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Governo turco prende jornalistas por suposta ‘conspiração’

A polícia turca invadiu instalações de meios de comunicação ligados a um opositor do governo neste domingo (14) e prendeu 24 pessoas, incluindo executivos e ex-chefes de polícia, em operações contra o que o presidente Tayyip Erdogan diz ser uma rede terrorista conspirando para derrubá-lo. As invasões ao jornal turco “Zaman” – principal meio de comunicação crítico do Governo – e à televisão “Samanyolu” marcaram uma escalada da batalha de Erdogan contra o ex-aliado Fethullah Gülen, clérigo muçulmano que vive nos Estados Unidos, com quem está em conflito aberto desde que uma investigação por corrupção sobre o círculo próximo a Erdogan surgiu há um ano. Os dois dirigentes começaram a se distanciar depois da guinada autoritária do então primeiro-ministro Erdogan durante a repressão dos protestos de jovens em 2013.

A União Europeia, EUA e meios de comunicação da Turquia criticaram as detenções. Para comunidade internacional, ação viola direito à liberdade de imprensa e princípios democráticos. O Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, também condenou a batida policial. “Enquanto detalhes ainda estão surgindo, isso já é conhecido: as autoridades turcas, que possuem um histórico de perseguição política contra a mídia, não toleram reportagens críticas”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. “Essas ações de mão pesada têm um sabor de vingança política”.

Segundo a mídia turca, três dos detidos funcionários da popular série de TV Tek Turkiye (Uma Turquia), do canal STV foram liberados nesta segunda-feira, mas 24 suspeitos ainda estariam sendo interrogados pela polícia local. O jornal Zaman, cujo editor-chefe Ekrem Dumanli está entre os detidos, foi às bancas nesta segunda-feira com a seguinte manchete: “Dia negro para a democracia”. “O Zaman manterá sua abordagem pró-democracia, pró-liberdade e pacífica sem medo algum”, diz o jornal, alertando que a Turquia estava sendo “arrastada para um precipício”.

“A imprensa livre não pode ser silenciada”, gritava em coro no domingo uma multidão concentrada diante da sede do Zaman em Istambul para defender seu editor-chefe. O próprio Dumanli fez um discurso no qual desafiava os agentes do departamento antiterrorista da polícia a prendê-lo. A polícia lhe mostrou uma documentação que citava o delito de “formação de quadrilha para tentar tomar a soberania do Estado”.

O presidente da Samanyolu, Hidayet Karaca, disse na sede da TV, em Istambul: “É uma vergonha. Infelizmente, na Turquia do século XXI, este é o tratamento que se dá a um grupo de meios de comunicação com dezenas de emissoras de televisão e rádio, internet e revistas”. Além de Karaca, foram detidos um diretor e vários redatores da rede.

A Procuradoria de Istambul informou que foram emitidas ordens de prisão contra 32 pessoas pela relação nesse caso, acusadas de delitos como “dirigir ou pertencer a uma organização terrorista”, “falsificação de documentos” e “calúnia”. Dois antigos chefes policiais, entre eles o ex-chefe do departamento antiterrorista de Istambul Tufan Ergüder, também foram detidos. Fontes oficiais tinham anunciado na semana passada que cerca de 400 pessoas, incluindo 150 jornalistas, seriam detidas por suas ligações com Gülen.

*Informações do El País (Edição Brasil), Portal IMPRENSA e G1/Mundo

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