ABI BAHIANA

COMUNICADO: Eleições OAB-BA

Associação Bahiana de Imprensa foi instada, nesta manhã (13/11), por uma das chapas concorrentes às eleições da Ordem dos Advogados do Brasil/Seção Bahia (OAB-BA), para a realização de um debate. Ser reconhecida como “território neutro” é lisonjeiro, contudo, obriga-nos a confessar a nossa incapacidade de construir os consensos imprescindíveis para realização do sempre necessário debate de ideias. Já seria por demais desafiador em qualquer circunstância, mais ainda em prazo tão curto.

Asseguramos, no entanto, a nossa Casa e o papel de mediação, se por acaso as partes pactuarem dia, horário e regras.

A ABI agradece, sinceramente, pela forma como foi lembrada por uma chapa, sem contestação pela outra, e expressa o desejo de retribuir a esta distinção, trabalhando para manter, incondicionalmente, a mais profícua relação de colaboração interinstitucional com a seccional baiana da Ordem.

A ABI manifesta seu profundo respeito pela advocacia baiana, na certeza de que – superado o momento eleitoral – estaremos todos e todas, ombro a ombro, na defesa da democracia.

Salvador, 13 de novembro de 2024

Ernesto Marques
Presidente

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Notícias

Ganhadores vibram com entrega do Prêmio Abapa de Jornalismo

A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) revelou, na noite desta terça (12), os vencedores do Prêmio Abapa de Jornalismo 2024, durante cerimônia no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no Edifício Casa do Comércio, em Salvador. Em uma noite marcada por afeto, alegria, surpresa e entusiasmo, estudantes e profissionais celebraram a conquista, que reconhece toda dedicação e seriedade investidas na realização dos trabalhos.

A quarta edição da premiação teve o apoio da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), da Secretaria de Comunicação do Estado da Bahia (Secom), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

A cerimônia contou com a presença de personalidades do setor e da imprensa, de representantes de órgãos públicos e de entidades da sociedade civil, como o jornalista e empresário Clarindo Silva, guardião do Pelourinho. Parceiro da premiação, o Sinjorba foi representado pelo seu presidente Moacy Neves e pela vice-presidente Fernanda Gama.

O presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, falou sobre a missão da Abapa e seu intuito com a iniciativa, resgatando um breve histórico do prêmio criado em 2019 para estimular a cobertura de temas associados à cultura do algodão.

Ele também enfatizou a importância de se fomentar a prática jornalística de qualidade e a compreensão do público sobre esse setor da economia. “O desconhecimento sobre o setor traz muitos prejuízos, e os profissionais da comunicação podem ajudar nisso. Ninguém melhor do que vocês para levar essa informação até as pessoas”, observou.

Representantes da ABI, Fenaj e Sinjorba foram recebidos pelo presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi | Foto: Joseanne Guedes/ABI

O jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI, parabenizou a Abapa pela aproximação com o segmento da comunicação. ” O ato de prestigiar o jornalismo profissional nestes tempos é algo pra ser bem-visto por nós, da imprensa, que ao lado da ciência, da cultura, e assim como outras instituições fundamentais da democracia, foram gravemente feridas”, ressaltou ele, que esteve acompanhado pela 1ª secretária da ABI, Amália Casal.

Marques falou dos prejuízos causados pela extinção da obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo e abordou as inovações da área, as transformações do mercado e surgimento de novos modelos de negócio. “O gesto da Abapa será sempre lembrado como uma colaboração das mais efetivas para valorizar o diploma de jornalismo e o esforço dos nossos jovens colegas, ainda estudantes, mas essencialmente, jornalistas como nós, veteranos”, completou o dirigente.

A presidente da Fenaj, Samira de Castro, endossou a abertura feita por Ernesto Marques sobre a imprescindibilidade do diploma, citou a luta da Fenaj e dos sindicatos em prol da PEC 206/2012, e falou da satisfação da Fenaj em participar da cerimônia. “Estou na presidência da Fenaj, mas sou repórter. Fui durante muito tempo aquela jornalista que cobriu os dias de campo no setor da cotonicultura cearense. A gente precisa discorrer sobre a importância do jornalismo neste momento de reconstrução democrática e e econômica”, pontuou.

“Essa iniciativa é uma grande semeadura. Vocês estão semeando não apenas no campo da comunicação, mas na comunidade baiana. Estão semeando estímulo a quem quer fazer a comunicação de forma responsável, conhecimento sobre o estado da Bahia e o oeste. Esse prêmio semeia o respeito, o cuidado e a responsabilidade com a informação. Todos que participaram estão de parabéns”, destacou o jornalista Eudes Benício, coordenador-geral de Jornalismo da Secom. Ele transmitiu ao evento os cumprimentos do governador Jerônimo Rodrigues e do titular da pasta, André Curvello.

Com a premiação, a Abapa reconheceu reportagens impressas e na mídia eletrônica que destacaram a importância econômica do algodão e do seu impacto social e ambiental.

