A Associação dos Professores Universitários da Bahia (APUB) promoverá no dia 6 de agosto, às 17h, o debate “Mídia brasileira, redes sociais e a opinião pública: o caso The Intercept e o fascismo algorítmico”, com os professores Emiliano José e Zeca Peixoto. O objetivo da discussão é contribuir com a reflexão sobre a comunicação contemporânea e a formação da opinião pública.
Segundo o sindicato, o evento vai “abordar como as tradicionais empresas de comunicação do Brasil, ao longo da história, estiveram no centro de acontecimentos e da atuação política e, agora, enfrentam uma crise estrutural com a popularização da internet e das redes sociais”.
O jornalista e escritor Emiliano José destaca que a trajetória da mídia brasileira será relembrada o durante o debate. “Eu tenho me debruçado, como professor, jornalista e militante político, sobre a trajetória da mídia brasileira. Tenho dito que ela é claramente monopolista”, ressalta. Ele tece críticas à concentração da propriedade da mídia, quando poucos indivíduos detêm o controle dos meios de comunicação social.
“Algumas poucas famílias – pelo menos a mídia tradicional, empresarial – têm dominado a interpretação do Brasil”, observa. De acordo com Emiliano, o jornalismo é uma espécie de interpretação. “E essa interpretação que, sobretudo, a mídia do centro-sul do país realiza é vinculada a um pensamento conservador, que faz eco da ‘casa grande’ e que sempre se colocou na linha de apoiar as iniciativas golpistas no Brasil”, afirma o doutor em Comunicação e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Zeca Peixoto é mestre em História Social, professor da UNIME – campus Salvador e pesquisador em cibercultura. Dedicado também à pesquisa sobre jornalismo expandido, jornalismo de dados e repercussão de narrativas em ambientes digitais, ele reforça a importância do debate e explica que tem entendido o “fascismo algorítmico” no Brasil como sendo “a possibilidade de disseminação em larga escala de factoides, de assuntos presumivelmente irrelevantes que contaminam a atenção de boa parte da sociedade, para nas coxias, ou seja, por debaixo dos panos, permitir uma política predatória à maioria dos interesses da população”.
Em entrevista para o jornalista Antônio Nelson, divulgada no site “Conversa Afiada”, Peixoto afirma que o modelo de fascismo baseado em algoritmos “decorre da profunda mudança da economia política da mídia, na qual o online está determinando a sociabilidade off-line”. Para exemplificar, ele se utiliza do exemplo das fake news e como elas influenciaram as eleições brasileiras de 2018.
SERVIÇO O QUÊ: Debate “Mídia brasileira, redes sociais e opinião pública: o caso The Intercept e o fascismo algorítmico” QUANDO: 06 de agosto de 2019 (terça-feira) ONDE: Auditório da Apub Sindicato (Rua Professor Aristides Novis, 44 – Federação) HORÁRIO: 17h Entrada Franca