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Cinesta baiano Iago Augusto estreia na direção documental em Irará

O cineasta e coordenador audiovisual do Portal Black Mídia, Iago Augusto, lança nesta terça-feira, 22 de abril de 2025, às 17h, no Teatro Maria de Lourdes Gomes Ferro – Escola Marlene Alves, Irará-Ba, o documentário “O Homem Que Era Luz” (2025), que marca sua estreia na direção de obras documentais. A obra é uma adaptação do livro “Alfredo da Luz – Alegria de Irará”, de Nádia Cerqueira (2006).

Quase 20 anos após o lançamento livro, o curta-metragem narra a história de Alfredo da Luz, homem negro e humilde que, na década de 1960, criou o primeiro trio elétrico de Irará (BA), conhecido como Irajá. Entre diálogos e lembranças resgatadas de uma memória pouco registrada em fotos e vídeos, o filme revela seu pioneirismo na cidade, sua trajetória, lutas e conquistas.

Iago Augusto compartilha que o principal desafio na produção foi contar a história de Alfredo em um tempo limitado, lidando com a escassez de registros visuais sobre o personagem. “Uma das coisas que mais me tocaram durante a produção desse filme foi perceber como a memória da população negra é registrada de forma muito limitada. Quase não se encontram fotos, vídeos, nem arquivos de pessoas que foram fundamentais para a cultura, para a música, e para a própria história local da Bahia, reflexo das dificuldades que a população humilde enfrentou no passado e ainda enfrenta nos dias atuais. É como se parte da memória coletiva tivesse sido apagada ou esquecida”, afirma. “Por isso, contar a história de Alfredo da Luz é também um gesto afetivo: é reinscrever essa presença negra na história da cidade de Irará e no estado da Bahia, com o respeito e a dignidade que ela merece, deixando seu exemplo para as futuras gerações”, completa.

Nádia Cerqueira fala sobre a emoção de ver o livro transformar-se em documentário: “Sinto-me profundamente honrada em ver que o livro que escrevi para meu pai despertou o desejo de se tornar filme. Mas o que mais me tocou foi ver esse desejo nascer no coração do meu filho, Iago — e florescer em forma de cinema”, revela.

Parte fundamental do projeto — e não dita por acaso — é que Iago é neto de Alfredo da Luz, herdeiro direto de seu legado cultural. “A arte tem esse poder bonito: atravessa o tempo, costura afetos e une gerações”, completa Nádia. “Se painho ainda estivesse entre nós, tenho certeza de que se emocionaria. Ele, que já se encantava ao ler a dedicatória que escrevi num LP que lhe presenteei… Imagine agora, seus netos contando sua história, eternizando sua memória por meio da arte.”

Sobre o diretor

Foto: Saulo de Tarso

Iago Augusto é cineasta baiano, especializado em produção audiovisual multimídia, com experiência em projetos que vão de videoclipes à direção de documentários e coberturas jornalísticas. Já colaborou com veículos de mídia independente como Alma Preta Jornalismo, Soteropreta e Lista Preta. Atualmente, coordena a área audiovisual do Portal Black Mídia e é fundador e diretor criativo da NZILA Produtora.

Sobre Irará (BA)

Localizada no interior da Bahia, Irará é uma cidade rica em história e cultura. Seu nome deriva da palavra indígena “Arará”, que significa “nascido da luz do dia” ou “do sol”, refletindo a herança dos povos originários, como os paiaiás, que habitavam a região. A cidade é conhecida por sua forte tradição musical e cultural, sendo berço de artistas como o cantor e compositor Tom Zé e o ex-goleiro da Seleção Brasileira, Dida. Irará também abriga importantes construções históricas, como o Sobrado dos Nogueiras, sede da Casa da Cultura, e celebrações populares como a Alvorada da Charanga, que mantém viva a musicalidade local.

O projeto

O documentário foi contemplado pelos editais da Lei Paulo Gustavo Irará-BA e conta com apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Irará, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), com recursos direcionados pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. A Lei Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para viabilizar ações emergenciais de apoio ao setor cultural, em cumprimento à Lei Complementar nº 195, de 8 de julho de 2022.

