Notícias

“Heróis de 59” homenageia o Bahia e resgata momento histórico do futebol brasileiro

Há 60 anos, o capitão Beto levantava, no Maracanã, o troféu de campeão brasileiro de 1959, após uma indiscutível vitória do Bahia sobre o Santos de Pelé, por 3×1. A história do primeiro título nacional está agora registrada no livro do jornalista e diretor da ABI Antônio Matos, lançado na noite desta quarta-feira (10), na Arena Fonte Nova. A obra “Heróis de 59”, de 287 páginas, atraiu mais de 250 pessoas, entre artistas, jornalistas, atletas, políticos e torcedores, que formaram enorme fila em busca de um autógrafo. O livro está disponível na Loja do Esquadrão, na Arena.

Matos autografa livro para Luís Guilherme Pontes Tavares, diretor da ABI – Foto: ABI

Antônio Matos iniciou sua atividade na mídia esportiva, como repórter da Rádio Cruzeiro. Trabalhou nas sucursais de Salvador da Bloch/Manchete Esportiva e de O Estado de São Paulo, na Tribuna da Bahia, no Diário de Notícias e em A Tarde, onde foi redator, editor e chefe de reportagem. “O público baiano ligado ao futebol entendeu o alcance deste meu resgate histórico. Este trabalho de ‘garimpagem’ que fiz, por pouco mais de seis anos, robusteceu a obra, em termos de texto e de imagem, e tem uma importância que ultrapassa o futebol baiano, pois se trata de uma competição nacional, como foi a Taça Brasil”, resumiu o jornalista.

O lançamento foi prestigiado pelo presidente do Bahia, Guilherme Bellintani – Foto: ABI

Quem assina o prefácio é Roberto Pessoa, advogado trabalhista e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O posfácio ficou por conta do jornalista Eliezer Varjão, ex-chefe de Reportagem do jornal A Tarde e diretor da ABI. “O livro é fruto de um trabalho exaustivo e uma pesquisa séria. Vem cobrir uma lacuna que existia no esporte. Matos recuperou isso num trabalho sensacional. Um livro tricolor feito por um torcedor do Ypiranga”, brincou Varjão, também torcedor do mesmo time escolhido por figuras ilustres como João Ubaldo Ribeiro e Jorge Amado, Mestre Pastinha e a beata Irmã Dulce.

Lendas 

João Marcelo ostenta anel comemorativo aos 30 anos do título de 88 – Foto: ABI

Para o ex-zagueiro João Marcelo, a homenagem vem notabilizar “lendas esquecidas” do futebol nacional. Ele lembrou que em 88, quando integrou a equipe do segundo título, não tinha noção do primeiro, pois o Bahia ainda não carregava estrela na camisa: o feito só foi reconhecido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2010. O Bahia, então, passou a ser considerado oficialmente o primeiro campeão brasileiro. “Vim valorizar Matos, que disponibilizou seu tempo para pesquisar a história. 2019 está marcado em minha vida. 30 anos do título de 88 e 60 anos da conquista de 59. Que a gente possa despertar e mostrar os grandes ídolos, para que os torcedores novos saibam de onde vem esse amor”, afirmou o presidente da Associação dos Campeões Brasileiros de 88.

João Marcelo e Henrique Luiz, filho do campeão Henricão – Foto: ABI

“Antônio Matos destacou a trajetória de meu pai. Como filho, me sinto muito honrado e satisfeito”, comemorou Henrique Luiz. Seu pai, o ex-zagueiro carioca Henricão, vestiu a camisa 3 do Bahia por quase 10 anos e ajudou a barrar o estrelado time santista na decisão de 59, naquele 29 de março. Aos 85 anos, o campeão vive no Rio de Janeiro e sofre de mal de Alzheimer, fato que inviabilizou a sua vinda ao lançamento da obra.

