A Diretoria Executiva da Associação Bahiana de Imprensa aprovou, em reunião realizada na quarta-feira (10), novas medidas de contenção de despesas da entidade. A partir do dia 15 de julho, o expediente presencial fica suspenso por tempo indeterminado. Assim, os serviços prestados à categoria e à sociedade, como apoio a pesquisas e atendimento aos associados, serão oferecidos somente de forma remota, de segunda a sexta, das 8h às 17h.
Como parte das medidas restritivas, o Museu de Imprensa foi fechado em dezembro passado e, desde abril, a ABI estava em trabalho parcialmente remoto. A redução de despesas foi expressiva, mas insuficiente. Os projetos culturais foram descontinuados, com exceção da Série Lunar, mantida atualmente com apoio de empresários baianos.
Em dificuldade financeira, depois de investir quase R$ 1 milhão em sistemas de segurança, modernização das instalações e reparos solicitados pela Prefeitura, a instituição aguarda o cumprimento da negociação feita diretamente com o prefeito Bruno Reis, em 5 de junho. Os contratos referentes à locação do Edifício Ranulfo Oliveira, pela Prefeitura Municipal de Salvador, venceram em 2016 e, sem renovação, impuseram 8 anos de congelamento.
As medidas de contenção de despesas visam manter a ABI adimplente em todas as suas obrigações fiscais e trabalhistas, sob pena de deixar de receber os alugueis. Todos os projetos de captação de recursos para projetos da Associação dependem também da condição de adimplência para emissão das certidões negativas de débitos trabalhistas e tributários.
Segundo a Diretoria Executiva, enquanto não for restabelecido o equilíbrio econômico-financeiro da ABI, a prioridade da equipe técnica será a conservação dos acervos, importante ativo da instituição dedicada à memória da comunicação na Bahia.
Confira abaixo os canais de comunicação com o time remoto da ABI:
Rede Agostinho Muniz de Combate à Violência contra Profissionais de Imprensa – Em caso de agressões, intimidações e demais condutas violentas contra profissionais de imprensa, envie denúncia para o e-mail <[email protected]> ou faça contato direto com o Sinjorba. E-mail: <[email protected]> | Telefone: 71 3321-1914.
Uma casa de cultura
O Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, guarda parte da memória da cidade. Não por acaso, o prédio batizado com o nome de quem o construiu é frequentemente procurado por pesquisadores das mais diversas áreas. O imóvel abriga a Biblioteca Jorge Calmon, a Sala de Exibição Roberto Pires, o Auditório Samuel Celestino e o Museu de Imprensa, espaços que regularmente recebem palestras, aulas, rodas de conversas, visitas guiadas, eventos musicais e outras atividades educativo-culturais gratuitas e abertas ao público. A ABI mantém ainda o museu-casa onde nasceu o jurista Ruy Barbosa, na rua Ruy Barbosa, e onde a Associação pretende instalar a Casa da Palavra.
O edifício construído entre as décadas de 1940 e 1950 foi projetado para garantir a sustentabilidade da ABI mediante locação dos espaços não ocupados pela entidade. A Assembleia Legislativa da Bahia foi a primeira inquilina, instalando-se ali de novembro de 1960 até a mudança para a sede no Centro Administrativo da Bahia, que completou 50 anos em março.
Negociação com a Prefeitura de Salvador
A Prefeitura Municipal de Salvador, atual locatária, ocupa mais de 2/3 do Ranulfo Oliveira. Nos últimos anos, a pedido da Prefeitura, a ABI comprometeu grande parte de suas reservas financeiras numa série de melhorias e, por decisão da Diretoria Executiva, investiu em adequações aos atuais padrões de segurança na edificação.
Foram executadas obras de atualização das instalações elétrica e hidráulica, com instalação de uma subestação de energia, o Sistema de Prevenção e Combate a Incêndios (PCI) e do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Mesmo com as restrições financeiras, a ABI figura entre os raros proprietários na região que atendem cerca de 100% das regras de segurança contra incêndios, situações de pânico e descargas atmosféricas.
“Estes investimentos foram feitos na expectativa de atualização dos contratos, pois os valores estão congelados desde outubro de 2015. Por esta razão, a ABI ficou descapitalizada”, explica Ernesto Marques, presidente da ABI.
No dia 5 de junho, o dirigente participou de uma reunião com o chefe do Executivo municipal e a secretária de Comunicação, Renata Vidal. A conversa resultou em uma fórmula para resolver o impasse de maneira a cumprir o contrato de locação e a legislação municipal. Assim, além de corrigir valores com base no índice estabelecido no contrato – o mesmo indexador usado em todos os contratos de locação de imóveis –, a composição feita na reunião viabilizaria investimentos no Edifício Ranulfo Oliveira.
A negociação, porém, ainda não foi efetivada, impondo à ABI a necessidade de novas medidas de contenção que afetarão o funcionamento da entidade e todas as suas atividades culturais, sociais e administrativas.
“A ABI compreende as dificuldades da gestão e espera, pacientemente, o encaminhamento do acordo negociado diretamente com o prefeito Bruno Reis. Por esta razão, e para manter-se adimplente com todas as obrigações trabalhistas e tributárias, iniciamos medidas de contenção de despesas desde o ano passado, mesmo antes do fechamento do Museu de Imprensa”, relembra o dirigente.