De todos os meios que compõem o sistema de comunicação do Brasil, o jornal é, talvez, o que mais sofre com as crises que abalam o setor desde o final dos anos 90. Jornais e revistas perderam audiência, enquanto a Internet e a TV por assinatura ganharam terreno. Mas, a credibilidade dos jornais ultrapassa o papel e se estende a outras plataformas, como a web, os tablets e os smartphones. Um estudo divulgado pelo Instituto Verificador de Comunicação (IVC) apontou que os cinco maiores jornais em circulação no país tiveram crescimento no primeiro quadrimestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com a pesquisa, a migração dos veículos para o meio digital tem forte influência na queda da comercialização do jornal impresso, que segue como fonte essencial de informação e são a base dos posts nas redes sociais.
Segundo o levantamento, a Folha, líder entre os jornais do país, teve uma circulação média de 361.231 exemplares nos quatro primeiros meses do ano, o que configura uma alta de 6,4% na comparação com 2014. A circulação média de O Globo – o segundo colocado no ranking do IVC – registrou alta de 3,7%, alcançando o montante médio de 320.374 exemplares. Houve aumento também na circulação do Super Notícia, que atingiu média de 314.766 (um acréscimo de 1,7%) e no Estadão, que alcançou circulação média de 250.045 exemplares (alta de 5,5%).
Entre os cinco primeiros do ranking, o maior crescimento foi do Zero Hora, que fechou o quadrimestre com circulação média de 201.178 (13% mais do que o registrado no mesmo período de 2014). O digital tem uma forte participação nesses dados. Em abril deste ano, 44,6% da circulação total da Folha já era composta por edições digitais. No Globo, a fatia do digital já corresponde a 37%. Esse crescimento pode ter a participação da inclusão das versões digitais, que em muitos casos formam combos com as assinaturas impressas compradas pelos assinantes tradicionais. Resta saber se são novos leitores ou são os mesmos leitores que compram dois produtos com o mesmo conteúdo.
Reinvenção ou Decadência?
Em todos os segmentos da mídia houve profundas transformações nos últimos cinco anos, e a convergência tecnológica continua sendo fator decisivo. Tarefa difícil é distinguir as fronteiras dos vários meios de comunicação. Apesar do visível impacto da convergência midiática nos processos de produção do jornalismo, até agora, nenhum jornal importante arriscou uma mudança mais radical, abolindo a apresentação da informação do dia anterior, mas quase todos têm aumentado o espaço dos colunistas, das seções de opinião, das análises e artigos explicativos publicados em forma de box ou como textos de apoio ao noticiário.
Para o professor Luiz Magalhães, editor do site Observatório da Imprensa, aprofundar o debate público, trazer ao leitor textos e reportagens que possam servir para reflexão sobre os temas, por exemplo, podem tomar o lugar da simples apresentação dos fatos do dia anterior, que o leitor já terá visto na televisão e Internet. “A reinvenção do jornalismo impresso depende de que os executivos dos jornais e os profissionais que trabalham nos impressos atentem para a velocidade das mudanças nas outras mídias – Internet e televisão digital à frente. Ou se reinventam e agregam valor ao noticiário, ou podem acabar perdendo a guerra, seja ela travada eletronicamente ou mesmo nas gráficas”.
*Com informações da Meio&Mensagem e Revista UFG.