A violência contra jornalistas diminuiu em 2017 se comparado a 2016, segundo o relatório anual da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), apresentado nesta quinta-feira (18), na sede da entidade, no Rio de Janeiro. No entanto, o documento traz um alerta: os jornalistas continuaram sendo vítimas de agressões, ameaças, atentados, detenções arbitrárias, tendo 2017 registrado um aumento dos casos de cerceamento à liberdade de imprensa por ações judiciais, com 12 casos nessa modalidade, o que representa 12,12% do total. Em 2016, esse porcentual foi de 11,18%.
Esse número levou os integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público à terceira colocação no ranking dos principais agressores, atrás dos policiais, responsabilizados por 19 agressões, e dos políticos, que aparecem na segunda colocação, com 15 casos. Embora não prosperem nos tribunais superiores, os processos recorrentes nos tribunais estaduais são uma forma de intimidar o profissional de comunicação e impedir o livre exercício da profissão.
Funcionários públicos e empresários, incluindo os de empresas públicas de comunicação, ganharam destaque na lista, com 12 casos de violência contra jornalistas cada.
Nenhum assassinato
Segundo o levantamento, foram registrados 99 casos de agressões contra a categoria no ano passado, 38,51% a menos do que em 2016, quando houve 161 casos. O relatório também destacou que não ocorreu nenhum caso em 2017 de assassinato em decorrência do exercício profissional do jornalismo e houve apenas uma morte, do blogueiro Luís Gustavo da Silva, assassinado no Ceará, que a entidade contabilizou no grupo de outros profissionais da comunicação e comunicadores populares.
A pressão profissional não cessou, já que quatro jornalistas foram demitidos em razão de comentários que teceram ou de reportagens que produziram e que geraram reações negativas. Outro levou suspensão por 30 dias, depois de fazer comentários em seu perfil numa rede social sobre a direção da Fundação Piratini, em Porto Alegre.
A categoria foi vítima, ainda, de atletas, dirigentes de clubes esportivos e familiares (8 casos), populares (6), seguranças (4), manifestantes (3), pastores (2) e de um médico. Nas situações de atentados, os agressores não foram identificados.