da Medalha Rubem Nogueira (relembre aqui).

A ABI é uma das entidades guardiãs da memória de Ruy Barbosa. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo. Não por acaso, a entidade atuou como articuladora da programação do centenário, que foi construída junto com outras 15 importantes instituições do estado.

Ruy, jornalista

No evento desta sexta-feira, Joaci Góes começou destacando a atuação jornalística do multifacetado Ruy. Para Góes, “Ruy Barbosa é a mais consagradora unanimidade nacional no campo do saber”, mesmo sem nunca ter escrito um livro.

O jovem Ruy Barbosa estreia no jornalismo em São Paulo, quando estudava Direito na faculdade do Largo de São Francisco. O jornalista e pesquisador Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI, no entanto, traz a informação de que há registro na revista Renascença, n. 120, de março de 1923, na edição dedicada ao falecimento do ilustre baiano, que “No collegio, em seus lazeres, lia Ruy Barbosa; ou escrevia para periodicos e chronicas, principio manuscriptos, mais tarde impressos sob a denominação de O Gymnasio, cujo redactor-chefe era Aristides Milton [1848-1904]. (leia as anotações de Luis Guilherme sobre Ruy)

Ruy atuou no Radical Paulistano, ao lado do poeta, advogado e abolicionista baiano Luiz Gama (1830-1882), assumiu a redação do Diário da Bahia, dirigiu o Jornal do Brasil, passou pelo Diário de Notícias. “Lamento que o relevo alcançado pelo baiano não tenha distinguido a atuação dele como jornalista, predominando os elogios ao jurista, ao tribuno e ao parlamentar”, disse Tavares.

O jornalista Chico Castro foi o responsável por roteirizar uma revista em quadrinhos de linguagem acessível, para o público infanto-juvenil, contando a história do Águia de Haia. “Ruy – do Sonho à Realidade” foi editada por meio de uma parceria entre o Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA), o Instituto Rui Barbosa (IRB) e o Governo do Estado, através da Secretaria da Educação.

Chico Castro já escreveu quatro HQs históricas. Ele abordou o processo de concepção da revista, que mistura ficção e realidade, narrando aventuras desde a infância do aluno prodígio à fase adulta do exponencial jurista. A obra revela, ainda, suas campanhas em defesa da abolição da escravatura.

Para quem deseja se aventurar na escrita do gênero, Chico detalha: “Precisa pesquisar em fontes diferentes, porque não tem sentido fazer uma HQ reproduzindo livros de história. Tem que dar um molo dramático. Nessa HQ de Ruy Barbosa, eu criei uma aventura dele quando criança na companhia do amigo Fred, que somente no final o leitor descobre que se trata do poeta Castro Alves”, conta.

Nos dias 10 e 11 de agosto, a ABI promoveu diversas atividades educativo-culturais e artísticas em seus espaços, como parte da estreia da instituição no circuito alternativo da Flipelô.

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