ABI BAHIANA Notícias

Assembleia Geral da ABI faz balanço anual de atividades

Em meio às comemorações dos seus 93 anos, a Associação Bahiana de Imprensa realizou atividades estatutárias nesta quinta-feira, 31. Logo após a Reunião Ordinária da Diretoria Executiva, a instituição iniciou a Assembleia Geral Ordinária de 2023, convocada no Edital publicado no último dia 21.

A sessão ocorreu no Auditório Samuel Celestino, no oitavo andar do edifício-sede da entidade, na Praça da Sé, Centro Histórico de Salvador. Os associados puderam participar da atividade nas modalidades presencial e online. 

A AGO teve como pontos de pauta o Relatório de Atividades da Diretoria Executiva e o parecer do Conselho Fiscal sobre as demonstrações financeiras do exercício 2022/2023. Por unanimidade, as contas da instituição foram aprovadas.

O presidente da Assembleia Geral da ABI, Walter Pinheiro, ressaltou o engajamento do público durante a AGO e parabenizou a equipe pelos recursos utilizados, além do espaço escolhido para a reunião.

“Houve algo que precisamos destacar: a ampliação de participação dos associados, seja através do sistema online, seja aqui nesse auditório. É fundamental o envolvimento dos membros para fortalecermos essa entidade quase centenária”, reforça o dirigente do órgão deliberativo.

“É a primeira vez que a Assembleia Geral se realiza nesse espaço. Tivemos também inovação ao usar o audiovisual para apresentação das atividades e dos números correspondentes ao período de julho de 2022 a junho de 2023”, observou Pinheiro. 

Foto: Catharine Ferreira

O presidente da ABI, Ernesto Marques, apresentou o relatório financeiro e explicou todos os investimentos realizados pela gestão, principalmente nas adequações do Edifício Ranulfo Oliveira, para atender às normas de segurança e acessibilidade. “Sistematizar as ações realizadas é sempre oportunidade de refletir sobre resultados efetivos para planejar o futuro”. O dirigente também salientou a importância da participação dos profissionais de imprensa e da sociedade na vida da mais tradicional instituição de comunicação na Bahia.

Luis Guilherme Pontes Tavares, 1º vice-presidente da ABI, incentivou a diretoria executiva a se envolver cada vez mais nas atividades. O jornalista aproveitou para parabenizar o presidente da instituição por todas as articulações direcionadas para o fortalecimento da entidade.

À frente da Diretoria de Finanças, o jornalista Antônio Matos salientou o aprimoramento do setor desde a época dos ex-presidentes Samuel Celestino e Walter Pinheiro. “No mandato de Ernesto, se intensificaram os investimentos no patrimônio, englobando as instalações hidráulicas e elétricas, assim como o crescimento do número de associados e a modernização de uma forma geral.”

A vice-diretora de Finanças, Sara Barnuevo, elogiou o trabalho realizado pela Secretaria da ABI, composta pela 1ª secretária Amália Casal, pelo 2º secretário Jorge Ramos e a assistente Mariléa Cruz. 

Para o diretor Social, Nelson José de Carvalho, os relatórios foram elaborados atenciosamente e apresentados com muita clareza. “A transparência com que foi apresentada a dissertação das receitas e das despesas não deixa nenhuma dúvida”, pontuou.

Congratulação

A maioridade da BandNews FM foi registrada por Ernesto Marques durante a sessão, que aprovou uma moção de congratulações ao veículo. “Aproveito para saudar os nossos colegas, profissionais do Grupo Bandeirantes, e toda a direção da empresa. Deixo os nossos votos de congratulações e a nossa alegria pelos 18 anos de uma marca tão importante para o jornalismo brasileiro, como é a BandNews”, celebrou.

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ABI BAHIANA

Lançamento de livro de Jolivaldo Freitas reúne gerações do jornalismo baiano

Uma noite de casa cheia encerrou o segundo dia da programação de aniversário da Associação Bahiana de Imprensa. O novo romance do jornalista e escritor Jolivaldo Freitas foi responsável por promover, nesta quinta-feira, um verdadeiro encontro de gerações do jornalismo na Bahia.

