ABI BAHIANA

Diretoria da ABI vai avaliar negociação após mais uma reunião com a Prefeitura de Salvador 

A Diretoria da Associação Bahiana de Imprensa realizará, nesta quarta-feira (14), sua reunião mensal, na qual a entidade avaliará o resultado de tratativas com a Prefeitura de Salvador. O encontro com representantes da PMS está previsto para esta terça (13) e tentará pôr fim ao impasse relativo ao congelamento do contrato de aluguel do Edifício Ranulfo Oliveira, pertencente à ABI. O saldo da negociação com o Executivo municipal será levado também à próxima Assembleia Geral da instituição, cuja sessão ocorrerá no final de agosto, com ampla participação dos comunicadores e empresários associados. 

Além da Assembleia-Geral Ordinária, que aprecia as contas e o Relatório Anual de Atividades, haverá uma Extraordinária, convocada especialmente para deliberar sobre a negociação com a Prefeitura. A convocação para as assembleias Ordinária e Extraordinária da ABI será publicada na sexta-feira.

Entenda

A Prefeitura Municipal de Salvador, atual locatária, ocupa mais de 2/3 do Ranulfo Oliveira. Nos últimos anos, a pedido da PMS, a ABI comprometeu grande parte de suas reservas financeiras numa série de melhorias e, por decisão da Diretoria Executiva, investiu em adequações aos atuais padrões de segurança na edificação. Já os contratos referentes à locação venceram em 2016 e nunca mais foram reajustados.

Prestes a completar 94 anos, no próximo dia 17 de agosto, a ABI está em trabalho totalmente remoto desde meados de julho, como medida de contenção de despesas. Os serviços prestados à categoria e à sociedade, como apoio a pesquisas e atendimento aos associados são atualmente oferecidos somente de forma on-line, de segunda a sexta, das 8h às 17h. Os projetos culturais foram descontinuados, com exceção da Série Lunar, mantida atualmente com apoio de empresários locais. 

Segundo a Diretoria da ABI, enquanto não for restabelecido o equilíbrio econômico-financeiro, a prioridade da equipe técnica será a conservação dos acervos, importante ativo da instituição dedicada à memória da comunicação na Bahia.

Já foram realizadas diversas reuniões com secretários municipais, além de uma conversa com o próprio prefeito Bruno Reis, sempre com o objetivo de resolver a questão de forma negociada, de maneira a cumprir o contrato de locação e a legislação municipal.

A expectativa é que a reunião de terça, 13, resulte em uma composição que corrija os valores com base no índice estabelecido no contrato – o mesmo indexador usado em todos os contratos de locação de imóveis, e aponte uma saída para o resgate de uma dívida acumulada pela Prefeitura, ao decidir não reajustar os alugueis.

Uma casa de cultura e memória

O Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, guarda parte da memória da cidade. Não por acaso, o prédio batizado com o nome de quem o construiu é frequentemente procurado por pesquisadores das mais diversas áreas. O imóvel abriga a Biblioteca Jorge Calmon, a Sala de Exibição Roberto Pires, o Auditório Samuel Celestino e o Museu de Imprensa, espaços que regularmente recebem palestras, aulas, rodas de conversas, visitas guiadas, eventos musicais e outras atividades educativo-culturais gratuitas e abertas ao público. A ABI mantém ainda o museu-casa onde nasceu o jurista Ruy Barbosa, na rua Ruy Barbosa, e onde a Associação pretende instalar a Casa da Palavra.

O edifício construído entre as décadas de 1940 e 1950 foi projetado para garantir a sustentabilidade da ABI mediante locação dos espaços não ocupados pela entidade. A Assembleia Legislativa da Bahia foi a primeira inquilina, instalando-se ali de novembro de 1960 até a mudança para a sede no Centro Administrativo da Bahia, que completou 50 anos em março.

Confira abaixo os canais de comunicação com o time remoto da ABI:

Rede Agostinho Muniz de Combate à Violência contra Profissionais de Imprensa – Em caso de agressões, intimidações e demais condutas violentas contra profissionais de imprensa, envie denúncia para o e-mail <[email protected]> ou faça contato direto com o Sinjorba. E-mail: <[email protected]> | Telefone: 71 3321-1914.

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Artigos

Toda iniciativa exige cuidados na sua continuidade

Luis Gulherme Pontes Tavares*

Sou grato pela oportunidade de visitar o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, no alto da Serra da Barriga, a 500 metros acima do nível do mar, distante oito quilômetros da sede municipal de União dos Palmares, em Alagoas. Estive lá em duas ocasiões do dia 19jul2024 (uma sexta-feira). Vencera, na véspera, no volante de Tenente (meu Jeep Renegade), o percurso de cerca de 630 quilômetros, desde Salvador até a cidade alagoana. No Parque, todavia, não encontrei receptivo algum.