Antônio Matos e Valber Carvalho – Foto: ABI

A noite teve gosto especial para o diretor de Comunicação da ABI, Valber Carvalho. Além de ser torcedor do Bahia, Valber iniciou sua carreira cobrindo esporte e trabalhou na cobertura do título de 88, segunda conquista nacional do tricolor. “É uma alegria muito grande estar presente na história de um time vencedor e da massa, com uma torcida tão acesa. Esse livro é uma conquista importante, porque a gente tem uma necessidade de historiar as coisas, de ter memória”, enfatizou o apresentador do Bahia Rural. O evento contou com a presença de outros membros da diretoria da ABI: presidente Walter Pinheiro, Luís Guilherme Pontes Tavares, Nelson José de Carvalho e Romário Gomes.

Ao contrário de Valber Carvalho, a jornalista Sônia Araújo é rubro-negra. Ela resolveu deixar de lado a rivalidade e também foi prestigiar a conquista do amigo. Matos foi seu chefe no jornal A Tarde. “Embora a festa seja do Bahia, o fato de ser vitória não impede que eu participe desse momento. O importante é a amizade e o companheirismo. Estou feliz porque é um sonho antigo dele. Um trabalho muito relevante”, argumentou.

 Inspiração 

Kevin Mazur encontrou na mídia esportiva uma forma de vivenciar o cotidiano do futebol – Foto: ABI

A iniciativa de Matos serviu de inspiração para Kevin Mazur. O jovem de 14 anos é apaixonado por futebol e vibrou com a possibilidade de encontrar nas páginas do livro curiosidades e relatos inéditos. “É uma história muito pouco contada. Sou novo e sei quase nada sobre o título de 59. Quero conhecer mais da trajetória do clube”, afirmou. Desde bem pequeno, ele sonhava em entrar na Fonte, ovacionado pela torcida. Enquanto não realiza o seu sonho de se tornar um jogador, ele achou outro jeito de trabalhar bem pertinho dos gramados. Junto com dois amigos, Roger Sá e Lucas Levindo, ele criou em 2014 a Futebol e Notícias, uma página de conteúdo jornalístico dedicado ao esporte que tanto ama.

De acordo com o estudante, nos últimos anos, a rede tem registrado um grande crescimento, o que fez o trio expandir a atuação para o Youtube. O recém-criado canal conta com cerca de 1.300 inscritos, sendo que o perfil no Instagram (@futebolenoticias) já ultrapassa os 20 mil seguidores. “Sempre sonhei em trabalhar nesse meio. Desde o ano passado começamos a visitar todos os clubes que vem em Salvador, para produzir conteúdo para nosso canal”, relatou Kevin, que segue acreditando no seu sonho.

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ABI BAHIANA

Diretoria da ABI recebe profissionais do Correio para comemorar os 40 anos do jornal

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) recebeu nesta quarta (10) profissionais do jornal Correio, em comemoração aos 40 anos do veículo, completados em 15 de janeiro. As intervenções da editora-chefe Linda Bezerra e do gerente de Marketing Fábio Góis integraram o projeto “Temas Diversos”, realizado a cada reunião mensal da diretoria da ABI. Após as homenagens ao Correio, Linda Bezerra entregou a Walter Pinheiro, presidente da ABI, exemplares da edição comemorativa do jornal.

Linda Bezerra, editora-chefe do jornal Correio – Foto: Fernando Franco/ABI

Na Bahia desde 1981, a piauiense Linda Bezerra apontou a necessidade de reforçar a imprensa local. “Fortalecer os nossos veículos de comunicação, para que a gente tenha uma comunicação efetiva, se relacione bem com a comunidade, represente essa comunidade e sejamos representados nela”, avalia. Para ela, não há jornal que se relacione bem com a comunidade sem ser um jornal diverso.

Bezerra destacou os desafios para a comunicação na atualidade e comemorou a permanência do Correio como uma conquista. “A gente enfrenta uma série de crises, ataques à liberdade de imprensa por figuras públicas e políticas no mundo. Sei o quando a ABI está aqui lutando por essa profissão. Então, para mim e para o jornal, de fato, é uma honra estar aqui com vocês recebendo essa homenagem”, festeja.

