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Fenaj adverte categoria sobre falsas carteiras de identidade pessoal e profissional

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), entidade máxima de representação dos jornalistas no Brasil, divulgou uma nota oficial para alertar a categoria sobre a emissão de carteiras de identificação pessoal e profissional sem validade.

Por meio de denúncias, a instituição tomou conhecimento sobre a existência de associações e entidades que emitem o documento falso.

A nota da Fenaj esclarece que:

  1. A Carteira Nacional de Jornalista é o documento de identidade pessoal e profissional, válido em todo o território nacional e só poderá obtê-la o jornalista que tenha registro profissional no Ministério do Trabalho e Emprego.
  2.  O documento tem validade de três anos e somente a FENAJ tem permissão para emiti-lo, por meio da Lei Nº 7.084, de 21 de dezembro de 1982.
  3. A FENAJ autoriza o encaminhamento das solicitações das carteiras por meio dos 31 Sindicatos de Jornalistas a ela filiados. Nenhuma outra entidade, portanto, está autorizada legalmente a recepcionar documentos e emitir carteira de identidade profissional para jornalistas no país.
  4. A profissão não possui conselho de classe regulamentado e, pelo sistema sindical brasileiro, não é permitida a existência de sindicato nacional da categoria, uma vez que as representações se dão pelos 31 Sindicatos de Jornalistas, na base, e pela FENAJ, em segundo grau.

Na Bahia…

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) advertiu a categoria sobre a venda das carteiras. “Quem adquiriu esses documentos achando que estava pagando por um documento oficial jogou seu dinheiro na lata do lixo”, diz o presidente da entidade, Moacy Neves.

O dirigente orienta a quem caiu no golpe da carteira falsa a ir a uma Delegacia de Polícia e registrar um boletim de ocorrência contra o emissor por propaganda enganosa e estelionato.

De acordo com Moacy, o Sinjorba está atento e atuando para combater a prática. “Detectamos a existência de uma entidade que vem se apresentando ilegalmente como sindicato, no Extremo Sul da Bahia, que vem cobrando de incautos para ensinar a tirar registro de jornalista e fornecer um documento fajuto”, diz. “Essa e outras organizações de outros estados do Brasil foram denunciadas ao Ministério do Trabalho no início de março”. A entidade também pediu que o órgão acione a Polícia Federal para coibir a ação.

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Artigos

O centenário da Rádio Sociedade da Bahia

*Nelson Cadena

A Rádio Sociedade da Bahia, comemora domingo próximo 100 anos de vida, dito de outra forma, o rádio baiano comemora o seu centenário e no caso específico da emissora em pauta, pode se orgulhar de ser líder de audiência entre as emissoras AM. Sempre líder. Uma liderança que foi ameaçada em 1933 pela Rádio Commercial, em 1944 pela Rádio Excelsior, em 1951 pela Rádio Cultura e durante três décadas pelo menos pela Radio Nacional do Rio de Janeiro. A concorrência a tirou da linha de conforto e a obrigou a fazer investimentos em recursos humanos e tecnologia.

Foi a primeira emissora a operar na Bahia, a terceira do Brasil e hoje é a segunda mais antiga do país, considerando que a Radio Clube de Pernambuco que a precedeu deixou de transmitir o ano passado na frequência de 720 Khz, operando apenas pela internet.

Do Passeio Público à Federação

Ao longo de sua existência a rádio teve vários proprietários e endereços: em 1924, os 200 associados que formaram a sociedade baiana, os cotistas que lhe garantiram sua existência; ainda na década de 1920, o empresário Armando Carneiro da Rocha que instalou os estúdios no Passeio Público da Bahia, em 1926, e mais tarde, final da década de 1930, na Rua Portugal; em 1940 passou a ser propriedade dos Diários e Emissoras Associadas de Assis Chateaubriand, com sede na rua Carlos Gomes, no imóvel onde praticamente nasceu a ABI, o Esporte Clube Bahia e hoje é a Caixa Cultural.

