ABI BAHIANA

ABI recebe lojistas de antiquários da rua Ruy Barbosa

Falta de segurança e lacuna no roteiro turístico de Salvador são apontados como principais problemas para a revitalização da localidade

O presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques, e o vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares receberam, nesta segunda-feira (23), representantes de antiquários localizados no mesmo logradouro em que nasceu e viveu Ruy Barbosa, no Centro Histórico de Salvador. A rua que leva o nome do jurista baiano possui 14 antiquários, tornando ainda mais precioso o quarteirão onde está situado o Museu Casa de Ruy Barbosa, agora batizado de “Casa da Palavra Ruy Barbosa”. A revitalização da rua faz parte da agenda do Centenário de Falecimento de Ruy Barbosa, que transcorrerá no dia 1º de março.

Para Ernesto Marques, a Casa da Palavra Ruy Barbosa será um passo importante para a revitalização do lugar histórico. De acordo com o dirigente, faz parte dos objetivos da reforma da Rua Ruy Barbosa atrair atenção para o entorno do lugar, que conta com sebos e antiquários, além de integrar a Casa da Palavra Ruy Barbosa na rota de museus do Centro Histórico e que podem ser atrativos aos turistas. “Fizemos essa provocação à Prefeitura e ao Governo do Estado com base na constatação de que, mesmo que fizéssemos uma reforma na Casa, que fizéssemos um museu lindo, se o entorno continuasse degradado como está, em pouco tempo a degradação entraria no Museu”, afirma Ernesto Marques.

“O mais importante é que tenha gente procurando a Rua Ruy Barbosa para visitar os antiquários, para comprar livros no sebo e que venham até o museu. Aliás, quem visita o museu, tem mais chance de se interessar por esse comércio também. O que interessa para nós, como instituição, é que a rua esteja sempre iluminada, esteja sempre limpa e com movimento durante o dia”, almeja Ernesto Marques.

Insegurança e alternativas

Gildo Fortunato e Lenilton Silva, proprietários de lojas de antiguidades na região, estiveram à frente da discussão, que priorizou elencar e buscar soluções para os problemas que esses empreendimentos têm enfrentado.

A Rua Ruy Barbosa é tida como uma das mais tradicionais ruas de antiquário da cidade. Ainda assim, a falta de segurança para clientes e turistas tem dificultado o acesso ao local e tornado o comércio cada vez mais incipiente. Com unanimidade, Gildo e Lenilton apontam essa questão como o entrave número 1 para o projeto de aumentar o fluxo de visitantes na localidade e, consequentemente, para a Casa da Palavra Ruy Barbosa, que vem sendo planejada pela Associação Bahiana de Imprensa.

Outro ponto discutido durante a reunião foi a parceria com a Fundação Gregório de Matos, a qual propõe utilizar o espaço da praça próxima para promover feiras no mesmo formato da Feira da Cidade, realizada pela prefeitura de Salvador desde 2014. Atualmente, a Rua Ruy Barbosa não costuma fazer parte do roteiro de turismo dos soteropolitanos ou de turistas. Essa lacuna se formou devido à preocupação com a segurança e a solução encontrada por muitos foi a venda por encomenda ou pela internet.

Com o público reduzido para procura presencial, muitos comerciantes recorrem ao uso de plataformas digitais como o Instagram e o WhatsApp para manter o negócio aquecido. Através de indicações, muitas vezes feitas pelos próprios colegas, é que tem se dado o maior fluxo de renda entre os comerciantes locais. Por conta dessa dificuldade, muitos fecharam as portas e trocaram de endereço, preferindo localidades mais conhecidas, como o Rio Vermelho e a Linha Verde.          

“Esperamos viver novamente o que tínhamos há 20 anos. A rua era frequentada por muitos turistas, até mesmo celebridades. Obras como “Ó Paí, Ó” (2007) foram gravadas lá, assim como algumas novelas”, lembra Lenilton Silva. Para ele, a mudança nesse cenário ocorreu devido ao aumento da violência.

“É uma rua estreita, fisicamente, ela já aumenta a apreensão”, pontua Luis Guilherme Pontes Tavares, sobre a preocupação com violência. “Hoje no estado, tristemente, não temos mais uma política de aquisição de acervos. No passado, muitas obras de arte eram adquiridas pelo Governo. Não é mais feito isto. É uma lástima. Estes antiquários acabam sendo embaixadores do tempo em nossas cidades. Todas as cidades do mundo possuem uma rua dedicada a antiquários, seja em São Paulo, Paris ou Bruxelas. Aqui em Salvador, esta rua é a Rua Ruy Barbosa. É um lugar muito especial que precisa ser preservado”, completa o vice-presidente da ABI.

Os projetos para dar cara nova ao endereço onde nasceu e viveu um dos filhos mais ilustres de Salvador foram discutidos na última terça-feira (17), na ABI, numa reunião com representantes da  Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur/Ba), da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Neoenergia Coelba).

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