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Morre aos 78 anos a escritora e conselheira da ABI, Myriam Fraga

A despedida da escritora e uma das principais poetas baianas, Myriam Fraga, acontece nesta terça (16), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade. Membro do Conselho Consultivo da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e da Academia de Letras da Bahia (ALB), ela teve o falecimento confirmado na tarde de ontem (15) pela Fundação Casa de Jorge Amado, instituição dirigida por Myriam desde a sua inauguração, há 30 anos. Myriam de Castro Lima Fraga havia recebido recentemente um diagnóstico de leucemia, mas, segundo sua filha, Angela Fraga Sá, estava passando por um “tratamento brando” por não ter idade para um transplante e seguia internada desde o dia 20 de janeiro. Autoridades e amigos lamentaram a grande perda para a cultura baiana e prestaram solidariedade aos seus familiares.

“Sem dúvida, a cultura baiana ficou empobrecida com essa lamentável perda. Myriam tinha uma maneira muito gentil e educada, revelava um brilhantismo ao trabalhar com assuntos ligados à nossa gente, como foi basicamente a sua obra. Em muitos livros, ela se preocupou em analisar os aspectos da vida nordestina, daquela gente com a qual ela conviveu e pode contribuir em larga escala. Estamos todos pesarosos, em especial, seus amigos da ABI, que tivemos o privilégio de sorver a sua sabedoria e o seu talento nos eventos cotidianos. Tudo isso deixará muita saudade”, declarou emocionado o presidente da ABI e do jornal Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro.

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e suas unidades vinculadas – Fundação Cultural do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – divulgaram na tarde de ontem uma nota de pesar pelo falecimento da contista, na qual resgata a sua trajetória. O governador da Bahia, Rui Costa, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, utilizaram as redes sociais para homenageá-la.

Myriam Fraga se preparava para lançar um livro de poemas inéditos ainda neste semestre. “Quando criou a Fundação, Jorge Amado teve a iluminação de escolher uma jovem intelectual para implantar e dirigir a casa. Ela era uma executiva de mão cheia, de uma competência extraordinária e tava em pleno vigor de sua produção literária”, afirmou o presidente do Conselho da Fundação Casa de Jorge Amado, Arthur Sampaio.

De acordo com o Correio*, a morte da escritora também foi lastimada por amigos da área. “Fico consternado e acho uma perda insubstituível para a inteligência, a poesia e a criatividade baianas. Perda lamentável e precoce, porque ela ainda levava uma vida atuante, estava criando coisas, preparando novos livros. É uma surpresa dolorosa, muito triste. A academia perde muito com a ausência dela. Perdemos duas grandes mulheres em pouco tempo, aliás, Consuelo [Pondé de Sena] e Myriam”, disse Capinam ao jornal.

Trajetória

Nascida em 9 de novembro de 1937, em Salvador, Myriam Fraga ingressou na literatura a partir de publicações em revistas e suplementos literários, tendo estreado com o livro de poesias intitulado Marinhas (1964). Lançou 13 livros poéticos e teve seus poemas traduzidos para o inglês, o francês e o alemão, participando de diversas antologias nacionais e internacionais. Em 30 de julho de 1985, tomou posse na Academia de Letras da Bahia após eleição unânime, passando a ocupar a Cadeira de nº 13.

Entre 1980 e 1986, esteve à frente de projetos pioneiros na Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), quando coordenou a Coleção dos Novos e foi responsável pelo projeto de criação do Centro de Estudos de Literatura Luiz Gama, hoje Departamento de Literatura. A escritora foi membro do Conselho Federal de Cultura (1990 a 1993), do Conselho Federal de Política Cultural (1993 a 1996), e do Conselho Estadual de Cultura (1992 a 2006), dentre outras instituições. Dentre os títulos recebidos ao longo de sua trajetória, destaque para a Medalha Castro Alves (Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel.

Salvador, 1984), o de Personalidade Cultural (União Brasileira de Escritores – UBE. Rio de Janeiro, 1987) e a Medalha Maria Quitéria (Câmara dos Vereadores da Cidade do Salvador, 1996).

*Com informações de Marília Moreira para o Correio* e Nelson Rocha (Tribuna da Bahia)

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