Aloísio da Franca Rocha Filho*
Palavra muda…
livre para dizer
o que quiser
a qualquer tempo
em um lugar qualquer…
esse rumor melódico-surdo na boca
é só seu…
palavra…
ouça… palavra muda… sem peso…
mas muda tem som
surdo…
enquanto muda
nada muda…
na dicção cortante
do ar ao fado
pode dar felicidade…
na dicção cortante
do ar ao fado
pode ferir de morte…
m u d a…
quando a arremetem para
teu leito branco…
aqui…ou lá…
ganhas peso
m u d a…
és então
usina de sons altissonantes…
és então
usina multiforme de sinais gravados
a arma… o ataque…
o amor… a paixão…
a liberdade… a defesa…
o fogo… o gelo…
a proteção…a salvação…
a perdição…
do homem
com as rezas ou
não da oração…
P A L A V R A
M U D A…
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“O esquecimento é um sonho”
O esquecimento é um sonho…
imprevisível nos acomete
depois…
sutil fantasiado
retorna dissimulado…
mas não esquecido.
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“Do antepasto a sobremesa…”
Do antepasto a sobremesa…
comensais fruem
suceSSo
de
tempos temerários
retroceSSo
a tinta pinga vermelho.
Não!!!
É o sangue rubro imanente
que pinta a tragédia…
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*Aloisio da Franca Rocha Filho é professor e jornalista; ex-diretor da Associação Bahiana Imprensa (ABI)
(Texto originalmente publicado na coluna de Literatura do site Bahia Notícias)