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Jornalistas mulheres representam 68,8% na cobertura da educação, diz Jeduca

Quem é o jornalista que cobre educação no Brasil? A Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) apresentou o perfil deste profissional durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, encerrado ontem em São Paulo. Dentre os principais destaques, a análise mostrou que as mulheres são a maioria (68,8%) na cobertura da educação e cerca de 1/3 têm entre 31 e 40 anos. A Jeduca concluiu que o cenário da pesquisa é um espelho das condições de trabalho do jornalista no país.

Antônio Gois, presidente da Jeduca, ressaltou que existe um número significativo de jornalistas trabalhando na área. “São jornalistas produzindo conteúdo em redações ou em organizações do terceiro setor. Eles estão produzindo conteúdo jornalístico que é lido por um público amplo. Tem um número significativo de jornalistas interessados nisso”, afirma.

“A pesquisa é bastante representativa no cenário nacional. O que a gente percebeu é que os dados refletem uma predominância de mulheres, uma renda até sete salários mínimos e um profissional com especialização”, explica a professora e pesquisadora Juliana Doretto, responsável pela análise dos dados. “A gente vê que a educação, assim como outros temas relacionados à infância e adolescência, é uma área da mulher”, relata Juliana. As mulheres representam 68,8% na cobertura da educação.

Migração e oportunidades

A pesquisa mostrou também que os profissionais da educação estão migrando das redações das grandes mídias para outras plataformas. “Eles estão em mídias tradicionais como jornais, rádios e Tvs, mas não estão só aí. Eles também estão em outras plataformas”, conta Juliana. O estudo mostrou ainda que 40% são produtores de conteúdo jornalístico ou informativo para o público. Se considerados os assessores de imprensa que produzem conteúdo, o percentual sobre para 60%. Dos produtores de conteúdo, cerca de ¼ trabalham em veículos impressos ou online, 14% no terceiro setor. Além disso, dos produtores de conteúdo, cerca de ¼ são repórteres e 20% editores.

Segundo o presidente da instituição, é possível amenizar algumas dificuldades por meio de ações pontuais. “A questão de remuneração que aparece muito na pesquisa. A gente pode atuar com formação e apoio”, relata Gois. Pensando nisso, a Jeduca criou um banco de fontes colaborativo, onde o jornalista associado à Jeduca pode compartilhar fontes com seus colegas. Além disso, a associação irá disponibilizar bolsas para a cobertura de pautas no setor. “A gente vai lançar ainda um edital com formato de bolsas. O jornalista vai apresentar uma pauta, uma comissão julgadora vai avaliar esta pauta e as melhores pautas terão financiamento da Jeduca”, explica. (Com informações do Portal IMPRENSA)

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Foca na ABI

É proibido sonhar

Por Tamíris Batista*

Minha vó fazia bordado, queria que eu aprendesse também. Me deu linha, pano, mas não tinha jeito, a menina tagarela não acertava um ponto cruz. Já minha mãe sabe bordar, faz crochê, muitas vezes ele é nossa salvação na hora de pagar contas. Mas esse pano aí não foi feito por nenhuma delas. Peraí, deixa eu te explicar. Estava vindo do estágio quando passei pela loja de bicicleta, e logo me lembrei que dia das crianças estava chegando, como eu e as crianças de meu tempo éramos loucas para ter uma. Foi em meio a esses pensamentos que o vi sentado na porta, com uma sacola na mão. Imaginei que também estivesse como eu, pensando nas bicicletas que havia ali.

Panos produzidos pela mãe de Pablo, de 11 anos, complementam a renda de sua família – Foto: Tamíris Batista

