Notícias

Três jornalistas baianos lançam livros sob o selo ALBA Cultural

Nesta terça-feira, dia 20, às 16h30, a Assembleia Legislativa da Bahia — ALBA, no CAB, promove o lançamento simultâneo de três livros editados por meio do projeto ALBA Cultural. As obras — “O Andarilho da Cidade da Bahia”, de Tasso Franco; “Personagens de Ipiaú”, de José Américo Castro; e “Museu do Chico”, de Chico Ribeiro Neto — formam um painel de crônicas, prosas e memórias que atravessam Salvador e o interior do estado.

“A cerimônia marca não apenas a publicação dos títulos, mas a entrega pública de narrativas costuradas ao longo de décadas pelos três autores com forte presença no jornalismo da Bahia. São três nome de escol do nosso melhor jornalismo, donos de uma prosa originalíssima”, diz o coordenador editorial e chefe da Assessoria de Comunicação da ALBA, Paulo Bina, que conta com a assistência de Idalina Vilas Boas e Alexsandro Mateus.

O prefácio da obra é assinado por Elieser Cesar, também jornalista. As ilustrações são de Borega; Bira Paim assina o design e a diagramação. O projeto gráfico e a capa do livro de Tasso Franco são de Tasso Filho e Vitória Giovanini.

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Notícias

Facom celebra 30 anos de Jornalismo Digital com seminário e minicursos

Nos dias 21 a 23 de maio, a Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) vai comemorar os 30 anos de Jornalismo Digital no Brasil com o Seminário GJOL. Composto por palestras, apresentações de trabalhos e minicursos, o evento apoiado pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) vai reunir pesquisadores, estudantes e profissionais da área em modalidade semipresencial para refletir sobre as conquistas e os desafios futuros do jornalismo nas redes.   

O Seminário é organizado pelo Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line (GJOL) da Facom, e faz parte de uma rede de celebrações ibero-americanas, com eventos semelhantes em Portugal e na Espanha ao longo de 2025. Entre as atividades previstas, estão palestras como ”E tudo a Internet levou: memórias póstumas do jornalismo tal como o conhecemos”, do professor português João Canavilhas, e minicursos como “Práticas em Jornalismo de Dados para transformação social”, com a pesquisadora Raíza Tourinho, e “Criação de mapas jornalísticos baseados em dados geoespaciais”, com Antônio Laranjeira.

A professora Suzana Barbosa, coordenadora do GJOL e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA, explicou que pretende com esse evento não só lembrar a história do jornalismo digital no Brasil, mas celebrar o campo de estudos que se organizou ao redor dele. “Com a realização desse evento, queremos fazer com que esteja marcada esse efeméride dos 30 anos, mas também dar significado a um campo de estudos que se desenvolveu bastante nessas três décadas e, principalmente, a partir desse nosso lugar, com o GJOL tendo sido um dos grupos pioneiros no Brasil”, disse ela. 

As inscrições para ouvintes estão abertas até o dia 21 de maio, e as inscrições para cada oficina são feitas de forma separada até hoje (16/05). Os pesquisadores que desejarem expor seus trabalhos no evento terão direito a escolher um minicurso sem valor adicional e poderão submeter suas publicações também até 16/05. A programação completa e a submissão das inscrições estão disponíveis na plataforma Even3, pelo endereço: even3.com.br/seminario-gjol/

Além da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), apoiam o evento a Associação de Jornalismo Digital (AJOR), a MOMENTUM Journalism & Tech Task Force, a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), o Sindicato dos Servidores da Fazenda da Bahia (Sindsefaz), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB-BA), e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)

GJOL

Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Póscom) da Facom, o Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-Line desenvolve pesquisas no campo do Jornalismo em Redes Digitais e das Novas Tecnologias de Comunicação desde 1995. Criado pelos Professores Elias Machado (hoje na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC) e Marcos Palacios (Coordenador Emérito / Consultor Sênior), o GJOL é hoje coordenado pela Professora Suzana Barbosa (UFBA). Aborda temas relacionados às inovações no jornalismo, jornalismo digital e intersecções com aspectos da comunicação e da cultura digital.

SERVIÇO

Seminário GJOL – 30 anos de Jornalismo Digital

21 a 23 de maio de 2025

Na Faculdade de Comunicação (Facom) da UFBA, Salvador, Bahia

Modalidade semipresencial

Mais informações: [email protected] 

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ABI BAHIANA

Vladimir Bomfim acalenta o auditório da ABI com recital intimista de violão

No auditório lotado, era possível ouvir o ranger de uma cadeira, o farfalhar de um papel ou o rufar de um tambor distante como se estivesse aqui, ao pé do ouvido. Esse foi o silêncio comandado pelas notas – e o espaço entre as notas – do violão de Vladimir Bomfim. O músico premiado internacionalmente fez sua estreia na Série Lunar, projeto de concertos mensais da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), nesta última quarta-feira (14). Com os tambores do Pelourinho ao fundo, na penumbra do auditório Samuel Celestino, Vladimir levou a plateia por uma viagem musical à sua juventude no Centro de Salvador.  