O lançamento da obra “A Peleja dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás” integrou o ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” e levou centenas de pessoas ao auditório da instituição, na Praça da Sé. Nomes como Zé Raimundo, Marcelo Gentil, Genildo Lawinscky, Chico Araújo e Anna Valéria prestigiaram o colega e interagiram com jovens profissionais e estudantes de Comunicação.

Foto: Júlia Lima

O livro coloca ficção e realidade na mesma trilha, para contar a saga dos Zuavos Baianos, um batalhão de soldados negros e mestiços que lutou na Guerra do Paraguai. A obra foi editada pela Fundação Pedro Calmon, unidade da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, dentro da programação dos 188 anos da Revolta dos Malês e dos 200 anos da Independência da Bahia.

De acordo com Jolivaldo Freitas, que é membro do Conselho Consultivo da ABI, os Zuavos Baianos foi um batalhão de soldados negros e mestiços que se alistou nos Voluntários da Pátria e lutou na Guerra do Paraguai, conflito que ocorreu entre os anos de 1864 e 1870. A guerra envolveu o Paraguai e uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai.

O termo “zuavo” deriva das unidades de infantaria ligeira do exército francês, caracterizadas pelo uso de uniformes exóticos e coloridos, inspirados nas vestimentas dos soldados norte da África e do Oriente Médio. No caso dos Zuavos Baianos, eles adotaram esse nome em referência aos zuavos franceses, mas adaptaram seus uniformes ao contexto e clima do Brasil. O batalhão Zuavos Baianos se formou com negros livres e escravizados.

A trama, embora mergulhada na realidade histórica, ganha toques de fantasia que envolvem o leitor em uma narrativa cheia de reviravoltas. O autor entrelaça a história com elementos mágicos e mitológicos. Ao tratar de temas como identidade, liberdade, coragem e resistência, o romance se torna uma reflexão profunda sobre a luta dos afrodescendentes na busca por seus direitos e reconhecimento em uma sociedade historicamente marcada por desigualdades.

Noite de autógrafos

“Foi uma noite muito agradável. Fiquei surpreso com o número de pessoas, por se tratar de uma quinta-feira. Ter feito na ABI foi muito importante, muito representativo. Ainda mais nesses 93 anos da  instituição que tem a maior importância para a expressão cultural, artística e intelectual da Bahia”, destacou Jolivaldo Freitas.

Foto: Júlia Lima

Jolivaldo agradeceu a presença dos amigos e leitores. “Foi muito bom receber os amigos, os meus leitores ou o pessoal que ainda não me conhecia pessoalmente, me acompanhava pela rádio, pelos meus comentários. Foi gratificante”, completou o escritor. Ele chegou a se queixar do cansaço e até disse que este seria seu último evento de lançamento. Mas é claro que ninguém acreditou. Daqui a pouco ele aparece com mais uma publicação saltando do prelo…

O ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

A programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.

Entre os diretores da ABI presentes no lançamento estão o presidente Ernesto Marques, ao lado de sua esposa, a pedagoga Cybele Amado; o 1º vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares; a 1ª secretária Amália Casal; o 2º secretário Jorge Ramos; e o diretor de Cultura, Nelson Cadena. Também esteve presente o advogado Antônio Calmon Teixeira, sócio honorário da instituição.

Confira as impressões de quem esteve ontem:

Foto: Júlia Lima

Jolivaldo sempre surpreendendo, né? Ninguém melhor do que ele para descobrir essas relíquias da nossa história, da nossa existência como baianos. Sucesso garantido, não tenho a menor dúvida.

Zé Raimundo, jornalista

Jolivaldo que é um cronista especial da vida da Bahia.

