ABI BAHIANA

Reitor em exercício da UFBA participa de debate na ABI sobre o “Future-se”

A diretoria da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) recebe nesta quinta-feira (10), a partir das 11h, o economista e professor Paulo César Miguez, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O reitor em exercício conduz a administração da Universidade durante a viagem do reitor João Carlos Salles e vai falar sobre o “Future-se”, projeto do Ministério da Cultura (MEC). O programa prevê, entre outras medidas, a possibilidade de as universidades cederem “naming rights” (direitos de nome, em português) para empresas privadas. A participação de Miguez integra o ciclo “Temas Diversos”, projeto mensal da ABI onde acontecem debates para discutir assuntos relevantes sobre imprensa e sociedade.

O projeto apresentado pela pasta no dia 17 de julho de 2018, ainda relaciona a permissão para as universidades celebrarem contratos de gestão compartilhada do patrimônio imobiliário com empresas privadas; criação de fundos patrimoniais com doações de empresas ou ex-alunos, para financiar pesquisas ou investimentos de longo prazo; e a criação de ações de cultura que possam se inscrever em editais da Lei Rouanet ou outros de tipos de fomento.

Em entrevista concedida para o site Metro1, Paulo Miguez afirmou em julho deste ano sobre haver problemas nas propostas apresentadas pelo MEC, que preocupam a universidade “porque não deixam de colocar em xeque a autonomia da universidade”, afirmou Miguez. Está prevista, no dia 29 de outubro, uma reunião extraordinária do Conselho Universitário (Consuni), com pauta única, para definir o posicionamento oficial da instituição.

Rejeição

Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, em consultas às 63 universidades, indicou que a maioria das universidades federais já decidiu não aderir ao Future-se ou manifestou críticas ao programa. Entre as que já decidiram em seus conselhos internos pela não adesão estão as maiores e mais tradicionais federais, como a de São Paulo (Unifesp), do Rio de Janeiro (UFRJ), de Minas Gerais (UFMG) e de Brasília (UnB). A maior crítica das instituições é sobre possível perda da autonomia acadêmica e financeira, porque os contratos de trabalho ou para pesquisas seriam fechados por meio de organizações sociais (OSs).

Desde o lançamento do programa, procuradores das universidades têm analisado as propostas e chegaram à conclusão de que não há sustentação jurídica. Um dos questionamentos é sobre a venda de bens públicos pelas organizações de direito privado. Segundo documento divulgado pela Federal do ABC (UFABC), o Future-se “prevê a alteração de 17 leis” e não deixa claro como isso será feito.

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Grupo de Violoncelos da UFBA é atração da Série Lunar

A Série Lunar, projeto criado pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) em parceria com a Escola de Música da UFBA (EMUS) chega à quinta edição. O evento, que já é admirado pelos amantes da boa música, vai contar com a apresentação do Grupo de Violoncelos da UFBA. A série acontece no dia 16 de outubro, às 19h, no Auditório Samuel Celestino, na sede da ABI (Praça da Sé – Centro). O evento é aberto e a entrada é franca.

Criado em 2016, o Grupo de Violoncelos é um projeto de extensão da Escola de Música da UFBA, idealizado é coordenado pela professora Suzana Kato. O grupo tem como principal objetivo, promover o desenvolvimento do ensino do violoncelo, tendo a prática de conjunto como principal elemento motivador, divulgando o amplo repertório existente, além de integrar alunos do bacharelado de Instrumento e de outros cursos de extensão e pós-graduação da EMUS.  Em seu repertório, grandes clássicos de Chiquinha Gonzaga, Alfredo Moura, Miguel Angel Scebba, Villa Lobos, entre outros.

Em edições anteriores, a Série Lunar apresentou a Orquestra de Violões da UFBA, Quarteto Gamboa, a cantora Ana Paula Albuquerque e, no mês de setembro, o Madrigal da UFBA. A programação segue até o mês de dezembro, sempre em noites de lua cheia.

5ª edição da Série Lunar - com Grupo de Violoncelos da UFBA
Dia 16/10, às 19h
Local: Sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) – Rua Guedes de Brito, 1 – Edifício Ranulpho Oliveira, Praça da Sé (Centro)
Informações: [email protected] | (71) 98791-7988
Entrada franca
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Notícias

Estudantes de jornalismo da Uesb fazem vaquinha para participar de evento internacional

Há cerca de um ano, Carmen Carvalho, professora do curso de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), fundou o grupo de pesquisa e extensão Jornalismo Importa para discutir sobre jornalismo digital e seus diferentes modelos editoriais, o conteúdo das narrativas online e a desinformação no ambiente virtual.  Os estudantes tiveram trabalho científico aprovado em dois eventos de caráter internacional com uma pesquisa ainda em andamento sobre a cobertura jornalística das eleições presidenciais de 2018.  