Serviço

Estreia do documentário “O Homem Que Era Luz” (2025)
Terça-feira, 22 de abril, 17h
No Teatro Maria de Lourdes Gomes Ferro – Escola Marlene Alves, Irará (BA)
Duração: 20 minutos
Entrada gratuita, espaço sujeito a lotação
Classificação: Não recomendado para menores de 12 anos

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ABI BAHIANA

Núcleo de Choro da UFBA celebra passado e futuro do ritmo na Série Lunar

Foi um diálogo de música, conhecimento e alegria. Ontem (16/04), o Núcleo de Choro da Escola de Música da UFBA (Emus) abriu a temporada 2025 da Série Lunar com maestria. Já tradicional nessa série de concertos realizada pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o grupo deu uma aula de ritmo e história à plateia do Auditório Samuel Celestino, no Centro Histórico de Salvador. Juntos, clássicos de Pixinguinha e Ernesto Nazareth e composições autorais do grupo deixaram um gostinho de otimismo aos presentes: o futuro do choro parece brilhante.   

Para a coordenadora do evento, Amália Casal, a noite foi uma oportunidade de celebrar o estilo musical do chorinho e a profissão dos jornalistas em uma só festa. “Quero lembrar que 23 de abril é o Dia Nacional do Choro, e o dia em que nasceu Pixinguinha, um ídolo do choro. A gente também está no mês do jornalista, então fizemos uma comemoração conjunta, simbólica, para que a gente possa trazer um repertório que alegre a todos, que contente a todos”, comentou ela.

Amália Casal ainda aproveitou para convidar outros ativistas pelo Centro Histórico e músicos presentes a se juntarem para materializar um espaço que abrigue mais apresentações como essa, no Pelourinho. “É inacreditável que todos os estados do Brasil tenham um Clube de Chorinho, mas na Bahia não tenha. Estou propondo que a gente pense em um projeto para que possamos criar esse clube aqui no Centro Histórico”, disse ela.

Interação

Foto: Paula Fróes

Descontraída e animada, a apresentação assumiu o tom de intimidade entre palco e público que só se vê nas melhores noites da Série Lunar. Aconteceu de tudo: desde um coro espontâneo da plateia na música Carinhoso, de Pixinguinha, até brincadeiras como a canção “Calma Calabreso”, do pandeirista Tadeu Maciel – ele convidou o público a exclamar o bordão do ex-BBB Davi Brito no ritmo do Choro. E teve até romance, com uma dedicatória do violonista Caio Brandão à sua parceira que rendeu aplausos acalorados de todos. 

Não foi só brincadeira, claro. Entre as canções, também houve perguntas e respostas sobre a história do gênero musical, um debate descontraído sobre as origens do ritmo. O pandeirista Tadeu Maciel, por exemplo, explicou ao auditório: “O choro, é o que dizem alguns musicólogos, descende da dança de salão. Foi o jeito brasileiro de tocar a polca, que levou à construção do maxixe. Mas a gente pode perceber a influência da modinha, do lundu, e tudo isso na formação do que veio a se tornar o choro”, esmiuçou.

Também houve discussão sobre o futuro do choro. Respondendo a indagações de Amália Casal, e à surpresa do público diante da qualidade das composições originais dos membros mais jovens do Núcleo, o cavaquinista Washington Oliveira falou sobre as circunstância dessa cena musical em Salvador: 

“Depois da morte de Edson Sete Cordas, dos Ingênuos, esse grupo que liderava o choro aqui praticamente acabou. Então, depois da partida de Edson, o choro desceu a ladeira em Salvador. Mas agora está havendo uma renovação, uma galera muito jovem está prestigiando, cantando, tocando choro, curtindo a música brasileira”, celebrou ele.

“Achei lindo o repertório, muito bem escolhidos os músicos, a plateia ficou animada, entrou na viagem. E o interessante é que eles trouxeram músicas autorais de cada integrante,  então isso também surpreendeu. São jovens e já estão fazendo músicas lindas assim.  Uma noite maravilhosa. Parabéns à Série Lunar!”

Vitória Régia Sampaio, jornalista, fotógrafa e poeta

“Maravilhoso esse projeto. Eu amo o chorinho, e esses meninos que estão se apresentando aqui são,  para mim, impecáveis, sabe? Uma turma jovem que trabalha o chorinho de uma forma bem bonita, bem pesquisada, eles vão fundo. Então, eu saio daqui leve e muito grata com a ABI, por trazer esse projeto e  fazer o chorinho ser levado para a gente”

Isabel Santos, jornalista

“Sou filha de professora de música e grande apreciadora de música popular brasileira e especialmente de chorinho. Temos um déficit de chorinho, precisamos ter mais possibilidade de apreciar essa linda modalidade do cancioneiro brasileiro, que é tão vibrante e característica da nossa cultura. Foi uma grande oportunidade, um convite que agradeço a Amália [Casal], aqui da ABI, que me convidou.”

