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Coronavírus transforma rotina profissional de repórteres baianos

Por Joseanne Guedes e I’sis Almeida

Os telespectadores acostumados a assistir ao noticiário da TV Bahia/Rede Bahia foram surpreendidos pelo novo cenário das matérias de Vanderson Nascimento. A sala do jornalista ganhou ares de estúdio televisivo, desde que ele adotou o home office. Essa é apenas uma das transformações trazidas pelo novo coronavírus (COVID-19) para a rotina dos profissionais da imprensa, instados a se reinventar e descobrir novas formas de atuação. A pandemia tem reconfigurado o fazer jornalístico, provocou mudanças nos processos produtivos das notícias e já impacta o mercado da comunicação, criando um clima de incertezas sobre as garantias trabalhistas.

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) aproveitou as comemorações do Dia do Jornalista, celebrado no dia 7 de abril, e conversou com profissionais dos formatos impresso, online, rádio e televisão, para conhecer os principais desafios impostos pela doença e como anda o cotidiano dos trabalhadores da imprensa local.

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O jornalista Vanderson Nascimento integra o chamado grupo de risco para a COVID-19, no qual estão incluídos idosos e portadores de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, asma). “Sou hipertenso. Para garantir a minha segurança, estou trabalhando de casa”, justifica o repórter. “Um pequeno set foi montado aqui mesmo na sala de casa, com todos os equipamentos e aplicativos disponibilizados pela emissora, para que eu possa continuar participando da cobertura”. Ele destaca que o avanço tecnológico tem ampliado as possibilidades nesses tempos de quarentena e isolamento social. “Eu já fiz reportagens completas pelo celular (veja aqui), entrevistas, além das entradas ao vivo nos telejornais”, afirma.

“Não está sendo fácil. Eu gosto da rua, de estar perto dos fatos, das pessoas, dos bairros de Salvador. Meu prazer é conhecer gente e contar suas histórias”, ressalta o jornalista. “Me sinto honrado quando vejo meus colegas nas ruas, independentemente da emissora e do veículo para o qual estejam trabalhando. Não é fácil e nem glamouroso. Somos gente. Sentimos medo, angústia”, reflete. Ele acredita que a informação precisa e de qualidade tem sido uma das armas no combate ao pânico, angústia e medos provocados como “efeitos colaterais” do vírus. “O jornalismo sério e profissional tem feito a diferença neste momento de tanta fake news. O mundo depois dessa pandemia certamente não será o mesmo. Nós e o jornalismo também não. Padrões foram quebrados. Realidades, adaptadas”, avalia Nascimento.

Samuel Barbosa

O repórter Samuel Barbosa, do site BNews, também prefere a atuação externa. “No trabalho, gosto de movimento. Entre ficar na redação, no ar condicionado, e ir às ruas, eu não penso duas vezes. Estou sempre à disposição para sair. Essa coisa de home office é bacana durante três, quatro dias. Depois, começa a ficar chato, cansativo”, se queixa. Segundo ele, toda a empresa teve sua rotina alterada. A redação foi dividida em dois grupos. “Um dia eu trabalho em home office e no outro vou para lá”, explica. Com esse método, mais de 70% da equipe está em casa e, quem vai para a redação, não utiliza transporte público: motoristas da empresa fazem o deslocamento dos profissionais.

Risco na pauta

Mesmo com todas as medidas de prevenção contra a doença, algumas emissoras e veículos já confirmaram casos de Covid-19 em suas equipes. No dia 04 de abril, a rede Globo afirmou em nota que ao total, oito jornalistas da emissora contraíram a doença. Um dos apresentadores da Rádio Guaíba de Porto Alegre-RS, Juremir Machado da Silva, 58 anos, e outros dois profissionais da organização também estão infectados pelo novo coronavírus.  A Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (Sesab) confirmou na tarde desta quinta-feira (9) o 19º óbito pela Covid-19 no estado e 559 casos da doença. Ao todo, 59 municípios da Bahia já registram casos de pacientes infectados. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA). Os estudos continuam indicando o isolamento social como principal providência para conter o vírus.

