Para marcar as comemorações do mês da Consciência Negra, celebrada anualmente em 20 de novembro, a TV Educativa da Bahia segue exibindo, até o próximo dia 27, curtas-metragens de ficção, animações, obras experimentais e documentários produzidos e realizados por negros. A produção audiovisual faz parte da I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba, ocorrida em abril deste ano. Nesta quinta-feira (22), a partir das 22h15, o canal vai apresentar “Nascida para matar” e “Teto”.
Reconhecida como a emissora oficial na Bahia da Década Afrodescendente, desde 2016 a TVE produz conteúdos voltados para os temas de combate ao racismo e promoção da igualdade étnico-racial.
A Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba foi criada para visibilizar, difundir e debater a produção audiovisual realizada por cineastas negras(o)s de África e de sua diáspora. A mostra homenageia o ex-professor e pesquisador de cinema da Faculdade de Comunicação (FACOM/UFBA), Mahomed Bamba, falecido em 2015, depois de lutar contra um câncer no fígado.
A hemeroteca do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) será digitalizada. A informação foi divulgada pelo presidente da instituição, Eduardo Morais de Castro, em entrevista à Rádio Metrópole, no último dia 16. “A maior riqueza que nós temos no Instituto, fora o mobiliário, é realmente a hemeroteca, que contém jornais desde 1858. É altamente utilizada e pesquisada, e nosso propósito é digitalizar essa hemeroteca para que ela seja disponibilizada ao público geral, porque é um tesouro que nós temos”.
Eduardo Castro contou que o pedido foi encaminhado ao Governo do Estado há dois anos e que o objetivo da digitalização é democratizar a informação. “Muita gente vem, às vezes, do exterior fazer pesquisa, quando através da internet deveria realmente ter acesso a isso”, justificou.
Segundo ele, o IGHB também busca tirar do papel mais dois planos. “Temos um projeto já aprovado de recuperação do prédio do Instituto, implantando o Museu da História e da Geografia da Bahia, a construção de um prédio contíguo ao instituto, com 1666 m² em quatro andares”. Além disso, o IGHB tem um projeto pronto para a impressão de um livro de arte sobre os 197 anos da Região Militar da Bahia, que foi a primeira do Brasil. “Mas não temos o patrocinador”.
Durante a entrevista, o dirigente homenageou o escritor e professor Edivaldo Boaventura, falecido no último mês de agosto. “Ele era nosso orador oficial. Para substitui-lo, nós só encontramos uma pessoa, que é nosso segundo vice-presidente, Joaci Góes. O carinho dele pela nossa instituição era tanto que às vezes ele ia lá só para dizer ‘estava com saudade de vocês’. Ele tinha aquele cuidado com a gente, de sugerir aquilo que era bom”, afirmou. De acordo com Castro, parte do acervo de livros de Boaventura foi enviada ao Instituto pela família do professor. (As informações são do site Metro1)
A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) realizou na manhã de hoje (14/11) a solenidade de outorga da Medalha Ranulfo Oliveira à artista plástica e museóloga Lygia Sampaio, de 90 anos. A homenagem havia sido proposta pelo jornalista e vice-presidente da ABI, Ernesto Marques, e acatada pela diretoria da entidade presidida por Walter Pinheiro. A condecoração foi estabelecida em 1998, para prestigiar profissionais com notável contribuição à liberdade de imprensa e ao exercício da atividade jornalística. Participaram da cerimônia familiares e amigos de Lygia, jornalistas e representantes do segmento da cultura.
O presidente da ABI, Walter Pinheiro, evocou o economista e sociólogo estadunidense Douglas McGregor, suas teorias sobre o comportamento humano em relação ao trabalho e as ideias acerca das necessidades do indivíduo, para falar da importância do reconhecimento. Ele classificou a solenidade como a homenagem perfeita, porque, de acordo com o dirigente, as duas partes foram homenageadas. “Os dois lados crescem. O reconhecimento, quando é espontâneo, tem uma valia enorme”, afirmou.
O jornalista Ernesto Marques, vice-presidente da ABI, relembrou o dia em que chegou à ABI para se tornar sócio e conheceu Lygia Sampaio, então museóloga da instituição. “Eu queria fazer um agradecimento pessoal, porque, talvez, eu esteja na diretoria da ABI por causa do museu que a senhora cuidou com tanto zelo”. Ele criticou a falta de reconhecimento dos baianos em relação a personagens centrais de sua história. “Infelizmente, a Bahia é uma terra injusta com seus filhos. Estamos nos livrando desse pecado ao reconhecer os relevantes serviços que a senhora prestou, não só para a ABI, mas para a Bahia”.
Marques aproveitou o momento para enaltecer o trabalho dos funcionários do Museu de Imprensa da ABI e da Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon, que, segundo ele, herdou o exemplo de Lygia Sampaio no trato com o acervo sob a guarda da Associação. “O que aqui está guardado continua sendo muito bem cuidado pela equipe atual”, ressaltou o diretor.