O Parque Memorial foi inaugurado em 19 de novembro de 2007, véspera do Dia da Consciência Negra, com a presença do ministro da Cultura, o administrador, compositor e intérprete Gilberto Gil, e do presidente da Fundação Cultural Palmares, o arquiteto e gestor cultural Zulu Araujo. A área é tombada pelo IPHAN desde 1985 e é reconhecida, desde 20nov20217, como bem cultural do Mercosul.

Em junho do corrente, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, ambos baianos, assim como Gil e Zulu, o que aumento o nosso compromisso com a continuidade do Parque, inauguraram novas placas de sinalização e deram publicidade ao aplicativo que foi criado para facilitar a visitação – https://www.serradabarriga.app.br/

Apesar da minha aproximação à informática desde a 2ª metade da década de 1970, quando fui iniciado pelo Prodasen (Secretaria de Tecnologia da Informação do Senado Federal), em Brasília, com outros colegas da Assembleia Legislativa, sou avesso à intermediação do celular no meu dia a dia. Que pena! Desconhecia, pois, a existência de tal aplicativo quando estive no Parque Memorial e, desde então, cultivo a queixa de que, em nenhum momento fui assistido por qualquer funcionário de lá.

O Google exibe alguns endereços oficiais e outros não e, do citado abaixo (link), reproduzo estas informações:

“Nesta espécie de maquete viva, em tamanho natural, foram reconstituídas algumas das mais significativas edificações do Quilombo dos Palmares. Com paredes de pau-a-pique, cobertura vegetal e inscrições em banto e yorubá, avista-se o Onjó de farinha (Casa de farinha), Onjó Cruzambê (Casa do Campo Santo), Oxile das ervas (Terreiro das ervas), Ocas indígenas e Muxima de Palmares (Coração de Palmares)”

https://www.gov.br/palmares/pt-br/departamentos/protecao-preservacao-e-articulacao/serra-da-barriga-1/parque-memorial-quilombo-dos-palmares

Subi a Serra da Barriga, cujo estradão (nome dado à ladeira) é pontuado de endereços afins com a cultura afro-brasileira (foto 1, 2 e 3). A estrada está conservada e tivemos a surpresa de encontrar pé de milho crescendo na borda do meio-fio (foto 4). Chuviscava e o portão do Parque estava aberto (foto 5). Após ingressar, à esquerda, aproximei-me do busto de Zumbi (foto 6) e da placa com a localização dos módulos do parque (foto 7). Segui a orientação e, à direita, me detive na segunda destinação: a Muxima de Palmares (foto 8). Constituída de dois módulos. No segundo, há homenagem a afrodescendentes, alguns nossos contemporâneos, e agradou-me constatar a inclusão de Mestre Camisa (foto 9), cujo perfil poucos baianos têm conhecimento:

“[José] Tadeu Carneiro Cardoso, nascido em Jacobina, na Bahia, iniciou-se na Capoeira nos anos [19]60 com seu irmão mais velho, o Camisa Roxa. Em seguida mudou-se para Salvador, indo morar no bairro de Lapinha, onde continuou a praticar capoeira nas rodas de rua, principalmente nas de Mestre Valdemar e Mestre Traíra, que eram realizadas na Rua Pero Vaz Posteriormente foi treinar na academia de Mestre Bimba, onde se formou. Mestre Camisa fundou a Escola Abadá-Capoeira, hoje presente em todos os estados brasileiros e em mais de 28 países do mundo, entre eles: Estados Unidos, México, Canada. França, Dinamarca, Inglaterra, Israel a Angola. A Escola se tornou uma divulgadora da língua portuguesa pelo mundo, com cerca de 40 mil capoeiristas, seguindo a filosofia, doutrina, normas e fundamentos ditados pelo Mestre”.

Lembrei-me do irmão dele, Camisa Roxa, a quem, nas décadas de 1960-1970, temíamos quando chegava com seu grupo nas festas populares. Guardo alguma lembrança da chegada dele na Festa da Boa Viagem, na virada do ano de 1972, se não me engano. Nunca me importou, mas fama tem preço!

