A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) realizou, nesta quarta-feira (8), a primeira Reunião Ordinária da nova diretoria e recebeu representantes da Coalizão Marcha da Consciência Negra Zumbi – Dandara dos Palmares, para a assinatura do termo de parceria voltado à divulgação da 46ª edição da Marcha da Consciência Negra, que acontece no próximo 20 de novembro, em Salvador.
O encontro, realizado na sede da ABI, na Praça da Sé, marcou o início oficial da colaboração entre as entidades, com o objetivo de ampliar as ações de comunicação e mobilização em torno do ato, que celebra o Dia Nacional da Consciência Negra e reafirma a luta histórica contra o racismo e todas as formas de discriminação.
O diálogo entre a ABI e a Coalizão foi iniciado em julho deste ano, mas precisou aguardar a conclusão do processo eleitoral da entidade e a posse da nova diretoria. Agora, a parceria se consolida com o compromisso de desenvolver estratégias conjuntas de divulgação, garantindo maior visibilidade às atividades que antecedem e compõem a Marcha.
Para a presidente da ABI, Suely Temporal, a assinatura do termo representa o alinhamento da Associação com causas sociais urgentes e estruturantes. “É motivo de grande satisfação firmar essa parceria. A ABI tem buscado, nos últimos anos, fortalecer sua atuação em defesa da igualdade racial e da valorização das vozes negras”, destacou a dirigente, primeira mulher a presidir a instituição de 95 anos.
A presidente citou ações momentos importantes em que a ABI reafirmou seu papel na construção de uma imprensa antirracista, como o evento Vozes da Negritude, que abriu espaço para reflexões fundamentais sobre o papel da imprensa no combate ao racismo. “Apoiamos iniciativas culturais e educativas voltadas à promoção da diversidade, publicamos edições especiais da Revista Memória da Imprensa destacando personalidades e pautas que ajudam a reconstruir a narrativa histórica sob uma perspectiva mais inclusiva. Agora, unir forças com a Coalizão e com a Marcha é reafirmar o compromisso da ABI com a democracia, os direitos humanos e a justiça social. Estamos muito felizes em contribuir para que essa mobilização continue crescendo e ecoando por toda Salvador”, afirmou.
O coordenador da Conen/Coalizão, Gilberto Leal, destacou o simbolismo da parceria e o papel da ABI na amplificação da mensagem da Marcha. “Essa parceria institucional com a ABI para divulgação da Marcha traduz todo o significado simbólico da nossa luta antirracista, por uma sociedade com justiça social plena e que combata todas as formas de racismo”, declarou ele, acompanhado pela gestora de Marketing da Conen, Diulice Vitório.
No final de setembro, membros da Coalizão estiveram da ABI para discutir ações conjuntas de comunicação, produção de conteúdos informativos e estratégias para ampliar o engajamento da imprensa na cobertura do movimento, que há mais de quatro décadas ocupa as ruas de Salvador em defesa da equidade racial e do reconhecimento das contribuições do povo negro à história e à cultura brasileira.
Estão abertas as inscrições para o 1° Prêmio de Jornalismo: “Narrativas que Salvam”. A iniciativa é da Coordenadoria das Mulheres, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA), com o objetivo de premiar reportagens que posicionaram e promoveram a reflexão em torno da igualdade de gênero, exibidas dentre janeiro de 2024 e setembro de 2025. As inscrições seguem até o próximo dia 03 de novembro.
O concurso integra a 31ª Semana da Justiça pela Paz em Casa, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com objetivo de valorizar produções jornalísticas que contribuem para a prevenção e o enfrentamento da violência doméstica e do feminicídio, reconhecendo o papel fundamental da comunicação na promoção dos direitos humanos, na sensibilização da sociedade e no fortalecimento de políticas públicas de proteção às mulheres.
De acordo com a organização, o Prêmio de Jornalismo “Narrativas que Salvam” vem da necessidade de reconhecer e valorizar a força do jornalismo como “salva-vidas”, ferramenta de transformação social diante de um dos maiores danos desta realidade: a violência doméstica e o feminicídio.
Em uma realidade onde milhares de mulheres ainda vivem sob o medo, as ameaças e o silenciamento, o jornalismo tem como seu maior poder romper barreiras, dando visibilidade às vítimas e mobilizando a sociedade para a construção de uma realidade melhor, onde haja cultura de respeito, igualdade e proteção à vida. Cada reportagem, notícia, investigação ou narrativa que denuncia informa e conscientiza, não apenas descreve um problema.