Tainá Reis

Para quem o home office não é uma realidade, a única opção é seguir todos os protocolos recomendados pelos órgãos de saúde, durante a missão de levar informação aos lares baianos. Exposta diariamente ao risco de contaminação pela Covid-19, a repórter Tainá Reis, da TV Aratu/SBT, afirma que a primeira mudança foi relacionada à higiene e prevenção, para garantir o máximo de proteção. “É preciso atenção com o entorno e aderir a um distanciamento das pessoas, passamos a destinar um microfone exclusivamente para os entrevistados, temos álcool em gel nos carros, spray antibactericida para higienizar os equipamentos usados e luvas”, lista.

De acordo com a jornalista, é possível notar também uma alteração de comportamento em relação à imprensa. “As pessoas adotaram um tratamento mais hostil e agressivo, principalmente a população mais carente”, revela. “Tem sido difícil, desgastante e, muitas vezes, frustrante atuar como uma profissional da imprensa em um país onde o líder máximo do Estado tenta excluir a credibilidade da categoria, nos transformando em mentirosos e manipuladores”, reclama.

“Não há como negar que o trabalho da imprensa é imprescindível nesse cenário”, defende Tainá Reis. A prova disso, para a repórter, foi o decreto assinado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro no dia 23 de março, enquadrando os serviços da imprensa como essenciais no enfrentamento da pandemia. O informe publicado em uma edição extra do Diário Oficial da União indica que sejam resguardados o exercício pleno e o funcionamento de todos os meios de comunicação e divulgação.

“Mesmo diante de ataques incessantes, é nessas horas que percebemos a importância de uma imprensa profissional, livre e pautada em valores que versam sobre o bem-estar social”, analisa Matheus Simoni, chefe de redação no Grupo Metrópole. Vivenciando o dia a dia da redação, o jornalista acredita que o antídoto para este momento é uma atuação com serenidade, apreço aos critérios jornalísticos e foco em uma cobertura livre de informações sem credibilidade. “A pauta principal é cobrir os avanços do coronavírus, o risco para a população e como a doença afeta o cotidiano da população”, ressalta.

Praticamente toda a rotina do Grupo Metrópole foi alterada. Desde a forma de chegar à empresa, os cumprimentos. “Álcool gel e outros instrumentos de higiene se tornaram quase que colegas de trabalho”, brinca. Todas as atividades externas e coberturas na rua foram suspensas. As entrevistas passaram a ser feitas por telefone ou Skype. “Por causa do contato direto com microfones no estúdio da rádio, cada apresentador ou repórter ganhou uma espuma própria para ser usada durante os programas”, conta o jornalista.

Interior baiano

A produtora e apresentadora da rádio da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb FM), Aline Luz, destaca as principais mudanças provocadas pela Covid-19 na emissora situada em Vitória da Conquista. Segundo ela, a redação está com equipe reduzida e a jornada de trabalho também encurtou. Parte do trabalho está sendo realizada de casa. “Em pouco tempo, tivemos que encontrar caminhos para informar, com ética e equilíbrio, sobre uma doença cujas variantes continuam a ser descobertas”, disse. Ela cita ainda “a falta de dados por parte das autoridades no tempo exigido pela audiência e a enorme janela aberta pelas redes sociais, cujos utilizadores são, ao mesmo tempo, emissores e receptores da notícia”, afirma a jornalista.

Aline Luz

Mais 8 casos de coronavírus foram confirmados nesta quarta-feira (8) em Vitória da Conquista, totalizando 15 casos, de acordo com o Boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. Até às 17h de ontem (8), foram registrados 288 casos com suspeita de infecção pela Covid-19, dos quais: 169 casos suspeitos foram descartados laboratorialmente e 5 por vínculo epidemiológico. 40 aguardam resultado da análise laboratorial e 59 aguardam coleta de amostra.

