ABI BAHIANA

Sarau literomusical inaugura a Série lunar 2023

Repertório homenageou Ruy Barbosa, remontando saraus promovidos por Dona Maria Augusta, pianista e esposa do grande baiano

No dia em que diversas instituições baianas se dedicaram a reverenciar a memória de Ruy Barbosa, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (Emus/UFBA) realizaram um sarau literomusical. A abertura da Série Lunar 2023, na noite desta quarta-feira, 1º de março, reuniu sete artistas da Emus no Auditório Samuel Celestino, na sede da ABI.

Com um repertório em homenagem ao Águia de Haia, a noite lembrou os saraus característicos do século XIX, como os que Dona Maria Augusta, pianista e esposa do grande baiano, realizava em sua residência, no Rio de Janeiro.

A 1ª secretária da ABI e coordenadora do projeto, Amália Casal, falou na abertura sobre gratidão e aproveitou para parabenizar o presidente da ABI, Ernesto Marques, pelo seu aniversário. O vice-presidente da ABI, Luis Guilherme Pontes Tavares também prestigiou o evento.

A primeira apresentação da noite foi feita pelo violonista clássico Mario Ulloa, seguido de Tota Portela e Teca Gondim, duo que celebrou os 92 anos da ABI, em agosto de 2022. Depois foi a vez do pianista Jairo Brandão e Eneida Lima, soprano e integrante do Madrigal da UFBA. O encerramento ficou por conta do pianista e diretor da EMUS/UFBA, José Maurício Brandão, e Gisele Nino, soprano e também integrante do Madrigal.

José Maurício explicou que o repertório da dupla incluiu canções compostas na época de Ruy Barbosa, para linkar com a temática do evento. Ele dedicou a apresentação ao professor Jairo, que recentemente atravessou problemas de saúde e se restabeleceu rapidamente.

Os músicos conversaram com o público entre uma canção e outra, explicando a história das composições, detalhes e curiosidades sobre os autores e as épocas em que foram concebidas. “Queria que as pessoas gostassem tanto de falar sobre música quanto gostam de ouvir. Para mim é um prazer falar sobre música”, brincou o professor Mario Ulloa.

“Minha avó materna, Maria de Lourdes Gondim, realizava saraus na sua casa, em Fortaleza”, contou a pianista Teca Gondim, vice-diretora da Emus. A professora emocionou a todos ao fazer a leitura e tocar uma canção composta por sua matriarca, a música “Sorrindo e Chorando”. Ao lado de seu esposo, o professor e flautista Tota Portela, ela executou o Hino ao Senhor do Bonfim, a pedido do jurista Antônio Calmon Teixeira, sócio honorário da ABI.

Laura Tanuri e sua mãe Walquíria Souza

A soprano Eneida Lima também já havia se apresentado no auditório da ABI, mas compondo o Madrigal. “Foi maravilhoso. Estou muito grata pelo convite para comemorar esta data importante. Foi a minha primeira vez como solista na Série Lunar. Amei a oportunidade. Escolhemos músicas que já tínhamos trabalhado e ao mesmo tempo tivesse uma cara de sarau e a ver com o evento”, destacou.

A jornalista Laura Tanuri curtiu a noite com sua mãe, dona Walquíria Souza, de 84 anos. “Estamos muito felizes. Valeu a pena vir de longe para desfrutar desse momento”, disse Laura. Já dona Walquíria foi transportada para um tempo distante. “Fiquei muito tocada, lembrei de várias músicas antigas, o que me deixou alegre e pensativa, com muitas lembranças e emocionada. O pai dela adorava música clássica”, contou.

Graça Cantalino

“Um concerto surpreendente, que mexe com a nossa emoção”, elogiou a bibliotecária Graça Cantalino. A pesquisadora falou da necessidade de valorizar a memória de Ruy Barbosa. “A gente não pode deixar morrer esse legado, deixar passar. As novas gerações precisam conhecer figuras como Ruy”, defendeu.

Carol Nino, filha da soprano Gisele Nino, acompanhou a apresentação ao lado do namorado, o estudante de medicina Brian Michels. Pela primeira vez na Série Lunar, o jovem casal não escondeu o encantamento com o programa. “Lindo repertório. Deu para relaxar da correria do dia. Adorei essa proposta de juntar vários artistas. O mais legal é que eles foram contando as histórias das músicas, trazendo informações que eu não conhecia”, destacou a enfermeira. Fruto de parceria entre a Associação e a Escola de Música da Ufba, o evento gratuito segue até dezembro, sempre nas noites de lua cheia, levando boa música ao Centro Histórico de Salvador. Em breve, as instituições divulgarão as atrações de 2023.

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