ABI BAHIANA

Assaltantes furtam parte do acervo da Casa de Ruy Barbosa, em Salvador

O Museu Casa de Ruy Barbosa, no Centro de Salvador, foi assaltado no último final de semana. Os criminosos levaram peças da instituição pertencente à Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e administrada através de um convênio firmado desde 1998 com o Centro Universitário UniRuy | Wyden (antiga Faculdade Ruy Barbosa). Entre itens subtraídos da casa onde nasceu o jurista baiano Ruy Barbosa (1849-1923) estão objetos pessoais e antiguidades, como bustos, medalhas, canetas, óculos, taça. O caso foi registrado pela polícia (aqui) como “furto qualificado/arrombamento com subtração de bens” e está sendo investigado, mas até agora não há sinal dos arrombadores ou das peças levadas.

O furto, que pode ter ocorrido entre a noite da última sexta-feira (28/09) e domingo (30), só foi percebido na manhã de segunda-feira (1º/10), quando uma funcionária do UniRuy chegou para trabalhar e encontrou a porta da frente apenas encostada. O incidente não deixou vítimas, uma vez que os vigilantes contratados pelo UniRuy para a guarda patrimonial não estavam no local. A ação sequer chamou a atenção dos moradores vizinhos do edifício situado na Rua Ruy Barbosa.

Ruy Barbosa morou até os 16 anos (de 1849 a 1865) na casa localizada na rua que hoje leva o seu nome. A Casa de Ruy Barbosa foi arrematada em leilão pelo jornalista Ernesto Simões Filho, presidente do Jornal A Tarde, no início do século XX. Em 1935, a Associação Bahiana de Imprensa conseguiu posse do imóvel. Naquele mesmo ano, foi feita a reconstituição no imóvel original, que estava completamente em ruínas.

O presidente da ABI, Walter Pinheiro, lamentou a invasão e relatou a importância do jurista, sua trajetória e a relevância da manutenção do museu. O dirigente também convocou a população a apoiar a campanha iniciada pela ABI para encontrar o acervo. “Nosso objetivo é recuperar os bens roubados. Evidentemente, tudo o que pertenceu a Ruy Barbosa é importante. A sociedade pode nos ajudar a localizar as peças”, afirmou Pinheiro.

O diretor de Patrimônio da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares contou que o roubo dos objetos altera o projeto de exibi-los em evento preparatório da reabertura do Museu de Imprensa da ABI. Segundo ele, nos últimos anos, a ABI realizou o inventário do acervo da Casa Ruy Barbosa, de modo que conhece, com detalhes, cada objeto roubado. “Essa ação criminosa instala a ABI entre as entidades brasileiras agredidas devido à missão que se impuseram de preservar a história nacional”, observa.

“É assustador o que tem sido feito com a memória do Brasil e, particularmente, da Bahia. Um acervo constituído por peças que contam a história do ‘maior dos brasileiros’, como Ruy era chamado, se transformou em relíquias sujeitas a roubos e transações”, se indigna o diretor de Cultura da ABI, Jorge Ramos. Para ele, a ação pode ter sido programada e encomendada, porque no próximo ano, será o 180º aniversário de Ruy Barbosa. “Roubar peças do museu da casa onde ele nasceu é roubar a memória da Bahia. Urge que sejam tomadas todas as providências na esfera policial, para elucidar esse crime”.

A Casa de Ruy Barbosa abriga um museu gerido e mantido pela Faculdade Ruy Barbosa, atual Centro Universitário UniRuy | Wyden. O Convênio de Intercâmbio e Colaboração Técnica e Cultural firmado em 1998 entre a instituição e a ABI teve o objetivo de devolver à comunidade o espaço do Águia de Haia, como era conhecido o jurista baiano. O imóvel chegou a ser invadido por ladrões em 1997. Na época, a maior parte dos objetos roubados foi recuperada e seguia disponível para exibição até agora.

A pró-reitora administrativa/operações do UniRuy, Eliana Martins, acompanhou a ocorrência. Por e-mail, ela reforçou a parceria e manifestou a disponibilidade do reitor da instituição de ensino, Hubert Basques, em contribuir com as investigações.

 

  • Obras furtadas:

1 busto de Ruy Barbosa (meia idade)

1 busto de Ruy Barbosa (ancião)

1 busto em miniatura de Ruy Barbosa  (peso para livro)

1 estátua

6 medalhas de formato circular, com borda lisa. (1849/1907)

1 medalha de formato circular, com borda marcada por friso em relevo. (09/10/1907)

1 medalhão dourado com bordas lisas

1 par de óculos de viagem com antolhos, armação de metal prateada, formato oval, lentes ovais acinzentados

1 par de óculos de grau, armação de metal prateado de formato oval, lentes ovais incolores.

1 Caneta tinteiro preta

1 Taça

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