“Science Pulse” é o nome da plataforma lançada pela agência de jornalismo de dados Volt Data Lab, para auxiliar jornalistas a encontrar conteúdo científico. O projeto é patrocinado pelo International Center for Journalists, com o apoio da Knight Foundation, sob o programa Knight Fellowship, e reúne perfis das redes sociais de cientistas, especialistas, médicos, organizações e iniciativas científicas. Qualquer pessoa pode sugerir um novo perfil (de pessoas, organizações, projetos ou universidade) para a plataforma através deste formulário (aqui). A agência brasileira de jornalismo científico Bori é parceira no projeto.
O jornalista Sérgio Spagnuolo, fundador e editor da Volt Data Lab, idealizador da iniciativa, explica que a ideia surgiu a partir da necessidade de o jornalismo acompanhar temas científicos em virtude da pandemia do novo coronavírus. “Há muito conteúdo por aí, tornando-se difícil acompanhar. Além disso, há muita desinformação. O ideal é se informar diretamente com cientistas, os quais cada vez mais utilizam redes sociais. O objetivo final é facilitar aos jornalistas a descoberta de conversas e de conteúdo científico. Uma forma disso, por exemplo, é que em vez de seguir os mais de 1.000 cientistas em nossa plataforma, o jornalista pode ir ao Science Pulse e explorar por lá mesmo”, destaca.
“Facilitamos – utilizando filtros customizados e análises próprias – a exploração do que cientistas estão publicando. No começo estamos trabalhando apenas com Twitter, mas queremos expandir para outras redes sociais”, afirma Sérgio. O idealizador acredita que o Science Pulse poderá fortalecer a ciência no jornalismo. “O jornalismo científico sempre foi muito importante, mas agora é mais do que nunca. Acredito que facilitar a exploração do que cientistas estão debatendo é uma maneira de fortalecer a ciência no jornalismo”, conclui.
Para a jornalista baiana Raíza Tourinho, a Science Pulse é um exemplo de preocupação do jornalista com a aproximação entre ciência e sociedade. Ela atua como coordenadora de Comunicação da Rede Covida, destinada à síntese, produção e divulgação científica. Em entrevista à Associação Bahiana de Imprensa, Raíza destaca que, com a emergência da pandemia, a ciência assumiu maior protagonismo no noticiário. “A gente está vendo a produção do conhecimento em tempo real, a ciência trabalhando em prol da sociedade, em busca de tratamento, da cura, de compreensão da doença. Está sendo um período rico para novas iniciativas, ao mesmo tempo que está servindo para expor grandes lacunas, desde a formação jornalística até a formação da sociedade e seu processo baixíssimo de alfabetização científica”, avalia.
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“O conhecimento científico não é linear e tem muito pouca gente habilitada para mostrar isso à sociedade. O jornalista especializado em ciência se propõe a entender e a participar dessa mediação. Isso requer um olhar treinado para lidar com cientistas que o jornalismo tradicional não tem”, opina. De acordo com ela, o cientista ainda é treinado para falar somente com os seus pares. “O jornalista brasileiro, principalmente, não está acostumado a fazer divulgação científica e a maioria dos cientistas não entende como funciona a lógica jornalística. Iniciativas como a Science Pulse ajudam a aproximar esses dois mundos”, reforça.
Ela lembra que alguns editais de financiamento, especialmente internacionais, já começam a exigir que o pesquisador tenha impacto na sociedade, seja através de falar com a imprensa ou de iniciativas de disseminação científica e translação do conhecimento. “É preciso ir além do ‘quadradinho’ pesquisa, paper e sala de aula, que é o que a ciência brasileira tradicionalmente tem feito. A pandemia mostrou que o cientista tem que se comunicar com a sociedade, sim”, disse.
*Com informações de Kassia Nobre/Portal IMPRENSA