Objetivo do prêmio
O Prêmio de Jornalismo “Narrativas que Salvam” tem como objetivo reconhecer jornalistas que, com coragem e ética, enfrentam o silêncio em torno da violência de gênero. Esta iniciativa busca dar visibilidade a narrativas que denunciam abusos, mas também apresentam caminhos de acolhimento e prevenção, fortalecendo o papel social do jornalismo na luta contra o feminicídio.
Além disso, pretende ampliar a consciência coletiva e inspirar a criação de políticas públicas que promovam a proteção das mulheres. O prêmio valoriza a informação como instrumento de resistência e sobrevivência, capaz de empoderar mulheres e transformar comunidades inteiras.
Esta edição traz para o debate o tema “Narrativas que salvam. O papel da mídia no enfrentamento à violência doméstica”. Jornalistas e estudantes de jornalismo devem acessar o portal: www.tjba.jus.br ou coordenadoriadamulher.tjba.jus.br e clicar no banner do concurso “Narrativas que Salvam”.
A divulgação dos finalistas vai ser publicada no dia 11 de novembro e a Cerimônia de premiação será no dia 24 de novembro.
Confira o “Protocolo Antifeminicídio – Guia de Boas Práticas para a Cobertura Jornalística”, lançado pela ABI em abril 2024.
*Catarina Gramosa estagiária de Comunicação da ABI Edição: Joseanne Guedes
Quando memória e jornalismo se encontram, nascem obras que resgatam o passado e reorganizam o presente. É o que propõe A saga dos sírios e libaneses no sudeste da Bahia, o mais recente livro do jornalista e escritor Wilson Midlej, um trabalho que mistura apuro documental, narrativas de família e o cuidado literário de quem passou a vida garimpando histórias. A obra, que será lançada no próximo dia 17 de outubro, às 17h, na Livraria LDM do Shopping Bela Vista, em Salvador, recupera histórias de famílias que, vindas do Oriente Médio no início do século XX, ajudaram a construir a identidade social e econômica de municípios da microrregião.
O livro, fruto de pesquisas iniciadas em 2019 e revisado com rigor técnico, percorre a trajetória de famílias como Hagge, Maron, Midlej, Salomão e Thiara, imigrantes do fim do século XIX e início do XX que se instalaram em municípios da microrregião do sudeste baiano, entre sertões, rios e pequenas cidades. Midlej não se limita a levantar fatos; busca contar “como” essas vidas se entrelaçaram com a terra, o trabalho e as tradições locais, as vitórias e os ruídos, os amores e as perdas.
O autor traz ao livro uma história pessoal que explica parte de sua dedicação ao tema. “Exatamente em razão de minhas origens. Meu avô materno é libanês, natural da cidade de Kaituly e minha avó é egípcia, nascida em Alexandria”, conta ele, explicando que as memórias domésticas – os sabores, falares, encontros familiares – foram o gatilho para a investigação.
De repórter esportivo em 1969 a chefe de sucursal e editor, a trajetória profissional de Midlej é longa e diversa. Nascido na Ponta do Humaitá, em Salvador (4 de dezembro de 1945), estudou em escolas públicas e concluiu o bacharelado em Direito em Jequié (BA), cidade onde reside há 14 anos e preside o Instituto Pensar Jequié. Ele integra a Assembleia Geral da Associação Bahiana de Imprensa e já trabalhou em veículos como A Tarde e Correio da Bahia, dirigiu a extinta revista Bahia em Foco e assinou livros de crônicas, contos e um romance histórico antes deste volume. Entre suas obras já publicadas estão “Crônicas da Bahia sob o sol de Jequié” (2014), “Gatilhos de lembranças – A eternidade do tempo” (2015) e “Anésia Cauaçu – Lendas e histórias do sertão de Jequié” (2017).
Entre dados e relatos
O processo de pesquisa, conta Midlej, não foi simples. “Penoso. As famílias já se encontram na terceira ou quarta geração. Os imigrantes ou descendentes diretos, em primeiro grau, já haviam falecido ou já se encontravam em idades provectas, o que dificultava as lembranças de fatos, nomes, datas…”, lembra o autor, que recorreu a cruzamentos entre relatos orais, fotos antigas, memórias de contemporâneos e registros cartoriais (o chamado “modelo 19”), documento de controle de estrangeiros que ajudou a ancorar datas e locais.
