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ABI e Gringo Cardia firmam contrato para reestruturar o Museu Casa de Ruy Barbosa

Em sua visita à casa onde nasceu o Águia de Haia, o renomado arquiteto e diretor artístico falou das expectativas para o projeto

“Esta casa é incrível, tem um pé-direito alto, vários móveis interessantes. Agora, tendo uma noção do que tem aqui, eu posso começar a pensar no projeto”. Essa foi a impressão do arquiteto, designer e diretor artístico Gringo Cardia, ao se deparar com o interior da casa onde nasceu o jurista baiano Ruy Barbosa. Sua visita ao Museu Casa de Ruy Barbosa aconteceu na manhã desta quinta-feira (14), logo depois da formalização do contrato com a Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O ato da assinatura foi celebrado durante o encontro do colegiado responsável pela agenda “Ruy Barbosa, 100 anos depois”, que reúne instituições baianas interessadas em preservar a memória do “Águia de Haia”.

A ABI é uma das entidades guardiãs da memória de Ruy Barbosa. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo. Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação do centenário de falecimento de Ruy, em 1º de março de 2023, começou a ser construída junto com outras importantes instituições do estado. Entre as principais atividades previstas para o marco estão a restauração do Museu inaugurado em 1949, o lançamento de um documentário, reedição de livros, a requalificação da Rua Ruy Barbosa e a instalação de um busto de Ruy Barbosa na cidade. Se depender das instituições envolvidas com o calendário comemorativo, os eventos serão à altura do homenageado.

E o primeiro passo para a reestruturação do Museu já foi dado. “Esse momento tem uma importância especial pelo que o Museu representa para nós. Não queremos reabri-lo do jeito que foi aberto em 1949”, frisou Ernesto Marques, presidente da ABI. O jornalista destacou a busca da ABI por patrocinadores para a tarefa de restaurar e entregar ao público o Museu. Ele aproveitou para fazer um convite aberto a todos os potenciais parceiros que tenham interesse na promoção da memória, da cultura da Bahia, a todas as empresas e instituições de fomento que queiram financiar o projeto.

O estúdio ACASAGRINGOCARDIA DESIGN destaca a atuação de Ruy Barbosa na área da educação e anuncia uma concepção museográfica que visa atingir, principalmente, o público jovem, para quem os legados são importantes referenciais de valores, identidade e direitos. “O museu terá uma linguagem tecnológica contemporânea, imersiva e interativa que fará os jovens interagirem de maneira lúdica e teatral com a vida de Ruy Barbosa e a busca dos direitos dos jovens contemporâneos”.

De acordo com Cardia, a casa necessita de muita restauração. “Ela precisa de uma reforma geral, mas é muito boa porque ela já foi construída com uma arquitetura para os trópicos, fresca. Mesmo sem ar condicionado, ela já tem uma climatização”, destacou. O plano museográfico prevê uma narrativa contemporânea para apresentar a história e o legado do jurista, político, intelectual e jornalista baiano Ruy Barbosa (1849-1923), uma das personalidades mais importantes do Brasil do século XIX e XX.

O gaúcho Gringo Cardia já deixou sua marca na cena cultural da Bahia. Por aqui, o renomado diretor artístico e curador assinou projetos importantes como o Museu A Casa do Rio Vermelho de Jorge Amado e Zélia Gattai, sobre os dois escritores, e o Museu Cidade da Música da Bahia, equipamento interativo, tecnológico, que conta a história da música baiana, e suas influências, além de ter feito direção de arte e capas de disco para Tom Jobim, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Marisa Monte, Chico Buarque, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e outros.

Foto: Joseanne Guedes

Os esforços da ABI para restaurar o Museu Casa de Ruy Barbosa integram a agenda “Ruy, 100 anos depois”, uma programação para celebrar o centenário de falecimento do ilustre jurista, em 1º de março de 2023. Um colegiado formado por instituições baianas, incluindo a ABI, articulam a comemoração da data, entre elas a Associação Comercial da Bahia (ACB), Academia de Letras da Bahia (ALB), Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), Academia de Letras Jurídicas da Bahia (ALJBA), Câmara Municipal de Salvador (CMS), Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), Ordem dos Advogados da Bahia (OAB), Santa Casa de Misericórdia da Bahia (SCMB), Tribunal de Contas do Estado (TCE), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), Secretária de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de  Salvador (Secult).

A reunião de hoje foi semi-presencial. Enquanto representantes de algumas instituições participavam via videoconferência, outros membros da comissão recebiam Gringo Cardia na sede da ABI, entre eles o 1º vice-presidente da entidade, Luís Guilherme Pontes Tavares, o presidente do IGHB, Joaci Goes; e a professora Margareth Passos, representando o secretário da Educação do Estado da Bahia, Danilo Melo. O diretor de Cultura da ABI, Nelson Cadena, apresentou a programação do centenário até agora, destacando projetos sugeridos e o andamento das atividades.

Atuando há mais de 30 anos na área educacional, Cybele Amado, diretora-geral do Instituto Anísio Teixeira, detalhou os impactos que as atividades no centenário terão nas crianças e jovens e comemorou essa primeiro passo rumo à reestruturação do museu. “Ruy Barbosa tinha um  interesse muito particular pela educação e tomou decisões importantes, entrou no ativismo por uma educação pública de qualidade, com todos os direitos e oportunidades”, lembra a professora.

O IAT realizou um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Educação do Estado e vai favorecer a mobilização, articulação e desenho pedagógico de todos os aparelhos culturais que serão construídos. Vamos fazer chegar à sala de aula todo o material produzido. “Meu sentimento é de uma alegria imensa, porque o meu sonho de escola se parece muito com o de Anísio Teixeira e Paulo Freire. Meu sonho de escola é que a gente ultrapasse os muros. É a ‘escola viva’, que me emociona profundamente”, completou a educadora. 

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Parte do Colegiado participou via videoconferência | Foto: Fábio Marconi

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