Ele era até grandinho, quase do meu tamanho, (tudo bem, não sou muito alta) cabelo liso, um rostinho miúdo bem cativante, e uma voz suave. Pablo, 11 anos. Ele salvou meu dia. Descobri que não estava pelas bicicletas, embora não tivesse uma. Sua presença tinha um motivo maior, que nem chegava perto do que deveria ser o sonho de uma criança. Me disse que estava vendendo panos de prato feitos pela mãe. Enquanto a mãe fazia faxina numa casa próxima de onde estávamos, seu papel era contribuir para que algum dinheirinho a mais fosse conseguido. Perguntei se ele estudava, me disse que pela manhã. Matemática era sua disciplina favorita. Falei: “vish, vou te contar um segredo, não sei quase nada dessa matéria”. Consegui, então, um sorrisinho cúmplice. Quando eu e Pablo nos despedimos, recomendei que atravessasse a rua com cuidado quando fosse encontrar a mãe. Deu vontade de recomendar também que não desistisse dos estudos, que mesmo que viessem as lutas, que ele e sua mãe continuassem unidos nessa batalha. Mas não disse, apenas o abracei forte, porque muitas vezes um abraço é o maior incentivo, um sorriso, um aperto de mão. Eu prefiro acreditar que Pablo um dia vai crescer, não só em estatura, mas em gentileza, estabilidade financeira, que ele vai poder sonhar, ter uma bicicleta, ele vai continuar a ser bom menino, ah vai. Toda vez que eu olhar para esse pano rosa, lembrarei dos meninos do meu Brasil que não podem nem sequer sonhar com uma bicicleta, imagine comprar uma.

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*Estudante de Jornalismo da Uesb – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. E-mail: [email protected]

Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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Notícias

Sete maneiras para os jornalistas usarem as redes sociais de maneira mais efetiva

As redes sociais continuam sendo, para muitos jornalistas, um território instável que, às vezes, é cercado pelo medo de cair na areia movediça. Publicar seus tweets ou retweetar outros define uma parte importante do uso que muitos jornalistas fazem das redes sociais. Um dos efeitos desse medo é que nem todo o potencial que pode oferecer a um jornalista é usado.

Essa é a opinião de Mandy Jenkins, diretora geral do projeto de notícias local The Compass, na McClatchy e presidente da Online News Association (ONA). Ela trabalhou no Huffington Post e na Digital First Media, entre outras mídias. Recentemente, ela participou de uma conferência na Universidade de Oregon, na qual, com base em sua experiência, identificou sete maneiras pelas quais os jornalistas podem usar as redes sociais de forma mais eficaz, de acordo com o European Journalism Observatory.

  1. Como forma de conversar com o público local e entrevistar mais pessoas

Nunca foi tão fácil para os jornalistas “monitorar” as áreas que cobrem e interagir com suas fontes, bem como com seu público. A maioria das comunidades e seus líderes têm uma presença ativa nas redes sociais. No entanto, cerca de 78% dos adultos americanos nunca falaram ou foram entrevistados por um jornalista local.

  1. Para mostrar como funciona o jornalismo

Com confiança na mídia em níveis muito baixos, as redes sociais podem ser usadas para explicar processos jornalísticos. Algumas mídias (Jenkyns cita Enid e Eagle) usam o Facebook para perguntar aos leitores e telespectadores as histórias que gostariam de ler. “Muitas vezes, supomos que o público saiba como o jornalismo funciona. No entanto, coisas simples como twittar ao vivo em uma reunião do conselho, compartilhar “hoje estou relatando sobre isso” ou “Estou conversando com essa pessoa” podem ajudar a mostrar o trabalho envolvido na cobertura de uma história”, diz Jenkins, acrescentando que, embora esses tipos de publicações possam ser banais para os jornalistas, eles não são para o público. Como resultado, eles podem criar conexões e demonstrar transparência, especialmente no nível local.

  1. Como um mecanismo de feedback

Os jornalistas costumam ver as redes sociais como plataformas promocionais. No entanto, eles também são um meio de obter informações antes, durante e depois de uma matéria. Evitar os trolls pode ser difícil, disse Jenkins, mas há pessoas reais “lá fora” com perguntas legítimas que os jornalistas devem responder e abordar para melhorar seu trabalho. “Por que você falou com essa pessoa? Por que você não falou com essa outra pessoa? Ou por que você escreveu essa história em resposta a essa outra história? Essas são questões importantes a serem consideradas e respondidas”, argumentou Jenkins. “Use o social como um canal para receber comentários sobre o seu trabalho”, disse ele.

  1. Tornando-o visualmente atraente

As plataformas sociais têm muitas ferramentas digitais para tornar as publicações o mais visuais possíveis. “Um meio visual força você a ser menos verboso e expressar sua opinião com menos frequência”, disse Jenkins. “Mas tenha cuidado para não exagerar.” Em vez disso, Jenkins recomenda que você distribua publicações sociais e use imagens importantes e que captem a atenção do público.

