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ABI homenageia o cinquentenário da Tribuna da Bahia

Depoimentos emocionados marcaram a sessão especial em homenagem aos 50 anos do jornal Tribuna da Bahia, na manhã desta quinta-feira (31). O evento realizado pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) reuniu na sede da entidade jornalistas que passaram pelo veículo, além de profissionais ligados à área da comunicação e da cultura. Sob a mediação do professor e jornalista Sérgio Mattos, os palestrantes convidados Sérgio Gomes, Tasso Franco, Emiliano José, Roberto Pessoa e Joaci Góes narraram suas experiências no veículo fundado por Elmano Castro e Quintino de Carvalho, contaram fatos e curiosidades que ajudam a remontar a história da imprensa baiana e brasileira.

O evento abordou temas como a ditadura militar no Brasil e suas implicações no trabalho da imprensa, a cobertura de esporte na Tribuna da Bahia, as contribuições de Quintino de Carvalho – primeiro editor-chefe do jornal – e a fase pós-Quintino. Os participantes ressaltaram a revolução causada pela “Escolinha TB”, um manual editado por Quintino de Carvalho que revolucionou a forma de se fazer jornalismo já em 1969. “Eu me tornei jornalista profissional com a Tribuna. Apesar de atuar desde 16 anos, foi lá que tive a minha carteira assinada”, lembra Sérgio Mattos. “Tudo que aprendi naquela época, coloco em prática até hoje. As noções técnicas e éticas, postura profissional. A Tribuna realmente foi uma grande escola e formou uma geração muito grande”, afirmou o diretor da ABI.

O jornalista Sérgio Gomes também lembrou a criação da Escolhinha TB. Para ele, que foi redator-chefe do veículo, foram duas as principais contribuições de Quintino de Carvalho ao jornalismo baiano. Primeiro, ele destacou a mudança de linguagem redacional e editorial e o tratamento das notícias. “Além dessas mudanças, ressalto também a nova linguagem gráfica avançada na forma de diagramar as páginas do jornal. A linha editorial da Tribuna da Bahia era jornalisticamente ousada, numa época de forte pressão do regime militar sobre a imprensa”, contou.

O segundo ponto citado por Gomes foi a formação de novos jornalistas, quando ainda não havia profissionais formados pela iniciante Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, que funcionava anexa à Escola de Biblioteconomia. “Sob a direção de Quintino, a redação fazia um jornal de linguagem muito nova e corajosa. Isso não era bem compreendido pela direção, que pretendia um perfil mais conservador para a publicação”, lembrou.

O editor do site Bahia Já, Tasso Franco, recordou a infância em Serrinha (BA), onde teve o primeiro contato com o jornal O Serrinhense, editado pelo seu pai. Franco narrou seu começo na profissão, no Jornal da Bahia, e sua passagem pela Escolhinha TB, em maio de 69. “Quintino era cuidadoso, didático e nos ensinou como montar uma matéria, a pirâmide invertida, o fim do “nariz de cera” [introdução prolixa que retarda o assunto principal], como checar, ouvir fontes. Passei a conhecer, de fato, as técnicas jornalísticas na teoria e na prática. Aqueles ensinamentos que tive na Tribuna no início de 69 eu sigo até hoje. Foi uma vivência extraordinária”, afirmou. No campo industrial, o jornalista destacou que a TB promoveu uma forte mudança com a composição a frio e a offset.

Sob o tema “As portas abertas da TB em plena ditadura”, Emiliano José recordou o período em que foi acolhido pela Tribuna, pouco tempo depois de sair da prisão, onde cumpriu quatro anos. O ex-preso político ressaltou sua gratidão ao veículo pela oportunidade dada não apenas a ele. “Era preciso coragem para fazer isso. A Tribuna vivia acossada diariamente pela censura, pela violência da ditadura. No primeiro momento, eram bilhetes da Polícia Federal, e depois foram os telefonemas para dizer o que não deveria sair”, disse. “Ser jornalista era o meu sonho e a Tribuna me permitiu aproximar do jornalismo e eu nunca mais deixei de escrever”. Ele é autor de diversos livros sobre o resgate da memória da ditadura no Brasil e revelou que agora está pesquisando sobre a contribuição das mulheres para a imprensa baiana. “Quando cheguei à Tribuna, havia mulheres e em papel de destaque. Aproveito para registrar a falta delas aqui. Resolvi mergulhar na história das mulheres no jornalismo baiano. O patriarcado é muito forte, mas elas vieram para ficar”, ressaltou.

Emocionado, o advogado trabalhista Roberto Pessoa chorou ao falar sobre o cinquentenário do jornal. Apesar da formação jurídica, Pessoa iniciou sua carreira profissional no jornalismo, participando da fundação da Tribuna. O ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) atuou na editoria de Esportes, ao lado de Antônio Matos, Wellington Cerqueira, Paulo Brandão, José Augusto Oliveira, Jaílson Farias e outros jornalistas. “Eu trabalhava em uma associação e fazia um ‘jornalzinho’. Recebi um convite da Tribuna e na Escolinha TB eu descobri o que era o jornalismo. “Quintino foi um dos maiores talentos do jornalismo”, avaliou. Ele lembrou que Quintino passava a todos nós noções de ética jornalística e, principalmente, independência estrita das fontes de informação.
Seria proibido exercer a atividade de jornalista e aceitar empregos públicos em governos ou outras instituições.