Os eventos acontecem entre os dias 22 e 25 de outubro: o 10º Seminário da ALAIC (Asociación Latinoamericana de Investigadores de La Comunicación) e a 14ª Conferência Brasileira de Comunicação Cidadã (CBCC) na Universidade Federal Fluminense, em Niterói (RJ). Mas, para que possam participar desses congressos, os jovens pesquisadores buscam apoio financeiro para arcar com as despesas da viagem, como hospedagem, alimentação e transporte. Além da vaquinha online para arrecadar recursos, estão realizando rifa e pedágios.

Para a professora Carmen, apoiar a ida dos alunos a esses eventos ajuda a mostrar ao Brasil e ao mundo o que vem sendo produzido de conhecimento científico na Uesb, e possibilita a eles a troca de experiências com diferentes pesquisadores do cenário nacional e internacional. “O Jornalismo Importa é um grupo de múltiplas ações para proporcionar aos estudantes conhecimento que vai além da sala de aula, possibilitando formação técnica, intelectual e comprometida com um jornalismo ético para transformar a sociedade”, destaca a professora.

Os membros do grupo realizam práticas jornalísticas no site Avoador, produto laboratorial da disciplina Jornalismo Digital, ministrada por Carmen. Raquel Lemos, discente do grupo observa a importância de sua participação para a trajetória acadêmica: “Desenvolver pesquisas no campo do Jornalismo é incrível. Me ajuda a compreender as transformações sociais que temos visto tanto na mídia em geral quanto no jornalismo”, conta.

Felipe Ribeiro também integra o Jornalismo Importa e conta que a participação nesses eventos representa uma oportunidade de crescimento acadêmico e profissional. “É uma forma de conhecer o que a academia e o mercado tem exigido de nós estudantes e ainda fazer com que a população saiba mais a respeito da comunicação e do jornalismo, e se desprenda dos diversos estereótipos que cercam a nossa profissão”.

A Uesb só garantiu o custeio do transporte para apenas um dos membros do grupo, por isso, os alunos criaram uma vaquinha online e demais ações para obtenção de apoio financeiro capaz de suprir os custos da viagem. Para contribuir basta acessar: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-nos-a-ir-para-o-cbcc-alaic

*As informações são de Afonso Ribas, jornalista formado pelo curso de Jornalismo da Uesb.

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Notícias

LGPD: Dados, o “novo petróleo”?

“Dados são o novo petróleo”. Essa frase dita pelo matemático londrino Clive Humby vem sendo utilizada no mundo inteiro, para deixar claro o valor dos dados e a importância de sua extração. Mas, assim como o petróleo precisa do processo de refinamento, os dados necessitam ser analisados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que estabelece as diretrizes para esse tratamento, impõe novos desafios ao campo jornalístico, embora ela alcance a face empresarial da atividade e não o trabalho de apuração de informações para a criação de notícias.

Para André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da UFBA (FACOM/UFBA) e mestre em Política de Ciência e Tecnologia, “o jornalista precisa ter consciência de que, em outras circunstâncias que não seja a matéria, será preciso sensibilidade no trato do dado pessoal para o processamento do texto e como isso vai entrar na estrutura do ambiente empresarial a qual ele está ligado”, explica.

Um dos episódios recentes sobre o uso de dados no processamento de notícias – e que gerou dúvidas em relação a ser ou não vazamento de dados pessoais – foram as denúncias realizadas pelo site The Intercept Brasil. O episódio que revelou as conversas entre membros da Operação Lava Jato foi tema de um debate promovido pela ABI, para discutir pressupostos éticos da atividade jornalística e analisar a influência da cibercultura no caso conhecido como “Vaza Jato”. 

Durante o evento, um dos temas abordados foi o uso de informações e documentos obtidos por fonte anônima ou protegida pelo sigilo da fonte. A advogada Fabiani Borges, especializada em Direito Processual Civil e membro da Comissão de TI e Direito Digital da OAB/BA, atendeu às perguntas do público por meio de uma transmissão na página da ABI no Facebook. Ela explicou que no caso The Intercept não se tratava de vazamento de dados pessoais. “Embora seja um vazamento de dados, o jornalista não invadiu nenhum dispositivo”, esclareceu. (Veja a cobertura do debate completa aqui)

“Jornalistas têm a garantia constitucional da ablução da fonte, então, não tem a invasão de dados pessoais”, destacou André Lemos. Para ele, a importância da criação da LGPD está em chamar atenção para o novo capitalismo de dados na sociedade e para proteger as pessoas. “A ideia de capitalismo de dados é que toda economia hoje gira em torno de empresas que captam dados e informações das pessoas e essa captação é rentabilizada”, pontua.