A premiação foi dividida em duas categorias: Jovem Talento (com modalidades Escrita, Vídeo e Podcast) e Profissional (nas modalidades Impresso, Internet, TV, Rádio e Regional). A cada nome anunciado pela jornalista Catiane Magalhães, mestre de cerimônia, o espaço estremecia com a comemoração entusiasmada dos colegas, amigos e familiares dos vencedores. As reportagens em mídias impressas ou eletrônicas levaram juntas um total de R$ 117 mil reais em dinheiro e troféus.

Em seus discursos, eles agradeceram a oportunidade oferecida pela Abapa, ao custear o deslocamento e estadia dos estudantes inscritos em um ciclo de palestras e visitas técnicas na cidade de Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano.

Confira abaixo a lista dos ganhadores:

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O revés do iluminismo digital

Zeca Peixoto*

Poderia ser mais uma postagem sem engajamento numa rede qualquer. E também não faria dessa situação um muro de lamentações à busca de likes. Como espécie de Brancaleone, prossigo teimosamente. E nessa marcha inglória, reiteradas vezes tenho chamado atenção do drástico recuo da cognição coletiva em decorrência das redes sociais.

Cravo: a meta da Meta (assim como a do Google e outros atores hegemônicos do ecossistema digital) é reduzir a busca do conhecimento à experiência rasa da publicação imagética (fotos e vídeos). Ato contínuo do esvaziamento conteudístico da Internet, que nos anos 90 se apresentou como a grande possibilidade de “revolução” midiática com viés libertário.

A revolução seria digital? Os primeiros ensaios de mobilização coletiva via net chegaram a apontar possível início à concretização da utopia digital mediante ações nas redes. Loas à memória da “Batalha de Seattle”, ocorrida em novembro de 1999 no Estado de Washington (EUA). Milhares de pessoas convocadas por intermédio da nova mídia, a Internet, se reuniram para protestar contra a Terceira Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Sob intensos embates nas ruas contra forças policiais, reivindicavam o “comércio seguro”. Naquele momento, alertas já eram dados acerca do desequilíbrio climático e as gritantes desigualdades sociais do planeta. Posteriormente, em 2014, a experiência do Podemos na Espanha, partido político à esquerda do espectro que se organizou economicamente por crowdfunding e politicamente inaugurou as grandes assembleias digitais.  

Reflexos de um novo momento? Nascida sob a práxis da serendipidade, anglicanismo que tem origem na palavra serendipity, ou seja, achar o que não está à busca, a Internet acenava como frutífera selva em continente desconhecido onde todos peregrinavam na expectativa de serem surpreendidos por algo novo. Fosse um site, blog etc. O YouTube, que ainda não pertencia ao Google, funcionava como escoadouro de conteúdos sem os ditames do algoritmo. Usuários não eram impulsionados e direcionados. Alguns apostavam que chegara a era dos consumidores-produtores.. 

Ledo engano. Tomando emprestado ao velho Karl, tudo que é sólido desmancha no ar. E a aposta na Internet como espaço de liberdade de criação e prateleira diversa à exposição plural se transformou em oligopólios de marketplaces. Usuários foram conduzidos à categoria de mercadorias para trabalhar de graça e alimentar os sedentos algoritmos de Zuckerberg, Larry Page e Sergey Brin (donos do Google), e Elon Musk, entre outros trilionários. O mundo se transmutou num grande quintal digital. E com consequências deletérias à capacidade de absorção do conhecimento à maioria esmagadora da população do planeta.

A economia da atenção foi triturada. E no atual estágio a situação ganha contornos macabros. Sequer precisa pensar. A inteligência artificial trabalha para o usuário. Seja escrevendo um texto, compondo uma música, pintando um quadro, elaborando um projeto e, arrisco dizer, até apurando um fato em flagrante deontologicídio jornalístico.

A conta chegou. Dos anos 90 do século passado até o momento o saldo é assustador. Comportamentos políticos e culturais registraram crescimento exponencial do conservadorismo, do fundamentalismo religioso e, em resumo, da extrema-direita. Novas profissões vieram à baila: os patéticos “influencers” e uma leva de “sabidos” peritos em soft extorsão que se assumem como coachs, mix de psicólogo charlatão, comunicador, embromador, curandeiro e construtor de consensos à base de platitudes de autoajuda.

Nos anos 20 do século XX Adolf Hitler se utilizou do rádio; nos anos 20 do século XXI o neofascismo se utiliza da Internet. E mais uma vez somos obrigados a recorrer a Marx: a História se repete uma vez como farsa e outra como tragédia.

E a tragédia é sutil, colorida, divertida e disruptiva. Um grande playland que engolfa milhões de desavisados. Há saída? Sim. E aqui não se trata de nenhum manifesto ludista. O problema não está na tecnologia e sim em quem a controla. Urge a regulamentação da Internet. E já passou do momento de refletir com ênfase como pode se dar a retomada desse controle por parte da civilização. Por enquanto, quem tudo controla são os cavaleiros da barbárie. 

