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Caso Geovane: ABI pede ao governador condenação pública das ameaças a jornalistas por policiais

Em carta dirigida ao Governo do Estado da Bahia, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) demanda esclarecimentos das intimidações feitas por policiais a jornalistas que atuaram na cobertura do caso Geovane Mascarenhas de Santana, e pede ao governador Jaques Wagner que condene publicamente tais práticas, que, como ressalta o documento (pdf aqui), “comprometem a plena situação da liberdade de informação social neste Estado”.

“(…) os fatos requerem, além de imediatos esclarecimentos, declaração pública de V. Excia. Condenando tal prática e assumindo o dever que lhe é atribuído pela Constituição do Estado da Bahia, art. 277, como um dos responsáveis pelas garantias do direito da comunicação e da informação social, contra todas as formas de violência”, diz trecho da carta, que será encaminhada para as demais entidades nacionais e internacionais de defesa da liberdade de imprensa, destacando-se a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Repórteres Sem Fronteiras (RSI), Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) e Comitê Internacional da Cruz Vermelha – Divisão de Imprensa.

Leia também: Ameaças a jornalistas que cobriram caso Geovane preocupam a ABI

Hoje (28), às 15h, na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP), a ABI participa de uma reunião entre representantes do Sinjorba e Sinterp-Ba, o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, e o comandante da Polícia Militar, Alfredo Castro, onde serão discutidas as ameaças aos jornalistas e outros problemas enfrentados pela categoria, como as agressões da PM durante as coberturas jornalísticas.

Confira a seguir a íntegra do documento:

 

EXMO. SR.

JAQUES WAGNER

GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA

NESTA

            Sr. Governador,

            A ASSOCIAÇÃO BAHIANA DE IMPRENSA (ABI), entidade criada em 1930, que se destina, prioritariamente, à defesa da plena liberdade de imprensa, diante de recentes acontecimentos e graves episódios que ainda se estão desenrolando, vem manifestar intensa preocupação e solicitar providências cabíveis a V. Excia, pelo que se segue:

1 – Conforme Nota de Repúdio encaminhada a V. Excia. pelo Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), com data de 18/08/2014, foram relatadas graves ameaças feitas, por telefone, a repórteres dos jornais Correio* e A Tarde, os quais trabalhavam na cobertura de desaparecimento do cidadão Geovane Mascarenhas de Santana, logo após o mesmo ter sido perseguido pelas ruas, preso, agredido e conduzido em viatura da Polícia Militar, fato ocorrido em 02/08/14.

            A agressão e prisão do cidadão estão gravadas em filme e, como mostra, teriam sido praticadas por agentes policiais, em viatura do Estado. Durante entrevista coletiva, concedida por autoridades policiais, um dos jornalistas recebeu solicitação para que se identificasse, quando foi feita uma comprometedora declaração: “é muito bom saber quem escreve sobre a gente”.

2 – Pior ainda foi a sequência, quando, conforme a Nota do Sinjorba, repórteres do jornal Correio* teriam recebido telefonemas de duas pessoas que se disseram policiais militares, fazendo o alerta: “tomem cuidado, porque a tropa está com o sangue no olho!”.

3 – Em seguida, dias depois, foram identificados pedaços de um corpo humano, que seriam daquele cidadão, sendo que os pedaços foram espalhados em diferentes bairros e lugares da Cidade de Salvador – um requinte de barbaridade e selvageria!

4 – Ora, Senhor Governador, a Associação Bahiana de Imprensa entende que esses fatos comprometem a plena situação da liberdade de informação social neste Estado e os fatos requerem, além de imediatos esclarecimentos, declaração pública de V. Excia. condenando tal prática e assumindo o dever que lhe é atribuído pela Constituição do Estado da Bahia, art. 277, como um dos responsáveis pelas garantias do direito da comunicação e da informação social, contra todas as formas de violência.

5 – A Associação Bahiana de Imprensa informa que encaminhará este relato para as demais entidades nacionais e internacionais de defesa da liberdade de imprensa, destacando-se a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Nacional de Jornais (ANJ), Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Repórteres Sem Fronteiras (RSI), Comitê de Proteção ao Jornalista, Comitê Internacional da Cruz Vermelha – Divisão de Imprensa.

Atenciosamente,

Salvador, 22 de agosto de 2014.

