Por Raimundo Marinho*
O nosso jornalismo vem sendo duramente testado desde a campanha presidencial de 2018, quando o pensamento da mídia tradicional destoou da vontade majoritária dos eleitores. Ainda falta uma leitura adequada do fato, que está por ser digerido e melhor estudado, em que um reles deputado, do chamado baixo clero, chegou a presidente, com certa facilidade. Pode-se dizer que o então candidato Bolsonaro até fez pouco caso do poderio midiático e das forças políticas dominantes, servindo-se apenas das redes sociais, ainda pouco valorizadas.
Esnobou o marketing político e a imprensa convencionais, além de concentrar suas mensagens nas questões sem muito agasalho nos mass media e não devidamente enfrentadas pelos governos. Falou a um povo cansado de monopólios e manipulações, que gostou de ouvi-lo falar em matar bandidos ao invés de morrer policial, em “armar o cidadão de bem” e em combater a corrupção. Pregou o veto às ideologias, dizendo defender a escola e as crianças, clamou pelo resgate da nacionalidade e das cores brasileiras. E, de forma incomum, invocou Deus num slogan eleitoral.
Os seus adversários assistiram a isso com espanto, incredulidade e menosprezo! E partem para um combate feroz, perto da irracionalidade, ao novo presidente e à maioria que votou nele. Entre os atacantes, a maioria, estão os que perderam o status quo da governança e seus confortos. Pena que haja quem esteja indo nessa onda de gelo, ignorando as regras da democracia. Por fim, surge o The Intercept Brasil, sem CNPJ, de um estrangeiro inescrupuloso, que não domina nossa Língua, com um comportamento que jamais ousaria ter em seu país.
De repente, nos vimos descobertos diante de uma realidade inusitada, mas concreta, que não é por acaso, e a ela temos de nos ajustar, sob pena de nos fossilizar como comunicadores. Precisamos reconhecer e enxergar as graves fissuras advindas ao nosso jornalismo e, quiçá, também nosso nacionalismo, que estão a exigir reflexão, análise e tomada de posição.
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*Raimundo Marinho é jornalista e editor do site Mandacaru da Serra.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).