Foto: Arquivo pessoal

No início da década de 1960 a rádio se mudou para a Federação, no mesmo prédio da TV Itapoan, onde permanece até hoje. Em 1980 foi adquirida pelo empresário Pedro Irujo, como parte do espólio dos Associados, e em 1997 pela Rede Record, sua atual proprietária.

A rádio nasceu no papel, na data de 24 de março, nos salões da Escola Politécnica, inaugurada com pompa e circunstância em 27 de março na chapelaria Mercuri da Rua Chile, pertencente a Giovanno Mercuri, bisavô da cantora Daniela Mercuri (y). Mas, só entrou em operação com uma grade de programação regular no primeiro trimestre de 1925, após liberar na alfândega do Rio de Janeiro o transmissor retido durante meses, adquirido nos Estados Unidos, com a interferência do governador Góes Calmon.

Em outubro de 1926 adquiriu um piano de cauda, com autorização do Ministro da Fazenda, que liberou as taxas de importação, já estruturando uma programação musical que seria um dos destaques, nesta face inicial. Fez história o seu grupo de musicistas, todas mulheres, que se apresentava na programação vespertina em inícios da década de 1930 e o jazz de moças baianas da foto (em pé Hildette Fernandes, Alda Senna, Nélia Fernandez, Elza Zolinger, Alda Leite e sentadas Alina Senna, Alina Fernandes e Zilda Fernandes).

Grupo de musicistas da programação vespertina, 1935. Foto: Radio Sociedade

Caymmi e Zé Trindade

Foi na Rádio Sociedade que Dorival Caymmi recebeu em 1935 seu primeiro cachê artístico, acompanhado do conjunto Três e Meio, 40 mil réis. E todo ano a Sociedade promovia concursos de marchas e sambas carnavalescas para revelar talentos. No mesmo ano estreava na rádio o famoso comediante Zé Trindade com o dramalhão Alvorada onde representava o papel de um tuberculoso. E mais tarde atuando na peça A Bebedeira, onde fazia o papel de um bêbado e é considerado um dos marcos de sua carreira artística.

Outro marco relevante na trajetória da emissora foi a implantação, ainda nos primórdios, inícios da década de 1930, de uma programação infantil com Tico-Tico. Nesse propósito de segmentação, em 1943, a rádio contrata Adroaldo Ribeiro Costa, o celebrado autor do hino do Bahia (1946) dentre outros hinos de sua autoria. Assumiu o rádio- teatro da Radio Sociedade e implantou o programa A Hora da Criança. Que deu grande visibilidade ao projeto, elogiado por Monteiro Lobato quando da apresentação da Opera Narizinho no Teatro Guarani, em 1947, com a presença do escritor.

Não foi apenas na programação artística e infantil que a emissora se destacou. Foi pioneira como veículo para difusão da plataforma de um candidato a governador, Vital Soares, em 1927; na transmissão dos jogos de futebol no Campo da Graça, em 1938, com Roberto Machado e Ubaldo Câncio de Carvalho. E antes, em 1934, o médico e locutor Nelson Costa foi ao Rio de Janeiro para se inteirar das técnicas de propaganda comercial da rádio Sociedade da capital para implementar na rádio baiana.

E, em 1942, durante a II Guerra mundial, veiculou o programa “A Marcha para a Vitória”, engajado no apoio midiático dos aliados, que irradiava músicas de guerra e aventuras dos aviadores ingleses. No mesmo ano, Aloisio de Carvalho, o lendário Lulu Parola, das crônicas “Cantando e Rindo”, já idoso, apresentou na Sociedade o programa “Conversa Fiada” infelizmente interrompido por seu falecimento.