Voltemos ao Parque e recordemos que o platô (zona plana no alto do morro) é, sobretudo, área de preservação devido à riqueza arqueológica. Há fragmentos de objetos e ossos que comprovam a presença indígena há 900 anos (século XII) no local. Os escravizados que lutaram pela liberdade no Quilombo dos Palmares inauguraram essa luta no século XVII, com as lideranças da princesa africana Aqualtune (? – 1650), seguida de Ganga Zumba (1630-1678) e Zumbi (1655-1695). Por isso, o Parque assinala a presença indígena com ocas de piaçava (foto 10), que, por sinal, estão exigindo cuidados na conservação da cobertura de piaçava (foto 11).

Posso entender que, devido à riqueza documental (arqueológica) contida no terreno, não haja passarela com piso antiderrapante. Imprudente, sob chuva leve, escorreguei três vezes e caí de costas (foto 12, flagrante de Ronrom) sobre a camada fina de lama e limo. Alguns módulos estavam fechados, de modo que desconheço se o Restaurante Kuuku-wuana estaria ou não funcionando. Difícil entender, no entanto, as lojinhas improvisadas e vizinhas aos módulos (foto 13) e as residências (foto 14) na rota para a Lagoa dos Negros (foto 15).

Enfim, voltaria lá, sobretudo se estudar mais a respeito e verificar, por exemplo, o grau de parentesco entre Aqualtune, Ganga Zumba e Zumbi, assim como a identificação da tribo – Wassu Cocal – que antecedeu o Quilombo dos Palmares. Há tanto o que ver no local e no entorno, que encerro com as imagens dessas duas surpresas (fotos 16 e 17) que encontrei no caminho.

Viva o Brasil!

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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É 1º vice-presidente da ABI. [email protected]

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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Notícias

Projeto #CirculeUmLivro estreia na Flipelô 2024

A Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) teve sua abertura oficial na noite de ontem (7) e está cheia de oportunidades para os amantes da leitura. Uma delas é o projeto #CirculeUmLivro – fruto da parceria entre a Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) e a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) A ação conta com o apoio de instituições como a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e a Associação Comercial da Bahia (ACB), e integra a compensação de carbono da Flipelô, que segue movimentando o Centro Histórico da capital baiana até o dia 11.

Ação na Flipelô | Foto: Divulgação/ABAF

Promover a troca gratuita de livros, estimulando o conhecimento e a leitura, além de incentivar a economia circular e a compreensão de que o papel é um material sustentável. Estes são os principais objetivos do projeto #CirculeUmLivro, que este ano faz parte da programação oficial da Flipelô.

De caráter permanente, o projeto conta com a parceria de diversas instituições para arrecadar e circular livros paradidáticos (veja abaixo os pontos fixos). A ideia é realizar a troca de exemplares de diversos gêneros para que as pessoas possam retirar um livro gratuitamente e que também deixem outro no lugar para o próximo em um dos pontos disponibilizados. O projeto também é realizado em lugares públicos, como em shoppings, estações de metrô ou ônibus e praças.

O estande do projeto já movimenta o Terreiro de Jesus desde a manhã desta quinta-feira. Quem tiver livros em bom estado e quiser doar, pode ir ao ponto de arrecadação. No sabádo, às 15h30, será realizada uma mesa sobre circularidade de livros.

“Papel é artigo de primeira necessidade: usamos o dia inteiro, de diversas formas, e um dos usos mais importantes é o papel usado na produção de livros. É ali que gravamos e compartilhamos conhecimento. Uma ação como o #CirculeUmLivro que estimula a economia circular e divulga mais informações sobre o trabalho do setor florestal, vem em boa hora, para que mais pessoas falem sobre sustentabilidade e conheçam esse segmento que é tão importante para a sociedade”, acrescenta o diretor executivo da ABAF, Wilson Andrade. 

Ernesto Marques e Wilson Andrade | Foto: Guilherme Dias/ABAF

“A nossa participação realça o compromisso histórico da Associação Bahiana de Imprensa com a cultura e, neste caso, com a promoção do livro e da leitura como absolutamente fundamentais”, destaca o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI. Ele esteve, no início da tarde de hoje, no local para participar da estreia do estande. “Queremos conectar doadores com esses espaços importantíssimos e sempre ávidos por agregar novos títulos aos seus acervos”, afirma.

Foto: Divulgação/ABAF

“A leitura é uma porta para uma sociedade mais democrática, consciente, participativa, justa, inclusiva e próspera. Se queremos transformar o nosso mundo, precisamos estimular o hábito da leitura entre todos os cidadãos, independente de idade, escolaridade ou classe social. Por tudo isso, a Associação Comercial da Bahia abraça a campanha #CirculeUmLivro”, disse Paulo Cavalcanti, presidente da ACB e idealizador do Movimento Via Cidadã, também apoiadores do #CirculeUmLivro.