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*Zeca Peixoto é jornalista e mestre em História Social

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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ABI BAHIANA

100 anos: ABI celebra legado do professor Cid Teixeira

O legado do professor Cid Teixeira foi celebrado, na manhã desta segunda (11), durante uma roda de conversa promovida pela Associação Bahiana de Imprensa, em comemoração ao seu centenário de nascimento. O evento intitulado “O comunicador Cid Teixeira” reuniu colegas e amigos do intelectual baiano que nos deixou em 2021, aos 97 anos. O bate-papo foi mediado pelo jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI, e recebeu o jornalista e escritor Clarindo Silva, Antonio Walter Pinheiro, presidente da Assembleia Geral da ABI, e Fernando Oberlaender, fundador da Editora Caramurê.

Cid Teixeira nasceu em Salvador, no dia 11 de novembro de 1924. Aproximou-se da matéria de História – para a qual dedicaria grande parte de sua vida. Foi copista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, professor de História na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, lecionou também na Universidade Católica de Salvador. Dirigiu a Fundação Gregório de Mattos e ocupou a cadeira de número 19 da Academia de Letras da Bahia.

Cid, jornalista e radialista – Mas foi através da comunicação que Cid popularizou seu conhecimento. Em sua atuação como jornalista, acumulou passagens pelas redações do Diário da Bahia, do jornal A Tarde, foi editorialista do Jornal da Bahia e redator-chefe do Tribuna da Bahia. Implantou o serviço de Rádio Educação da Rádio Educativa da Bahia. Estreou nas rádios e na TV, narrando eventos da história da Bahia. Publicou vários livros, entre eles “História da Armação”, “Bahia em Tempo de Província”, “História do Petróleo na Bahia”, “História da Energia Elétrica na Bahia” e um livro de memórias, “Histórias Minhas e Alheias”. Em 1992, foi agraciado com a Medalha Tomé de Souza. Já em 2013, teve a Comenda 2 de Julho concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia.

O presidente da ABI, Ernesto Marques, abriu o evento com um breve agradecimento aos presentes e passou a condução para o 1º vice-presidente da ABI, Luis Guilherme Tavares. Na mediação, o jornalista ressaltou a grandiosidade de Cid Teixeira, justificando a sua iniciativa de propor a homenagem.

A roda de conversa evidenciou as muitas facetas de Cid Teixeira. Logo no início, Antônio Walter Pinheiro, presidente do jornal Tribuna da Bahia, falou da relevante atuação de Cid na rádio baiana, com o programa “Pergunte ao José”, e do período em que o pesquisador foi editor do veículo, em 1975. 

“Como comunicador, ele conseguia traduzir todo o seu potencial de historiador para a comunidade. Ele foi o primeiro Google da nossa terra, porque qualquer dúvida que se tivesse, ligada para a rádio, fazia a pergunta e respondia”, brincou. “Sua contribuição foi muita rica, uma figura impressionante e que merece todas as homenagens”, completou Pinheiro.

Amigo de Cid Teixeira e editor de algumas de suas obras, o artista plástico Fernando Oberlaender detalhou a personalidade do historiador. Segundo ele, Cid era uma pessoa simples, acolhedora, sempre disposta a transmitir sua vasta sabedoria em tantas áreas. “Se houvesse uma palavra para defini-lo, seria ‘generosidade’”, afirmou, revelando episódios em que a amizade e o apoio de Cid foram fundamentais.

“Essa Bahia, que é ingrata, deveria estar fazendo milhões de homenagens. Ele era um comunicador, usava o rádio, o microfone, para fazer história, além de ser um grande pesquisador. Sou muito grato por estar aqui hoje”, disse o empresário, que também esteve na homenagem promovida pelo IGHB, no turno da tarde.

Bem-humorado, o empresário e jornalista Clarindo Silva citou alguns dizeres populares que o professor Cid explicava em detalhes. “Um dia eu fiquei encucado e perguntei a ele sobre a expressão ‘sopa no mel’, porque, para mim, não fazia sentido colocar algo salgado dentro do mel. E ele respondeu que se tratava de uma corruptela e que o certo seria ‘açúcar no mel’, pois adoçaria algo que já era doce”, relembrou. Clarindo se mostrou indignado com a falta de valorização de figuras como Cid.

“Ele me ajudava muito e apoiava a luta pela preservação do Centro Histórico. Ele desejava ver este lugar revitalizado. Sigo na resistência, porque este país tem uma dívida enorme com a saúde, educação, história e cultura”, ressaltou.

Acervo – O encontro teve as participações de historiadores, pesquisadores e representantes de entidades ligadas à área cultural, todos preocupados com a valorização e preservação do acervo deixado pelo professor, cuja biblioteca, com mais de 18 mil obras, está sendo vendida por R$100 mil. Apesar de algumas instituições terem demonstrado interesse em adquirir o acervo, as negociações não avançaram. A família deseja que as obras sejam compradas de forma unificada e permaneçam na Bahia.

Estiveram presentes, entre outros profissionais, a diretora do Instituto ACM, Claudia Vaz; os historiadores Francisco Senna e Antonietta Nunes, membros do IGHB; o fotojornalista Valter Lessa e o advogado Antonio Calmon Teixeira, membros da ABI; e as jornalistas Simone Ribeiro e Amália Casal, diretoras da instituição. 

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