“Alguns colegas que fazem parte do grupo de risco estão em casa, o que já reduz a quantidade de pessoas na redação”, contou Aline Luz. As reuniões de pauta têm acontecido virtualmente. Segundo ela, desde o início, o veículo vem disponibilizando EPI’S, álcool em gel e redobrando a limpeza e higienização dos equipamentos de trabalho, como microfones, computadores e mesa. “Apesar de todas as precauções, é sempre um risco. Mas, esse é o papel do jornalista, essencial para combater a desinformação e o vírus”, ressalta.

A utilização de um microfone extra, higienização dos equipamentos e uma distância segura dos entrevistados também passaram a fazer parte da rotina de repórteres e cinegrafistas da Record TV Cabrália, com sede em Itabuna. “Trabalho na redação, mas é impossível não manter contato com as equipes que fazem externa. A empresa tem seguido as recomendações que as organizações de saúde preconizam desde o início dessa pandemia”, garante a radialista Lorena Lustosa, produtora executiva da emissora. “O desafio é manter a calma e o equilíbrio emocional diante de tantas notícias preocupantes que chegam até nós”, confessa.

Lorena Lustosa

Itabuna já registra 16 casos confirmados de pacientes infectados pela Covid-19. “O momento exige transparência e clareza e nós precisamos impedir que o pânico tome conta da população. Temos cumprido o nosso papel social. É preciso, inclusive, parabenizar os profissionais que estão nas ruas, arriscando suas vidas para trazer a notícia da melhor forma possível”, destaca Lustosa.

Quarentena x produção

Durante a quarentena, a falta de eventos públicos impactou diretamente no trabalho realizado pelo jornalista e empreendedor Evilásio Júnior, em Salvador. Depois de atuar em alguns dos principais veículos da imprensa baiana, ele resolveu lançar, há pouco mais de cinco meses, um projeto independente. O site que leva seu nome entrega uma cobertura bastante diversificada sobre os bastidores da política da Bahia, com matérias e entrevistas exclusivas. Agora, o isolamento social tem inviabilizado algumas pautas. “Sem os eventos, há escassez de assuntos políticos. Por exemplo, a cobertura do período de janela partidária foi prejudicada”, ressalta.

Segundo o jornalista, o principal desafio é conseguir criar pautas que fujam do tema coronavírus. Além da dificuldade de acesso às fontes, ocasionada também pela suspensão do funcionamento das casas legislativas, Evilásio Júnior diminuiu o ritmo por motivo de saúde. “Eu tive uma virose, possivelmente o coronavírus. Sou ex-fumante, fui asmático quando criança e estou no grupo de risco. Tive febre e falta de ar. Fiz medicação para gripe, nebulizações diárias e repousei, na medida do possível. Ficou um resquício de tosse”, releva. Mesmo sem diagnóstico, Evilásio seguiu as recomendações dos órgãos da Saúde e observou no autoisolamento os sintomas, para não correr o risco de contaminar outras pessoas. Seus pais estão na Ilha de Itaparica desde dezembro. “Tive que convencê-los a não retornar”, conta.

Evilásio Júnior

Para Evilásio Júnior, o período mostra “quanto o ser humano é ínfimo e não se dá conta da própria insignificância”, ao passo que evidencia “a incontestável importância” social do jornalismo. “Incluir a atividade como essencial é reconhecer a realidade, apesar de toda a falta de respeito do presidente com os profissionais. Sem o jornalismo, a pandemia teria um impacto ainda pior no país”, enfatiza.