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*Nelson Cadena é jornalista, pesquisador e publicitário. Diretor de Cultura da ABI.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)



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Artigos

Rádio Club de Nazaré, uma rádio baiana do interior, em 1925

*Nelson Cadena

Um ano e sete meses após a fundação da Rádio Sociedade da Bahia, cujo centenário transcorre em 24 de março próximo, foi fundada em Nazaré das Farinhas a primeira emissora de rádio do interior da Bahia: Rádio Club de Nazareth. Foi também uma das pioneiras no país, difícil estabelecer um ranking cronológico da matéria pela inconsistência das informações existentes. A história do rádio foi contada pelos seus protagonistas, com o mínimo de isenção.

A Rádio Club de Nazaré é uma ilustre desconhecida em qualquer publicação. Na Bahia imaginávamos que a Rádio Commercial e a Rádio Clube, esta, de Salvador, fundadas em 1933 e 1934, fossem as segunda e terceira emissoras baianas. As duas tiveram vida curta, a sua concessão foi cassada no período da ditadura Vargas, sob o argumento de deficiência técnica, algo do gênero. A Rádio Commercial pertencia ao jornal O Imparcial e foi uma emissora muito qualificada na sua programação, enquanto durou.

A rádio nazarena foi fundada em 18 de outubro de 1925: “destinando-se a proporcionar a seus associados, além de audições de radiotelefonia, diversões outras, de acordo com seus estatutos, como poderá V.Exa. verificar pelo exemplar que tenho o prazer de incluir a esta”, informou o secretário da emissora, Álvaro Pereira, em ofício endereçado a Antenor Augusto de Miranda, presidente da Rádio Sociedade da Bahia. O exemplar a que a missiva se refere, imagino que tenha sido a edição do dia do jornal O Conservador, fundado e dirigido pelo poeta e romancista Anísio Melhor e que circulou de 1912 a 1945.

O intelectual foi um dos fundadores da emissora e membro da diretoria com o cargo de orador. Se hoje não faz sentido ser o orador oficial de uma diretoria de emissora de rádio, naquela época era relevante. A grade de programação de todas as rádios brasileiras consistia basicamente em música, poesia, discursos e conferências e mais tarde, notícias.

As emissoras que desenvolveram o radiojornalismo eram vinculadas, ou associadas a jornais. Não sabemos se a rádio de Nazaré chegou a ter algum vínculo com o jornal O Conservador, além do fato de seu diretor ser um dos fundadores.

No ofício endereçado à Radio Sociedade a emissora informa: “O Rádio Club de Nazareth, possui hoje um aparelho tipo Murdock-Netrodyne Receiver, com cinco válvulas e alto-falante Magna Vox, tendo nas suas experiências dando resultados altamente satisfatórios, proporcionando-nos, mesmo, o grato prazer de ouvirmos com bastante nitidez, as audições dessa Sociedade”.

Os aparelhos Murdock eram receptores de alta qualidade, superiores aos de galena, mas não transmissores. E se transmissores, apenas de um usuário para outro. Por isso, talvez com o objetivo de publicidade, saliente a nitidez da recepção irradiada pela Rádio Sociedade da Bahia. Não temos indícios de quanto tempo durou essa rádio do interior do Estado. E nem sabemos se chegou a ter uma grade de programação regular com audiência.

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*Nelson Cadena é jornalista, pesquisador e publicitário. Diretor de Cultura da ABI.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI)
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ABI BAHIANA

Roda de choro na ABI expõe falta de apoio a iniciativas culturais

Com nova formação e novo repertório, o Núcleo de Choro da Emus – Escola de Música da Ufba – retornou ao Auditório Samuel Celestino, da Associação Bahiana de Imprensa, para encantar o público da Série Lunar com clássicos desse ritmo que é a cara do Brasil. A noite desta quarta (20) foi marcada pela troca de experiências entre o público e os integrantes do grupo, que aproveitou para fazer um pedido ao poder público e à sociedade baiana: mais atenção aos artistas locais e incentivo aos eventos culturais como os encontros musicais que acontecem no Centro Histórico de Salvador. 

A Série Lunar, fruto da parceria entre a ABI e a Escola de Música da UFBA, proporciona concertos mensais com professores, servidores do corpo técnico-administrativo e alunos vinculados à Emus.