  1. Use o conteúdo da audiência

O conteúdo gerado pelo usuário e as testemunhas oculares são pilares atuais que dão suporte a muitas redações. “Eles podem ser uma excelente maneira de combater problemas de recursos, relatar histórias recentes e preencher lacunas de conteúdo. Os membros da comunidade podem ter um vídeo ou uma fotografia que os jornalistas possam incorporar em sua cobertura”. No entanto, se você fizer isso, é importante não apenas dar crédito à fonte, mas também informá-lo sobre sua experiência.

  1. Não basta seguir os jornalistas

“É muito fácil ser pego em uma bolha nas mídias sociais”, disse Jenkins. O exemplo mais óbvio disso é que os jornalistas seguem apenas seus pares e os formadores de opinião pública. É importante monitorar a competição e aprender e interagir com outros jornalistas, mas não exagerar. “Por favor, interaja com pessoas reais e pare de tentar impressionar outros repórteres”, aconselha Jenkins. Em vez disso, certifique-se de “conversar com os leitores [que] compartilham coisas de pessoas reais”. 

  1. Lembre-se, nem todos usam as redes sociais

Não assuma que todos são uma rede social ativa. Jenkins lembra que o Twitter é uma grande armadilha para os jornalistas quando se trata de agrupar o sentimento do público. Um estudo realizado em 2019 pelo Pew Research Center mostrou que apenas 22% dos adultos norte-americanos usam o Twitter. Existe um grande público que não o utiliza.

 

*Fonte: EJO via Laboratório de Periodismo/ Tradução: Joseanne Guedes

O Observatório Europeu de Jornalismo (EJO) é uma rede de 15 institutos independentes de pesquisa de mídia sem fins lucrativos em 14 países, com o objetivo unir a pesquisa e a prática do jornalismo na Europa e promover o profissionalismo e a liberdade de imprensa.

O Laboratório de Jornalismo é uma iniciativa da Fundação Luca de Tena que nasceu para tentar atender às necessidades dos jornalistas oriundos da transformação do setor, da mudança disruptiva do negócio da informação e da demanda por novos perfis profissionais em ambientes onde esse treinamento não está, na maioria dos casos, disponível para novos profissionais.
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Imprensa e História

Os que vieram, retornaram. Os que ficaram, desapareceram

Por Luis Guilherme Pontes Tavares*

Volto ao tema que mantenho no foco há quase 20 anos: o acervo de impressos que examinei no Salão Ruy Barbosa da antiga Associação dos Empregados no Comércio da Bahia. Neste instante, não saberia informar qual o destino que o empresário Antônio Mazaferra deu às mais de 10 mil publicações – livros, periódicos, relatórios e folhetos – que ocupavam as muitas prateleiras das 12 estantes da citada coleção localizada no segundo andar do amplo prédio da Rua do Tira Chapéu, que ocupa fração volumosa do quarteirão entre a Rua Chile e a Rua da Ajuda. Para não enfadar quem já me ouviu falar a respeito, completarei a minha participação neste evento apresentando o novo livro de Dom Marcus de Noronha da Costa sobre a biblioteca que herdou do 8º Conde dos Arcos – Dom Marcos de Noronha e Brito (1775-1828), vice-rei do Brasil (1806-1808) e governador-geral da Província da Bahia (1810-1818).
Comecemos, pois, pelo acervo no Salão Ruy Barbosa.

Conheci o acervo no segundo semestre de 2000, poucos meses após minha defesa de tese na FFLCH/USP, quando desejei premiar o pesquisador com o desafio de levantar a vida e a obra do gráfico e editor baiano Cincinnato José Melchiades (1858-1920). As mais diversas circunstâncias mais esmoreceram do que encorajaram o intento, de modo que, apenas 17 anos depois, reuni o material obtido sobre o ativo personagem e publiquei Anotações sobre Cincinnato José Melchiades e a sua Typographia Bahiana (Salvador: e.a., 2017).