Maria Lúcia Carvalho, arquiteta e professora
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Artigos

80 anos do Sinjorba: Assim nasceu o Sindicato

Por Nelson Cadena*

O Sindicato de Jornalistas Profissionais da Bahia-Sinjorba comemorou ontem, 14 de abril, com solenidade realizada no auditório da Federação das Indústrias- FIEB, oito décadas de existência e de lutas em defesa da categoria. O Sindicato nasceu como Associação, etapa inicial de representação e organização, conforme estabelecido pelo Ministério do Trabalho, para o requerimento e obtenção da Carta Sindical.

Nasceu em 14 de abril de 1945. Era para ser 15 de abril, data simbólica, correspondente à da fundação do Sindicato de Jornalistas de São Paulo, 15 de abril de 1937, que naqueles idos já se tornara a mais representativa entidade sindical do país. Modelo para os congêneres. Como 15 de abril seria um domingo, antecipou-se a fundação do Sinjorba para o sábado.

Três jornalistas foram eleitos, para compor a diretoria: Aureo Contreiras, presidente; Alberto Vita, vice-presidente e Mário Sandes, Tesoureiro. Aureo era um poeta consagrado, integrara o grupo de intelectuais da revista Samba, em 1928, celeiro do movimento modernista na Bahia. No campo associativo foi diretor-secretário da ABI, presidente do Sinjorba, presidente da Associação Baiana de Cronistas Esportivos-ABCC, diretor da Casa-Museu Ruy Barbosa e representante do Clube de Imprensa Baiana. Correspondente do Correio da Manhã (RJ) e colaborador de vários jornais e revistas. Fundou uma agência de notícias baiana. Na década da fundação do Sinjorba filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro-PCB

A militância no jornal O Momento

Alberto Vita, também militante do PCB, foi um destacado redator e mais tarde diretor- secretário do jornal O Momento, fundado na Bahia cinco dias antes do Sinjorba, inicialmente um semanário, mais tarde jornal diário com representação nos bairros populares. As lideranças dos bairros vendiam assinaturas do jornal, distribuíam e faziam as cobranças. Tornou-se o órgão oficial do Partido Comunista, não apenas na Bahia, mas, no Brasil, o título lançado em vários estados. Vita, no cargo de Secretário de Redação, preparava as pautas. Seu sobrinho, o ex-conselheiro do TCM Fernando Vita, certa feita, o definiu como “um comunista daqueles de primeira hora e camarada muito querido da imprensa baiana”. Quando de seu falecimento, Luís H. Dias Tavares destacou “a sua bondade e doçura.

O Momento reuniu dentre outros expoentes Alberto Vita, Almir Matos, Ariovaldo Matos, Aristeu Nogueira, Inácio Alencar, James Amado, José Gorender, João Falcão (fundador em 1958 do Jornal da Bahia), João Batista Lima e Silva, Luís Henrique Dias Tavares, Mário Alves, Nelson Araújo, Quintino de Carvalho (que viria a ser um dos fundadores da Tribuna da Bahia, em 1969). As atas de diretoria da ABI registram vários episódios de repressão ao O Momento, com prisão de seus diretores e redatores. Guarda documentos sobre a prisão e devassa na residência de Ariovaldo Mattos. Sempre que a ABI intercedia junto à Secretaria de Segurança Pública, esta, justificava como álibi: “Eles não portavam carteira da ABI”.

Aureo na linha de frente, de terno preto, o segundo à esquerda, durante o desfile que celebrou o translado dos restos mortais de Ruy Barbosa para a Bahia | Foto: Acervo Museu de Imprensa/ABI

O terceiro protagonista desta história era o Mário Sandes, eleito como tesoureiro. O homem do dinheiro, melhor, da falta de dinheiro. O Sinjorba como as outras entidades de jornalistas sobreviviam com subsídios da Prefeitura Municipal e do Governo do Estado, como principal fonte de renda. Sandes devia ser um bom captador de recursos. Foi tesoureiro de várias entidades, muito bem relacionado com empresários e com o poder público.

Os três fundadores do Sinjorba foram diretores da ABI, em diversos períodos, Contreiras por mais de três décadas. O ambiente político com a queda de Vargas em 1945; a posse de Eurico Gaspar Dutra em janeiro de 1946; a constituinte do mesmo ano; a eleição de uma boa bancada de deputados comunistas na Câmara Federal e de Luís Carlos Prestes, no Senado; a posterior cassação dos mandatos; o retorno de Vargas em 1951, retardaram a concessão da carta sindical, ao Sinjorba. A recebeu em 17 de abril, dez semanas depois da posse do ex-presidente para um novo mandato, desta vez eleito pelo voto popular.

