ABI BAHIANA

Presidente da ABI participa de mesa-redonda na UCSal sobre carreira e mercado de comunicação

Nesta terça-feira (16), a presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Suely Temporal, esteve na Universidade Católica do Salvador (UCSal), Campus Pituaçu, para participar da mesa-redonda intitulada “Amo o que faço”. O encontro teve como objetivo compartilhar com estudantes de graduação experiências de profissionais da área da comunicação e oferecer um panorama atual do mercado.

Chico Araújo, Laura Passos, Suely Temporal, Germana Machado e Yessica Lopes, assessora de Comunicação da Ucsal

A mesa, mediada pelo professor Chico Araújo, coordenador do curso de Comunicação da Ucsal e editor do site Diga, Salvador, contou ainda com a participação de Laura Passos, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap-Ba). A atividade foi acompanhada pela professora Germana Machado, reitora da instituição.

Foto: Yessica Lopes/Ascom Ucsal

Suely Temporal foi convidada para apresentar sua longa trajetória como jornalista e empresária do mercado baiano de comunicação. Ela é formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização em Marketing e Propaganda e em Convergência Midiática. Trabalhou em diversas funções em veículos de mídia, tendo sido premiada pela Associação Bahiana de Imprensa e pela Assembleia Legislativa do Estado. Há 28 anos fundou e dirige a ATcom, premiada empresa especializada em comunicação corporativa, através da qual assessora empresas nacionais e internacionais na área de comunicação.

Durante a conversa, ela destacou a importância de aproximar a ABI das novas gerações de jornalistas, ressaltando que conhecer a história da imprensa baiana é fundamental para compreender o contexto em que atuarão e construir um futuro sólido para a carreira.

“Considero muito importante participar dessas atividades acadêmicas representando a ABI, porque a entidade precisa se aproximar cada vez mais das jovens gerações de jornalistas, que vão garantir a perpetuidade não só da Associação, mas de toda a atividade da imprensa. Também é fundamental que os estudantes entendam a história da imprensa baiana e compreendam o contexto em que vão atuar. Conhecer o passado é essencial para construir o futuro.”

Suely Temporal

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Notícias

Festival da Primavera movimenta cena cultural da capital baiana

O Festival da Primavera, evento promovido pela Prefeitura Municipal de Salvador para marcar a chegada da estação das flores e início do período de alta estação do turismo, segue promovendo até o dia 29 de setembro shows, apresentações de teatro, esportes, feiras de rua, poesias e ações de lazer em diversos bairros da capital baiana.

Nesta quarta-feira (17), o evento trará ao Centro Histórico o I Painel Viva Cultura, às 14h, no Teatro Gregório de Mattos, na Praça Castro Alves. A programação é promovida pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), em conjunto com a Secretaria de Cultura e Turismo e da Secretaria da Fazenda (SEFAZ). O encontro vai aproximar empresários e agentes culturais, fortalecendo a economia criativa da cidade e trazendo muitas novidades.

O evento tem como objetivo apresentar, de forma simples e dinâmica, o Programa Viva Cultura Salvador à classe artística, produtores e agentes culturais da cidade. Durante o encontro, serão abordadas as principais informações sobre o funcionamento do mecanismo de patrocínio cultural, além da apresentação de casos de sucesso. 

Na ocasião,  serão lançados o Selo e o Prêmio “Amigos da Cultura Salvador”, iniciativas que visam reconhecer empresas e parceiros que contribuem com o fortalecimento do setor cultural.

O Programa Viva Cultura Salvador, instituído pela Lei Municipal nº 9.174/2016, é um mecanismo de incentivo fiscal que permite que empresas patrocinem projetos culturais por meio da conversão de parte do ISS e/ou IPTU devidos em apoio à cultura local. A iniciativa envolve a colaboração entre o poder público, a iniciativa privada e os agentes culturais, promovendo o fortalecimento da economia criativa.

Quando: 17 de Setembro (quarta-feira) – das 14h às 17h
Onde: Teatro Gregório de Mattos – TGM (Endereço: Praça Castro Alves, s/n – Centro, Salvador)
Inscrições pelo Symplahttps://www.sympla.com.br/evento/i-painel-viva-cultura-salvador/3109610
Informações: www.fgm.salvador.ba.gov.br

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Anízio desnasceu

Por Ernesto Marques

Era sexta-feira 13 de abril de 2012. Na foto de Paula Fróes, então iniciante no fotojornalismo, ele aparece ao fundo, de camisa branca de mangas compridas. Em primeiro plano, a ABI homenageava grandes figuras, como o Professor Luis Henrique Dias Tavares, Florisvaldo Matos e Joca, o Pena de Aço. Três gigantes da história do jornalismo baiano.