Linda Bezerra, Sérgio Mattos, Walter Pinheiro, Ernesto Marques – Foto: Fernando Franco/ABI

Walter Pinheiro reconheceu os méritos do Correio ao contar seu quadragésimo ano de operação, em meio a um contexto de dificuldades para o empresariado brasileiro. “Eu sei o quanto significa manter uma empresa no Brasil. Para a área de comunicação, em especial o jornal impresso, é pior. E se está sediada no nordeste brasileiro, essa dificuldade é ainda maior”, analisou o diretor, que também é presidente da Tribuna da Bahia. “Desejamos que o jornal continue prestando esses serviços à sociedade baiana”, concluiu.

Para o jornalista Ernesto Marques, vice-presidente da ABI, a longevidade do Correio se deve ao êxito do veículo em acompanhar as mudanças ocorridas na sociedade e no mercado. “Tudo que muda permanece. Eu acho que o Correio permaneceu e hoje o grupo é muito mais forte do que 40 anos atrás, pela sabedoria de mudar. Tanto a TV Bahia quanto o Correio qualificaram muito o seu jornalismo”. Segundo ele, as empresas de comunicação desempenham um papel para além da atividade empresarial. O diretor avalia positivamente a evolução do grupo baiano. “As empresas de comunicação são instituições da sociedade, é uma felicidade quando a gente vê o que está acontecendo com o jornal”, disse.

Diversidade e inovação

“O jornal faz 40 anos. É uma empresa jovem, mas é uma empresa inovadora”, enfatiza Linda Bezerra. Segundo ela, um dos segredos do Correio é a diversidade da redação. “Nós temos cabeças brancas, temos cabeças bem jovens, porque queremos com isso ser porta voz da sociedade”, ressaltou a editora.

Fábio Góis, gerente de Marketing do Correio – Foto: Fernando Franco/ABI

Responsável pelas ações de marketing da empresa, Fábio Góis destacou o projeto de aproximação com o leitor – para ele, um dos principais atributos do jornal. “Nós não somos uma mídia distante. A gente entende que caminhando junto, transitando pelas ruas, estando próximo da população, é que a gente vai conseguir fazer um jornal diferenciado, que fale a linguagem do público”, observa o jornalista.

Edição comemorativa aos 40 anos do jornal – Foto: Fernando Franco/ABI

De acordo com Góis, 2019 será marcado pela retomada de uma tradição interrompida há dez anos. “[A comemoração] dos 40 anos do jornal é quase um resgate desse trabalho comemorativo que o jornal Correio realiza. Desde 2008, a gente não celebrava o aniversário do jornal”, comenta. Para a celebração do aniversário, ele e sua equipe programaram uma série de atividades que se estenderão ao longo do ano, com ações previstas até o mês de novembro, quando o jornalista Nelson Cadena lançará o livro que conta a história do jornal.

Linda Bezerra finalizou renovando a aliança com a ABI e abrindo a redação do Correio para a instituição, num ato de reconhecimento do relevante papel da associação para a imprensa baiana. “Acho que a ABI pode ficar mais presente nas páginas do jornal”, indicou. A editora-chefe também se prontificou a apoiar a entidade na realização de projetos que considerou relevantes para o seguimento da imprensa, fortalecimento da comunicação regional e preservação da memória. “Quero me colocar à disposição e o jornal também para esse projeto importante de restabelecer o Museu da Imprensa e a preservação da Casa de Ruy Barbosa”, sinalizou.

*Texto de Joseanne Guedes e Fernando Franco.

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Notícias

Jornalista Antônio Matos lança livro sobre o primeiro título nacional do Bahia

Todo mundo sabe que o Esporte Clube Bahia possui dois títulos de campeão brasileiro. Mas você conhece a história por trás da conquista da primeira estrela naquele 29 de março? Quem resolveu contar essa trajetória foi o jornalista Antônio Matos, diretor da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), no livro “Heróis de 59”, que será lançado hoje (10), às 18h30, na Arena Fonte Nova.