A sede provisória

O Sinjorba, desde 1949, funcionava na Casa de Ruy Barbosa, na rua do mesmo nome, sede da ABI. Aureo Contreiras, presidente do Sinjorba era o diretor da Casa. E foi na sede da ABI que o Sinjorba promoveu a renovação de sua diretoria, em 1952, realizando as eleições no espaço e empossando Heron de Alencar como presidente, Otacílio Lopes como vice-presidente e Mário Sandes como Tesoureiro; Edgard Curvelo, avô de André Curvelo e Claudio Tavares, um dos fundadores da série Cadernos da Bahia e ardente defensor da cultura popular, foram eleitos representantes na Federação Nacional de Jornalistas-FENAJ. Curvelo faleceu meses depois, ao seu funeral compareceram o ex-governador Otávio Mangabeira, governador Regis Pacheco, prefeito Osvaldo Veloso Gordilho, dentre outras autoridades.

A chapa do Sinjorba incluía em outros cargos, como suplentes da diretoria: Alberto Vita, Kleber Pacheco, Raimundo Mata. E no Conselho Fiscal: Antônio Brochado, Manoel de Souza Durão e Miguel de Souza Martins; na suplência: Raimundo dos Prazeres, Virgílio Sobrinho e Walfrido Moraes. Teve bate-chapa na eleição, entre dois jornalistas de A Tarde, ambos militantes, com destaque nacional, da campanha “O Petróleo é Nosso”. Heron de Alencar venceu com sete votos de vantagem a chapa encabeçada por Roschild Moreira, irmão de Zilhá Moreira, correspondente de O Estado de São Paulo.

Zilah que teve papel de destaque no enfrentamento à ditadura militar, antes foi setorista da editoria de esportes e trabalhou com Carlos Navarro Filho, diretor da sucursal do Estadão na Bahia, por três décadas, um dos ex-presidentes do Sinjorba, presentes na solenidade de ontem.

Foto: acervo pessoal

*Nelson Cadena é jornalista, pesquisador, publicitário e diretor de cultura da ABI.

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)

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ABI BAHIANA

Núcleo de Choro da UFBA abre a temporada 2025 da Série Lunar

No próximo dia 16 de abril, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) inicia a temporada 2025 da Série Lunar com uma apresentação do Núcleo de Choro da Escola de Música da UFBA (Emus). Dessa vez, o grupo retorna à Série Lunar em uma homenagem ao Dia Nacional do Choro, comemorado pouco adiante no dia 23, agitando também as comemorações do mês do jornalista. O concerto gratuito acontece às 19h, no Auditório Samuel Celestino, 8º andar da Associação Bahiana de Imprensa, na Praça da Sé, em Salvador.

Fruto da parceria entre a ABI e a Escola de Música da UFBA, a Série Lunar proporciona concertos mensais com professores, servidores do corpo técnico-administrativo e alunos vinculados à Emus. As atividades contribuem para o fomento à cultura, em um ambiente agradável, com público qualificado, formado por comunicadores, acadêmicos, professores e sociedade em geral.

Nesta apresentação, a roda de Choro da Emus será composta pelos seguintes músicos: Gabriela Machado, na flauta transversal; Jarder Jardineiro, na clarineta; Natan Drubi – violão de sete cordas; Tadeu Maciel, no pandeiro; e Washington Oliveira, no cavaquinho.

Núcleo de Choro

Foto: Eduardo Ravi

O Núcleo de Choro da Escola de Música da UFBA (Emus) é uma importante iniciativa de fomento à cultura do choro no ambiente acadêmico e na capital baiana. O projeto foi criado em 2019 pelo professor Joel Barbosa, que convidou os estudantes Eduardo Brandão (violão 7 cordas), Tadeu Maciel (pandeiro) e Washington Oliveira (cavaquinho) para tocarem choro no pátio da Emus. 

Com as apresentações temporariamente interrompidas pela pandemia de COVID-19, o Núcleo de Choro voltou a se reunir em 2022, quando as atividades acadêmicas presenciais foram retomadas. O grupo tem passagens vibrantes pela Série Lunar, sempre com sucesso de público em suas apresentações.

SERVIÇO

Série Lunar 2025 – Roda de Choro da Emus

16/04, às 19h

No Auditório Samuel Celestino (8º andar da Associação Bahiana de Imprensa) – Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador)

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