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Valber Carvalho prepara lançamento de biografia de Irmã Dulce

Enquanto a Igreja no Brasil já se prepara para a canonização de Irmã Dulce, no próximo dia 13 de outubro, o jornalista e escritor Valber Carvalho anuncia a biografia sobre a vida do “Anjo Azul dos Alagados” para o segundo semestre deste ano. Dias após Maria Rita Souza Britto Lopes Pontes ter deixado de ser apenas Irmã Dulce para se tornar a primeira Santa da Igreja Católica nascida em solo brasileiro, Valber convida a todos para o lançamento do livro.

O jornalista escreveu nesta quinta-feira (04) um artigo para o site da ABI, no qual descreve o árduo percurso de produção da obra, o que motivou a escolha da personagem e revela algumas fontes. “Milhares de documentos escritos foram lidos e catalogados, informações primárias oficiais – de dentro e de fora da Igreja – ou outras publicadas em jornais de todo o país, serviram para embasar as informações valiosíssimas de centenas de relatos orais gravados, muitos deles completamente inéditos”, ressalta no texto “Uma biografia da Santa Irmã Dulce”. Leia aqui.

De Maria Rita a Irmã Dulce – Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador. Segunda filha de do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, Irmã Dulce passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré, num centro de atendimento. Nessa época, ela manifesta o desejo de se dedicar à vida religiosa. Em 13 de agosto de 1933, recebe o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adota o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe. Passou a dar assistência a comunidades pobres, abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce.

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos. A causa da Canonização de Irmã Dulce foi iniciada em janeiro de 2000. Foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010, passando a ser reconhecida com o título de “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Em maio de 2019, o Vaticano anunciou que Irmã Dulce se tornará santa, com a conclusão do processo de canonização.

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Em pauta

Uma biografia da Santa Irmã Dulce

Por Valber Carvalho*

            Pesquisar a vida de Irmã Dulce foi uma decisão tomada em abril de 2013, depois que fui convidado pela Assembleia Legislativa a escolher uma personalidade baiana para servir de tema para um livro. Naquele momento, três nomes emergiram imediatamente para a superfície do meu interesse. Um deles era o de Irmã Dulce.

            Conversei com alguns amigos antes de tomar a decisão, mas foi a minha querida e instigante irmã, Carmen Célia Carvalho Smith, nascida 14 anos antes de mim, quem me deu a régua e o compasso: “se eu fosse você faria a história de Irmã Dulce”. Perguntei o porquê de ela falar tão assertivamente e ela me devolveu: “você nasceu no ano de 1960 e por isso não viu, mas na década em que você era menino, e quando ainda ela não era uma unanimidade na sociedade, a atuação dela foi algo fora de série”.

            Ouvi com interesse aquele conselho e parti para a ação. Sem ter ainda me decidido, o nome de Irmã Dulce passou a ter um peso maior na escolha da decisão que deveria tomar nos próximos dias.

            Procurei a OSID, para conversar com o museólogo Osvaldo Gouveia, especialista na história dela e o grande responsável pelo Memorial de Irmã Dulce, instalado na sede das Obras, no bairro de Roma, na península itapagipana.

Foto: Roque Cerqueira

Depois de duas horas de conversa gravada, nos encaminhamos para a sala da superintendente das Obras Sociais, Maria Rita Lopes Pontes, onde ouvi mais relatos e então pude expor o estado de excitação que tomara conta da alma do jornalista, sempre que é levado “ao topo de um morro e consegue enxergar um rico e precioso vale, ainda não devidamente explorado em todos os seus minérios”. Sim. Estava mais que claro, eu tinha uma história para contar. Mas era um trabalho hercúleo: pesquisar e tentar entender, documentar e escrever sobre a vida da mais importante alma que já nasceu em nossa terra. Se muita coisa já se sabia e muita havia sido documentada, havia e sempre haverá muito ainda a ser escavado, processado e lapidado. Naquele 12 de julho de 2013, nascia o Projeto da Biografia de Irmã Dulce.