O programa do recital passou por nomes da música erudita para violão entre Espanha e Brasil, como Francisco Tarrega, Heitor Villa-Lobos e Baden Powell. Nativo de Salvador, de onde partiu para fazer sucesso na França e no mundo, Vladimir explicou o pensamento por trás da seleção de músicas: ao ser convidado para tocar na Série Lunar, lembrou-se de quando comprava discos de vinil na Praça da Sé, bem ao lado da sede da ABI, ainda adolescente. E decidiu elaborar o recital a partir dessa memória:   

“Essa região aqui tem uma ligação muito grande com os meus primeiros discos comprados de violão. […] Fiz questão de colocar no programa alguns deles, coisas diversas de música latino-americana, espanhola, que eu estava escutando na época que eu frequentava muito aqui a Praça da Sé”, contou o músico. 

No auditório podia-se ver desde o público usual da Série Lunar até ex-professores e alunos de Vladimir – e, ainda mais crucialmente, sua mãe. Homenageada pelo violonista, que agradeceu a oportunidade de ver sua genitora na plateia após muitas apresentações no exterior, Wanda Bomfim lembrou de quando começava a ensinar violão ao seu filho aos doze anos, com resultados surpreendentes:      

“Ensinei a ele os rudimentos, os acordes de dó, os acordes de ré, e tal. Quando demorou uma semana, ele estava tocando Djavan, Raul Seixas, Chico Buarque, e eu disse: ‘Oxente, eu nem toco isso ainda!’ Me passou a perna”, brincou a mãe do violonista.

Já a coordenadora da Série Lunar, Amália Casal, comemorou a oportunidade de mostrar esse talento aos baianos que talvez ainda não o conheçam. “Vladimir é uma figura muito simpática, ele é acolhedor, talentosíssimo e empenhado. É tanto o que ele faz e que se empenha e já mostrou ao mundo, que de qualquer maneira vale a pena a gente levar esse baiano ao conhecimento dos que não conhecem”, disse.

Outra voz elogiosa veio do jornalista e agitador cultural Clarindo Silva, talvez o espectador mais assíduo da Série Lunar. Clarindo parabenizou não só a habilidade musical de Vladimir como seu papel em trazer público ao Centro Histórico, junto à ABI. “A maneira como esse cidadão dialoga com o violão é algo que emociona e toca profundamente. Quero lhe parabenizar porque quando você faz um evento desse, quando a minha ABI faz um evento que traz uma plateia com essa qualidade, fortalece a nossa luta pela revitalização do Centro Histórico”, disse ao músico. 

Apoio

Em meio às dificuldades financeiras da ABI, a Série Lunar esteve sob risco de ser cancelada em 2024, mas sua coordenadora Amália Casal mobilizou o apoio de empresas e instituições comprometidas com cultura e educação na Bahia, a fim de manter essa ideia de pé. “Desta vez quem está patrocinando é a ACBEU. Então eu me sinto na obrigação, quase até por dever de agradecimento, de mostrar que eles são muito mais do que uma escola de idiomas, e mostrar o quanto eles trabalham o desenvolvimento social da Bahia através de projetos e soluções educacionais”, agradeceu Amália.

“É a primeira vez que eu vejo ele tocar presencialmente, e eu tô achando incrível. Eu já sabia que ele era muito talentoso, mas vendo com meus próprios olhos e ouvindo com meus próprios ouvidos, estou impressionada e impactada.

Maria Eduarda Freire, advogada

“Que bom que tem uma ABI para nos apresentar a esses talentos como o de Vladimir. Ele tem uma leveza para tocar naquelas cordas, uma sensibilidade impressionante. Eu vou sair daqui hoje completamente embevecida com a beleza dos acordes. Que a ABI continue com esse projeto e não pare nunca”

Maria de Lurdes Araújo, advogada

“Sou aluno do Professor Vladimir na EMUS. Ver como ele tocou hoje, como se pode dizer, mais polido, é totalmente diferente do que em sala, por exemplo. É realmente uma certa maestria“

Pierre Sanches, estudante
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ABI BAHIANA

13 de maio e o dia seguinte: Conferência na ABI expõe retrato da Bahia que o Brasil insiste em não ver

Nesta terça-feira (14), a sede da Associação Bahiana de Imprensa realizou a terceira conferência do ciclo ABI 95+5, que celebra os 95 anos da entidade. O evento recebeu o economista, vereador e intelectual negro Silvio Humberto para um mergulho nas camadas profundas do Brasil pós-abolição — ou, como prefere nomear, do 14 de maio — para revelar as estratégias silenciosas que sustentaram o racismo estrutural no país.