Foi na biblioteca da Associação dos Empregados no Comércio onde encontrei muitos títulos publicados por Cincinnato na sua Typographia Bahiana. Por causa desse levantamento, retirei das estantes fileiras e fileiras de livros e pude, então, constatar que o acervo cobria o período do início do século XIX até meado do século XX. Poderia afirmar que o tema preponderante no acervo é o Brasil, ainda que muitas das publicações do século XIX tivessem origem estrangeira: portuguesa, francesa, italiana e até norte-americana. No que se refere ao século XX, ressalto, sobretudo, as publicações do período do Estado Novo.

Destaco, do século XIX, para assim provocar o apetite das colegas bibliotecárias os três volumes O guarda livros moderno (ou curso completo de instruções elementares sobre as operações do comércio, tanto de mercadorias, como em banco), de Manoel Teixeira Cabral de Mendonça, publicados pela Impressão Régia, de Lisboa, entre 1818 e 1835. Acrescento e arrisco apontar estes dois livros como raridades do século XIX: O livro indispensável á Guarda Nacional, de Manoel Joaquim de Bulhões Dias, publicado em 1859, no Rio de Janeiro, pela Eduardo & Henrique Laemmert, e Consolidação das disposições em vigor relativas á Guarda Nacional ou Milicia Civica, do coronel Josino do Nascimento Ferreira e Silva, publicado em 1894, no Rio de Janeiro, pela Typographia d’O Paiz. Desconheço a existência de edição de ambos no século XX e isso, ao tempo que os torna inacessíveis e valiosos, empobrece a bibliografia de que se poderia servir até estudiosos de patentados como o Major Cosme de Farias.

Chamou-me a atenção, quando examinei o acervo de impressos do Salão Ruy Barbosa da Associação dos Empregados no Comércio do Estado da Bahia, dos livros sobre a flora e a flora brasileira, alguns de tamanho avantajado, dos quais destaco uma publicação do século XIX e três, do início do século XX: a 12ª edição de Le Brésil, de E. Levasseur & alli, publicada em 1889 pela H. Lamiraut et Cº, Editeurs; The new Brazil, de Marie Robinson Wright, publicada na Filadélfia, em 1901, pela George Basrrie & Son; os dois volumes do Sertum palmarum brasiliensium, de J. Barbosa Rodrigues, publicados em Bruxelas, em 1903, pela Typographie Verve Monnom; e Impressões do Brazil no século vinte, de Arnold Wright & alli, publicado em Londres, em 1913, pela Lloyd’s Greater Britain Publishing Company, Ltd.

Em 2000, encaminhei correspondência para o então presidente da Fundação Gregório de Mattos, arquiteto e professor Francisco Sena, pedindo providências. Escrevi, num dos trechos:

“Ouso sugerir que a Fundação Gregório de Mattos, sozinha ou com parceiros, proponha à Associação dos Empregados no Comércio do Estado da Bahia a permuta dos livros anteriores a 1950 por livros mais recentes, de uso mais constante. Ou que a Fundação mantenha ali, naquelas belas estantes, os livros que puder salvar, e que assegure pessoal e equipamentos para que eles não voltem a sofrer. O bom senso de quem vier a administrar o espaço permitirá a manutenção do acervo, evitando o manuseio indiscriminado e até mesmo os atos gratuitos de vandalismo. O valor dos livros de que trato nesta correspondência é tanto maior porque eles encerram o testemunho de nossa própria história. A história dos impressos da Bahia. V.Sª talvez não saiba que inexiste inventário dos livros que foram impressos na Bahia desde 1811, ano em que o português Manoel Antonio da Silva Serva fundou a primeira tipografia em Salvador. Esse inventário deveria ser permanente. Esse vazio impossibilita, por exemplo, sequer levantar a produção editorial baiana dos últimos anos, de editoras ou mesmo do Governo do Estado.”

A resposta à correspondência jamais chegou em minhas mãos, se é que houve alguma resposta. Tampouco obtive retorno ao pedido de ajuda para salvar a biblioteca que encaminhei a ilustres pessoas do Brasil e do exterior. A propósito, anexei, nas cartas que fiz ao bibliófilo José Mindlin (1914-2010) e ao jornalista Jorge Calmon (1915-2006), cópia da correspondência que encaminhara ao presidente da FGM. Registro, mais uma vez, que o professor doutor Luis Henrique Dias Tavares, que é meu pai, era, na época, vice-presidente do Conselho de Cultura do Estado da Bahia e, sensibilizado, encaminhou indicação ao secretário Paulo Gaudenzi para as providências necessárias. O secretário despachou para a Biblioteca do Estado a solicitação e a resposta dos técnicos da instituição não contemplaram nosso apelo. Muito pelo contrário!