Alberto Oliveira, jornalista e escritor
Foto: Júlia Lima

Antes de ser um grande escritor, uma fábrica de livros, ele é um grande amigo e eu não poderia deixar de prestigiá-lo. Ainda não li, mas tenho certeza de que vai ser uma boa leitura porque tudo o que vem de Jolivaldo vem da alma. 

Anna Valéria, jornalista

Desde a chegada já tive boas surpresas, começando pela exposição Ginga Nagô, do fotojornalista Anízio Carvalho, que é uma coisa maravilhosa, sensacional. A gente consegue reviver muita coisa da história de Salvador.

Genildo Lawinscky, jornalsta

Eu acompanhei a carreira dele como jornalista e também como um escritor. Tenho participado de outros lançamentos. É uma experiência incrível, especialmente aqui na ABI, localizada no coração da cidade, com uma vista maravilhosa.

Chico Araújo, jornalista e professor universitário

Ele trouxe uma temática quase desconhecida para os baianos e para os brasileiros. É um escritor que se expressa bem naquilo que diz e faz.

Amália Casal, jornalista, 1ª secretária da ABI

Confira os próximos eventos do calendário comemorativo:

  • 06/set

8h30 – Recepção aos convidados e público

EIXO 3 – FORMAÇÃO

9h às 9h40 – Painel 1: PEC diploma – a falta que ele faz: o que mudou no mundo dos jornalistas desde 2009

>> Samira de Castro, presidente da Fenaj
>> Talyta Singer, professora do curso de Jornalismo na Unijorge

11h30-13h – Painel 2: Empreendendo na comunicação: MEI e outras possibilidades

>> Suely Temporal, jornalista, sócia da ATCom
>> Karine Oliveira, afroempreendedora, CEO da Wakanda Educação
>> Cláudio Patterson, gestor de Atendimento e Orientação Técnica do Sebrae

  • 13/set

Ciclo Temas Diversos
11h30 – Painel: Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados
>> Yuri Almeida, jornalista e pesquisador, mestre em Comunicação

  • 16/set

9h – recepção aos convidados e público

EIXO 4 – Painel: Vida real no mundo digital  – Cultura, democracia e diversidade

9h30 – painel: Diversidade nas Redações. As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?

>> Danila de Jesus, jornalista, professora. Criadora do Guia Diversidade nas Redações
>> Jorge Gauthier, jornalista, criador do primeiro canal LGBTQIA+ do Correio
>> Matheus Lens, estudante de Jornalismo, criador do podcast Fala Preto

11h – Painel: O PL das Fake News ameaça a democracia? O que isso tem a ver com a remuneração da produção jornalística na internet?

>> Orlando Silva, deputado federal, relator do PL das Fake News
>> Ernesto Marques, presidente da ABI

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ABI BAHIANA

Jornalistas denunciam políticos e membros do Judiciário por ataques à liberdade de imprensa

Um jornalista que denuncia abusos de membros do Poder Judiciário já responde a mais de quarenta processos judiciais por conta de sua atuação profissional e segue publicando. Outro, um dos principais colunistas políticos da Bahia, resiste à tentativa de intimidação, responde a ações movidas por um senador, mas promete, com abertura de novo pleito, trocar de posição e acusá-lo por “litigância de má-fé”.  

Esses são casos reais, debatidos na Associação Bahiana de Imprensa – ABI nesta quinta-feira (24). que ilustram como jornalistas baianos têm sido levados ao banco dos réus para se defenderem e para lembrar da liberdade de imprensa. Cada um à sua maneira, eles lutam para que suas denúncias não se transformem em mais um processo arquivado. 

>> Assista ao vídeo no canal da ABI.

