Há 50 anos, o cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino, inventou aquela que seria sua mais célebre personagem: Mafalda. Uma criança crítica, porém delicada. Ácida, mas ao mesmo tempo sutil. Cheia de sonhos, esperanças, incertezas e questionamentos que ainda permitem refletir sobre os direitos humanos, os direitos das crianças, o vínculo com a natureza e o cuidado com o planeta. Mafalda surgiu nas páginas de um jornal argentino em 29 de setembro de 1964. De lá para cá, a menina que gostava de Beatles e queria ser tradutora da ONU para buscar a Paz Mundial já foi publicada em 6 países. Preocupada com a humanidade, Mafalda ultrapassou as margens das tiras e marcou gerações.
O sucesso de Mafalda levou à sua primeira publicação fora da Argentina. Mafalda, La Contestatoria foi publicada pela primeira vez na Itália em 1969. No Brasil, a coletânea Toda Mafalda, editada pela Martins Fontes, foi incluída no Programa Nacional Biblioteca da Escola, em 2006. Mas sua origem não tem nada a ver com o caráter contestatório do status quo, tão característico da personagem. Ela foi criada para promover a marca de eletrodomésticos Mansfield, e a única exigência da empresa de publicidade era a de que os personagens começassem seus nomes com a inicial da empresa. “M”, então, para Mafalda.
A intenção era publicar as tirinhas, que terminariam sempre elogiando algum produto Mansfield, nas páginas do Clarín, mas o jornal percebeu a propaganda disfarçada de quadrinhos e o material nunca foi publicado. Foi assim que Quino foi dando a Mafalda a cara que conhecemos hoje. Com algumas pequenas alterações, ele levou as histórias ao semanário Primera Plana, 50 anos atrás. Ao passar de um jornal semanal para um diário, Quino achou por bem tratar de assuntos cotidianos e, assim, a menininha saiu comentando tudo que se passava dentro e fora da Argentina. Suas tiras circulavam em jornais questionadores do governo, que acabaram sendo fechados. Com o fim das tiras, em 1973, Quino ainda retomou a personagem em campanhas nacionais de saúde e em uma versão infantil da Declaração dos Direitos da Criança, para a ONU.
Exposição
O universo paralelo criado pela garota agora pode ser conferido na exposição comemorativa ao meio século de existência dessa jovem senhora capaz de agradar a todas as idades e gostos. Com entrada gratuita, a mostra “O Mundo Segundo Mafalda” foi instalada ontem (17) na Praça das Artes, em São Paulo, fica em cartaz até fevereiro. A exposição é uma viagem pelos cartuns e histórias em quadrinhos que conquistam leitores em todo o mundo.
A exposição desenhada pelo Museu Barrilete da Cidade de Córdoba-Argentina está dividida em 13 módulos e duas oficinas, e mostra diferentes aspectos do cotidiano segundo o olhar da personagem. Além de Mafalda, estão na exposição os eternos amigos Manolito, Felipe, Susanita, Miguelito, Guille e Libertad. Foram recriados ambientes frequentados pela personagem, como a mesa familiar, a vitrola que toca as músicas de seus amados Beatles, uma antiga TV em preto e branco e outros objetos, como móveis comuns da classe média da época.
*Informações do Catraca Livre, Saraiva e EBC.