A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lamenta profundamente e se solidariza com familiares e amigos pela morte do crítico de cinema André Olivieri Setaro (64), professor decano da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ensinava artes visuais. Em atividade na Facom por 35 anos, Setaro deixa órfãos jornalistas e cinéfilos do país inteiro, admiradores de sua erudição e ampla sabedoria sobre sua verdadeira paixão: o cinema. Aficionado pela sétima arte, Setaro foi fundamental para o resgate da história do cinema na Bahia, através de textos inéditos e dotados de aprofundado conhecimento sobre a linguagem cinematográfica. Ele havia sofrido um infarto no miocárdio na madrugada de quarta-feira (9) e permaneceu internado, vindo a falecer na tarde de ontem (10), deixando mais pobre os cinemas baiano, brasileiro e internacional. A cerimônia de sepultamento será hoje, às 11h, no Cemitério do Campo Santo (Federação).
Natural do Rio de Janeiro, mas formado em Direito pela UFBA, Setaro era crítico de cinema do jornal Tribuna da Bahia desde agosto 1974, pesquisador e autor de Escritos sobre Cinema – Trilogia de um tempo crítico. Ele também possuía um blog sobre cinema e uma coluna no Terra Magazine. “Muito querido pelos alunos, o professor André Setaro foi um dos maiores críticos de cinema da Bahia, atuando em jornais, revistas e sites. Deixa um legado de escritos sobre o cinema baiano, incluindo a mais recente reedição da obra Panorama do Cinema Baiano, publicado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia”, afirma nota assinada pela diretora da Faculdade de Comunicação da UFBA, Suzana Barbosa, que suspendeu as atividades acadêmicas nesta sexta-feira.
Segundo o presidente da ABI e diretor-presidente do jornal Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, a produção intelectual de Setaro fará falta. “Ele colaborava com a Tribuna escrevendo sobre aquilo que ele mais gostava que era o cinema. Ao longo desses 40 anos, manteve uma frequência quase semanal de comentários sobre o assunto. Sempre tive admiração muito grande por ele, pelos seus conhecimentos a cerca da arte cinematográfica e pela forma bem aprofundada com que ele preparava seus artigos”, destacou Pinheiro, que lamenta a morte de Setaro.
O jornalista Cláudio Leal, amigo e colaborador do Setaro’s Blog, lembra o caráter memorialístico de Setaro, que, sem distanciar-se da imprensa, carregou o cinema aos bares de Salvador, no aprendizado de Jeniffer Jones e cerveja, de Luis Buñuel e cigarro, os “recuerdos” precedidos de uma sentença: “Concordo com Buñuel: o homem é a sua memória”. “A crítica não ocorre em sua vida como um acidente, mas uma reflexão do seu desprezo ao tempo. Na forma silenciosa com que observa as pessoas, o desejo de retê-las para sempre”.