O violonista clássico Mario Ulloa está pronto para abrilhantar mais uma noite de Série Lunar, nesta quarta-feira, 30 de agosto. O artista acumula passagens marcantes pelo auditório da Associação Bahiana de Imprensa, sempre com casa cheia e público participativo nas apresentações. Dessa vez, Ulloa interpretará obras do paraguaio Agustín Barrios Mangoré (1885-1944), aclamado como o maior compositor de todos os tempos para o violão. O evento é gratuito e aberto ao público.
Natural da Costa Rica, Mario Ulloa iniciou ao violão com quatro anos de idade em uma família de tradição musical. Estudou durante seis anos no Conservatório de Castella e ingressou na Escuela de Artes Musicales de la Universidad de Costa Rica, em San José, em 1985. É professor de violão na Escola de Música da UFBA – Universidade Federal da Bahia há três décadas, nos cursos de graduação e pós-graduação. Por suas contribuições nas áreas de Educação e Cultura, recebeu da Prefeitura de Salvador a Medalha 2 de Julho e da Câmara Municipal de Salvador o título honorífico de Cidadão Soteropolitano.
Ulloa guarda similaridades com o homenageado da apresentação de quarta, o reverenciado Agustin Pío Barrios – também conhecido pelo apelido de Mangoré. Barrios também começou a tocar violão na infância, chegando a fazer uma participação no Orchestra Barrios, composta por membros de sua própria família. “Mangoré morreu em 7 de agosto de 1944. Resolvi fazer esse programa inédito para lembrar o seu legado, ele que é tão especial para toda a comunidade violonística”, explica Mario Ulloa.
Mangoré alternava o violão – mais tarde, seu instrumento principal – com harpa e flauta. Não era incomum vê-lo em concertos com trajes paraguaios tradicionais, uma vez que ele tinha origem guarani.
Segundo o professor, o início de sua carreira foi marcado pela obra de Barrios. “Em 1994, 50 anos depois da morte dele, ganhei o prêmio de Melhor Intérprete de Agustín Barrios, em Assunção, no Paraguai”, conta o artista, reforçando sua antiga admiração pelo trabalho de Mangoré – possivelmente o primeiro violonista gravado no mundo, já em 1913.
A plateia da Série Lunar pode esperar uma noite agraciada por composições a partir de canções populares da América do Sul e da América Central, ponto forte da obra de Mangoré.
A Série Lunar é um projeto fruto de parceria entre ABI e Emus/UFBA, e acontece uma vez ao mês, em noite de lua cheia. Nesta temporada, estão previstas apresentações até o mês de dezembro.
Diversos artistas e grupos musicais vinculados à Emus já levaram seus concertos ao palco da ABI no âmbito da frutífera parceria, como o Núcleo de Choro, o Tota Portela e Teca Gondim, Ana Paula Albuquerque, Quinteto de Sopros, Jairo Brandão, Eneida Lima, Quarteto Gamboa, Nilton Avezedo Quarteto, Madrigal da UFBA, Osufba e outras formações.
SERVIÇO
Mario Ulloa interpreta Agustín Barrios – Série Lunar 2023 Dia: 30 de agosto, quarta-feira Hora: 19h Local: Auditório Samuel Celestino – 8° andar do Edifício Ranulfo Oliveira, Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador Entrada gratuita
Uma noite de casa cheia encerrou o segundo dia da programação de aniversário da Associação Bahiana de Imprensa. O novo romance do jornalista e escritor Jolivaldo Freitas foi responsável por promover, nesta quinta-feira, um verdadeiro encontro de gerações do jornalismo na Bahia.
O lançamento da obra “A Peleja dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás” integrou o ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” e levou centenas de pessoas ao auditório da instituição, na Praça da Sé. Nomes como Zé Raimundo, Marcelo Gentil, Genildo Lawinscky, Chico Araújo e Anna Valéria prestigiaram o colega e interagiram com jovens profissionais e estudantes de Comunicação.