Enfim, isso, quiçá, já é página virada.

Vamos então resenhar o novo livro de Dom Marcus de Noronha da Costa, A Livraria de D. Marcos de Noronha e Brito, 8º Conde dos Arcos, último vice-rei do Brasil (Lisboa: e.a., 2018). O faço porque seu conteúdo é contraponto radical ao que acabei de apresentar sobre a biblioteca da Associação dos Empregados do Comércio do Estado da Bahia. Se dessa não sabemos que destino foi dado aos mais de 10 mil volumes, a do 8º Conde dos Arcos, inventariada pelo descendente e autor do livro citado, permanece, no Palácio do Salvador, nos altos do bairro de Alfama, em Lisboa, com os mais de 300 volumes que a compõe desde do final do século XVIII. Registre-se que esses livros atravessaram o Oceano, ida e volta, e ocuparam, entre 1803 e 1821, estantes em Belém do Pará, em Salvador e no Rio de Janeiro (em duas ocasiões).

O autor do livro em apreço examina na obra 324 publicações do acervo do 8º Conde dos Arcos que vieram a lume entre os séculos XVI e XIX. Predominam os livros sobre Portugal, Eclesiástica, Genealogia, Brasil e Temas castrenses e afins. A análise é respaldada com 491 notas de rodapé. As 160 páginas estampam a relação das obras literárias do autor, a Nota Justificativa, seguidas de três capítulos que tratam da vida do 8º Conde dos Arcos e da relação dele com os livros da sua biblioteca. O 4º e último capítulo, o único deles com título próprio – “Livros q. vão pª o Pará do Captam General D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos” –, relaciona os autores e os títulos dos impressos e agrega cerca de 300 notas de rodapé.

O autor de A Livraria de D. Marcos de Noronha e Brito, Dom Marcus de Noronha da Costa, seria Conde de Subserra se a Monarquia prosperasse em Portugal; o país tornou-se República em 05 de outubro de 1910. Esse seu livro reúne estudos a respeito que o autor publica desde a década de 1970. Há, portanto, 50 anos, pelo menos, ele estuda o tema e seu livro, por seu esforço pessoal de enaltecer o acervo a si legado, é elogio ao livro, esse bem maior que a humanidade cultiva há milênios.

Este volume me foi ofertado pelo autor e leva o número 480. À guisa de autógrafo, Dom Marcus de Noronha da Costa escreveu na folha de rosto: “Pertence este exemplar ao Prof. Luis Guilherme Pontes Tavares. Ofce (abreviatura de oferece) Marcus de Noronha da Costa (Subserra). Lisboa, 17 de março de 2019”. Os originais foram registrados, em 2017, na Biblioteca Nacional de Lisboa sob o número 435762 e o registro no ISBN é 978-989-20-8147-2.
Se fiquei lisonjeado com a distinção do amigo português, que conheci em 2008, na Associação Comercial da Bahia (ACB), quando participei do seminário “O 8º Conde dos Arcos: seu percurso e circunstâncias no Brasil”, imagino como ficaria o saudoso professor doutor Edivaldo Machado Boaventura (1933-2018), a quem o autor distinguiu com um dos 20 exemplares da edição especial numerada e impressa “em papel Coral Book de 90 g/m2 creme”!

Convém ressaltar que, ao contrário do que se deu com a biblioteca do 8º Conde dos Arcos, que resistiu ao tempo, intempéries e perigos variados, a biblioteca da Associação dos Empregados do Comércio do Estado da Bahia não foi objeto de estudo algum e sobre ela o que há, até prova em contrário, é o registro que lhes faço.

Muito obrigado pela atenção!

(Este texto foi lido durante a intervenção de Luís Guilherme Pontes Tavares na Flipelô, no dia 10 de agosto).

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* Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É diretor da ABI.< [email protected]>

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