Dataficação

“O que a gente está vivendo hoje é uma sociedade de grandes plataformas de informação que captam dados e esse processo é o que alguns chamam de ‘dataficação”. Toda essa plataformização e dataficação da sociedade contemporânea, é baseada na extração de dados das pessoas”. Segundo Lemos, a dataficação (datefication em inglês) não é a digitalização. “Não é pegar um texto e tornar digital, é fazer com que todas as nossas ações, tudo que a gente fotografe, clique, escreva, vire um dado eletrônico digital e esse dado vai sendo acumulado, processado para gerar perfis sobre as pessoas”, alerta.

“Estamos caminhando para uma regulação desse capitalismo de dados, o equilíbrio em torno daquilo que nós temos num ecossistema informacional de coleta violenta de informação, de big data (o processamento de muitas informações para indicar coisas)”, ressalta o pesquisador. “As pessoas não têm consciência disso. Elas acreditam que o que elas veem no Facebook é o que tem pra ver, mas não é. O que ela vê no Facebook é fruto de um sistema, da ação, dos cliques e das coisas que elas entregam, que o Face vai curar e dizer o que cada pessoa irá preferir”, disse. Segundo ele, o problema hoje não que é o que aparece, mas o que é retirado da visibilidade. “Acho importante que a gente compreenda o papel dos dados na sociedade”, conclui. 

Sociedade reage

Ao longo desta série sobre a LGPD, a ABI publicou a situação dos jornais locais frente à legislação, a opinião de especialistas sobre os vetos do presidente Bolsonaro, as consequências previstas para as empresas que não se adequarem à lei e os impactos para a sociedade. Como parte dessa tomada de consciência em relação à importância dos dados, uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil vem fazendo campanha contra os vetos realizados por Jair Messias Bolsonaro durante sanção da LGPD. Sob forte pressão, o Congresso Nacional concluiu ontem (2) a análise dos vetos e trouxe de volta dispositivos que haviam sido rejeitados por Bolsonaro.

Confira a série especial sobre a LGPD:

Segundo a autodenominada “Coalizão Direitos na Rede”, o objetivo da rede “é defender princípios fundamentais para a garantia de uma Internet com acesso universal, respeito à neutralidade da rede, liberdade de informação e de expressão, segurança e respeito à privacidade e aos dados pessoais, assim como assegurar mecanismos democráticos e multi participativos de governança”.

Mais de 30 organizações fazem parte da Coalizão, entre elas o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Internet Sem Fronteiras, Brasil Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e outros. Em nota enviada ao Parlamento, elas alegam que os vetos impostos por Jair Bolsonaro desrespeitam o longo debate realizado entre parlamentares, setor empresarial e sociedade civil nos últimos anos. 

A Coalizão queria que os parlamentares revertessem pelo menos três dos vetos: a) o direito à revisão de decisões aplicadas por algoritmos ou inteligência artificial; b) a possibilidade de a ANPD aplicar sanções administrativas mais rígidas; c) proteção para quem utiliza a Lei de Acesso à Informação (LAI).

Vetos derrubados

De acordo com o site do Senado Federal, apenas um dispositivo do texto da LGPD estava pendente de confirmação ontem, já que os demais já haviam sido decididos na sessão anterior, na quarta-feira (25). A Casa manteve o veto do presidente Jair Bolsonaro à obrigatoriedade de revisão humana para as decisões automatizadas (VET 24/2019). Com isso, a decisão da máquina será soberana. Se o titular solicitar revisão de decisões, tais como definições sobre o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito, a análise será feita, no máximo, por outra máquina.

O Congresso já havia trazido de volta as penalidades previstas no texto original da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Entre os vetos rejeitados pelos senadores está a ampliação do rol de sanções administrativas que poderiam ser aplicadas aos agentes de tratamento de dados. Os três novos tipos de punição vetados pelo presidente e agora restabelecidos são: suspensão parcial do funcionamento do banco de dados por até seis meses; suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados pessoais pelo mesmo período; e proibição parcial ou total do exercício de atividades relacionadas a tratamento de dados. Mas, esse tipo de punição seria somente para reincidentes. Primeiro, a empresa é advertida ou multada.

*Reportagem de Joseanne Guedes e I’sis Almeida

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