O livro coloca ficção e realidade na mesma trilha, para contar a saga dos Zuavos Baianos, um batalhão de soldados negros e mestiços que lutou na Guerra do Paraguai. A obra foi editada pela Fundação Pedro Calmon, unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, dentro da programação dos 188 anos da Revolta dos Malês e dos 200 anos da Independência da Bahia.
De acordo com Jolivaldo Freitas, que é membro do Conselho Consultivo da ABI, os Zuavos Baianos foi um batalhão de soldados negros e mestiços que se alistou nos Voluntários da Pátria e lutou na Guerra do Paraguai, conflito que ocorreu entre os anos de 1864 e 1870. A guerra envolveu o Paraguai e uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
O termo “zuavo” deriva das unidades de infantaria ligeira do exército francês, caracterizadas pelo uso de uniformes exóticos e coloridos, inspirados nas vestimentas dos soldados norte da África e do Oriente Médio. No caso dos Zuavos Baianos, eles adotaram esse nome em referência aos zuavos franceses, mas adaptaram seus uniformes ao contexto e clima do Brasil. O batalhão Zuavos Baianos se formou com negros livres e escravizados.
A trama, embora mergulhada na realidade histórica, ganha toques de fantasia que envolvem o leitor em uma narrativa cheia de reviravoltas. O autor entrelaça a história com elementos mágicos e mitológicos. Ao tratar de temas como identidade, liberdade, coragem e resistência, o romance se torna uma reflexão profunda sobre a luta dos afrodescendentes na busca por seus direitos e reconhecimento em uma sociedade historicamente marcada por desigualdades.
Noite de autógrafos
“Foi uma noite muito agradável. Fiquei surpreso com o número de pessoas, por se tratar de uma quinta-feira. Ter feito na ABI foi muito importante, muito representativo. Ainda mais nesses 93 anos da instituição que tem a maior importância para a expressão cultural, artística e intelectual da Bahia”, destacou Jolivaldo Freitas.
Jolivaldo agradeceu a presença dos amigos e leitores. “Foi muito bom receber os amigos, os meus leitores ou o pessoal que ainda não me conhecia pessoalmente, me acompanhava pela rádio, pelos meus comentários. Foi gratificante”, completou o escritor. Ele chegou a se queixar do cansaço e até disse que este seria seu último evento de lançamento. Mas é claro que ninguém acreditou. Daqui a pouco ele aparece com mais uma publicação saltando do prelo…
O ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.
A programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.
Entre os diretores da ABI presentes no lançamento estão o presidente Ernesto Marques, ao lado de sua esposa, a pedagoga Cybele Amado; o 1º vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares; a 1ª secretária Amália Casal; o 2º secretário Jorge Ramos; e o diretor de Cultura, Nelson Cadena. Também esteve presente o advogado Antônio Calmon Teixeira, sócio honorário da instituição.
Confira as impressões de quem esteve ontem:
Confira os próximos eventos do calendário comemorativo:
06/set
8h30 – Recepção aos convidados e público
EIXO 3 – FORMAÇÃO
9h às 9h40 – Painel 1: PEC diploma – a falta que ele faz: o que mudou no mundo dos jornalistas desde 2009
>> Samira de Castro, presidente da Fenaj >> Talyta Singer, professora do curso de Jornalismo na Unijorge
11h30-13h – Painel 2: Empreendendo na comunicação: MEI e outras possibilidades
>> Suely Temporal, jornalista, sócia da ATCom >> Karine Oliveira, afroempreendedora, CEO da Wakanda Educação >> Cláudio Patterson, gestor de Atendimento e Orientação Técnica do Sebrae
13/set
Ciclo Temas Diversos 11h30 – Painel: Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados >> Yuri Almeida, jornalista e pesquisador, mestre em Comunicação
16/set
9h – recepção aos convidados e público
EIXO 4 – Painel: Vida real no mundo digital – Cultura, democracia e diversidade
9h30 – painel: Diversidade nas Redações. As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?
>> Danila de Jesus, jornalista, professora. Criadora do Guia Diversidade nas Redações >> Jorge Gauthier, jornalista, criador do primeiro canal LGBTQIA+ do Correio >> Matheus Lens, estudante de Jornalismo, criador do podcast Fala Preto
11h – Painel: O PL das Fake News ameaça a democracia? O que isso tem a ver com a remuneração da produção jornalística na internet?