O empresário e ex-presidente da TB, Joaci Góes, foi o responsável pelo tema “Testemunhei de perto os 50 anos da TB. Desse período Góes vivenciou 49 e três meses. Entre os fatos curiosos trazidos por ele, está o motivo que o impediu de participar do Curso Superior de Guerra, para o qual havia sido convidado em 1976 pelo o general Walter Paes. “Contrariamos as forças da ditadura porque abrigamos jornalistas considerados ‘inimigos’ do regime, pessoas chamadas de esquerda. O meu nome tinha sofrido um veto intransponível do SNI [Serviço Nacional de Informações] porque eu tinha assinado um manifesto contra a cassação do deputado Chico Pinto – o parlamentar havia proferido um discurso criticando o presidente da República por ter recebido o Pinochet, depois da queda do Salvador Allende, no Chile.

Góes sintetizou as experiências no jornal como uma espécie de cinema da própria vida. “Uma projeção memorialística. Por ser um veículo, a Tribuna tem essa característica de registrar os valores, as condições, problemas e expectativas, os instantes epifânicos de toda uma sociedade. Quando a Tribuna iniciou, só Salvador tinha mais de três milhões de habitantes”.

Gratidão

“Nesta dupla posição, falando pela ABI, registro a honra e a alegria por todas essas presenças que nos prestigiaram, fortalecendo este ambiente que é um permanente fórum para troca de ideias e de homenagens, engrandecendo esta instituição que no próximo ano completará 90 anos”, registrou Walter Pinheiro, presidente da ABI e da Tribuna. O dirigente fez também um emocionado agradecimento em nome de todos aqueles que fizeram a Tribuna. “São cinquenta anos. Valeu a pena a coragem de Elmano e Quintino de lançar um jornal num período tão crítico como 1969. Muitos diziam ser loucura. Mas foi feito. Os propósitos pensados desde a sua primeira edição foram cumpridos”, observou.

Segundo ele, foram 50 anos de lutas, não apenas pelos aspectos políticos, mas também pelas diversas crises econômicas e as consequências dos avanços tecnológicos. “A Tribuna nunca fugiu ao dever de relatar a verdade. Nos adequamos à nova realidade, procuramos driblar a velocidade da internet com matérias exclusivas. Reconhecemos todos, ainda estamos na época de que vale o que está escrito. Então, a credibilidade dos jornais é o grande patrimônio que temos. Precisamos cultivar isso e ter criatividade. Quando a televisão surgiu, todos achavam que o cinema acabaria”, concluiu Pinheiro.

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UFBA rejeita o programa Future-se do Ministério da Educação

A Universidade Federal da Bahia (UFBA), através do Conselho Universitário (Consuni) rejeitou, por unanimidade, o projeto de lei que pretende instituir o Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras, o “Future-se”, do Ministério da Educação (MEC). A decisão tomada na última terça-feira (29), ocorreu em reunião extraordinária, com pauta única, realizada no Salão Nobre da Reitoria. O projeto de lei prevê, entre outras medidas, a possibilidade de as universidades cederem direitos de nome para empresas privadas. 

Em nota, a assessoria da instituição afirmou no site oficial que no momento da reunião “manifestaram-se também os representantes dos conselhos superiores e das categorias discente, docente e técnico-administrativa”. De acordo com o site, ainda serão detalhados os motivos da decisão e divulgados os documentos produzidos pelas unidades universitárias.

Em 10 de outubro, Paulo César Miguez, vice-reitor da UFBA, veio à Associação Bahiana de Imprensa (ABI) para debater e avaliar com os diretores sobre os impactos do programa no ensino superior público. Segundo o gestor, “o Future-se inviabiliza a assistência estudantil, a expansão e a diversidade, torna insustentável o tripé ensino-pesquisa-extensão, e compromete a autonomia da universidade”.

Leia também: “Future-se”: Reitor em exercício da UFBA fala na ABI sobre os impactos do projeto

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Congresso UFBA: Atividades da Facom abordam novo contexto da comunicação

A Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom/UFBA) apresentará uma programação extensa nos dias 30 e 31 de outubro, durante o Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da UFBA 2019. As atividades acontecem nos turnos matutino e vespertino, e abordarão temas relativos ao campo da comunicação na contemporaneidade, como mídia e democracia, e fake news. Confira aqui a programação completa do Congresso.

A Facom é reconhecida como pioneira por abrigar o primeiro curso de Jornalismo no estado da Bahia, criado na década 50, e também, por oferecer a primeira habilitação em Produção em Comunicação e Cultura do Brasil, em 1996. Segundo o vice-diretor da Facom, Leonardo Costa, é sempre muito importante a Universidade apresentar, de forma pública, os seus trabalhos e projetos. “O Congresso marca a realização de diversos programas de bolsas estudantis, e, desse modo, ressalta o seu aspecto de formação”, afirma o gestor e também tutor do Programa de Educação Tutorial em Comunicação (Petcom).