Anízio me fez lembrar desta foto 10 anos depois, quando ele nos surpreendeu em outubro de 2022, no lançamento da 2a. edição da Revista MEMÓRIA DA IMPRENSA. Ele foi dos primeiros entrevistados, mas o primeiro número foi lançado em evento remoto. Fez questão de ir e arrastou o filho Juarez. Desceram no 6° andar por engano e, quando os vi, ganhavam o último degrau e adentraram pelo blindex.

Trazia uma Pentax a tiracolo e disparou: “eu sou fotógrafo e vim aqui fotografar este evento. Me arrume um filme!” Bem que tentamos, mas as antigas e tradicionais lojas de material fotográfico fazem parte do passado daquele pedaço do Centro Histórico, que era quase uma extensão das redações que havia por ali. Teria sido um registro maravilhoso, se tivéssemos encontrado um mísero rolo de material sensível para ele registrar aquele encontro. Apareceria honrosamente nos créditos.

Foto: Cybele Amado

Foi o primeiro evento presencial depois da pandemia e, por isso mesmo, decidimos oferecer um caruru de preceito, em agradecimento à vida. Houve protestos contra a ausência de pimenta e bebidas alcoólicas, Jorginho, Aninha, Teixeira, Pitombo, Adilson e outros foram se socorrer num bar vizinho. O mais velho que cuidou do canto dedicado à fé em sua casa com a mesma devoção com que cuidava do laboratório fotográfico, saiu em minha defesa: “você fez tudo certo, presidente!”

Logo ele era o centro das atenções, exibindo feliz algumas das fotos que fizeram sucesso no MASP, numa exposição organizada por Emanoel Araújo. O mestre tinha algo a dizer e me chamou. Dobrei os joelhos para ficar da altura daquele gigante sentado: “esta ABI era só dos engravatados, agora não é mais”. Foi muito importante ouvir isso, porque deu sentido a muita coisa. Anízio já era associado há anos. Mas naquele dia ele finalmente se sentiu parte. A ABI era dele, também.

A partir daquele dia, a decisão estava tomada: faríamos a exposição e o catálogo que ele sonhava e merecia. Ginga Nagô, com curadoria de Manu Dias, um dos muitos discípulos do Mestre Anízio, foi uma felicidade coletiva. Sobretudo por uma razão especial: ele estava lá. Na abertura, participou por videochamada, do hospital onde estava internado. Mas se recuperou e curtiu a exposição.

Quem vive 95 anos não morre, simplesmente desnasce. E Anízio desnasceu numa linda noite de sexta-feira, com a lua ainda reluzindo a luz da vida que vem do sol e o céu repleto de estrelas. É o Orum em festa, para receber de volta um filho que soube honrar seus antepassados e deixou rebentos, entre filhos do seu sangue e do seu talento paternal de autodidata generoso, que saberão honrar a sua passagem por esta vida.

Meses atrás recebi recado de um colega fotojornalista. Queria saber a razão de ele ainda não ter sido entrevistado para a nossa revista porque “eu também tenho histórias pra contar”. Havia um tom de impaciência e indignação – justa, diga-se de passagem. Poucas vezes uma cobrança dura me deixou tão feliz. Sorri comigo mesmo e guardei comigo o recado meio desaforado com uma prova do que o Mestre falou. A ABI também é de jornalistas que não usam gravata.

Ganhamos Anízio, um presente dos orixás para a Bahia, que ele retratou com o agô que só mesmo um filho de Oxóssi teria, porque aprendeu a entrar, sair e voltar com respeito ao sagrado. Assim ele nasceu, cresceu, lutou, venceu e desnasceu.

Não, nós não o perdemos. Nós ganhamos Anízio, e precisamos agradecer muito por isso.

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Anízio deixa um legado de dignidade, humildade e profissionalismo

Por Jaciara Santos*

Em trecho do seu longo discurso de posse na cadeira 02 da Academia Brasileira de Letras (ABL), três dias antes de partir para outra dimensão, o imortal João Guimarães Rosa (1908-1967) reflete que “O mundo é mágico” e “As pessoas não morrem, ficam encantadas”. Seguindo esse raciocínio, podemos deduzir que, nesta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, o mundo invisível ganhou mais um personagem. Acaba de encantar-se na eternidade, aos 95 anos, o fotojornalista Anízio Carvalho, mestre dos mestres de várias gerações de jornalistas baianos.

A cinco anos de atingir o centenário, Anízio enfrentava uma série de problemas de saúde associados à idade longeva. Dias atrás, sofreu uma queda em casa e precisou ser internado no Hospital de Brotas (antigo Hospital Evangélico), após desenvolver um quadro de infecção de origem não determinada. Nesta sexta-feira, a situação evoluiu para óbito, confirmado pela família.