A pandemia impôs outra barreira: viagens e entrevistas foram interrompidas entre 2020 e início de 2021, exigindo do autor paciência e reorganização do calendário de trabalho. Ainda assim, a interrupção não desfez sua convicção. “Ao cessar as atividades profissionais, em 2014, em pleno ócio criativo, segui a ordem cronológica ao escrever sobre o tema; em 2019, tomei a decisão de dar início às pesquisas que dariam subsídios autênticos para a elaboração do roteiro do livro”, disse Midlej, descrevendo um movimento que foi de anotações íntimas à investigação sistemática.
Mito e realidade
Entre os achados mais pungentes, estão as histórias que desafiam versões repetidas pela memória coletiva. Midlej relata que, ao reorganizar narrativas, pôde “separar mito e realidade”, e destaca o romance entre José Hagge e Lindaura Vieira como um exemplo de amor que rompeu tradições e gerou prosperidade concreta. “Construíram, juntos, a partir de uma pequena roça de cacau, um verdadeiro império, com respeitável produção de 50 mil arroubas de cacau/ano”, relata.
O equilíbrio entre rigor acadêmico e narrativa agradável foi uma das preocupações do autor. A obra contou com revisão técnica de Jussara Midlej e edição do professor Sérgio Mattos, que também assina o prefácio. Midlej ressalta que seu objetivo principal foi contar histórias humanas de maneira fiel e documentada.
No plano historiográfico, o escritor observa que seu trabalho não disputa o lugar de Jorge Amado, que, com talento ficcional, já retratou a presença árabe no Sul da Bahia, mas oferece algo complementar: um inventário mais documental, de acesso facilitado para pesquisadores que queiram trabalhar memória, migrações e economia regional. “A narrativa do Amado se atinha aos aspectos ficcionais. Agora, a identidade dos imigrantes, suas dores, seus amores e pleno sucesso financeiro, pretenderam ser registrados neste trabalho”, explica.
O lançamento do livro assume também uma carga afetiva. Para Midlej, cada nova obra representa uma “estreia”, a chance de ser lida, contestada, acolhida. “Um lançamento é sempre um sinal de nova estreia, de expectativa de obtenção de aprovação, de acolhimento”, afirma o autor, que vê no título uma homenagem à coragem de homens e mulheres que buscaram paz e prosperidade fora de suas terras natais.
“A saga dos sírios e libaneses no sudeste da Bahia” chega, portanto, como um esforço de resgate memorial e como instrumento para futuros estudos sobre imigração e identidade regional. Para leitores interessados em genealogia, história local, economia do cacau e do café, ou simplesmente em boas histórias de vida, o livro oferece tanto dados quanto relatos que nutrem a imaginação e a pesquisa.
Assim como ocorreu no lançamento em Jequié, em agosto, na sessão de autógrafos de Salvador, Midlej espera ver reunidos jornalistas, historiadores, representantes da comunidade sírio-libanesa e o público que acompanha sua trajetória, em uma noite de celebração de memória que materializa o que ele sempre fez: transformar vidas em palavras e, com isso, preservar parte fundamental da história da Bahia.
SERVIÇO
Lançamento:“A saga dos sírios e libaneses no sudeste da Bahia”, de Wilson Midlej Data: 17 de outubro (sexta-feira) Hora: 17h Local: Livraria LDM do Shopping Bela Vista (L2 – Asa Sul), Alameda Euvaldo Luz, 92 – Horto Bela Vista, Salvador-BA
A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), em parceria com a Galvani, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), anunciou a prorrogação do prazo de inscrições para o Prêmio de Jornalismo Mineração & Sustentabilidade 2025. Os profissionais da imprensa que desejam participar agora têm até o dia 15 de outubro para inscrever suas produções, ampliando o período originalmente previsto para o fim de setembro.
Voltada a jornalistas de todo o país, a premiação tem como objetivo valorizar trabalhos que abordem de forma responsável, inovadora e inspiradora os desafios e soluções da mineração sustentável, com atenção especial ao contexto baiano.
Podem concorrer reportagens veiculadas em jornais, revistas, sites, blogs, rádios, podcasts, televisões, plataformas digitais e também produções fotográficas publicadas entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2025.
Com um montante total de R$ 54 mil em prêmios, a iniciativa contempla seis categorias, entre elas a de Produção Nacional sobre Mineração e Sustentabilidade no Território Baiano, que busca dar maior visibilidade aos trabalhos jornalísticos que destacam a relevância da atividade no estado. Os vencedores serão conhecidos no dia 29 de outubro, durante a EXPOSIBRAM 2025.
Ao prorrogar as inscrições, os organizadores reforçam o compromisso de ampliar a participação da categoria e estimular uma cobertura jornalística de qualidade, capaz de fomentar o debate público sobre mineração e sustentabilidade.