Causos e causas
Colunista do “A Tarde”, o jornalista Levi Vasconcelos,  no entanto, quer mais. Anunciou durante o evento que, após conclusão de ação criminal movida pelo senador Ângelo Coronel (PSD) deve abrir, em Brasília, processo contra o parlamentar. Ele, que já foi liberado de procedimento de igual teor na esfera civil, adianta: “Eu não quero dinheiro. 50% para os advogados e 50% para [as Obras Sociais] Irmã Dulce, que está precisando”. Como quem conta um dos seus causos na sua coluna diária, Levi narrou para o público como foi estar diante do juiz que lhe propôs conciliação. “Eu falei pra ele: não, a vítima aqui sou eu, eu provo o que eu publico”, lembrou. A assessoria do senador Ângelo Coronel foi procurada e não enviou posicionamento até o fechamento da reportagem. 

Nota do dia 20 de julho de 2021 de autoria de Levi que motivou ação | Reprodução A Tarde

Já o jornalista Carlos Augusto, editor e diretor do Jornal Grande Bahia, mesmo depois de uma série de processos relacionados à sua cobertura da Operação Faroeste, segue denunciando casos que envolvem políticos, membros do Judiciário e empresários da região Oeste da Bahia. Ele antecipou que no  próximo domingo (27) o jornal deve publicar reportagem que envolve corrupção de funcionários da Secretaria de Meio Ambiente e a liberação de licenciamentos ambientais na região. 

As revelações foram feitas durante o painel “Assédio judicial: situação atual na Bahia e no Brasil + como se proteger e como combater”. Vice-presidente do Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) no Nordeste, Fernanda Gama demonstrou com dados que os casos de Levi e Carlos não são isolados. Ela listou nove casos de jornalistas que são acompanhados pelo sindicato. “Em comum, todos denunciaram políticos e o Judiciário. Ou seja, é uma forma de tentar nos calar”, interpreta Fernanda. 

Judiciário precisa aprender

“Isso ofende os princípios democráticos”, resume Ernesto Marques, presidente da ABI, sobre casos de intimidação judicial que têm crescido no Brasil, inclusive com a abertura de processos em diferentes instâncias e cidades para dificultar a defesa. Carlos, que também é cientista social, acredita que o não pagamento das custas processuais e a falta de condenação de quem acusa injustamente os jornalistas são fatores que explicam o crescimento desses processos. 

O jornalista aponta que há também inaptidões “cognitiva e ética” por parte do quadro do Poder Judiciário para julgar os casos contra a imprensa.  “São leigos julgando nossos atos verbais, sem habilitação técnica para compreender como se estrutura um texto jornalístico”, argumenta Carlos. Ele conta que tem vivenciado situações de desrespeito e desconhecimento da chamada ADPF 130/2009 – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, inclusive com magistrados pedindo-lhe que revele suas fontes.

O evento

O debate de hoje faz parte do eixo “Judicializando” que integra a celebração dos 93 anos da ABI. Antes do painel sobre assédio judicial, debateu-se direito autoral (veja como foi). A programação da comemoração segue até o dia 16 de setembro, com encontros semanais no Auditório Samuel Celestino, no terraço do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, na Praça da Sé. 

Na oportunidade, a ABI lembrou os 141° anos de morte do poeta, jornalista, advogado e abolicionista Luiz Gama. Os diretores Nelson Cadena e Luis Guilherme Pontes Tavares se encarregaram do descerramento do retrato de Gama feito pelo artista visual Cau Gomez, ao lado do professor, historiador e advogado Jair Cardoso e do desembargador Lidivaldo Britto.

O ciclo “ABI, 93 anos vivendo a história do Brasil na Bahia” conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

Como forma de reconhecimento do papel da imprensa na sociedade baiana, a programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.