Papel – Presente em livros, cadernos, envelopes, embalagens, canudos, copos, itens de higiene e mais em uma infinidade de outros produtos do dia a dia, o papel é um material totalmente biodegradável e reciclável, o que contribui para a preservação do meio ambiente e da biodiversidade. E é produzido a partir de árvores que são plantadas, colhidas e replantadas para esse fim, na mesma área ou em novas áreas antes degradadas.

Além do papel, as florestas plantadas fazem parte do dia a dia das pessoas, fornecendo matéria-prima sustentável que dá origem a cerca de 5 mil produtos que utilizamos no nosso dia a dia. “Os plantios florestais são feitos em áreas antropizadas, com zero desmatamento. Ao contrário, para cada hectare de produção, o setor preserva 0,7 hectare, contingente bem superior ao exigido pelo Código Florestal. Nossa meta é, para cada hectare plantado, nossas associadas manterem mais um hectare conservado. Esse é um número bastante expressivo para reforçar a mensagem de que somos um setor preocupado com o meio ambiente, com as pessoas e com o futuro. E, mais do que isso, somos parte da solução para um mundo mais sustentável”, declara a presidente da ABAF, Mariana Lisbôa. 

Parceiros – O projeto já conta com o apoio de diversos autores, editoras independentes e de instituições em Salvador, como: Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Biblioteca Pública da Bahia, Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), Unijorge, Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart), Sindicato das Indústrias Gráficas da Bahia (SIGEB) e Associação Comercial da Bahia (ACB). No Sul e Extremo Sul da Bahia o projeto já conta com a parceria da Prefeitura de Porto Seguro, do Fórum Florestal da Bahia e dos escritórios da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) e Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).

PONTOS DE ARRECADAÇÃO DE LIVROS/ Salvador:

ABAF – Av. Professor Magalhães Neto, 1752, Ed. Lena Empresarial – Pituba (portaria).

ABI – Ed. Ranulfo Oliveira – Rua Guedes de Brito, Praça da Sé – Centro (1 – 2º andar).

ACB – Praça Conde dos Arcos, S/N – Comércio (recepção).

FAEB – Rua Pedro Rodrigues Bandeira, 143 – Comércio (entrada).

Rodoviária – Av. Antônio Carlos Magalhães, 4362 – Pernambués (próximo ao setor de informações).

Unijorge – Campus Paralela.

PONTOS DE ARRECADAÇÃO DE LIVROS/ Bahia:

ADAB/CEPLAC – Rua Pres. Kenedy, 186 – Centro, Eunápolis/BA).

Prefeitura de Porto Seguro/BA – Rua Manoel Fernandes de Almeida, 171, Centro.

Para mais informações sobre o projeto, acesse o site abaf.org.br e as redes sociais (@abaf.bahia) da ABAF.

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Notícias

18 anos da Lei Maria da Penha: avanço na legislação não tem evitado alta da violência contra a mulher

Há exatos 18 anos, era sancionada a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. O nome homenageia a biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes que sofreu duas tentativas de homicídio pelo marido, em 1983, e se tornou ativista da causa do combate à violência contra as mulheres. Neste aniversário da Lei Maria da Penha, o governo federal estabeleceu o Agosto Lilás como mês de conscientização e combate à violência contra a mulher, que, embora tenha tido avanços na legislação, segue registrando altos índices no país.

Diversos veículos de mídia e organizações da sociedade civil estão dando visibilidade à causa e se juntando às celebrações. Como parte de sua contribuição em prol do fim da violência contra as mulheres e do aprimoramento dos e das profissionais de imprensa, a Associação Bahiana de Imprensa lançou este ano o Protocolo Antifeminicídio – Guia de boas práticas para a cobertura jornalística.

O manual tem caráter orientador e traz uma espécie de roteiro que pode ser adaptado para a apuração e redação de notícias sobre crimes com motivação de gênero.

A publicação se vale de casos icônicos dos noticiários baiano e brasileiro para alertar sobre a construção de estereótipos e o fenômeno da revitimização, além de trazer dados estatísticos, indicação de fontes de informação e redes de acolhimento para vítimas de violência. Há também uma seção dedicada a mostrar casos de veículos que já vêm adotando a prática de agregar, ao final das notícias sobre feminicídio e violência contra as mulheres, uma orientação direta, para combater a passividade e estimular a denúncia e o acionamento de medidas de prevenção.

O presidente da ABI, Ernesto Marques, destaca o papel da mídia no enfrentamento do problema, em um cenário onde a informação é disseminada rapidamente. “A cobertura desses crimes, frequentemente, se configura como um segundo assassinato das mesmas vítimas, mortas social e simbolicamente”, afirma o dirigente.