Antônio Walter Pinheiro

Presidente

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A mãe de um jornalista sequestrado pelo EI implora a libertação do filho

DEU NO EL PAÍS (Edição Brasil)

(Madri) – Antes, pedia aos meios de comunicação que não falassem do desaparecimento de seu filho. Tinha sido ameaçada com a morte dele, caso tornasse público seu sequestro. Agora, é ela quem publicou um vídeo no qual pede ao líder do Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al Baghdadi, sua libertação. “Você, califa, pode conceder anistia. Peço que por favor liberte meu filho”. Shirley Sotloff é a mãe do jornalista autônomo Steven J. Sotloff, de 31 anos, que foi sequestrado pelo EI há mais de um ano e está ameaçado de morte desde a semana passada.

Tecnicamente não está deixando de cumprir sua promessa de silêncio. Foi o grupo terrorista que reconheceu ter o jornalista em seu poder no vídeo de execução de James Foley, outro jornalista freelancer também capturado na Siria. Sotloff viu seu filho no vídeo, ajoelhado no mesmo local onde Foley foi decapitado, enquanto um homem mascarado também o ameaçava de morte se suas petições – entre elas, o fim dos ataques aéreos – não se forem cumpridas.

Leia também: Jihadistas afirmam ter decapitado jornalista. Na Venezuela, jornalista é degolado

No vídeo, publicado pelo The New York Times, Sotloff implora ao líder clemência. “Como mãe, peço que sua justiça seja misericordiosa e que não castigue meu filho por assuntos que ele não pode controlar”, diz a professora de Miami olhando diretamente à câmera. Também conta que tem estado estudando o Islã desde sua captura e que aprendeu que nenhum indivíduo deveria ser responsabilizado pelos pecados dos demais. “Ele é um jornalista inocente”, assegura.

Para Daveed Gartenstein-Ross, diretor do Centro de Estudos sobre Terrorismo da Fundação de Defesa das Democracias em Washington, essas declarações podem ajudar a legitimar a liderança de Baghdadi, que atualmente só é reconhecido por uma minoria de muçulmanos.

Além do jornalista americano, o EI também tem sequestrados dois trabalhadores humanitários, um homem e uma mulher, que não foram identificados por petição das famílias.

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Jornalista defensor de direitos humanos é encontrado morto na Rússia

Timur Kuashev, repórter da revista russa Dosh, foi encontrado morto na última sexta-feira (1/8), numa floresta na cidade de Nalchik, ao sul da Rússia. O jornalista, que denunciava crimes contra direitos humanos no país, havia desaparecido um dia antes e dizia ter recebido ameaças de autoridades locais.

De acordo com o site Caucasian Knot, cerca de 200 pessoas compareceram ao enterro de Kuashev no último sábado (2/8). A causa da morte ainda não foi revelada. Colegas de profissão e líderes sociais na região do Cáucaso, onde o jornalista atuava, afirmam que sua morte está relacionada ao trabalho em defesa dos direitos humanos.

A ONG Repórteres Sem Fronteira (RSF) também se manifestou sobre o caso. “A morte de Kuashev é mais um lembrete do preço exorbitante pago pelo jornalismo independente em certas repúblicas no Cáucaso Russo. A impunidade generalizada desfrutada por aqueles que atacam jornalistas na região deve ter um fim com urgência”, declarou Johann Bihr, chefe da pasta Europa Oriental da RSF.

Um artigo no Dosh disse: “Nós acreditamos que Timur foi sequestrado de sua casa. O celular, que ele sempre carregava, foi encontrado em seu apartamento”. Seu colega, Abakar Abakarov, acredita que em assassinato. “Seu corpo carrega todos os sintomas de envenenamento. Seus dedos ficaram enegrecidos. Há um sinal de uma injeção em sua axila e vermelhidão da pele. Não há dúvida de que foi um assassinato planejado e cometido por um profissional”.

Kuashev havia denunciado abusos aos direitos humanos cometidos pelas forças de segurança no decurso de operações antiterrorismo. Ele também criticou a política russa na Ucrânia. Em 21 de Maio, Kuashev foi preso sem explicações pouco antes do início de uma marcha comemorativa pelos 150 anos do fim da Guerra do Cáucaso. Na época, o jornalista afirmou que o simples objetivo era preveni-lo de cobrir o evento.

Fonte: Portal Imprensa, Caucasian Knot e The Guardian.

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Jornalistas são agredidos durante libertação de ativistas

DEU NA ABI – Associação Brasileira de Imprensa

Por Igor Waltz*

Manifestantes concentrados em frente ao Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, agrediram jornalistas que estavam no local para cobrir a soltura de três ativistas acusados de ações violentas durante protestos. Elisa Quadros Sanzi, conhecida a Sininho; Igor D’Icarahy; e Camila Jourdan, coordenadora do programa de pós-graduação em filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), foram libertados por volta das 18h da última quinta-feira, 24 de julho, sob forte tumulto e brigas entre manifestantes e profissionais de imprensa.

