Uma confluência de eventos fez o dia Dia Nacional da Cultura ser celebrado em grande estilo, nesta quinta-feira (05/11), na Associação Bahiana de Imprensa (ABI). Além dos lançamentos do livro que comemora os 90 anos da ABI e do documentário Memória da Imprensa, houve a assinatura do termo de doação, por parte do Centro de Estudos Miguel Santana (CEMS), de mais de 70 títulos escritos por e sobre o jurista baiano Ruy Barbosa. O dia ainda foi de celebração pelos aniversários de Nelson Cadena, autor de “ABI – 90 Anos”, e Marcos Santana, diretor do CEMS.
Escrito por Nelson Varón Cadena, “ABI – 90 Anos” conta a trajetória da entidade. De acordo com Nelson, este lançamento representa uma superação da obra escrita por ele na época do aniversário de 50 anos. “O livro passado é apenas uma cronologia, foi pontual contando alguns aspectos da história. Neste segundo, me aprofundei e atualizei os últimos cinquenta anos da Associação mostrada em duas fases. Primeiro, uma fase de incentivo cultural, e a outra, uma fase de luta pela liberdade de expressão”, explica o jornalista escritor. “A ABI nasceu quase ‘na boca da ditadura’, com duas semanas antes de se instaurar o regime antidemocrático, completa Cadena.
Com presença restrita a convidados da Associação, em função da pandemia causada pelo novo coronavírus, cerca de 25 pessoas receberam um exemplar de “ABI – 90 anos” para autografar com o escritor, entre elas, o atual presidente da entidade, Ernesto Marques, o vice-presidente Luís Guilherme Pontes Tavares, o presidente da Assembleia Geral, Walter Pinheiro, e alguns dos diretores da entidade. “Este lançamento é magistral. Importante mencionar que o livro escrito por Cadena foi finalizado em plena pandemia, é um esforço de pesquisa muito grande pois a obra foi feita enquanto o escritor fazia a curadoria da exposição de reabertura do Museu de Imprensa”, menciona Ernesto Marques.
Memória da Imprensa Baiana
Além de lançar o livro de 90 anos da entidade, a ABI também exibiu pela primeira vez o documentário “Memória da Imprensa”, que traz a trajetória do jornalista, poeta e professor Florisvaldo Mattos. O filme dirigido pelo jornalista Valber Carvalho faz parte de uma iniciativa da Associação para registrar e documentar, através de entrevistas com jornalistas renomados, os fatos mais importantes da história do jornalismo da Bahia e do Brasil. Por uma questão de saúde, Florisvaldo não compareceu ao evento.
Durante a celebração, seguido da fala de Ernesto, Walter Pinheiro também salientou sua alegria em participar do duplo lançamento realizado pela entidade. “Eu saliento termos escolhido o Dia Nacional da Cultura para o lançamento do livro e também para exibir pela primeira vez o projeto ‘Memória da Imprensa: a história do jornalismo contada por quem vive‘”, relatou o presidente da Assembleia Geral. “Mais importante ainda é permanecemos neste clima de harmonia, pouco vista em tempos como estes”, completou Walter.
Marcos Santana, por sua vez, contou um pouco da história de vida de Miguel Santana, um dos fundadores do Ilê Axé Ofonjá e importante nome para a história da Bahia. Segundo o responsável pelo CEMS, o projeto que entregou os títulos à ABI chama-se “Ruy Barbosa para os baianos”. “A entrega seria nos 170 anos de Ruy, mas acabou ocorrendo nesse contexto de 70 anos do Dia Nacional da Cultura”, conta Marcos.
“Fiquei feliz quando soube que a ABI estava empenhada nesse resgate da memória de Ruy, pois eu estive no Rio de Janeiro, na casa em que viveu Ruy Barbosa, e as pessoas falam daqui com um certo sentimento de abandono, de descaso. Vejo que essa realidade está sendo transformada e continuará a ser transformada mais ainda”, conta Miguel. A maioria dos títulos doados foram de um advogado chamado Arlindo Ferreira e que estava sob a guarda do Centro. Como a entidade não estava em condições de preservar o acervo, a ABI acolheu os títulos.
A cerimônia ocorreu diante de um retrato do busto de Ruy Barbosa, feito em carvão sobre tela. A obra de autoria de Presciliano Silva foi restaurada pelo mestre José Dirson Argolo e exibida em primeira mão nesta manhã. Segundo José Dirson, a recuperação foi muito difícil. “O desenho recebeu muita umidade e havia manchado a base de preparação que era o fundo da tela num fundo claro. Em se tratando de uma pintura a carvão, como foi o caso deste quadro de Ruy, a gente precisou fazer um tratamento mais profundo”, explica o restaurador.
*Graduanda de Jornalismo, estagiária da ABI.