O Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo 2015 divulgou nesta segunda-feira (16) a lista dos vencedores das nove categorias desta edição. Os jornalistas baianos Juan Torres, Alexandre Lyrio e Edvan Lessa, do Correio*, levaram a categoria ‘Internet’ com a reportagem “Tempo perdido”, que aborda a vida de adolescentes que se envolvem com a criminalidade, com inspiração na música Tempo Perdido, da Banda Legião Urbana. De acordo com a organização, a escolha dos vencedores levou em conta a importância do assunto (relevância nacional ou regional), a extensão da reportagem, a qualidade da edição e o esforço despendido pelo repórter para a sua realização, assim como a repercussão e os resultados obtidos. Mais de 150 trabalhos foram inscritos e concorreram à premiação, criada em 2004 para homenagear o jornalista Arcanjo Lopes, conhecido como Tim Lopes, morto em 2002 por traficantes de drogas enquanto realizada uma reportagem numa favela do Rio de Janeiro.
O principal prêmio oferecido pelos jurados foi para a reportagem “Prefeito de Coari (AM) é acusado de abusar de meninas de 9 a 15 anos, da TV Globo – Fantástico”, que ganhou o ‘Grande Prêmio Tim Lopes’ por ter sido o trabalho que mais se destacou em todas as categorias. A reportagem foi feita pela equipe composta por Mônica Marques, Giuliana Girardi, Walter Nunes, José de Arimatea, Abiatar Arruda, Bruno Della Latta, Bruno Mauro e Claudio Gutierres. Além do prefeito de Coari, cinco servidores da prefeitura foram detidos por suspeita de participação no esquema.
“A corrida pelo ouro ameaça os Yanomami da Amazônia brasileira“, reportagem do El País feita pela repórter Talita Bedinelli e pelo fotógrafo Alex Almeida, recebeu o Prêmio na categoria Meio Ambiente. A reportagem, publicada em dezembro de 2014, relata a volta dos garimpeiros à zona da qual haviam sido expulsos no começo dos anos 90, antes da demarcação da terra indígena. Bedinelli e Almeida mostraram as consequências da mineração ilegal para os Yanomami, em área remota de Roraima. Os repórteres acompanharam uma ação da Funai que constatou o desaparecimento de um grupo de índios isolados. A reportagem também registra relatos de indígenas sendo abusadas pelos exploradores. Uma operação da Polícia Federal conseguiu flagrar 38 balsas e deter 98 garimpeiros que atuavam na região.
Na categoria Televisão, a vencedora foi a reportagem “O Mistério do Matador de Mulheres”, da Rede Record, feita por Daniel Motta, Luiz Gustavo Rocha, Lucas Wilches e Oloares Ferreira. A matéria contou a história de um matador misterioso que assustava mulheres de Goiânia e desafiava a polícia.
Na categoria Jornal Impresso, o prêmio foi para a reportagem “Os embaixadores do Narcosul”, sobre grandes organizações de tráfico de drogas na região do Mercosul, produzida pelo repórter Guilherme Amado, do Jornal Extra. O trabalho utilizou bases de dados públicas, com as informações criminais de 170 traficantes procurados nos quatro países em que o Narcosul funciona: Bolívia, Brasil, Paraguai e Peru.
A foto de Domingos Peixoto, estampada na reportagem “Crime à Liberdade de Imprensa”, do Jornal O Globo, foi a vencedora da categoria Fotografia. A imagem mostra o momento exato em que o cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, é atingido por um rojão, durante manifestação na Central do Brasil, no Rio.
Publicada no Diário de Pernambuco, a reportagem “A Sin City Pernambucana”, de Ed Wanderley, ganhou o prêmio na categoria Direitos Humanos. A matéria retrata a cidade de Verdejante, no sertão de Pernambuco, a 503 quilômetros do Recife, que tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.
Na categoria Rádio, Robson Machado de Souza, da Rádio Tupi, foi o primeiro colocado pela série de reportagens “Rosas Despedaçadas”, sobre mulheres que sobreviveram à violência dentro de casa. A novidade deste ano foi a categoria Repórter Cinematográfico e o vencedor foi Julio Aguiar, da TV Globo, pela matéria “Ladrão ataca entrevistada durante reportagem sobre roubos no Rio”.
*Com informações da Agência Brasil e do El País.