>> Orlando Silva, deputado federal, relator do PL das Fake News >> Ernesto Marques, presidente da ABI
Um jornalista que denuncia abusos de membros do Poder Judiciário já responde a mais de quarenta processos judiciais por conta de sua atuação profissional e segue publicando. Outro, um dos principais colunistas políticos da Bahia, resiste à tentativa de intimidação, responde a ações movidas por um senador, mas promete, com abertura de novo pleito, trocar de posição e acusá-lo por “litigância de má-fé”.
Esses são casos reais, debatidos na Associação Bahiana de Imprensa – ABI nesta quinta-feira (24). que ilustram como jornalistas baianos têm sido levados ao banco dos réus para se defenderem e para lembrar da liberdade de imprensa. Cada um à sua maneira, eles lutam para que suas denúncias não se transformem em mais um processo arquivado.
Causos e causas Colunista do “A Tarde”, o jornalista Levi Vasconcelos, no entanto, quer mais. Anunciou durante o evento que, após conclusão de ação criminal movida pelo senador Ângelo Coronel (PSD) deve abrir, em Brasília, processo contra o parlamentar. Ele, que já foi liberado de procedimento de igual teor na esfera civil, adianta: “Eu não quero dinheiro. 50% para os advogados e 50% para [as Obras Sociais] Irmã Dulce, que está precisando”. Como quem conta um dos seus causos na sua coluna diária, Levi narrou para o público como foi estar diante do juiz que lhe propôs conciliação. “Eu falei pra ele: não, a vítima aqui sou eu, eu provo o que eu publico”, lembrou. A assessoria do senador Ângelo Coronel foi procurada e não enviou posicionamento até o fechamento da reportagem.
Nota do dia 20 de julho de 2021 de autoria de Levi que motivou ação | Reprodução A Tarde
Já o jornalista Carlos Augusto, editor e diretor do Jornal Grande Bahia, mesmo depois de uma série de processos relacionados à sua cobertura da Operação Faroeste, segue denunciando casos que envolvem políticos, membros do Judiciário e empresários da região Oeste da Bahia. Ele antecipou que no próximo domingo (27) o jornal deve publicar reportagem que envolve corrupção de funcionários da Secretaria de Meio Ambiente e a liberação de licenciamentos ambientais na região.
As revelações foram feitas durante o painel “Assédio judicial: situação atual na Bahia e no Brasil + como se proteger e como combater”. Vice-presidente do Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) no Nordeste, Fernanda Gama demonstrou com dados que os casos de Levi e Carlos não são isolados. Ela listou nove casos de jornalistas que são acompanhados pelo sindicato. “Em comum, todos denunciaram políticos e o Judiciário. Ou seja, é uma forma de tentar nos calar”, interpreta Fernanda.
Judiciário precisa aprender
“Isso ofende os princípios democráticos”, resume Ernesto Marques, presidente da ABI, sobre casos de intimidação judicial que têm crescido no Brasil, inclusive com a abertura de processos em diferentes instâncias e cidades para dificultar a defesa. Carlos, que também é cientista social, acredita que o não pagamento das custas processuais e a falta de condenação de quem acusa injustamente os jornalistas são fatores que explicam o crescimento desses processos.
O jornalista aponta que há também inaptidões “cognitiva e ética” por parte do quadro do Poder Judiciário para julgar os casos contra a imprensa. “São leigos julgando nossos atos verbais, sem habilitação técnica para compreender como se estrutura um texto jornalístico”, argumenta Carlos. Ele conta que tem vivenciado situações de desrespeito e desconhecimento da chamada ADPF 130/2009 – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, inclusive com magistrados pedindo-lhe que revele suas fontes.
O evento
O debate de hoje faz parte do eixo “Judicializando” que integra a celebração dos 93 anos da ABI. Antes do painel sobre assédio judicial, debateu-se direito autoral (veja como foi). A programação da comemoração segue até o dia 16 de setembro, com encontros semanais no Auditório Samuel Celestino, no terraço do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, na Praça da Sé.