Segundo o pesquisador Nelson Cadena, Lygia aportou na ABI em 1974, para organizar o museu da entidade constituído por iniciativa do então presidente da casa, Afonso Maciel Neto, em 16/1/1974, com base no acervo doado em 16/8/72 por Maria Koch de Carvalho, filha de Aloísio de Carvalho Filho e neta de Lulu Parola, o celebrado versista, epigramista e proprietário do Jornal de Notícias. Para Nelson, se trata de uma “justa esta homenagem da ABI em reconhecimento a quem serviu à entidade por mais de duas décadas”. Ele revela que Lygia Sampaio, na função de museóloga, organizou o acervo composto de documentos e jornais antigos, entre os quais edições raras de jornais que fizeram história na imprensa local.
De acordo com o jornalista e crítico Reynivaldo Brito, Lygia é a última representante do movimento de arte moderna que ocorreu na Bahia no século XIX tendo como integrantes Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim, Jenner Augusto dentre outros já falecidos. “Estamos hoje aqui reunidos para homenagear uma das artistas mais talentosas destas últimas décadas em nossa Bahia. Lygia Sampaio, exímia desenhista, pintora, gravadora e ilustradora”, afirmou. Brito considerou uma homenagem merecida pelo que representa Lygia. “Ela foi responsável pela organização e preservação de parte da memória da imprensa baiana”.
Para Brito, os desenhos guardados na casa de Lygia precisam ser mostrados numa grande exposição retrospectiva para que as pessoas que gostam de arte possam apreciar. “Ela é uma pessoa reservada, doce. Sua obra pictórica merecia ser mais vista, e estar num patamar ainda mais de destaque pela qualidade de suas pinturas, e especialmente de seus desenhos a bico de pena”, recomenda o jornalista.
Na manhã desta quarta-feira (14), durante a realização de reunião mensal, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) recebeu a doação de um exemplar do documento “A Conferência de Haia” (1907), de autoria do jurista, jornalista e também diplomata Ruy Barbosa. O impresso datado de 1952 traz prefácio de João Neves da Fontoura, embaixador do Brasil junto ao governo português entre 1943-1945. A cessão do livro foi feita pelo jornalista Jorge Ramos, diretor de Cultura da ABI.
Ramos conta que a aquisição do material foi feita há cerca de 20 anos em uma de suas visitas a um sebo. “Quando eu vi o livro, eu disse ‘poxa, interessante’. Eu não tinha nenhuma ideia para que ele serviria, mas eu achei que era importante naquele momento, ‘isso aqui vai servir no futuro para alguma coisa’. Aí, eu pedi o preço, negociei, barateei e consegui comprar”.
O diretor de cultura da ABI conta de sua surpresa ao identificar a raridade do documento que registra a participação histórica de Ruy Barbosa na Conferência de Haia, a qual lhe conferiu a alcunha Águia de Haia. “Além do prefácio preciosíssimo de João Neves da Fontoura, para minha surpresa, eu vi que tinha o fac-símile do texto, o copião inicial do discurso célebre que Ruy Barbosa pronunciou na Holanda em 1907”, comenta.
A Conferência de Paz, em Haia, na Holanda, foi realizada pela primeira vez em 18 de maio e durou até 25 de agosto de 1899, reunindo 26 Estados por iniciativa do czar Nicolau II. A proposta era assegurar os benefícios da paz estendidos a todos os povos e por um fim progressivo ao desenvolvimento de armamentos. O Brasil, único convidado da América do Sul à época, não compareceu à Conferência.
A Segunda Conferência da Paz aconteceu entre 15 de junho e 18 de outubro de 1907, com a presença de 175 delegados de 44 Estados. Desde o ano de 1906, o diplomata Manuel de Oliveira Lima indicava, por meio da imprensa, Ruy Barbosa para representar o Brasil nesta edição da Conferência, que contava agora com a participação dos países latino-americanos. O mesmo fazia Edmundo Bittencourt, no Correio da Manhã.
Em 1º de abril de 1907, Ruy Barbosa foi nomeado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário e 1º Delegado, e Eduardo Félix Simões dos Santos Lisboa, 2º Delegado e Agente Diplomático, junto à Corte da Holanda. Ramos relembra a atuação brilhante de Ruy Barbosa, que silenciou os presentes na assembleia. “Ruy defendeu o princípio da força do Direito contra o direito da força. Ele defendeu o direito dos povos contra a força dos poderosos. Esse discurso que Ruy Barbosa pronunciou em francês calou a Assembleia de Haia, com repercussão mundial”, resgata Jorge Ramos.
Agora aos cuidados da equipe da ABI, a obra segue para o processo de catalogação e deve passar por reparos que a tornarão adequada para futuras consultas pelo público. “O destino da obra ainda será decidido pela direção da instituição, se fica no acervo do Museu de Imprensa da ABI ou na Casa de Ruy Barbosa. Por ser uma obra rara, a consulta só será possível in loco”, explica a bibliotecária da ABI, Valésia Oliveira.