Capa do livro “Heróis de 59” – Foto: Divulgação

A publicação, com 287 páginas de um texto leve e fotografias (muitas inéditas), narra a criação da Taça Brasil e a formatação do elenco do Bahia para a competição até ao carnaval em pleno abril, com o desembarque da vitoriosa delegação no então aeroporto Dois de Julho, a repercussão da mídia esportiva diante do primeiro título nacional de futebol ter sido ganho por um time nordestino, e a festa das faixas, com o Náutico. O prefácio é do advogado trabalhista e ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Roberto Pessoa e o posfácio do jornalista Eliezer Varjão, ex-chefe de Reportagem do jornal A Tarde.

Antônio Matos é jornalista e radialista, bacharel em Direito, diplomado em 1970, pela Universidade Federal da Bahia, e delegado de Polícia. Ypiranguense, ele iniciou sua atividade na mídia esportiva como repórter da Rádio Cruzeiro. Trabalhou ainda nas sucursais de Salvador da Bloch/Manchete Esportiva e de O Estado de São Paulo, na Tribuna da Bahia, no Diário de Notícias e em A Tarde, onde foi redator, editor e chefe de reportagem.

Serviço

Livro Heróis de 59, de Antônio Matos

Data: 10 de abril

Horário: 18h30

Onde: 4º andar da Arena Fonte Nova - Zona mista

Confira o vídeo de divulgação:

Booktrailer | Livro Heróis de 59 – Antônio Matos from Kin Guerra on Vimeo.

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Foca na ABI

Especial Fake News – Completo

 

“Até hoje eu fico assim… receoso, entendeu? Até hoje, tomo remédio antidepressivo, senão não consigo dormir. E, até hoje, eu não absolvi tudo isso aí”. O relato, ilustrado pelo balanço impaciente das mãos, típico de quem está, nitidamente, nervoso, é a síntese do drama diário vivido pelo segurança de carros-fortes Fábio Novais*. Sentado na cadeira da lanchonete de um supermercado de Salvador, Fábio desvinculava-se da aparência de rapaz forte e seguro, ao passo que contava sua história à equipe de reportagem. O temor do homem de estatura média, 34 anos, remetia ao ano de 2015, quando a sua reputação foi difamada por uma desinformação circulada nas redes sociais e no aplicativo de mensagens WhatsApp.

O conteúdo enganoso consistia em uma montagem que relacionava a foto dele, extraída de sua rede social, com o criminoso responsável por sequestrar e estuprar uma médica de um grande hospital particular de Salvador. No caso, a funcionária foi sequestrada, no estacionamento privado em frente ao hospital, e estuprada, em um matagal. Fábio estava, no momento em que percebeu os sinais de que algo errado havia acontecido com ele, em operação de abastecimento de dinheiro em caixas eletrônicos de um shopping center, no centro da capital baiana. Foi nesse estabelecimento em que ele notou o olhar inquisidor das pessoas ao redor.

Leia também: Reportagem especial assinada por alunos da Unijorge inaugura coluna “FOCA na ABI”

“Em plena operação, no meu trabalho, todo mundo apontando o dedo para mim. Eu não sabia o que estava acontecendo. Não era para estar na rua, naquele dia”, relatou o segurança, alegando que, provavelmente, já era do conhecimento da empresa a repercussão de sua foto, associada ao crime de estupro. Nesse dia, o trabalhador Fábio Novais, casado e pai de duas crianças, transformou-se, aos olhos da sociedade, em um sujeito abominável, estuprador de mulheres. Pelo menos foi essa a impressão tirada por ele, quando após o expediente, à noite, estava a caminho de casa. Essa concepção, segundo ele, tornou-se perturbadora porque, além do julgamento social ocorrido no shopping center, o segurança recebia diversas mensagens de ameaças em suas plataformas virtuais.