Confira os próximos eventos do calendário comemorativo:

06/set

8h30 – Recepção aos convidados e público

EIXO 3 – FORMAÇÃO

9h às 9h40 – Painel 1: PEC diploma – a falta que ele faz: o que mudou no mundo dos jornalistas desde 2009

>> Samira de Castro, presidente da Fenaj
>> Talyta Singer, professora do curso de Jornalismo na Unijorge

11h30-13h – Painel 2: Empreendendo na comunicação: MEI e outras possibilidades

>> Suely Temporal, jornalista, sócia da ATCom
>> Karine Oliveira, afroempreendedora, CEO da Wakanda Educação
>> Cláudio Patterson, gestor de Atendimento e Orientação Técnica do Sebrae

13/set

Ciclo Temas Diversos
11h30 – Painel: Ética em tempos de comunicação digital e inteligência de dados
>> Yuri Almeida, jornalista e pesquisador, mestre em Comunicação

16/set

9h – recepção aos convidados e público

EIXO 4 – Painel: Vida real no mundo digital  – Cultura, democracia e diversidade

9h30 – painel: Diversidade nas Redações. As redações refletem o perfil da sociedade? Como abordar as diferenças sem estigmatizar?

>> Danila de Jesus, jornalista, professora. Criadora do Guia Diversidade nas Redações
>> Jorge Gauthier, jornalista, criador do primeiro canal LGBTQIA+ do Correio
>> Matheus Lens, estudante de Jornalismo, criador do podcast Fala Preto

11h – Painel: O PL das Fake News ameaça a democracia? O que isso tem a ver com a remuneração da produção jornalística na internet?

>> Orlando Silva, deputado federal, relator do PL das Fake News
>> Ernesto Marques, presidente da ABI

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Debate na ABI atribui desrespeito aos direitos autorais à falta de conhecimento

A fotografia que você vê acima tem o nome, no canto inferior esquerdo, de quem a fez. Você costuma reparar? Nas redes sociais, é comum o emoji de câmera 📷 vir acompanhado da autoria. Tudo bem se não tiver o nome de uma pessoa  e no lugar aparecer apenas “Divulgação”, “Ascom” ou “Governo X”, correto? Errado. “Governo não tira foto”, adverte o advogado especialista em direito autoral – e fotógrafo – Pedro Nunes. “Se eu trabalho para o governo, a foto é pública, mas o direito autoral é meu”, complementa a fotojornalista Paula Fróes. 

Quem esteve nesta quinta-feira (24) na Associação Bahiana de imprensa para o painel “Direitos autorais na relação entre profissionais, agências/assessorias e veículos” pôde concluir que questionamentos básicos como esses (e recorrentes casos de violação de direitos autorais, principalmente de fotojornalistas), demonstram que a falta de conhecimento é o inimigo. O debate durante o evento, que integra a programação dos 93 anos da instituição, instigou a ideia de uma campanha de informação sobre o tema que já começou a ser articulada com a troca de contatos no coffee break

História roubada
O relato emocionado da fotojornalista Paula Fróes sobre ter sido vítima de plágio  precedeu a conclusão da plateia sobre a necessidade de uma campanha educativa. Tirada dos bastidores em que costuma estar nos eventos da ABI, Paula subiu ao palco e antecipou a dificuldade em mudar de posição e dividir o caso que lhe tirou o sono por alguns dias. Mesmo não tendo sido a primeira vez que teve seu direito autoral infringido.  

Na camisa preta que usou nesta manhã estava o motivo da emoção. A foto de um momento que registrou em 2010, uma criança do território quilombola Tijuaçu, Adilson, durante a entregas de cisternas em Senhor do Bonfim, região da Chapada Diamantina. A foto foi usada indevidamente por um fotógrafo nas redes sociais como se fosse feita por ele. “Descobri porque ele me seguia no Instagram, que ironia”. comenta Paula. Com uma grande rede de seguidores, o fotógrafo mentiu ao dizer que teria feito o registro durante uma festa de Yemanjá. “É uma imagem que teve a sua história roubada e isso que me dói”, relatou, emocionada, Paula. 

O especialista Pedro Nunes explica que o sentimento de Paula é um exemplo do que se chama do direito moral da produção intelectual. Que, diferentemente dos direitos patrimoniais, que podem ser licenciados ou cedidos, não são transferíveis. Ele conta que na pandemia se debruçou sobre essas e tantas outras tipificações da legislação brasileira e tem tentado descomplicá-la no perfil @direitoefotografi, onde diz fazer militância pela causa do Direito Autoral. 

