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Evento reflete sobre astronomia e o papel do jornalismo na divulgação científica

“Eu lembro muito de minha avó, que apontava as constelações que ela conhecia. Ela não tinha estudo nenhum, mas me mostrava as ‘Três Marias’ e hoje eu sei que é o Cinturão de Orion”, recorda Alessandro Oliveira. O analista de sistemas e astrônomo amador esteve na plateia da palestra ministrada, nesta quinta-feira (25), pelo educador Fernando Munaretto. O encontro intitulado “Astronomia no 3º Milênio” reuniu, no auditório da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), profissionais de diversos campos do conhecimento.

O público foi recebido pelo 1º vice-presidente da ABI, Luis Guilherme Pontes Tavares, e pela diretora Amália Casal. Não faltou espaço para discussões sobre as novas descobertas da área, as interfaces com a filosofia, estudos antropológicos, ciências naturais e impactos no meio ambiente, além de refletir acerca do papel do jornalismo na divulgação científica.

Segundo Alessandro Oliveira, o evento foi também uma oportunidade para abrir o diálogo entre estudiosos do tema e a mídia, em nível local. “Essa palestra é uma conversa direta com pessoas que estudam o tema e um link com a imprensa. A gente percebe que, quando tem uma matéria relacionada à astronomia, os jornalistas têm dificuldade de encontrar fontes”, afirmou.

Nascido em um povoado chamado Km 100, distrito de Brejões (BA), ele se acostumou a observar a beleza do céu do interior, onde a pouca iluminação artificial deixa ver o espétaculo das estrelas a olho nu, do quintal de sua casa. Foi num evento na Universidade Federal da Bahia que ele decidiu estudar o tema e hoje faz parte da Associação de Astrônomos Amadores da Bahia (AAAB), instituição presidida por Fernando Munaretto.

Além de estar à frente da AAAB, Munaretto é editor do blog O Guardador de Estrelas. Há mais de duas décadas, ele se dedica aos estudos astronômicos e ao montanhismo. O paranaense conta que se encantou pela área ao se deparar com o céu da Chapada Diamantina, em 1996, tendo adotado a Bahia. Passou, então, a fazer palestras e organizar eventos ao ar livre, que se transformaram em verdadeiras aulas. Hoje, ele segue com projetos em diversas escolas e instituições de ensino da capital e do interior baiano e do Nordeste.

Supertelescópio

A palestra abordou as principais diferenças entre o telescpópio espacial Hubble, que desde 1990 tem contribuído para importantes estudos sobre o universo, e o supertelescópio James Webb, lançado em julho deste ano, a partir da Guiana Francesa. Foram mostradas algumas imagens feitas pelo Webb e os participantes tiveram a oportunidade de discutir o potencial do instrumento ótico. De acordo com Munaretto, para além das descobertas que serão possíveis, a própria invenção do equipamento já traz avanços tecnológicos supreendentes.

Para quem se interessa pelo tema, Munaretto adverte que não faz sentido comprar equipamentos e não saber manusear. “São caros. Os de preço mais baixos não atendem”, pontua. Ele recomenda que se comece a caminhada procurando grupos de estudiosos.

A AAAB está nas redes sociais como @astronomosba e realiza todos os meses reuniões online e abertas ao público. Quem tiver interesse em ser membro/a da entidade, precisa preencher um formulário. Além de promover atividades acadêmicas e a divulgação da astronomia, a AAAB realiza projetos. “Estamos trabalhando para que, em breve, Salvador tenha um planetário, como Feira de Santana”, adianta o educador.

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