Quem também está seguindo a quarentena é a jornalista Marília Moreira. Desde o dia 18 de março, ela saiu de casa poucas vezes, sempre para comprar alimentos. A repórter do Jornal Correio*, assim como parte da equipe, está trabalhando de casa. De acordo com ela, a redação do veículo tem cerca de 50 profissionais, incluindo estagiários, repórteres, fotógrafos, editores e diagramadores. Nesse período de home office, as reuniões de pauta são diárias. Para Marília, um dos maiores desafios tem sido manter o foco e separar o tempo do trabalho, para não comprometer outras atividades do dia a dia. “Com as pessoas distantes, as mudanças naturais de uma rotina de jornal acabam interferindo no volume de trabalho, apesar das reuniões por videoconferência. É preciso uma sincronia fina, para que não se chegue ao fim do expediente tão esgotado mentalmente”, analisa.

“No início, acho que todos nós estivemos perdidos e amedrontados. Jornalistas, autoridades e população, todos guiados pelo medo e pela angústia”, constata. Marília critica as primeiras coberturas sobre a pandemia. “Muitas construções jornalísticas, além de informar precisamente sobre a gravidade da doença, alimentaram o pânico e a ansiedade”, afirma. Para ela, as apurações se mostraram “incompletas”, por causa, principalmente, do “enxugamento das redações e a própria dificuldade imposta por esse tipo de cobertura”, opina. “Foi preciso que nós, jornalistas e cidadãos, recriássemos acordos no consumo e na produção das informações. Vimos o jornalismo se transformar em poucas semanas, variando abordagens e pautas”. Atuando na editoria de cultura, ela tem contribuído para trazer novos enquadramentos ao tema e, assim, fazer respirar as páginas do jornal.

Incertezas

Além de enfrentar as mudanças na rotina profissional, os funcionários do Correio* estão lidando com incertezas trabalhistas. Segundo o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), um comunicado interno emitido pela empresa informa sobre redução de 25% dos salários, com redução de 25% da carga horária de trabalho. O documento enumera cinco medidas tomadas de forma imediata pela Rede Bahia: redução de gastos em 5%; revisão de contratos com fornecedores; fim de investimentos por tempo indeterminado; proibição de horas extras; e a readequação da remuneração dos funcionários. Os efeitos da recessão e da perda de anunciantes já causavam prejuízos ao grupo, como o fechamento das afiliadas de Barreiras e Juazeiro. A pandemia do coronavírus agravou o quadro.

Na última sexta-feira (3), o Sinjorba afirmou ter enviado um ofício ao setor de Recursos Humanos do Jornal Correio*. No texto, a entidade pede a suspensão da medida, embora reconheça que a Medida Provisória 936/2020, publicada em 1° de abril, “entrega a prerrogativa ao empregador de propor a redução salarial, bem como firmar acordos individuais com seus empregados, sem a anuência do Sindicato”. O Sinjorba alega que “mesmo com as dificuldades que todas as empresas no Brasil enfrentarão com a pandemia do coronavírus, não é hora ainda de a empresa apressar decisões”, diz o texto.

Redação da Rádio Metrópole – Foto: Reprodução

“É um desafio enorme manter a serenidade e a calma diante de tantas notícias negativas”, comenta o jornalista Matheus Simoni. Ele destaca que “a saúde mental em tempos de pandemia tem sido um artigo de luxo” e usa o vigor dos seus 27 anos para encorajar os colegas a buscar nas relações familiares a base para atravessar essa dificuldade. “É fundamental saber priorizar as atividades com essas pessoas. Foi na falta disso tudo que a gente percebeu a importância desses momentos”, reflete. “Vamos nos reinventar, orientar a equipe a desacelerar e encontrar alternativas para passar o tempo de isolamento. A imprensa profissional sai mais fortalecida desta pandemia”, aposta Matheus.

Para Vanderson Nascimento, neste momento de tantas incertezas, o papel da imprensa tem sido fundamental. “Pesquisas já mostram a credibilidade dos veículos sérios e dos seus profissionais com a sociedade”, observa. É através da imprensa que a sociedade tem acesso às orientações sobre o “coronavírus”, uma palavra desconhecida para a maioria há apenas três meses. “Depois que tudo isso acabar, teremos novas formas de viver a vida e de trabalhar, independente da área de atuação. E se puder, fique em casa. É para o bem de todo mundo”, aconselha o repórter.