Em nome da categoria, o Sindicato dos Jornalistas no Estado da Bahia (Sinjorba) manifesta solidariedade à família e reforça que o legado de Anízio Carvalho se perpetuará pelas futuras gerações. “Não tive o privilégio de trabalhar com Anízio, mas conheço sua história. Quando cheguei à Bahia, ele já era uma lenda”, diz a presidente Fernanda Gama, natural de Mossoró-RN, para quem o nome do fotojornalista é uma referência de ética, profissionalismo e dignidade.

Casado há quase 70 anos com dona Terezinha, Anízio teve com ela seis filhos: Iguatemi, Itamar, Juarez, Jussara, Jucivalda e Jucimara. De um relacionamento anterior, já era pai de Francisco – único dos descendentes que escolheu a fotografia como profissão.

Anízio com sua inseparável Rolleiflex (Crédito: Arquivo Pessoal)

Trajetória – Antes de se tornar o gigante das lentes fotográficas, Anízio era o menino Zico. Natural de Conceição da Feira, cidade da região metropolitana de Feira de Santana, a pouco mais de 125 km de Salvador, chegou a Salvador em um caminhão do tipo pau de arara. Era o ano de 1944. Ele tinha apenas 14 anos, algumas mudas de roupa e o sonho de prosperar na capital.  Contra a vontade do pai, o mestre de obras Manoel Circuncisão.

Passou perrengues na Soterópolis. Mas, sempre amparado pelas forças do universo, seus guias e orixás, teve sorte de trabalhar como empregado doméstico da família Rozemberg – referência no segmento de fotografia em Salvador. E caiu nas graças do patriarca, Alberto, que lhe deu a chance de ingressar no mundo da fotografia. Era dureza? Sim, mas valia a pena. Das 4h às 9h, criado da casa; no restante do dia, aprendiz de laboratorista.

De laboratorista a fotógrafo, foi um pulo. Sempre com a ajuda dos Rozemberg – agora, quem lhe orientava era Leão, filho de Alberto. Nas horas de folga, Anízio registrava cenas da baianidade como a puxada de xaréu, na praia de Itapuã e as vendia a maravilhados turistas.

Em 1957, uma reviravolta. Recebeu um convite para trabalhar (ainda como laboratorista) no Jornal da Bahia, então em fase de implantação, no Largo da Barroquinha, final da Baixa dos Sapateiros. Pediu as contas no estúdio dos Rozemberg, Leão à frente dos negócios da família. Como indenização pelo tempo de serviço, recebeu uma câmera Rolleiflex. A mesma máquina fotográfica que lhe acompanhou vida afora, símbolo do seu sucesso profissional. “Tudo que consegui na vida foi com meu trabalho. Um trabalho feito com esta Rolleiflex”, costumava repetir.

Passou pouco tempo no escuro do laboratório. Tinha menos de um ano no JBa. quando teve a chance de mostrar seu talento com uma câmera na mão. Era final dos anos 1950 e seu primeiro click se deu numa cerimônia de posse da diretoria do elegante Yatch Club da Bahia. Pauta de interesse do proprietário do jornal, João Falcão. Detalhe: Anízio foi escalado às pressas, porque não havia fotógrafo na casa para cobrir o evento.  Pronto. O resultado desse trabalho lhe rendeu a promoção tão sonhada. O JBa. acabava de lançar ao mundo o profissional que, sem dúvida, viria a se consagrar como o maior dos fotojornalistas de sua geração.

Exposição – A partir daí, só sucesso. Imagens icônicas que correram o mundo – como fotos inusitadas da rainha Elizabeth II, da Inglaterra (novembro de 1968) –, entraram para a história e são testemunhas de cinco décadas da história recente da Bahia. Para celebrar a genialidade de Anízio, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) promoveu a exposição “Ginga Nagô”, de abril a dezembro de 2023. Sob a curadoria do premiado jornalista de imagem Manu Dias, a mostra foi realizada no Museu de Imprensa da ABI, tendo alcançado excelente visitação.

Apesar do sucesso e reconhecimento alcançados, a marca de Anízio sempre foi a humildade. Mesmo sendo o mestre de várias gerações de jornalistas, por não ter formação acadêmica, relutava em se reconhecer gigante. Após quase meio século de atuação como repórter fotográfico, ele aposentou a velha Rolleiflex em 1994, quando o Jornal da Bahia fechou as portas. Nesta sexta-feira, encantou-se. Mas sua obra continuará eterna. E, parafraseando o imortal Guimarães Rosa, “pessoas como Anízio não morrem, ficam encantadas”.

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