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Fórum debate papel do jornalista nas redações da era digital

Seja multimídia. Essa, provavelmente, não é a primeira vez que jornalistas ouvem esse conselho. Cada vez mais, mudanças no perfil do profissional de comunicação são exigidas. O repórter e colunista de moda e celebridades Bruno Astuto sabe como é ser jornalista na era digital. Ele está acostumado a fazer revistas impressas, sites, televisão e redes sociais, simultaneamente, com diferentes prazos e em boa parte das vezes sobre o mesmo tema. O jornalista André Lahóz, diretor de redação da Exame, também. Ele comanda as redações da revista impressa e do site Exame.com, lidando com as duas frentes diariamente. Os dois participaram do 9º Fórum Aner de Revistas 2015, em São Paulo, com o painel “O papel do jornalista nas redações da era digital”.

Para eles, um lado dessa moeda é fascinante, o outro traz desafios e problemas que devem acompanhar o meio por bastante tempo. Os profissionais concordam que o papel do jornalista mudou e que trabalhar com diversas mídias precisa ser natural. Quem antes se dedicava somente a um formato, precisa estar disposto a aprender novas linguagens. “O jornalista tem de buscar soluções. O mercado exige que quem estava nos bastidores vá para frente das câmeras e faça vídeo para internet. Isso precisa ser possível dentro das redações”, propõe Astuto.

Um dos pontos positivos da revolução digital seria permitir maior proximidade com os leitores, já que os sites praticamente acabaram com a necessidade de uma publicação semanal ou mensal segurar uma informação. “Para quem trabalha com revista, a internet é aliada e não inimiga”, comentou Lahoz. Astuto complementa ao falar que não se pode “culpar o online” por negócios que não dão certo. “Às vezes abro os impressos e vejo coisas chatas e conteúdos que não se encaixam mais no mundo de hoje. Ou seja, é um problema de pensar em formas atraentes para o leitor”.

Já o lado ruim disso, segundo Lahóz, seria o confronto com o dilema da audiência. “Você precisa transformar conteúdo em audiência. Às vezes o profissional tem tantos textos para fechar e conseguir alcançar a meta que não sobra tempo para relacionamento. Precisa fazer algo com qualidade, você tem que encontrar suas fontes, marcar um almoço, investir em algo futuro. Os bons jornalistas fazem isso diariamente”, afirma Lahoz. Para ele, furos e grandes análises chegam por meio de relacionamento e experiência com fontes. Esse tema foi discutido, inclusive, em outros painéis do Fórum Aner.

A dupla debateu ainda a necessidade de dar a notícia na hora, rapidamente, e ao longo do dia ir completando, atualizando o conteúdo para o leitor. Astuto exemplificou isso falando sobre uma de suas coberturas da Semana de Moda em Paris, quando estavam pensando em como dividir o conteúdo em várias mídias. “O que eu fiz? Primeiro no Instagram, porque o leitor quer a informação ali na hora, antes de abrir o site, depois no site, e por fim na revista”, explicou.

Apesar de todas as mudanças na profissão, eles ressaltaram que a essência do jornalismo não mudou e que seu papel acabou exacerbado na era digital. Eles acreditam que dar contexto, análise e explicar o mundo talvez nunca tenha sido tão relevante. “No futuro não vai ser Facebook nem Google que vão revelar corrupções, Lava Jato, Estado Islâmico… Precisamos, sim, de jornalistas que apurem”, declarou Astuto. “Quem fizer o bom jornalismo vai ter o seu papel”, concluiu Lahóz.

*Informações do Portal IMPRENSA e do Portal Comunique-se

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