As forças públicas de segurança, mantidas a soldo do trabalho do povo brasileiro, que nelas investe em nome da paz, têm o dever de moldar a conduta de todos os seus efetivos, operacionais ou não, como agentes do Estado. O poder do distintivo, que, portanto, distingue um agente policial com autoridade e armamento letal, não pode ser empregado, em nenhuma escala de progressão, para suprimir quaisquer garantias constitucionais com as quais estão comprometidos todos os servidores públicos civis e militares aos quais a sociedade brasileira delega a responsabilidade de garantir nossas liberdades pelo cumprimento das leis.
Podem menos ainda, agentes da Segurança Pública, investidos em autoridade e munidos de armas letais, reprimir o exercício de qualquer direito. A Associação Bahiana de Imprensa entende como grave violação a este pressuposto, a condução da equipe do Repórter Brasil, entre as dependências da empresa Brazil Iron, onde aguardava para fazer uma entrevista, e a cia Territorial de Piatã, na Chapada Diamantina.
A ABI, junto com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia, a Federação Nacional dos Jornalistas e a Associação Brasileira de Imprensa, levará o caso às entidades congêneres internacionais. Necessário confirmar se os métodos empregados pela Brazil Irons em Piatã, têm a aprovação dos acionistas da empresa no Reino Unido.
Além do diálogo direto com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, e com o secretário Ricardo Mandarino, da Segurança Pública, a Associação Bahiana de Imprensa buscará o Ministério Público para adotar todas as medidas jurídicas possíveis para a garantia efetiva do livre exercício do jornalismo e espera uma apuração rigorosa e com resultados amplamente divulgados, sobre as circunstâncias que levaram à “condução” de jornalistas em pleno exercício de sua atividade profissional, sob acusação de invasão pretérita de propriedade particular.
Por fim, a Associação Bahiana de Imprensa, depois de seguidas denúncias e diálogos até aqui improdutivos, espera uma posição clara, efetiva e definitiva do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Segurança Pública, sobre a reincidente e inaceitável violência na forma de pressão, independente de forma e intensidade, para suprimir fotos vídeos e áudios gravados por profissionais de imprensa ou não. Os equipamentos, assim como a autoria do que eles registram é propriedade privada digna das mesmas atenções que motivaram a detenção dos colegas do Repórter Brasil.