A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) repudia tal violência contra jornalistas. A entidade, que já havia se manifestado contra as prisões dos ativistas, consideradas arbitrárias, entende que ataques contra profissionais são um passo atrás na luta pela promoção de ideais democráticos. A ABI reitera que não há democracia sem o exercício livre da imprensa.

A confusão começou quando os fotógrafos tentaram registrar imagens dos réus. No momento em que os profissionais da imprensa se aproximaram de Sininho, houve empurra-empurra, xingamentos, e as agressões começaram. A situação só teria se acalmado quando os acusados foram embora e os manifestantes saíram em vans. O cinegrafista Tiago Ramos, que presta serviço para o SBT, ficou ferido e o fotógrafo do jornal O Dia, André Mello, teve o equipamento danificado. “Cerca de 30 manifestantes tentaram impedir que a imprensa registrasse imagens. No tumulto, além do meu equipamento atingido, um familiar avançou com o carro, quase ferindo um dos repórteres que estavam no local”, contou Mello.

Ramos foi levado para um hospital particular e passa bem. “Pensei que iam me chutar, pisar em mim. Se não fossem os colegas, não sei o que poderia acontecer”, relatou o cinegrafista, que se machucou na boca, no braço e tornozelo. Agentes penitenciários não interferiram. Um grupo de dez servidores da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária pôs barreiras no acesso à cancela, para proteger a entrada do complexo de Bangu.

Os três ativistas foram libertados depois da concessão de um habeas corpus na quarta-feira, dia 23, pelo desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal. Acusados de associação criminosa armada, eles agora vão responder em liberdade ao processo iniciado com base em investigação da Polícia Civil. Continuam presos Caio Silva de Souza, o Dick, e Fábio Raposo Barbosa, o Fox, porque respondem a outra ação, pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, da Rede Bandeirantes, atingido por um rojão durante um protesto na Central do Brasil, em fevereiro deste ano.

Mais de 90 jornalistas agredidos

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro (SJPMRJ) orientou que os profissionais agredidos durante a libertação dos ativistas registrem a ocorrência na delegacia, e ofereceu apoio jurídico aos profissionais. De acordo com levantamento feito pela entidade, 90 jornalistas foram agredidos no município desde maio do ano passado, sendo 99% dos casos em manifestações. Em 80% das situações, a ação foi praticada por policiais.

“Repudiamos qualquer tipo de violência contra jornalistas, inclusive de parentes de manifestantes. Além de extrapolar os limites do direito no que se refere às manifestações políticas, isso viola os direitos humano dos jornalistas e, na verdade, impede o exercício da profissão, fundamental para a democracia. Se estamos lutando por democracia, por direitos, precisamos compreender que o papel do jornalista é fundamental — disse Paula Máiran, presidente do sindicato.

Outras entidades

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) manifestou repúdio à agressão ao cinegrafista Tiago Ramos. “Preocupa-nos especialmente aqueles que clamam por liberdade e se dizem atuar em nome dela, mas buscam ações para impedir a livre atuação da imprensa na investigação de fatos de interesse público. Pedimos às autoridades do Estado do Rio de Janeiro que apurem o caso e punam seus autores, a fim de que se assegure a plena liberdade de imprensa e o amplo acesso dos cidadãos a informações,” informava a nota a associação.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ) e A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc Rio) também emitiram notas de repúdio. “Desde o início dos protestos na cidade, a Ordem vem condenando atos de violência de qualquer natureza, independentemente de sua origem e de quem vitima. A liberdade de imprensa é um marco pelo qual a OAB sempre lutou. Foi graças à livre expressão que o país obteve conquistas significativas para o florescimento, a manutenção e a evolução da democracia brasileira,” afirmou a nota da OAB.

“Jornalistas que cobriam a soltura dos “ativistas” presos em Gericinó, denunciados por praticar atos criminosos, foram agredidos por parentes e integrantes do mesmo grupo dos “ativistas”. Pelo menos dois repórteres fotográficos foram agredidos e tiveram seus equipamentos danificados. Exigimos que as autoridades de segurança do Rio tomem providências imediatas, instaurando inquérito policial para identificar, processar e prender os agressores,” cobrou a nota da Arfoc Rio.

*Com informações do Jornal O Globo e O Dia.

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