Na oportunidade, a ABI lembrou os 141° anos de morte do poeta, jornalista, advogado e abolicionista Luiz Gama. Os diretores Nelson Cadena e Luis Guilherme Pontes Tavares se encarregaram do descerramento do retrato de Gama feito pelo artista visual Cau Gomez, ao lado do professor, historiador e advogado Jair Cardoso e do desembargador Lidivaldo Britto.
O ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.
Como forma de reconhecimento do papel da imprensa na sociedade baiana, a programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.
Confira os próximos eventos do calendário comemorativo:
06/set
8h30 – Recepção aos convidados e público
EIXO 3 – FORMAÇÃO
9h às 9h40 – Painel 1: PEC diploma – a falta que ele faz: o que mudou no mundo dos jornalistas desde 2009
>> Samira de Castro, presidente da Fenaj >> Talyta Singer, professora do curso de Jornalismo na Unijorge
11h30-13h – Painel 2: Empreendendo na comunicação: MEI e outras possibilidades
>> Suely Temporal, jornalista, sócia da ATCom >> Karine Oliveira, afroempreendedora, CEO da Wakanda Educação >> Cláudio Patterson, gestor de Atendimento e Orientação Técnica do Sebrae
13/set
Ciclo Temas Diversos 11h30 – Painel: Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados >> Yuri Almeida, jornalista e pesquisador, mestre em Comunicação
16/set
9h – recepção aos convidados e público
EIXO 4 – Painel: Vida real no mundo digital – Cultura, democracia e diversidade
9h30 – painel: Diversidade nas Redações. As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?
>> Danila de Jesus, jornalista, professora. Criadora do Guia Diversidade nas Redações >> Jorge Gauthier, jornalista, criador do primeiro canal LGBTQIA+ do Correio >> Matheus Lens, estudante de Jornalismo, criador do podcast Fala Preto
11h – Painel: O PL das Fake News ameaça a democracia? O que isso tem a ver com a remuneração da produção jornalística na internet?
>> Orlando Silva, deputado federal, relator do PL das Fake News >> Ernesto Marques, presidente da ABI
A fotografia que você vê acima tem o nome, no canto inferior esquerdo, de quem a fez. Você costuma reparar? Nas redes sociais, é comum o emoji de câmera 📷 vir acompanhado da autoria. Tudo bem se não tiver o nome de uma pessoa e no lugar aparecer apenas “Divulgação”, “Ascom” ou “Governo X”, correto? Errado. “Governo não tira foto”, adverte o advogado especialista em direito autoral – e fotógrafo – Pedro Nunes. “Se eu trabalho para o governo, a foto é pública, mas o direito autoral é meu”, complementa a fotojornalista Paula Fróes.
Quem esteve nesta quinta-feira (24) na Associação Bahiana de imprensa para o painel “Direitos autorais na relação entre profissionais, agências/assessorias e veículos” pôde concluir que questionamentos básicos como esses (e recorrentes casos de violação de direitos autorais, principalmente de fotojornalistas), demonstram que a falta de conhecimento é o inimigo. O debate durante o evento, que integra a programação dos 93 anos da instituição, instigou a ideia de uma campanha de informação sobre o tema que já começou a ser articulada com a troca de contatos no coffee break.
História roubada O relato emocionado da fotojornalista Paula Fróes sobre ter sido vítima de plágio precedeu a conclusão da plateia sobre a necessidade de uma campanha educativa. Tirada dos bastidores em que costuma estar nos eventos da ABI, Paula subiu ao palco e antecipou a dificuldade em mudar de posição e dividir o caso que lhe tirou o sono por alguns dias. Mesmo não tendo sido a primeira vez que teve seu direito autoral infringido.
Na camisa preta que usou nesta manhã estava o motivo da emoção. A foto de um momento que registrou em 2010, uma criança do território quilombola Tijuaçu, Adilson, durante a entregas de cisternas em Senhor do Bonfim, região da Chapada Diamantina. A foto foi usada indevidamente por um fotógrafo nas redes sociais como se fosse feita por ele. “Descobri porque ele me seguia no Instagram, que ironia”. comenta Paula. Com uma grande rede de seguidores, o fotógrafo mentiu ao dizer que teria feito o registro durante uma festa de Yemanjá. “É uma imagem que teve a sua história roubada e isso que me dói”, relatou, emocionada, Paula.