 

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ABI BAHIANA

Aplausos aos jornalistas!

O mundo mudou e não será mais o mesmo, depois de debelada a pandemia da Covid-19. Haverá uma penosa e profunda restruturação econômica, social e organizacional. Os hábitos e rotinas sofrerão mudanças. A higiene pessoal será exercitada com mais vigor; o home office terá mais adeptos; a utilização de  videoconferência crescerá; os deslocamentos a trabalho serão menos constantes; diálogos via internet se ampliarão; a tecnologia digital se efetivará e os contatos presenciais entre familiares crescerão. Tudo como consequência das experiências obtidas com a quarentena a que estamos submetidos. O “Fique em Casa” foi atendido pela maioria da população. As ruas ficaram vazias, sem encontros nem aglomerações, tudo para reduzir a velocidade de proliferação do coronavírus.

Obviamente, nem tudo parou. Algumas atividades permaneceram na “linha de frente” dos serviços comunitários, conscientes da imprescindibilidade de suas ações, mesmo que a exposição aos riscos fosse evidente.  É o caso dos médicos e demais servidores da Saúde, motoristas profissionais, caminhoneiros, policiais, bombeiros, delivers, plantonistas, dentre outros. E todos eles têm sido alvos de aplausos por parte de uma população reconhecida pelos seus serviços.

Hoje, porém, vimos aqui ressaltar o empenho de uma categoria cuja presença cotidiana à frente da missão que abraçou muito a enobrece: a dos Jornalistas.

Dá para imaginar como seria o seu dia a dia caso não chegassem a domicílio – hoje com velocidade cada vez maior – informações sobre a Covid-19, as providências implementadas pelas autoridades, as conquistas alcançadas e, também, as perdas que se somam, para tristeza de todos? E a quem cabe a tarefa de caçar a notícia? Aos profissionais da Comunicação, esteja ela onde estiver. E mais: sem abrir mão da Verdade.

Fato a ser considerado, em momentos como este, quando indispensável é o trabalho da imprensa, é o crescimento de outra deformação também muito prejudicial ao cidadão: as fake news. Daí, a valorização crescente das imagens e textos divulgados por uma mídia responsável, com o que leitores, telespectadores e internautas se vacinam contra a atuação delituosa de criminosos.

E por que os aplausos hoje vão para os Jornalistas? Porque 7 de abril é o seu dia. Instituído pela Associação Brasileira de Imprensa, em 1931, visou homenagear o médico e jornalista  Giovanni Battista Líbero Badaró, morto por inimigos políticos em 1830, pelas  ferrenhas críticas dirigidas ao Imperador D.Pedro I, que terminou renunciando em 7 de abril de 1831. Prova maior de que o jornalismo é uma profissão de risco, como ainda se constata nos dias atuais, quando os poderosos reagem de forma cada vez mais contundente às denúncias, informações ou críticas que sofrem da imprensa.

Assim, se o coronavírus impede cumprimentos mais afetuosos  aos que vão à luta cotidianamente para lhe informar sobre o que acontece do lado de fora de sua casa, um telefonema ou mensagem pela rede social, certamente, provocará efeitos altamente positivos na autoestima destes profissionais. Por isso, faça agora. Não hesite. Não deixe para depois. Eles bem merecem.

Walter Pinheiro

Presidente da ABI – Associação Bahiana de Imprensa

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Associação Brasileira de Imprensa organiza ato virtual no Dia do Jornalista

A representação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em São Paulo, ao lado de outras entidades da sociedade civil, pretende reunir jornalistas de todo o país para comemorar o Dia do Jornalista, no próximo dia 7 de abril. Ao invés de preencher as cadeiras de um auditório ou levar a categoria às ruas das capitais – e quebrar o isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus – a entidade organizou um inédito ato virtual. De acordo com a organização, o evento “em defesa do jornalismo, da informação e da verdade” deverá ser realizado às 19h, através do Facebook.