Autor do recém-lançado livro Um Retrato Fiel da Bahia: sociedade, racismo e economia — fruto de sua tese de doutorado defendida em 2004 na Unicamp —, Silvio propôs uma análise que vai além do fim jurídico da escravidão. “A abolição não significou o fim das relações raciais; ela apenas mudou os códigos pelos quais elas se manifestavam. Se antes o racismo era estruturado pela escravidão, depois ele se disfarçou de mito da democracia racial”, afirmou.

Em uma sala repleta de jornalistas, Silvio Humberto expôs como o Brasil — e particularmente a Bahia — redesenhou seu modelo econômico sem jamais incluir de fato a população negra liberta. “O racismo, além de violento e desumano, é burro. Ele atrasa a economia, impede o desenvolvimento e marginaliza uma maioria sob a justificativa de uma suposta inaptidão para o trabalho livre”, destacou, evocando análises de Celso Furtado, por exemplo.

Pigmentocracia

Entre dados históricos, relatos pessoais e referências acadêmicas, Silvio trouxe à tona o conceito de pigmentocracia: um sistema de hierarquia social determinado pelo tom da pele. “Na Bahia, quanto mais claro você for, maiores são suas chances de ascensão. A cor da pele continua sendo critério de mobilidade social”, sentenciou, destacando como essa lógica persiste mesmo em setores modernos como o polo tecnológico que se instala no estado.

Ao relembrar que o 13 de maio de 1888 é, em verdade, um marco inconcluso, o economista propôs uma mudança de lente: “Nos ensinaram a celebrar o fim, mas o que precisamos é refletir sobre o que começou no dia seguinte — o 14 de maio, quando o Estado e as elites reorganizaram o trabalho e o poder mantendo os negros à margem”.

Citando exemplos do cotidiano, desde o transporte público até o mercado de trabalho e o ensino superior, o vereador traçou o que chamou de “círculo vicioso da pobreza racializada”, reforçado por uma elite que “prefere atrasar a Bahia a ver o povo negro progredir”.

Imprensa antirracista

Durante a conferência, Silvio também destacou a interface entre a imprensa e a luta antirracista. “A imprensa precisa não só dar visibilidade à causa, mas combater as fake news históricas que sustentam a negação do racismo. A imprensa tem esse papel de, não só comunicar, mas também formar as pessoas, contribuir na formação cidadã. O enfrentamento ao racismo precisa ser coletivo”, disse, ao elogiar o esforço da ABI em incorporar o debate racial à sua agenda permanente.

Ernesto Marques, presidente da ABI, reforçou que cobrir racismo não deve ser tratado como uma editoria ou recorte eventual: “Não basta criar uma comissão de jornalistas negros na ABI. A luta antirracista precisa estar no centro da política editorial das redações”, afirmou, apoiado pelos demais diretores presentes.

Da dor à potência

No decorrer de sua fala, Silvio confrontou ainda o mito de Salvador como Roma Negra, lembrando que a cidade nunca elegeu um prefeito negro. “Somos a maioria, mas não estamos nos lugares de poder. Isso não é acaso, é projeto”, afirmou, numa crítica direta ao modelo excludente que ainda rege as estruturas políticas e econômicas do estado.

Apesar do diagnóstico duro, Silvio Humberto encerrou sua fala com esperança. Para ele, a resistência cultural e a inventividade negra seguem vivas e são motor de transformação. “A Bahia é singular e plural. Nossa ancestralidade é força e não obstáculo. Mas é preciso virar a chave, integrar a maioria, democratizar o Estado e reconfigurar as prioridades de investimento”.

A conferência, que será transcrita quase integralmente na próxima edição da revista Memória da Imprensa, contou com um público formado por jornalistas como Jairo Costa Júnior, Donaldson Gomes, Edson Rodrigues, Pablo Reis, Osvaldo Lyra e Fernando Sodake, além da chefe de gabinete do vereador Silvio Humberto, Silmar Carmo, em um debate profundo, necessário e incômodo — como devem ser as conversas que querem mudar o mundo.

“Na Bahia, quanto mais claro você for, maiores são suas chances de ascensão. A cor da pele continua sendo critério de mobilidade social.” — Silvio Humberto

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