            A partir daí, o assunto foi mais e mais tomando corpo e estimulando o espírito do jornalista. Eu havia desenvolvido um método de trabalho, anos atrás, quando precisei pesquisar a trajetória de personagens que tiveram uma vida muito densa e e que haviam interagido com muitas pessoas e fatos importantes da história. Nesse método, primeiro busco trabalhar os “entrevistados-âncoras”, aqueles que servirão de pilastras para a sustentação do “edifício” da pesquisa que pretendo construir.

            Cada um desses âncoras me indica cinco, ou seis ou até 10 outros nomes de entrevistados importantes para a continuação da pesquisa. Cada entrevista traz um novo tijolo, e cada nova informação vai encorpando a argamassa, ao indicar novas áreas de pesquisa a serem trabalhadas. E assim vão se erguendo os andares da obra. Isso parece óbvio, e é. A diferença, no meu caso, é que considero fundamental escolher previamente, quem e quantos serão os tais âncoras que sustentarão o processo inicial da obra.

            Pouco mais de três meses de trabalho depois o que inicialmente parecia grande,  agora se apresentava tão gigantesco, que quase não se podia delimitar seu horizonte. Se fosse  possível comparar com uma figura geométrica, a vida de Irmã Dulce era como um poliedro com centenas ou até milhares de faces que refletiam diferentes aspectos da sociedade baiana e brasileira, porque em seu cotidiano ela interagia diariamente, durante décadas, com todos os atores sociais. Do mais rico ao mais pobre.

            Em síntese, eram intermináveis histórias e estórias que se consorciavam e se soprepunham, ou pareciam sobrepor-se, muitas vezes de maneira ilusória. Para entender tudo isso, uma pesquisa caprichada, longa e exaustiva se delineava à vista. Foi então que procurei o jornalista Paulo Bina, chefe da Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa, para me desincumbir de qualquer compromisso com aquela entidade, por entender que o tempo para a execução da pesquisa era impossível de ser mensurado, e por isso somente o próprio fazer é quem seria o responsável por determinar o tempo de consecução.

            A solidão da decisão tomada naquele momento, significou vivenciar uma sensação extremamente desafiadora, porém ainda mais gratificante. Experimentei abandonar a segurança de um navio que tinha hora para zarpar e embarcar num pequeno bote sem possibilidade de ancoragem durante meses e anos. Se havia muitos motivos para acabar perecendo naquele oceano de tantos personagens e assuntos, com possibilidade de serem explorados, havia também a alegria da investigação criteriosa, e as comemorações silenciosas de cada remada em direção a uma nova descoberta.

            Como a imensa maioria dos que haviam convivido com Irmã Dulce nos primeiros tempos já acumulavam mais de 80 ou de 90 anos de idade, decidi priorizar as entrevistas com aqueles que tinham convido com a religiosa nas eras pioneiras. Era uma questão aguda de tempo conseguir material inédito, antes que a perda definitiva das memórias preciosas daqueles homens e mulheres, apagasse os últimos registros dos períodos mais desafiadores e menos documentados da trajetória de Irmã Dulce. Somente depois de fazer isso é que me senti confortável de apontar a proa da pesquisa em busca de documentos e jornais antigos.

            No primeiro ano de trabalho, fiz apenas 17 longas entrevistas, no segundo ano já eram 120, no terceiro já acumulava 250, e assim a obra foi ganhando altura. Ao fim de seis anos de trabalho, eram cerca de 500 entrevistados. Prioridade um, para os  mais importantes e/ou os mais idosos, personagens que não poderiam deixar de serem ouvidos. No segundo momento, após essas entrevistas, o trabalho pôde ser dividido entre a caça por novas entrevistas e a busca diária por documentos.

            Milhares de documentos escritos foram lidos e catalogados, informações primárias oficiais – de dentro e de fora da Igreja – ou outras publicadas em jornais de todo o país, serviram para embasar as informações valiosíssimas de centenas de relatos orais gravados, muitos deles completamente inéditos.

            Hoje, se a obra ainda não estava pronta, há a certeza de que a fundação é segura e forte, mas por sua vez, o “edifício” ainda não está pronto e “habitável” para os olhos dos leitores.