Entre outros assuntos pautados na programação da Faculdade de Comunicação, estão apresentações de produtos realizados por instâncias da instituição, como por exemplo, a edição de número 17 da Revista Fraude, produzida pelos estudantes bolsistas do Petcom; a edição especial “Mulheres Atentas” da Revista JaÉ, produzida pela Agência Experimental de Notícias; e apresentação sobre o programa de formação em fotografia do LabFoto. Segundo a estudante de jornalismo, Luísa Carvalho, bolsista do Petcom e editora-chefe da Fraude 17 “o Congresso é importante não só enquanto um espaço de divulgação da revista mas também enquanto um momento de troca de saberes”, afirma.

O Congresso UFBA começou hoje (29/10) com solenidade de abertura às 17h30 na Reitoria, localizada no bairro do Canela, em Salvador. Segundo a instituição, “o Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão constitui-se como um espaço de reflexão ampliada e aprofundada sobre a Universidade, suas heranças, perspectiva, e papel social, favorecendo o estabelecimento de políticas mais bem definidas para as diversas dimensões da UFBA”.


Algumas atividades apresentadas pela Facom:

Jornalismo e Fake News
Debate com: Malu Fontes, Tatiana Dourado e Maria Pinho
Data: 3010 | 10h15 | Pavilhão de Aulas Glauber Rocha (PAF 3)

Mídia e Direitos Humanos
Orientador: Cássio Santos Santana
Estudantes: Polyana Sá e Lucas Tadeu 
Data: 30/10 | 15h55 | Sala 6A
 
Revista Fraude 17
Orientador: Leonardo Costa
Estudantes: Gabriel Caíno e Luísa Carvalho
Data: 31/10 | 09h00 | Sala 6A

Programa de formação em fotografia do LabFoto
Orientador: Rodrigo Rossoni
Estudantes: Luisa Calmon
Data: 31/10 | 09h30 | Sala 6A 

Revista JaÉ
Orientador: José Roberto Severino
Estudantes: Júlia Lobo, Igor Brito e Erick Barbosa
Data: 31/10 | 14h00 | Sala 6A

Programação completa do Congresso

 

Serviço:
Congresso UFBA 2019
De 29/10 a 31/10
Solenidade na Reitoria:
Dr. Augusto Viana, 1 - Canela, Salvador - BA, 40110-060
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Sessão especial na ABI comemora os 50 anos da Tribuna da Bahia

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) homenageará, no dia 31 de outubro, às 9h, o cinquentenário do jornal Tribuna da Bahia, celebrado no último dia 21. A sessão especial é uma proposição do diretor de Patrimônio da ABI, Luís Guilherme Pontes Tavares, e acontece no Auditório Samuel Celestino, 8º andar da sede da instituição. O evento terá mediação do professor e jornalista Sérgio Mattos, e, como convidados palestrantes, Emiliano José, Joaci Góes, Mariluce Moura, Raimundo Lima, Roberto Pessoa, Sérgio Gomes, e Tasso Franco, todos jornalistas que passaram pelo veículo e reconhecidos pela excelência em pesquisa e atuação na imprensa brasileira.

A programação prevê temas como a ditadura militar no Brasil e suas implicações no trabalho da imprensa, a cobertura de esporte na Tribuna da Bahia, as contribuições de Quintino de Carvalho – primeiro editor-chefe do jornal –, e a sinergia que manteve a TB. “Essa série de palestras de figuras ligadas à vida da Tribuna nesses 50 anos enriquecerá a todos, na medida em que ajuda a contar a história da nossa imprensa. Alegra-nos receber esses profissionais. Será algo marcante e proveitoso para a imprensa baiana”, ressalta Walter Pinheiro, presidente da Tribuna da Bahia e também da ABI.

O dirigente destacou a importância da data, diante de um contexto comunicacional marcado pelo avanço tecnológico, que tem modificado a maneira como o público consome a notícia. “Tudo isso se justifica porque chegar até aqui foi uma tarefa muito difícil, muito árdua, mas possível”, celebra. A TB se destaca como um dos principais veículos de comunicação da Bahia. “É uma alegria fazer 50 anos num período como este, sediada na região Nordeste, numa área de comunicação que se tornou altamente competitiva e com uma diversidade imensa de canais, de plataformas”, avalia.

“Sinto-me duplamente feliz. Primeiro, como presidente da ABI, em poder homenagear a todos aqueles que fizeram a Tribuna da Bahia, a começar pelos saudosos fundadores Elmano Castro e Quintino de Carvalho. Depois, como presidente da Tribuna, e juntamente com os que hoje a fazem, sermos alvos desta celebração pelo quinquagésimo aniversário”, completa o gestor, emocionado.

SERVIÇO

Evento: Sessão na ABI celebra o Jubileu de Ouro da Tribuna da Bahia
Dia 31/10 (quinta-feira), 9h
Local: Auditório Samuel Celestino, da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé (Centro)
Gratuito e aberto ao público
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