Educação 

Casos como o de Paula, de plágio, são mais flagrantes, mas outras infrações cometidas contra o direito do autor viraram cotidianas, principalmente pelas redes sociais. Na plateia, o empresário e fotógrafo Lucciano Cruz dividiu com o público que chegam às dezenas os processos que move mensalmente para reivindicar direito de imagens no Brasil e no exterior. Foi ele quem sugeriu uma campanha educativa que não se restrinja às categorias da comunicação, mas que dê conta do que classifica como parte do problema social do analfabetismo digital.  “A sociedade está deixando subir para a cabeça o imediatismo digital e esquece o legado das pessoas.” 

O desconhecimento ou a ausência de má-fé, no entanto, não livra quem desrespeita o direito do autor de um processo. “É inadmissível que órgãos grandes e empresas aleguem desconhecimento”, opina Pedro. O advogado deixa claro que não se trata apenas de dinheiro e opina sobre como foi desrespeitoso veículos usarem fotos de Paula Fróes registradas dentro de hospitais no pico da pandemia sem os devidos créditos. Mesmo com a exclusividade dos registros e o perigo a que a profissional se expôs. 

Não é censura
Quem também participou do evento foi Rodrigo Moraes, advogado,  e autor do livro “Evolução da Gestão Coletiva de Direitos Autorais no Brasil: do rádio ao streaming”, fruto de sua tese de doutorado na USP. O professor fez um passeio pela história do direito autoral e detalhou como as legislações brasileira e internacional têm tentado se modernizar, especialmente na internet. Ele fez uma crítica sobre como se disseminou a ideia de acesso gratuito e irrestrito na internet nas décadas passadas, o que hoje, para ele, não passou da disseminação dos interesses de grandes corporações de tecnologia.  

“Quando se fala de direito autoral acusam de censura, mas censura é anterior ao direito de autor, não tem nada a ver. O direito autoral não é inimigo ao acesso à cultura, à educação”, resume. Ele é professor de uma disciplina optativa sobre Direito Autoral na Faculdade de Direito da UFBA e estimulou durante o evento que estudantes de jornalismo da instituição procurem o componente para reforçar a formação.  

O evento
Para o presidente da ABI, Ernesto Marques, o objetivo do encontro dentro da programação do aniversário foi o de combater a desinformação e reduzir, tanto quanto possível, “nossa ignorância” sobre o assunto. “Essa casa está reivindicando seu lugar óbvio de grande guarda-chuva de empresários, dirigentes e profissionais que precisam descobrir a importância desse espaço, sem assombro, para debater e entender o que nos distancia, mas também o que nos aproxima”, avaliou Ernesto. 

O debate sobre direito autoral faz parte do eixo “Judicializando” que integra a celebração dos 93 anos da ABI. A programação da comemoração segue até o dia 16 de setembro, com encontros semanais no Auditório Samuel Celestino, no terraço do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, na Praça da Sé. 

Com temas estratégicos divididos nos eixos “Memória e reconhecimento”, “Judicializando”, “Formação” e “Cultura, democracia e diversidade”, a ABI traz reflexões sobre o presente e o futuro da comunicação baiana.

O evento conta com a produção de estudantes vinculados à Empresa Júnior de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, a Produtora Júnior.

Como forma de reconhecimento do papel da imprensa na sociedade baiana, a programação técnico-científica e cultural tem como parceiras incentivadoras as seguintes empresas e instituições: Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Associação Baiana das Empresas de Base Florestal – ABAF, Suzano, Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás, Governo do Estado da Bahia e o portal Bahia Notícias.


VEJA A TRANSMISSÃO
Transmissão 

Hoje, o evento debateu também o assédio judicial praticado contra jornalistas e finalizou com a inauguração de uma obra do artista visual Cau Gomez, pela passagem dos 141 anos da morte do advogado e abolicionista Luiz Gama.

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