Um verdadeiro mar de gente tomou conta das ruas de Paris neste domingo (11) para protestar contra o extremismo e defender a liberdade de expressão e a unidade. Em um país que declarou a República há mais de 225 anos, o ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo – que deixou 12 mortos –, além das mortes da jovem policial abatida a tiros e das quatro pessoas na tomada de refém em um mercado parisiense de comida judaica, motivaram uma massa de cerca de 1,5 milhão de pessoas que se abarrotaram nas ruas da cidade. Em toda a França, foram cerca de 3,7 milhões que marcharam contra o terrorismo. Meia centena de líderes da Europa, África e Oriente Médio também participaram da histórica manifestação pela liberdade e democracia.
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A multidão, reunida sob um frio sol de inverno, alterna slogans como “Viva a França”, “Eu sou Charlie” e sua variação mais abrangente “Eu sou Charlie, judeu, policial”. Liberdade era a palavra mais ouvida entre a população francesa. A movimentação na capital francesa começou na Praça da República, onde jovens passaram a subir no monumento de Marianne, figura que representa a república francesa, onde estão grafadas as palavras Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Bandeiras da França foram levantadas no monumento e receberam a companhia de símbolos de outros países.
“Charlie, Charlie” era um dos gritos dos presentes, até que passaram a cantar “La Marseillaise”, hino nacional francês. Numerosos, os cartazes ‘Je Suis Charlie’ (na tradução ‘Eu Sou Charlie’) se espalharam por toda a praça e arredores. Nas ruas mais próximas da République, era impossível se mover enquanto a caminhada não começava. A imensa mobilização passou pela Bastilha e terminou na Praça da Nação, onde familiares das vítimas foram recebidos com silêncio e aplauso. Depois, o hino francês foi novamente entoado pela multidão, uma marcha que antes pregava a guerra, agora prega a união e a paz entre os povos. A presença massiva demonstrou também uma afirmação dos franceses em defesa da nação, em vez de expressar o medo ao terror. Nas ruas, a principal defesa da voz das ruas era pela livre expressão e pela liberdade de culto, como relatam os manifestantes.
Manifestação histórica
A grande manifestação deste domingo na capital francesa foi seguida de outras nas principais cidades do país. Esses protestos já foram precedidos por outros espontâneos realizados na quarta-feira passada, horas depois do ataque jihadista contra o jornal satírico Charlie Hebdo, que terminou com 12 assassinados e, no sábado, quando mais de 700.000 pessoas saíram às ruas de todo o país para expressar oposição ao terrorismo e ao antissemitismo. Nas manifestações de sábado, muitos dos participantes carregavam cartazes com a frase “Sou judeu”.
Pelo menos cem mil pessoas protestaram em Toulouse (sul), 40.000 em Lille (norte), 30.000 em Pau (sudoeste) e dezenas de milhares mais em outras cidades, para prestar uma homenagem às vítimas. Em cidades como Orleans, Rouen e Marselha, os manifestantes saíram às ruas mostrando lápis e capas do semanário atacado, que perdeu cinco de seus cartunistas. Eles mostravam cartazes com inscrições como “não tenho medo” e “contra o obscurantismo”.
*Informações da AFP, Terra e El País (Edição Brasil)