O especialista Pedro Nunes explica que o sentimento de Paula é um exemplo do que se chama do direito moral da produção intelectual. Que, diferentemente dos direitos patrimoniais, que podem ser licenciados ou cedidos, não são transferíveis. Ele conta que na pandemia se debruçou sobre essas e tantas outras tipificações da legislação brasileira e tem tentado descomplicá-la no perfil @direitoefotografi, onde diz fazer militância pela causa do Direito Autoral. Educação Casos como o de Paula, de plágio, são mais flagrantes, mas outras infrações cometidas contra o direito do autor viraram cotidianas, principalmente pelas redes sociais. Na plateia, o empresário e fotógrafo Lucciano Cruz dividiu com o público que chegam às dezenas os processos que move mensalmente para reivindicar direito de imagens no Brasil e no exterior. Foi ele quem sugeriu uma campanha educativa que não se restrinja às categorias da comunicação, mas que dê conta do que classifica como parte do problema social do analfabetismo digital. “A sociedade está deixando subir para a cabeça o imediatismo digital e esquece o legado das pessoas.”
O desconhecimento ou a ausência de má-fé, no entanto, não livra quem desrespeita o direito do autor de um processo. “É inadmissível que órgãos grandes e empresas aleguem desconhecimento”, opina Pedro. O advogado deixa claro que não se trata apenas de dinheiro e opina sobre como foi desrespeitoso veículos usarem fotos de Paula Fróes registradas dentro de hospitais no pico da pandemia sem os devidos créditos. Mesmo com a exclusividade dos registros e o perigo a que a profissional se expôs.
Não é censura Quem também participou do evento foi Rodrigo Moraes, advogado, e autor do livro “Evolução da Gestão Coletiva de Direitos Autorais no Brasil: do rádio ao streaming”, fruto de sua tese de doutorado na USP. O professor fez um passeio pela história do direito autoral e detalhou como as legislações brasileira e internacional têm tentado se modernizar, especialmente na internet. Ele fez uma crítica sobre como se disseminou a ideia de acesso gratuito e irrestrito na internet nas décadas passadas, o que hoje, para ele, não passou da disseminação dos interesses de grandes corporações de tecnologia.
“Quando se fala de direito autoral acusam de censura, mas censura é anterior ao direito de autor, não tem nada a ver. O direito autoral não é inimigo ao acesso à cultura, à educação”, resume. Ele é professor de uma disciplina optativa sobre Direito Autoral na Faculdade de Direito da UFBA e estimulou durante o evento que estudantes de jornalismo da instituição procurem o componente para reforçar a formação.
O evento Para o presidente da ABI, Ernesto Marques, o objetivo do encontro dentro da programação do aniversário foi o de combater a desinformação e reduzir, tanto quanto possível, “nossa ignorância” sobre o assunto. “Essa casa está reivindicando seu lugar óbvio de grande guarda-chuva de empresários, dirigentes e profissionais que precisam descobrir a importância desse espaço, sem assombro, para debater e entender o que nos distancia, mas também o que nos aproxima”, avaliou Ernesto.
O debate sobre direito autoral faz parte do eixo “Judicializando” que integra a celebração dos 93 anos da ABI. A programação da comemoração segue até o dia 16 de setembro, com encontros semanais no Auditório Samuel Celestino, no terraço do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, na Praça da Sé.
Com temas estratégicos divididos nos eixos “Memória e reconhecimento”, “Judicializando”, “Formação” e “Cultura, democracia e diversidade”, a ABI traz reflexões sobre o presente e o futuro da comunicação baiana.
O evento conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.
Como forma de reconhecimento do papel da imprensa na sociedade baiana, a programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.
Hoje, o evento debateu também o assédio judicial praticado contra jornalistas e finalizou com a inauguração de uma obra do artista visual Cau Gomez, pela passagem dos 141 anos da morte do advogado e abolicionista Luiz Gama.