            Nesse momento, dias após Maria Rita Souza Britto Lopes Pontes ter deixado de ser apenas a nossa querida Irmã Dulce, Anjo Azul dos Alagados e o maior exemplo de solidariedade-cidadã vivido por nossa sociedade, para se tornar a primeira Santa da Igreja Católica nascida em solo brasileiro, convido a todos para o lançamento do livro no segundo semestre de 2019, livro que desde já aviso que não será meu.

            Porque a nossa personagem é tão grande e tão incrivelmente humana, que o livro é dela, de Irmã Dulce. E até lá, se Deus quiser!

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*Valber Carvalho é jornalista e escritor.

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Foca na ABI

Tecnologia: O que fazemos com ela e o que ela faz conosco?

Por Baga de Bagaceira*

Hoje em dia acompanhamos celulares, tablets, notebooks e demais aparelhos eletrônicos circulando e nos conectando com o mundo todo. Mas será que paramos para observar o que estamos fazendo com o nosso “novo” modo de ver o mundo?

             Muitas vezes não paramos para observar os efeitos que o uso massivo da tecnologia pode nos acarretar. Essa sensação de proximidade, de ver o amigo ou o parente através de uma tela, é na verdade o lugar que esperamos encontrá-los sem estar realmente perto. Não olhamos mais para a pessoa ao lado sem estar preocupado/a com as redes sociais. Será esse o nosso novo modo de ver e sentir as pessoas?
– Calma! Estou respondendo um comentário na minha nova foto!
              Ainda há de imaginar que nas saídas temos cada vez mais pessoas fingindo estar próximas, mas cada vez conectadas e preocupadas com as curtidas e comentários. Nessa onda, contribuímos, ainda que indiretamente, para o avanço das fake news. Nos deixamos levar pelas informações rápidas e incansáveis das redes e abandonamos o nosso papel de verificação da notícia.
              Esse papel deve ser tomado pelo jornalista como sua base para o conhecimento. É a partir da averiguação e comprovação do fatos pelas fontes, documentos, etc. que compreendemos a importância do tratamento com a notícia e, por sua vez, com a comunicação e tudo que a gera.
              Por isso, nunca foi tão importante entender os efeitos que uma notícia falsa pode causar, a nível política ou até mesmo em seu bairro. É verdade também de que a verdade absoluta nunca existirá, conhecemos os fragmentos de uma verdade, o nosso ponto de vista atrelado a nossa experiência no mundo. Entretanto, não dá pra acreditar em certas distribuições de mamadeiras e kits, quando na verdade o seu efeito repetitivo pode levar a tal notícia a virar uma “verdade” de tantas vezes que ela foi replicada sem nenhuma preocupação com os danos que causaria.
               De nenhum modo procuramos demonizar as mídias ou as tecnologias, até porque cumprem as demandas ao que elas se propõem a oferecer: seja entretenimento e até comunicabilidade virtual. Ainda que essa comunicação não se mostre tão efetiva, como se faltasse algo a acrescentar: o olho-no-olho, sentir as mãos do outro, tocar no ombro ou no encontro das respirações.
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*Baga de Bagaceira Souza Campos é jornalista, performer, mestre em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação – Mídia e Formatos Narrativos – da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na linha de pesquisa Mídia e Sensibilidades.
Nossas colunas contam com diferentes autores e colaboradores. As opiniões expostas nos textos não necessariamente refletem o posicionamento da Associação Bahiana de Imprensa (ABI).
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ABI BAHIANA

NOTA: ABI se solidariza com repórter do BNews agredido por secretário municipal

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) solidariza-se com o jornalista Henrique Brinco, diante das agressões de que tem sido alvo, da parte do secretário municipal Alberto Pimentel, após matéria divulgada no site BNews denunciando embargos à participação de um trio elétrico nas manifestações deste domingo, no Farol da Barra.

A ABI reafirma ser incondicional à democracia o respeito à liberdade de expressão, para o que a prática do livre jornalismo é condição essencial, esperando assim, da parte da autoridade pública, a observância aos preceitos legais, sustentados pela ética e o decoro exigidos pelo cargo que exerce.

Salvador, 1 de julho de 2019.

Walter Pinheiro
Presidente da ABI

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