Ao chegar em casa, Fábio nem conversou com a esposa e os dois filhos. Ele logo contatou alguns amigos da empresa em que trabalha para relatar a situação. Imediatamente, os companheiros o orientaram a procurar alguma delegacia de polícia, a fim de relatar às autoridades de que estava sendo vítima da disseminação de um conteúdo enganoso, que o relacionava ao estuprador da funcionária do hospital. Assim, o segurança e os amigos decidiram apresentar o caso aos agentes do posto da Polícia Civil da Bahia (PC-BA),localizado na Praça da Piedade, centro da capital.

“O delegado me orientou a procurar um advogado para acionar o Ministério Público do Estado (MP-BA). E, sobre as ofensas e ameaças nas redes sociais, ele me disse para ignorar”, conta Fábio. No que se refere à procura de um defensor, a instrução do delegado da PC-BA estava correta. No entanto, segundo o advogado João Filipe de Sá, o segurança deveria ser encaminhado à Delegacia de Repressão a crimes Cibernéticos (DRCC), localizada no bairro dos Barris.

“Ele teria que fazer uma notícia-crime da publicação envolvendo seu nome e imagem. Com isso, seria instaurado um inquérito para investigar quem teve a autoria desse cartaz, por meio do rastreamento do protocolo de internet (IP)”, explica João Filipe. Em caso de avanço da apuração da DRCC, de acordo com o advogado, os investigadores do caso poderiam indiciar os suspeitos de criar e compartilhar o conteúdo enganoso relacionando a foto de Fábio com o estuprador da funcionária do hospital.

Julgamento social

Na justiça, até a concretização do chamado transito em julgado – quando acabam as possibilidades de o acusado recorrer de um processo, o cidadão goza da possibilidade de se defender em quatro instâncias judiciais. No julgamento social que Fábio sofreu, porém, não havia direito à defesa. O segurança gostaria de esclarecer o conteúdo enganoso, mas a sociedade não lhe deu ouvidos. “Até hoje eu sinto desespero. A pior coisa do mundo é ser julgado por uma coisa que você não fez. A pior coisa do mundo é não ter como se defender”, lamentou, às lágrimas, Fábio.

Julgamento social não ofereceu direito de defesa à vítima – Foto: Reprodução

Os impactos do conteúdo enganoso na vida de Fábio geraram sequelas. Mesmo anos após a repercussão do caso, o segurança de carros-fortes continua desconfiado, com medo que pessoas da rua lembrem da sua imagem associada ao crime de estupro. Durante a entrevista, Fábio não conseguia pôr foco no olhar. Ele sempre alternava a visão, de um lado a outro, como se estivesse sofrendo perseguições.

A explicação para a desconfiança de Fábio perpassa pelo diagnóstico de estresse pós-traumático. Segundo o psicólogo Tom Valença, o segurança ainda não se recuperou do choque, causado pela deterioração de sua imagem. “No universo digital, a imagem é nosso cartão de visitas. Nesse cenário, de que valorizam-se mais o superficial que os argumentos, nada adiantaria o rapaz [Fábio] se explicar, pois a imagem dele já foi abalada”, explica o profissional.

Quanto aos motivos de se fabricarem conteúdos enganoso a fim de difamar alguém, Tom trabalha com a ideia de que há seres humanos dispostos a perseguir grupos ou pessoas. “Repare que, na história, a fofoca, ou conteúdo enganoso, era utilizada para rebaixar alguém. Hoje, esse tipo de informação tem o mesmo objetivo, porém com uma proporção maior que outrora”, argumenta o psicólogo, ao relacionar a disseminação de fake news com os mecanismos de compartilhamentos do ambiente virtual.

Na perspectiva de prevenir que conteúdos enganosos façam novas vítimas do julgamento social, o jornalista Rosental Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo das Américas na Universidade do Texas, acredita que, ao passo que a sociedade tem o poder de disseminar informações, isso deve ser feito com responsabilidade e, sobretudo, ética.

Fuja da desinformação

As conversas nas redes sociais em algum momento sempre chegam no dilema sobre a veracidade de uma publicação, seja ela em vídeo, texto ou foto. Os conteúdos coloridos, as manchetes sensacionalistas, as fotos ambíguas, dados exorbitantes e algumas expressões ao longo do texto são projetados para confirmar convicções, causar surpresa ou repulsa.