Importante iniciativa de fomento à cultura do choro no ambiente acadêmico e na capital baiana, a Roda de Choro da Escola de Música da UFBA (Emus) é um projeto criado em 2019 pelo professor Joel Barbosa, que convidou os estudantes Eduardo Brandão (violão 7 cordas), Tadeu Maciel (pandeiro) e Washington Oliveira (cavaquinho), para tocarem choro no pátio da Emus.

A formação passou por mudanças, dando boas-vindas aos membros Caio Brandão (violão 6 cordas), Jarder Ryan (clarineta), Leandro Tigrão (flauta transversal) e Natan Drubi, novo responsável pelo violão sete cordas.

“A principal característica dos nossos encontros é acolher pessoas com diferentes níveis de conhecimento, promovendo o aprendizado da linguagem, repertório e valores sociais do choro, de forma democrática e genuína, na própria roda”, destaca Maciel.

A escolha do repertório foi um show à parte. O grupo reverenciou grandes compositores e intérpretes do choro, executando um misto de estilos derivados do choro, como polca, maxixe, choro canção e frevo. “Nós apresentamos choros dos grandes mestres, dos pilares do gênero do choro”, comentou o flautista e compositor Leandro Tigrão. 

Na primeira parte, foram só composições de Pixinguinha. “Ele ajudou a construir e consolidar o gênero”, explicou. Na sequência, muitos outros expoentes tiveram suas canções interpretadas pelo conjunto, como Joaquim Antônio da Silva Calado, Chiquinha Gonzaga, Zequinha de Abreu e o Waldir Azevedo. “Todos eles foram referências em seus instrumentos, inspirando várias gerações”, completou o músico paulistano. 

Toda terça-feira, às 18h, o Núcleo se reúne no pátio da Emus para uma roda de choro. Também é possível apreciar o gênero em outros espaços, para além dos muros da Universidade. Às segundas-feiras, os músicos se apresentam na Gamboa, a partir das 17h. Às quartas-feiras, 20h30, é a vez do Bar do Batatinha, na Ladeira dos Aflitos. Dia de quinta-feira, eles estão no Centro Cultural A Casa do Espanto, às 19h. (confira a agenda nos perfis de Instagram @rodadechorodaemus e @acasadoespanto)

Incentivo

Quem ficou impressionado com a beleza do projeto foi o engenheiro Eduardo Topázio, estreante na Série Lunar. Servidor público da área de meio ambiente, ele acredita que os governos estadual e municipal, por meio de suas secretarias de turismo e cultura, têm um papel fundamental.

“Precisamos fazer esse projeto ser conhecido por outras pessoas. Como um projeto como esse pode ser colocado de lado? É muito talento, música, educação. Essa música tem tudo a ver com nossa vida, é a raiz brasileira, nossa arte. A gente precisa trabalhar, fazer um esforço para levar aos setores públicos essas questões que impactam a sociedade.”

O jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI, reforçou o empenho da instituição com a pauta cultural. Segundo ele, desafiando as dificuldades atravessadas atualmente pela entidade, o desejo da Diretoria Executiva é seguir apoiando e incentivando projetos como esse. 

“A gente gosta muito de fazer esse tipo de atividade. A reconstrução que iniciamos aqui nessa casa é pautada em uma série de iniciativas culturais. É impossível construir uma sociedade justa, digna, se não tiver cultura na base de tudo”, enfatizou o dirigente. 

“De uma forma muito modesta, muito simplória, a casa é nossa. A casa do jornalista também é a casa de vocês”, afirmou o dirigente, convocando o público a frequentar o Centro Histórico e a fortalecer as iniciativas. “A presença de vocês é muito importante para que a gente consiga se manter, se sustentar aqui. Nossa presença também é um ato de resistência. Espero que a gente consiga manter porque estamos passando por uma dificuldade séria. Vamos fazer de tudo para levar a Série Lunar até o final. Obrigada por terem vindo”, agradeceu.

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