A jornalista Suely Temporal, referência na assessoria de comunicação na Bahia, esteve na Faculdade de Comunicação da UFBA, nesta segunda-feira, 16, para um encontro com os estudantes da disciplina Gestão de Prática e Processos Jornalísticos, ministrada pelo professor Alexandro Mota. Na aula-entrevista, Suely revisitou momentos marcantes de sua carreira, da redação do Jornal da Bahia e dos bastidores da TV Itapoan à fundação da sua própria agência, a ATcom, uma das mais respeitadas do estado.
Entre gargalhadas, relatos emocionantes e conselhos valiosos, a convidada cativou os estudantes com sua narrativa viva e repleta de aprendizados práticos sobre o mercado de comunicação. “Eu sempre fui comunicativa. Conversava com todo mundo. Eu já nasci jornalista”, afirmou a 2ª vice-presidente da Associação Bahiana de Imprensa, ao contar sobre seu envolvimento com o jornal mural da escola e os primeiros passos na imprensa baiana.

A conversa foi permeada por reflexões sobre o papel do assessor de imprensa e a ética na profissão. “Assessoria de imprensa não é só escrever release. É escutar o tempo, ler contextos e costurar narrativas com empatia e estratégia. O assessor é um estrategista da comunicação”, definiu. Essa experiência ela garante que adquiriu no cotidiando da reportagem. “Eu era repórter geral, cobria de tudo, inclusive a editoria de Polícia”, contou.
Nessa época, ela colecionou alguns casos marcantes na imprensa baiana, como o incidente no Motel Mustang, ocorrido no Subúrbio de Salvador, em 1989. Suely aproveitou para fazer alertas importantes sobre o cuidado na forma de noticiar casos sensíveis e falou do Protocolo Antifeminicídio, publicação lançada pela ABI com o intuito de orientar a cobertura jornalística sobre esse tipo de crime.
Era ATcom
Suely também abordou os desafios de empreender na comunicação, sobretudo sendo mulher, num mercado historicamente masculino. Ao lado da sócia Cinthya Medeiros, ela fez história ao fundar em 1997 a então Agência de Textos Comunicação Corporativa. “Quando fundei a ATcom, éramos chamadas de ‘a assessoria das meninas’, como se fosse um negócio de brincadeira. Hoje, somos referência. Mas foi preciso muita gana, muita manha e muito sonho”, disse, citando versos de Gonzaguinha.
Atualmente a empresa é um dos maiores cases de sucesso do mercado baiano de comunicação, reunindo uma equipe de profissionais com amplo conhecimento e experiência em diversas áreas da comunicação corporativa, capazes de atuar em um mercado cada vez mais competitivo, de forma integrada.
Essência empreendedora
Com seu estilo bem-humorado e direto, Suely provocou risos e reflexões ao lembrar da época em que decidiu empreender após passar por experiências frustrantes no jornalismo e até mesmo com venda de produtos como Herbalife: “Se eu ia vender Herbalife, ia ser a melhor vendedora. E fui. Aprendi sobre gestão lendo livros, aplicando no dia a dia. Hoje, ensino isso para a minha equipe.”
“Sou assessora de imprensa e sou empresária, mas, antes de tudo, sou jornalista. Eu sempre fui jornalista”
Suely Temporal
A aula trouxe ainda momentos de emoção, como quando ela lembrou das entrevistas com figuras como Irmã Dulce e das amizades que construiu ao longo da vida. “É preciso ter fé na vida, manter a chama acesa, mesmo nas horas mais difíceis”, afirmou, emocionando os alunos ao falar de sua mãe, dona Nancy, de 91 anos, e da trajetória marcada por coragem e reinvenção.
Ao final, Suely foi aplaudida de pé pelos estudantes, que tiveram não apenas uma aula sobre jornalismo e empreendedorismo, mas uma verdadeira imersão em como ética, sensibilidade e ousadia podem caminhar juntas na construção de uma carreira sólida. “Ninguém ensina isso na faculdade: como fazer da sua paixão um negócio. Mas é possível. E vale a pena”, concluiu.