Durante o ato, a jornalista Patrícia Campos Mello receberá o troféu Audálio Dantas, por simbolizar “a excelência e a coragem da atividade jornalística”. A manifestação homenageará também os profissionais da saúde, incumbidos de estar na linha de frente do combate à Covid-19.

“A humanidade nunca teve tanta necessidade de informação de qualidade, clara, vinda de fontes confiáveis. Para se orientar, para se mover a cada dia, para organizar suas vidas, as pessoas precisam ser informadas sobre a realidade da Covid-19. O jornalismo emerge, neste momento, como artigo de primeira necessidade”, defende trecho do manifesto a ser assinado pelas entidades no dia 7 de abril.

O texto destaca que a imprensa tem sido alvo diário do presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, tando nas redes sociais quanto em cadeia nacional de rádio e TV. “Chegamos neste 7 de abril de 2020 com 15 meses de ataques incessantes do atual presidente contra a liberdade de imprensa, contra órgãos de comunicação, contra o exercício do jornalismo e contra diversos jornalistas. A opinião pública assiste estarrecida o presidente humilhar repórteres, toda manhã, em um chiqueirinho no palácio da Alvorada”, diz o texto. Manifesto também cita o decreto federal publicado no qual o trabalho da imprensa é incluído no rol das atividades essenciais de enfrentamento à pandemia em curso.

  • Confira a íntegra do manifesto divulgado pelas entidades:

Ato virtual em defesa do jornalismo, da informação e da verdade

Chegamos neste 7 de abril de 2020 em meio a uma pandemia que assola os quatro cantos do mundo. A humanidade nunca teve tanta necessidade de informação de qualidade, clara, vinda de fontes confiáveis. Para se orientar, para se mover a cada dia, para organizar suas vidas, as pessoas precisam ser informadas sobre a realidade da Covid-19, sobre as pesquisas para uma eventual vacina, sobre as formas de contágio, sobre os efeitos sociais da pandemia. O jornalismo emerge, neste momento, como artigo de primeira necessidade.

Esta realidade, no Brasil, assume contornos ainda mais dramáticos. O presidente Jair Bolsonaro se opõe às recomendações da Organização Mundial da Saúde e de autoridades sanitárias brasileiras e do exterior, usando até mesmo cadeia nacional de rádio e TV para disseminar a confusão e a desinformação, com impacto amplo na população brasileira. E, aos olhos de setores crescentes da sociedade, o jornalismo se apresenta como o melhor antídoto para o caos que emana do Planalto.

Chegamos neste 7 de abril de 2020 com 15 meses de ataques incessantes do atual presidente contra a liberdade de imprensa, contra órgãos de comunicação, contra o exercício do jornalismo e contra diversos jornalistas. A opinião pública assiste estarrecida o presidente humilhar repórteres, toda manhã, em um chiqueirinho no palácio da Alvorada. E uma das maiores homenagens que os jornalistas poderiam receber neste momento foi feita por um decreto desse próprio presidente, em 22 de março de 2020, no qual é obrigado a reconhecer que, na atual emergência em que o país vive, o trabalho da imprensa está no rol das atividades essenciais de enfrentamento à pandemia em curso.

Chegamos, enfim, neste 7 de abril de 2020 com o desafio de realizar um inédito ato virtual em comemoração ao Dia do Jornalista. Como é virtual, terá a oportunidade de ser nacional, agrupando participantes em várias partes do país. Nele, homenagearemos a jornalista Patrícia Campos Mello, que simboliza a excelência e a coragem da atividade jornalística que queremos ver espalhada por todo o Brasil. Nele, poderemos também nos somar às homenagens aos profissionais da saúde, que, com coragem, têm o desafio de estar na linha de frente do combate à pandemia.

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