Notícias

Arquivo Público do Estado da Bahia realiza pré-lançamento do livro 220 Anos da Revolta dos Búzios

O Arquivo Público do Estado Bahia (APEB), unidade gerida pela Fundação Pedro Calmon (FPC/SecultBA), realiza no dia 01 de julho, às 14h, o pré-lançamento da edição comemorativa do livro “220 Anos da Revolta dos Búzios”, que foi produzido através de arquivos documentais da APEB. O evento acontecerá de forma presencial na sede do Arquivo Público, que fica localizado na Baixa de Quintas, em Salvador.

A Revolta dos Búzios foi uma ação organizada por negros escravizados, libertos, trabalhadores pobres e alguns membros das elites brancas liberais, destacando-se os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino e os soldados Lucas Dantas e Luiz das Virgens. A revolta foi um movimento emancipacionista que ocorreu entre 1798 e 1799 e que conseguiu unir alguns setores da sociedade baiana contra a opressão portuguesa.

A edição comemorativa visa contribuir para ampliar e democratizar o acesso ao conteúdo textual das fontes documentais destinadas à comunidade acadêmica, científica e interessados no tema. O projeto é resultado de emenda parlamentar que, além do livro, também proporcionou a realização do Colóquio Revolta dos Búzios, em março deste ano.

A emenda ainda contempla um site com conteúdo exclusivo sobre o tema, produzido pela coordenação de Acervos Virtuais Baianos, com previsão de lançamento para novembro de 2022, juntamente com o lançamento oficial da edição comemorativa. Para Tereza Navarro, diretora da APEB a edição comemorativa aproxima o público de documentos importantes para história da Bahia: “A iniciativa favorece um olhar preciso no que diz respeito aos documentos produzidos no momento histórico da Revolta dos Búzios, possibilitando a construção de novas narrativas”.

Com informações da Fundação Pedro Calmon / SecultBA

publicidade
publicidade
Notícias

Entidades se organizam para enfrentar decisão judicial que leiloa prédio do Arquivo Público

Representantes de mais de dez entidades comprometidas com a preservação do patrimônio histórico e cultural se reuniram na manhã desta quinta-feira (18), no Solar Góes Calmon, sede da Academia de Letras da Bahia (ALB), para se articularem juridicamente e na mobilização social em defesa da Quinta do Tanque, prédio em que funciona, nos últimos 40 anos, o Acervo Público do Estado da Bahia (Apeb), agora ameaçado por decisão judicial, transitado em julgado, que permite o leilão do espaço e desabriga 41 milhões de documentos históricos, de cinco conjuntos de acervo, os mais antigos com 470 anos. 

Entre as medidas discutidas, e que passam a ser organizadas entre as entidades, estão um estudo jurídico detalhado para identificação de possíveis ações que podem ser movidas; uma mobilização internacional, diante da relevância do museu para a história mundial, incluindo a busca de novos títulos que reforcem tal importância, como o de Patrimônio da Humanidade; a organização e produção de documentos que registrem o histórico do prédio datado do século XVI, até mesmo ações simbólicas, como o planejamento de um abraço coletivo na Quinta do Tanque ou mesmo uma vigília no local. 

Além das notas e posicionamentos anteriormente feitos sobre o assunto, as entidades entendem que é preciso ações concretas urgentes. Para isso, reuniram-se os representantes da Academia de Letras da Bahia (ALB), da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB-BA), da seção baiana da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), além de professores da Universidade Federal da Bahia, historiadores e membros de conselhos consultivos e fóruns relacionados ao patrimônio.  

Marcando posição

O atual presidente da ALB, Ordep Serra, acredita que é preciso lutar contra a injustiça. “A ideia de retirar esse documentos, e se desfazer esse arquivo, em nome de um interesse privado, é escandaloso e inaceitável. É uma vergonha para a Bahia”, classificou o antropólogo. A professor da UFBA Edilene Matos, vice-presidente da ALB, lembrou que essa é uma briga em que todos os Acadêmicos estão envolvidos.