De acordo com Cristina Tardágula, diretora da agência checagem Lupa, o apelo às emoções é o maior perigo das fake news. “As pessoas tendem a compartilhar ou acreditar na veracidade de uma informação levando em consideração aquilo que previamente esperavam do assunto. Logo, o maior desafio atualmente é vencer as próprias crenças, gostos e desejos toda vez que consumir uma informação na internet, principalmente através do Whatsapp”, explicou.

Em contato com um conteúdo na internet, a pessoa precisa ter atenção aos mínimos detalhes. Título, subtítulo, foto, legenda da foto, layout e URL do site, período de publicação e se existe uma pessoa responsável pelas informações divulgadas precisam ser analisados.

Ao menor sinal de dúvida, evite o compartilhamento. Tai Nalon, diretora executiva e co-fundadora da agência de checagem aos fatos, lembrou que nós devemos ter responsabilidade digital. “O público também é produtor e disseminador de conteúdo. Então, da mesma maneira que jornais, revistas e sites têm seus protocolos para não compartilhar ou compartilhar informações, que eles verificaram serem verdadeiras, os indivíduos também precisam ter esse cuidado”.

O que analisar

Veja abaixo alguns formatos de conteúdos que podem gerar dúvidas e não devem ser compartilhados:
1. Título Utilizar adjetivos, números exorbitantes e expressões ou termos esdrúxulos
2. Subtítulo – Informações que causam surpresa ou repulsa ou com informações que não condizem com o que foi prometido no título
3. Foto – Pessoas em situações ambíguas, membros ou objetos cortados na metade, presença de sombra ou efeito de iluminação que não aparecem comuns, se não achar a foto em outros ângulos ou veículos na busca inversa do Google ou se utilizar as ferramentas de um editor de imagem (nível de brilho e nitidez) e perceber que a figura é composta de uma colagem de várias partes
4. Legenda – Frases absurdas, chocantes, fora de contexto ou com informações não condizentes às prestadas no título
5. Vídeo – Tremidos, sem elementos que possibilitem identificar a localização e estiver com falas muito coladas ou interrompidas de forma abrupta.
6. Data da postagem – No local da data aparecer informação de atualização de conteúdo com ano distante do inicial ou for de muitos meses e anos atrás
7. Site – Não tem informação de contato, objetivo e valores
8. URL – Usar termos associados a movimentos políticos ou ativismos ou tiver nome semelhante ao de algum veículo conhecido

Fez todo o checklist? Você também pode pesquisar sobre o conteúdo no Google, para verificar se existem publicações semelhantes. Notícias de interesse público e grande repercussão dificilmente deixariam de ser publicadas em canais de comunicação tradicionais. Outra possibilidade é utilizar os canais de comunicação das agências de checagem de conteúdo – Lupa, Aos Fatos e Boatos.org – para tirar dúvidas. Faça um registro do conteúdo suspeito, envie para eles e questione se possuem alguma informação sobre o assunto.

Em caso de conteúdo suspeito ou enganoso nas redes sociais, você pode denunciar para a própria plataforma. No Facebook, por exemplo, já é possível classificar a postagem como “falsa”. É só clicar nos três pontinhos no lado direito da publicação.

*Nome fictício

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Série completa

Parte 1 – VÍTIMA DA MENTIRA: De trabalhador a criminoso. O impacto das fake news

Parte 2 – CURA MILAGROSA: Tratamentos alternativos podem trazer consequências graves

Parte 3 – A LEI: Justiça Eleitoral em guerra indefinida contra as fake news

Parte 4 – CHECAGEM: Apuração basta? Saiba o que dizem pesquisadores e editores de veículos baianos

Parte 5 – RASTILHO DE PÓLVORA: Educação para mídia online

*Este texto é parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)/2018 apresentado ao Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) pelos alunos Francisco Artur Filho, Lívia Oliveira, Pedro Vilas Boas e Roberto Aguiar.

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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