Maioridade

A lei, que atinge agora a maioridade, prevê a adoção de medidas protetivas de urgência para romper o ciclo de violência contra a mulher e impedir que o agressor cometa novas formas de violência doméstica, seja ela física, moral, psicológica, sexual ou patrimonial.

Antes da lei, este tipo de violência era tratado como crime de menor potencial ofensivo. Em entrevista a Daniela Almeida, repórter da Agência Brasil, a diretora de Conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, Marisa Sanematsu, aponta que muitas mulheres foram agredidas e assassinadas em razão da leniência contra esses crimes, que ficavam impunes ou sujeitos a penas leves, chamadas de pecuniárias, como o pagamento de multas e de cestas básicas, suavizadas por argumentos como o da legítima defesa da honra de homens.

Especialistas apontam que entre as principais inovações trazidas pela Lei Maria da Penha estão as medidas protetivas de urgência para as vítimas da violência doméstica e familiar, como afastamento do agressor do lar ou local de convivência, distanciamento da vítima, monitoramento por tornozeleira eletrônica de acusados de violência doméstica, a suspensão do porte de armas do agressor, dentre outras.

Adicionalmente, a lei estabeleceu mecanismos mais rigorosos para coibir este tipo de violência contra a mulher e também previu a criação de equipamentos públicos que permitam dar efetividade à lei, como delegacias especializadas de atendimento à mulher, casas-abrigo, centros de referência multidisciplinares da mulher e juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher, com competência cível e criminal, entre outros equipamentos.

Números alarmantes

O avanço na legislação não tem evitado, no entanto, a alta de números de violência contra a mulher. Dados do Conselho Nacional de Justiça sobre a atuação do poder judiciário na aplicação da Lei Maria da Penha revelam que 640.867 mil processos de violência doméstica e familiar e/ou feminicídio ingressaram nos tribunais brasileiros em 2022.

Dados do último Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que todos os registros de crimes com vítimas mulheres cresceram em 2023 na comparação com 2022: homicídio e feminicídio (tentados e consumados), agressões em contexto de violência doméstica, ameaças, perseguição (stalking), violência psicológica e estupro.

Ao longo do ano passado, 258.941 mulheres foram agredidas, o que indica alta de 9,8% em relação a 2022. Já o número de mulheres que sofreram ameaça subiu 16,5% (para 778.921 casos), e os registros de violência psicológica aumentaram 33,8%, totalizando 38.507.

Os dados do anuário são extraídos dos boletins de ocorrência policiais, compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Outro levantamento de fórum aponta que ao menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil de 2015 a 2023.

De acordo com o relatório, o número de feminicídios cresceu 1,4% em 2023 na comparação com o ano anterior e atingiu a marca de 1.463 vítimas no ano passado, indicando que mais de quatro mulheres foram mortas por dia.

O número é o maior número da série histórica iniciada pelo FBSP em 2015, quando entrou em vigor a Lei 3.104/2015 , que prevê o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio e inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos.

Em atendimento à lei Maria da Penha, o Ministério das Mulheres planeja colocar em funcionamento 40 casas da Mulher Brasileira, em todos os estados e no Distrito Federal. As unidades oferecem atendimento humanizado e multidisciplinar às mulheres em situação de violência. Atualmente, dez casas estão em operação.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta no Painel de Monitoramento da Política de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres que, em todo o Brasil, existem apenas 171 varas especializadas e exclusivas para atendimento de mulheres vítima de violência doméstica e familiar. (Informações da Agência BrasilConfira a reportagem na íntegra)

Onde buscar ajuda?

Governo Federal:

Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência

Governo Estadual:

Secretaria de Políticas para as Mulheres/Conselho Estadual de Defesa
dos Direitos da Mulher | Telefone: (71) 3116-5705/3117-2815
POLÍCIA MILITAR | Telefone: 190
POLÍCIA MILITAR – BATALHÃO DE POLICIAMENTO E PROTEÇÃO À MULHER | Telefone: (71) 9 9967-7421

Município de Salvador:

Secretaria de Política para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ)
Telefone: (71) 3202-7300 / 3202-7311 / 3202-7312

A primeira Casa da Mulher Brasileira do estado da Bahia foi inaugurada em Salvador, em dezembro passado.

Endereço: Avenida Tancredo Neves – Caminho das Árvores (ao lado do Hospital Sarah)
Telefone: (71) 3202-7390

>> Consulte o Protocolo Antifeminicídio para acessar mais locais da rede de acolhimento a mulheres vítimas de violência em nosso estado.

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