Em nome da IAB-BA, Luiz Antonio de Souza, atual presidente da entidade, destacou que o assunto não pode ser tratado como a venda de um outro bem público comum, citou como exemplo a Rodoviária de Salvador e o Centro de Convenções, já que, no caso da Quinta do Tanque, trata-se de um bem tombado pelo Iphan e que, em tese, deve ser considerado inalienável. “Ao pedirmos a suspensão do leilão, isso não significou o fim do problema, mas a possibilidade da sociedade reagir mais veemente a essa situação. Como [a justiça] foi capaz de colocar preço na memória do mundo? Como põe preço assim na memória de Salvador?”, perguntou Luiz. 

“Estamos vivendo na Bahia a situação absurda da Justiça ameaçar um patrimônio”, resumiu a professora da Faculdade de Arquitetura da UFBA e membro titular do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan Márcia Sant’Anna. Ela acredita que estudar o caso da judicialização que impede a venda do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, igualmente tombado, pode colaborar com ações de proteção da Quinta do Tanque. Já o presidente do IGHB, Eduardo de Castro, disponibilizou sua equipe técnica para trabalhar nas ações, além de lembrar que o prejuízo é ainda maior por conta de investimentos recentes feitos no prédio para melhoria das instalações. Parte do grupo esteve reunido, dias atrás, na Casa Civil estadual e contou ter ouvido a promessa de uma mobilização do governador Rui Costa para impedir a venda do prédio. 

Também participaram das discussões desta quinta o Acadêmico e associado da ABI Paulo Ormindo; a representante na Bahia da SBPC, Tânia Hetkowski – que defendeu a mobilização com as universidades; a representante do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio, a também professora da FAUFBA Ceila Cardoso; Daniel Colina, do fórum A Cidade Também é Nossa, que reúne dezenas de entidades da capital; além de historiadores e ex-funcionários do Acervo Público do Estado da Bahia. 

Entenda o Caso

Por conta de um serviço que não lhe foi solicitado (a simples elaboração de um projeto), um escritório de Arquitetura, o TGF, cobra ao Estado da Bahia uma dívida que já se aproxima dos R$50 milhões. No ano de 2005, a Bahiatursa, a quem se cobrava essa “dívida”, colocou em penhora o imóvel da Quinta do Tanque. 

Este ano, transitou em julgado um processo no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia uma sentença que determina o leilão do imóvel, tombado em 1949 como patrimônio histórico nacional. Diante dos protestos, o leilão foi adiado e o juiz exige que, em sessenta dias, a Fundação Pedro Calmon elabore um plano de remoção dos documentos mantidos no Arquivo. O Apeb é um dos maiores acervos de história colonial do mundo.

publicidade
publicidade
ABI BAHIANA

ABI emite nota pública exigindo preservação do Arquivo Público


NOTA PÚBLICA
Sobre o leilão da Quinta do Tanque e o Arquivo Público do Estado da Bahia

A Associação Bahiana de Imprensa se soma à indignação expressa por várias instituições e personalidades baianas, ante à inaceitável decisão judicial que ameaça a integridade dos acervos do Arquivo Público do Estado da Bahia e pode custar ao povo baiano a perda de um imóvel tombado e de indiscutível valor histórico e arquitetônico.

Mais do que exigir que tal absurdo não se consume, a sociedade baiana tem o direito de conhecer a verdade inteira sobre o rumoroso processo. Inclusive apurando responsabilidades sobre atos desidiosos ou simplesmente criminosos, lesivos ao patrimônio público e à história da Bahia e do Brasil. Cabe aos órgãos de controle externo dos poderes Executivo e Judiciário, ao Ministério Público, e, em última análise, à Assembleia Legislativa, investigar o caso absurdo e, eventualmente, revelar outros que possam tê-lo como precedente.

A ABI estará ao lado de tantos quantos reagirem a esta ignomínia e exorta profissionais e veículos de comunicação à prática do jornalismo investigativo como meio para expor as ações e omissões de quantos tenham colaborado para expor a Bahia a tal vexame.

publicidade
publicidade